segunda-feira, 23 de julho de 2012

Vida cristã é sinônimo / De paz e de parcimônia

Vida cristã é sinônimo
De paz e de parcimônia*.
*sobriedade
1
Todo cristão que é autêntico
Tem um viver puro e sóbrio.
Distancia-se do opróbrio
Que ao próprio erro é idêntico.
Co’ amor áureo, não argêntico,
Ama e sua santimônia
Não oculta uma alma errônea
Que da’ alma pura é antônimo.
Vida cristã é sinônimo
De paz e de parcimônia.
2
Calmo, não se destrambelha,
Pra viver longe do ódio.
Faz da vida um episódio
Sem cenas da vida velha.
Que o cristão tem por corbelha
Do bem sua mente idônea.
E, se falha, tem insônia
Por manchar-lhe o hagiônimo.
Vida cristã é sinônimo
De paz e de parcimônia.
3
Pra ter uma vida angélica,
O cristão se faz ilustre
Nas ações pra que não frustre
A sociedade evangélica.
Renega a maquiavélica
Tradição da babilônia,
Praticando a cerimônia
Do bem obrando algo autônimo.
Vida cristã é sinônimo
De paz e de parcimônia.
4
O viver cristão é mágico,
Pois dá sentido a’existência.
Tem ampla polivalência
Contra as obras de um mal trágico.
De outro lado, o hemorrágico
Mau viver, com acrimônia,
Busca censurar a’ idônea
Vida e quer fazer-se anônimo.
Vida cristã é sinônimo
De paz e de parcimônia.
5
Quem não respeita o decálogo
E só vive de sofismas
Causa à razão aneurismas,
Com’o bem não mantém diálogo.
Mas seu viver é catálogo
De crimes contra a colônia
Dos bons e na cachimônia
Seu pensamento é homônimo.
Vida cristã é sinônimo
De paz e de parcimônia.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

No meu momento mais crítico / Jesus me fez reagir.

No meu momento mais crítico
Jesus me fez reagir.
1
Como procela marítima
Me afunilando o arbítrio,
O mal de um aspecto vítreo
Quase me fez sua vítima.
Mas, numa fuga legítima,
Eu consegui me evadir.
Fui do zênite ao nadir
Pra’ esmiuçar um mal granítico.
No meu momento mais crítico
Jesus me fez reagir.
2
Assisti à vil reprise
Na vida de cenas tétricas.
“Lamentações” volumétricas
Compus em tempos de crise.
Prestes ao último deslize
Estive, mas Deus, ao vir,
Ajudou-me a decidir
Por um viver analítico.
No meu momento mais crítico
Jesus me fez reagir.
3
Ante um suplício tantálico,
Sofri tal qual a crisálida
Que, pálida, inválida e esquálida,
Vê seu casulo metálico.
E, sem um ímpeto vandálico
No qual encontre elixir
Pra se livrar e fugir,
Sente o “corpo” paralítico...
Mas no momento mais crítico
Jesus me fez reagir.
4
Diante da torre de acrílico
Dos meus problemas extremos,
Só tive amigos blasfemos
E um dia-a-dia gentílico.
Mas só que o semblante idílico
De Deus veio a me atrair
E eu deixei de resistir
Ao seu mover catalítico,
Que no momento mais crítico
Jesus me fez reagir.
5
Sofri na vida um exílio
Das condições confortáveis
E, frente ações nada amáveis,
Não angariei auxílio.
Até que, em meu domicílio,
Chegou Quem “podia” abrir
A minha mente e nutrir
Um bem que andava raquítico.
Que no momento mais crítico
Jesus me fez reagir.
6
Eu via que, quanto à dívida
Co’o bem, não veria alívio,
Mas não mudava o convívio
E me achava de alma lívida,
Que só veio a’ estar mais vívida
Quando “que” por suvenir
Eu quis do perdão fruir
E, ao pagar, não fui somítico,
Pois no momento mais crítico
Jesus me fez reagir.

Só Deus desfaz um histórico / De miséria e de lamúria.

