segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Retórica Encantatória - RF Amaral

Retórica Encantatória - RF Amaral
   
    De início é preciso que defendamos alguns postulados.
    Estou ciente, porém, que a defesa argumentativa dos mesmos requereria amplo tempo. Contento-me em asseverá-los somente, ficando sujeito a confrontações (por vezes, gratuitas!) de todas as partes. Não me incomodo (argumentar seria contradizer-me!). Necessário é que se faça dito o que, agora, torna-se canônico.
    Deve-se postular que:
Argumentar e contra-argumentar não passa de vaidade (inutilidade!);
Dispor, tanto através da oralidade quanto por via da escrita, o que se pretende é bastante, desde que se siga uma "forma", "técnica retórica" sólida ao discorrer;
Utilizar a linguagem de modo a fazê-la sempre de aparência descritiva é o ponto;
Fazer os ouvintes acessarem o conteúdo do que se fala (ou se escreve) sempre como em romances, contos, apólogos, poemas, peças teatrais, filmes e afins é o ideal;
Não deixar transparecer qualquer "prescritividade" no que se diz (texto ou fala que se tornaria, assim, simples "narração"!) é o certo;
Não entender nada do que se diga como "defesa" de algum ponto de vista é o pretendido;
Ver toda a realidade como uma "Grande Descrição" é o que pode "arejar" o pensamento e qualquer diálogo;
Entender que, como em salas de cinema, o que se conta é o que é pura objetividade;
Ter ciência de que nada pode atingir o "narrador" neste mundo narrativo construído pelo próprio é indubitável;
Saber que a "razão de ser das coisas" é aparente (para todos os homens!);
Pôr em mente que tudo foi criado "feito", "realizado", "completo" em seu "todo" é o certo (decisões, valores, inclinações, reações, movimentos, etc. não são coisas a serem vindas à tona, já existem dentro da "preprogramação do Criador" de tudo);
Por fim, "retorizar" (encantatoriamente!) tudo o que se for falar, quando se pretender "convencer" o ouvinte é o correto sempre.

    Postos os ditames a serem seguidos, devemos fazer uma reconsideração de tudo o que já vivemos, pretendendo com isso entender que muito do que temos hoje como "norma" nunca fora postulado como tal. Carregamos uma enorme leva de "conversas" como se tivessem sido apresentadas como imposições, decretos, leis, regras, etc.. Ao atinarmos para isso, ficamos sabendo que, assim como tomamos "simples falas" por "prescrições vitais", podemos, propositadamente, fazer nossas "falas encantatórias" serem sempre aceitas como tais, ainda que não aparentem ser munidas de "prescritividade". E, aqui, já deixo, como em prolepse, que estou certo de que irão questionar-me a respeito deste parágrafo também. Desde já, contemplem meu riso irônico.
    Não devemos pedir as pessoas que aprovem o que falamos, devemos contar-lhes "histórias". No mundo da ficção tudo é "válido". O entendimento de que uma asseveração lógica porta "validade" em si mesma, porquanto atende determinadas regras do raciocínio é gratuito (por "gratuito" entenda-se "desapegado", "só dito, nada mais"). Ninguém discute lógica, estando acima dela para prová-la. Mas, entendo que, quando a quero desbancar também não consigo, o que me leva a algum tipo de "paradoxismo metodológico" (não opto nem por convecionalismo, relativismo, agnosticismo, ceticismo dogmático e outros por estarem - os seus julgamentos de serem os mesmos errados ou certos - eivados deste mesmo ultrassapado raciocínio que condeno, ainda que, em prática de retórica encantatória, não pretendesse fazê-lo de forma direta, explícita!).
    Ainda que pareça contradizer-me ao trazer neste escrito algo como regras, cânones, prescrições, digo que assim faço por conta da necessidade de expor objetivos a serem cumpridos pelo retórico. Optar por tal técnica, em si, não pode ser algo que se oponha à mesma, isso, na mente do "narrador" (chamarei assim o retórico desta vertente!) que a põe em uso.
    O caso é que o simples fato de tornar "narrativo" ou "descritivo" o "prescritivo" já resumiria tudo o que se pretendesse dizer aqui. Mas a técnica para tal precisa, ainda assim, ser delineada, pois visto é que as pessoas que se colocam a conversar sempre tendem a confrontar idéias em vez de simplesmente dispô-las. Nada precisa ser como é! Porém as pessoas não entendem isso. Todos querem defender seus pontos de vista. Impô-los em aceitação "a ferro de fogo". Eis aqui o problema!
    Claro que muitos poderiam perguntar-me acerca de minhas crenças. Meus valores morais. Quais os meus mandamentos. Não preciso ver o mundo, a todo o tempo, pelos óculos de minhas crenças. Sei que muitos discordam disso. Isso não me incomoda. Quero libertar a razão para que ela possa "argumentar" sem contra-argumentos. E, aqui, acusariam-me de fideísta, obscurantista ou algo do gênero, ao que eu responderia com um simples riso. Já de há muito vi que o estar debatendo coisas só leva o homem a contemplar o quão grande é a sua insuficiência de conhecimento. Não posso saber tudo, mas isso - agora sei! - que não pode tornar-me incapaz de "convencer" pessoas.
     Sinto muitíssimo ter sido obrigado a escrever este manual desta forma. Não queria que os meus leitores fossem como que "sugestionados" sem terem ciência do que, de fato, trata-se este escrito. Daqui partirei para exemplos, mas assevero que o não entendimento e apreensão dos postulados que foram expostos anteriormente pode levar à confusão. Entendamos e os memorizemos, ainda que do nosso jeito, com nossas palavras. Deixo certo que findarei o texto já no desenvolvimento do tópico abaixo. Vamos a ele, então!

