Fragmento 27
Deve ser a brisa que sopra, entrando pela janela do meu quarto, cheio
de “sonhos de liberdade”, ou só o clima mental das minhas próprias convicções
que “faz” com que eu me perca neste mundo, buscando realizar o que a realidade
presente não me permite. Deve ser o sol. A noite passada que estava triste. Vil,
a cidade toda! O povo que passa em frente às lojas cheias dos mesmos artigos da
moda. Revolta-me tudo. Ou talvez esteja só andando em direção contrária à
racionalidade humana. Certo é que não consigo manter-me consciente da forma que
se requer de um ser experiente. Certo é que tudo se mostra incerto para mim. E
quem define o que é certo neste mundo (em se falando puramente da matéria de
que são constituídos os nossos corpos mortais)? Mas, ainda que grite e me
revolte, tudo já foi predefinido. O susto bateu-me à porta e a desventura
parece chegar mais rápido que a luz que entra pelas frestas da porta gelada do
meu quarto. Os rebeldes são mesmo só boas personagens para roteiros de cinema.
A realidade não os permite existir na realidade. Na vida real, eles têm outro
nome: perdedores.
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