Só Deus desfaz um histórico
De miséria e de lamúria.
1
Antes vivia em delírios
Num viver em nada lírico.
Mas troquei o mal satírico
E me afastei dos martírios.
Agora sigo entre lírios
Sem descaso e sem incúria:
Longe da’ antiga penúria;
Perto de um porvir eufórico.
Só Deus desfaz um histórico
De miséria e de lamúria.
2
Me encontrava em pandemônios...
Mas que ninguém de mim zombe,
Pois me livrei da’ hecatombe
Que minou meus patrimônios.
Fiz convênios, matrimônios
Com’o bem e não vi injúria
Nesse desígnio sem fúria
Nem mesmo em plano teórico.
Só Deus desfaz um histórico
De miséria e de lamúria.
3
Com Deus, hoje me acho idôneo
Pra ir por trilhos benéficos
Corrigindo erros maléficos
Que obrei num passado errôneo.
Que hoje uso cada neurônio
De maneira, em nada, espúria.
Me distancio da luxúria;
Me apego a’um bem categórico.
Só Deus desfaz um histórico
De miséria e de lamúria.
4
Parei e, após escrutínio,
Vi o quanto a minha história
Estava falta de glória,
De pureza e autodomínio.
Por meio do raciocínio
Decidi vir à centúria
Dos salvos e nessa cúria
Galguei êxito meteórico.
Só Deus desfaz um histórico
De miséria e de lamúria.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

A Minha Epopéia Urbana - Parte do Canto I - Dísticos em Versos "Dodecas"

A Minha Epopéia Urbana

Dois mil e dez, era janeiro, ainda em férias,
Eu caminhava, gestos graves, frases sérias.

A me escutar, o amigo Orlando, sempre atento.
O ar da praia, à noite, em uivos. Frio o vento.

Em tom sincero, eu lhe falava sobre anseios
Que acalentava, os olhos plenos de receios.

Era o porvir que tinha em mente aquele instante.
Um fevereiro que seria extenuante.

A conclusão do ensino médio, nem “de perto”
Seria tão angustiante. Isso era certo!

Aos dezessete, já formado, eu não tirava
Do pensamento essa impressão que me assolava.

Muito ansioso, eu aguardava, na verdade,
O iniciar das aulas da’ universidade.

Porém não eram só as aulas o porquê
Desse meu mal, mas algo tal que não se vê.

Há muito já enamorado eu me encontrara.
Sim, desde a quinta série assim me deparara.

Chamavam Liz a doce amada dos meus olhos.
E eu nem ousava dizê-lo alto. Havia abrolhos.

Barreiras mil nos separavam um do outro.
Queria ousar, mas via azar num dia e noutro.

Que, no colégio, a sua turma discrepava
Demais da minha e isso aí me intimidava.

Sua beleza. Até seu jeito. O seu olhar.
Onde ficava. Aonde ia pra lanchar.

Tudo passava, pra mim só a impressão
De uma impotência, frente atroz indecisão.

Mas, “na real”, o que haveria de fazer?
Passaram-se anos, e eu não quis mais nem querer.

Porém o fato é que a vontade não me quis
Deixar em paz e eu nunca mais me vi feliz.

A gente ri, porém, no mais, se vê propenso
Sempre a buscar por algo mais, aflito e tenso.

Queria vê-la por qualquer razão dizer
Meu nome aos gritos. Querendo algo resolver.

Fosse um problema com as aulas de inglês.
Fosse o que fosse. Em algum dia de algum mês.

Fui sempre tão atarefado, mas devoto
Das letras, pois nunca me fiz delas remoto.

E, embora tudo tenha feito pra crescer
Nelas, lauréis por isso nunca pude ter.

“Sã, eu preciso que passemos um momento
A sós pra virmos a juntar conhecimento”.

Ou: “Sã, eu quero que você marque algum dia
Pra estudarmos lá na sua moradia”.

Isso seria pra mim mais do que um Nobel.
Que a companhia da Liz é mais que um laurel.

Todavia algo assim jamais veio a se dar.
Passaram-se anos, mas o amor não quis passar.

Estava, então, eu a falar naquela praia
Co’o bom Orlando. Longe o apupo, a troça, a vaia.

- Eu sei decerto o que persegue a tua vida.
Essa paixão que faz tua alva alma aturdida.

Lembro que disse ser verdade tudo aquilo.
Não poderia me furtar. Não fiz sigilo.

- Eu só lamento por mim mesmo ser verdade
Tudo o que dizes, que esse mal meu peito invade.

Chamei de mal o que, afinal, mal me causara
E me causava. Mas por bem já reputara.

Fomos os dois dali à casa do seu tio,
Que recebeu nossa visita “luzidio”. (radiante)

E, “por lá mesmo”, Orlando e eu nos arrumamos.
E, pronto, o trio fez partida sem reclamos.

O certo é que eu há muito tempo já andava
Lá pela casa desse, que viúvo estava.

Tio do Orlando, não negava um aposento
Aos seus amigos, que o prezavam “cem por cento”.

Ali havia algumas roupas do Orlando.
E umas trouxera lá de casa e fui deixando...

Partimos nós para uma festa que haveria
Na casa de um amigo nosso aquele dia...