Incutindo "Idéias" por Via de Simples Conversas

    Tudo pode ser entendido como uma simples conversa. Tudo que falamos ou escrevemos é algo que desejamos que seja absorvido pelo ouvinte ou leitor. Entendamos tudo como simples conversas! Pronto! Vamos a uma:
Fulano: - O clima está agradável. Ontem fui à escola. Estava muito calor como acalorada está esta politicagem desta pequena cidade.
Cicrano: - Estou achando quente. Na escola, achei mais frio. E a POLÍTICA, NÃO POLITICAGEM, tem sido levada de modo muito tranquilo nesta nem tão pequena cidade.
    Já percebemos de cara que o tal "Cicrano" amanheceu de "ovo virado". Não está para concordar com nada que se fale. E, por incrível que possa parecer, a solução aqui não estaria em debates sobre climatologia, termologia, publicidade eleitoral, densidade demográfica, crescimento populacional, estatística, IBGE ou geografia local. Uns deixariam o tal sozinho. Outros mudariam de assunto. Os retóricos partidários do discurso encantatório assemelhar-se-iam mais com os do segundo grupo, mas com algumas ressalvas (ou mesmo reservas).
Fulano: - Ah, a climatologia! O calor faz os seres humanos suarem cântaros. Há quem fale muito sobre instituições de ensino e propagandas políticas em cidades locais.
Cicrano: - Climatô... o quê?! O povo fala sobre muita coisa, inclusive nestas cidades circunzinhas.
    Calma! Não estou dizendo que, no decorrer do dia, estaríamos sempre falando através de tautologias. Evitamos embates de muitas maneiras. Quando se quer manter, propositadamente, uma atmosfera de "convencimento" tem-se que tergiversar às vezes. Nada é ponto de fraqueza quando se tem metas sólidas a cumprir. Estamos dando tempo ao tempo. Mas se se quisesse simplesmente conversar, a pessoa poderia sim discordar o quanto quisesse! O cerne da questão é: Isso é o que eu quero?
    Quando falamos o óbvio de modo diferenciado, chamamos a atenção das pessoas. Só temos que ir colocando paulatina e premeditadamente dentro do discurso crenças prefabricadas e os ouvintes, dependendo da fluência e dinâmica do falar (ou contar) não terão tempo hábil para raciocinarem sobre. Daqui a pouco a conversa fluirá como em uma leitura de um romance, uma audição de uma peça musical ou uma contemplação de um filme de espionagem, misturado com ficção científica. Encante e eles serão encantados. Não confronte, encante. Confrontar é para os tolos. Os artistas das palavras utilizam-se de classe. O altear da voz não pode resistir a um belo discurso. Há como que uma magia nas palavras e, quando menos se percebe, estamos dados a cenas que já há muito rodam em nossas mentes. Encante! Faça-os dormir! E que não despertem do sono nunca mais...

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Refletindo Sobre O Eclesiastes - RF Amaral

Refletindo Sobre O Eclesiastes - RF Amaral

As palavras do mestre, filho de Davi, rei em Jerusalém: "Que grande inutilidade!" - diz o mestre - "Que grande inutilidade! Nada faz sentido!" (Ec 1.1,2)

Aplicação: 
Há aqueles que alcançam status de grande mestre seja pela via acadêmica, seja pelas experiências da vida. Pessoas sempre se alegram em saber resolver problemas insolucionáveis aos olhos alheios. Suas palavras são ouvidas com bastante atenção. Sabemos haver mestres humildes e mestres soberbos; palavras brandas e palavras advindas da arrogância. E, com certeza, consideraríamos verdadeiros mestres os que tratam com humildade. No máximo, intelectuais seriam aqueles outros. Afinal, parece sim haver uma enorme diferença entre inteligência (entenda-se intelectualismo) e sabedoria (prudência, sensatez e capacidade de adequação cabida do conhecimento). Intelectos abundam; sábios são raros!
Linhagens (enfoque em "Filho de Davi") de enorme prestígio estão dispostas em todo o globo. Seus membros aparecem nos jornais, nas capas das revistas e têm seus nomes mencionados, exaltadamente, nas rádios em todo o mundo. A coroa faz reluzir o rosto de nobres em toda a esfera. Todos almejam a honra e suas honrarias. Mas sabemos de há muito não serem dinastia, posição social e a abundância de troféus que, definitivamente, tornam homens felizes. Alguns simplesmente já têm mente estável, outros não, posto que a riqueza é um adendo - mas não que isso a faça menos causadora de prazer ao seu possuidor.
Será que a realeza do rei seria mesmo o seu sustentáculo? As dores atingem a todos. Podemos intervir cirurgicamente em várias delas. Para outros casos, há psicólogos e psiquiatras, hipnoterapêutas ou, talvez não exista auxílio terreno. Há males misteriosos aos olhos humanos! Todo rei tem seus súditos, seus servos, camponeses. As pessoas afluem de toda parte ao seu encontro. Mas, às vezes, há um "andar solitário entre o povo".
"Que grande inutilidade!" é o que a vida nos grita aos ouvidos, quando nos esfalfamos em demasia tentando pôr em operação isso que se chama "arte pela arte". Muitos de nós notamos que a vida não se basta. Buscamos sempre transcender. E, até o que é útil dá impressão de estar sempre deslocado.
O que é "fazer sentido"? Nunca encontro resposta definitiva para tal pergunta quando olho em volta. Há muita gente, casas e dinheiro em circulação, mas nada disso advoga sentido para si, muito menos capacidade de dar o que já não tem aos seus "concidadãos". Pensando profundamente, deparamo-nos sempre com uma mente insistindo em conformar-se com respostas parciais. E esta aqui, por ela mesma, continua o sendo também! Serve, entretanto, como em linguagem de acomodação, para alertar-nos a ir mais além do vácuo.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Uma Sábia Conversa - RF Amaral


Uma Sábia Conversa - RF Amaral

Quando sentar para conversar com os bobos que infestam as ruas das cidades pequenas, seja reconhecedor de suas supostas grandes capacidades intelectuais. Pare e deixo-o falar, mesmo sabendo ser muito incômodo ouvir pessoas que pensam dominar o mundo em sua volta só pelo fato de conseguirem ainda manterem-se vivas com salários de fome. Não que dinheiro importe. Costumeiramente, os sábios rejeitam fortunas, e o viver de impressionar, e o chamar todas as luzes à sua face. O fato de sentar-se e ouvir pessoas, que pensam ser importantes, é um teste de domínio próprio e uma oportunidade para se aprender como não se deve ser. Se incetam conversas voltadas para suas áreas de atuação na vida profissional, seja educado, mostre interesse, mesmo compreendendo que muito daquele palafrório todo não passa de exibicionismo tolo que singra, ao fim, para o que todos por ali buscam: "status social". Você sabe possuir saúde e vivacidade, reconhece já não depender do que a conjuntura social dita para para se afirmar. Na verdade, "afirmar-se" nem seria o dito correto, pois resguarda semanticamente o que os seus interlocutores buscam. Há uma autossuficiência sem idolatria e sem orgulho naquele que vive bem com o que tem e procura a paz através de constante rejeitar da inqueitação do mercado. Poderíamos ter tudo que quiséssemos! Mas certo é que não hesitarão em perguntar por que, então, estamos vivendo como estamos. Se não respondemos, somos taxados de fracassados. Mas não compreendemos e, isto, sinceramente, que nossas habilidades não nos deveriam propiciar conforto em abastança. As ideias brilhantes de pessoas que tiveram suas luzes apagadas pela mão da má conjuntura social vigente, ideias essas, que se veem abundantemente registradas nas enciclopédias e "bons" periódicos (ainda que se reconheça que tudo trabalha para o mesmo chefe!) comprovam que não se deva comprovar mais nada. Cala-se o sábio e os aplausos tomam as casas dos tolos. Neste momento, há coisas mais importantes a fazer. Resolver problemas de verdade! Claro que sabemos que há muitas mentes fecundas a serviço de serviços errados, mas não será por isso que nos entragaremos ao mesmo fado. Caminhamos e buscamos achar lugar de repouso. E o repouso maior encontramos dentro de nós. Não precisamos de adendo. Mas dirão que, se não nos entregarmos, iremos morrer. Preferimos confiar na voz do vento que diz "tudo coopera a favor da ordem". Sendo que só desordem vemos, não poderemos deixar-nos influenciar pelo medo de não nos encaixarmos nunca em qualquer sistema de coisas que nos rodeia. Sentamos em outro bando, buscamos uma outra luz, atentamos para nossos próprios pensamentos. A noite está fria, mas o calor da sabedoria não deve ser desprezado. "Por que não refletem?" - inquirimo-nos. Mas, quando assim fazemos, muitas vezes damos azo a uma irritação que nos torna selvagens. "Quem disse que tem que ser assim?" - aqui, desviemo-nos da pergunta, citando os estóicos conformistas... Insistem os pensamentos: "Poderemos suportar esta pressão social?" - respondemos que sim. Lembramos os sábios do Cinosargo e prosseguimos à cata de homens hontestos de fato. Mas há perguntas para as quais ainda queremos respostas. A vida do sábio é labuta contante, ainda que digam que isso não é vida, nem ocupação honrada. Dizem: "Os sábios têm seus diplomas à mão!" Mas dar-lhes atenção seria uma perda de tempo tremenda. Recostamo-nos em algum banco de praça e pedimos a Deus que nos mostre a luz do seu rosto. O sábio não almeja títulos. O sábio quer resolver problemas. O maior seria a insistência em rotulações por parte de manietados pelo Ciclo da Vaidade. O correr atrás de vento não nos atrai. Confiamos em Deus. Não é por que visamos viver em paz que devemos ser castigados. A quietude é tudo o que queremos. Mas não conseguimos um minuto só de silêncio. Temos que ser assim, comprarmos isso e aquilo, vestimo-nos de tal forma... Todos os anos fustigamos nossa carne habitando no meio de um povo de impuros costumes. Sacudamos de nós as ataduras! Façamos para nós esconderijos! Erijamos fortalezas! "Com que recurso?" Se buscarmo-lo, seremos como os demais são. Se são humanos, pergunta a sua mente. Se são tranquilos. Não sei o que é calma e satisfação para este povo. O que venha a ser tranquilidade para os tais que lotam ruas à noite. Quiça nem jazigo!

Jó 38.36 - Reflexão - Felipe Amaral


Reflexão
Felipe Amaral

Quem foi que deu sabedoria ao coração e  conhecimento à mente? (Jó 38.36)


Idéias Tópicas

> Olhar de fora a sabedoria;
> Esgotar as possibilidades de enumeração  de suas propriedades;
>A complexidade na interação dos eventos do todo nos arrebata;
> Determinação da lógica;
> Por onde começar a busca de "abarcar" o  todo?
> A Doutrina da criação e a sabedoria.

Desenvolvimento dos Pontos


> Olhar de fora a sabedoria<


Descartes disse, certa vez: "Penso, logo  existo". E, entendendo que pensamento  tenha lugar no que a Bíblia chama de  sabedoria, parto tentando - se me é  possível! - vislumbrar a profundeza do texto  sacro escrito para minha consolação, mas  também sabendo que a voz que me induz a  escrever esta reflexão parece um tanto quanto interessada  em conduzir-me por estradas não tão bem  pavimentadas "assim"... "Pede o que  quiseres e eu te darei". "Batei e abrir-se- vos-á". "Todo o que pede, recebe e o que  busca, encontra". Temo aquilo com o que irei  deparar-me pela frente, mas, desde agora,  assinto. É hora de mergulhar, embora a  água esteja muito fria.


Quando nos atemos à idéia de "fonte",  contida na sentença "Quem dá sabedoria...",  obrigamo-nos a pensar em "extensão". De  "extensão" partimos para "quantidade".  Desta, para "possibilidades". E, por fim,  assustamo-nos diante de algo tão  admirável, que não nos atrevemos nem em  insistir na questão. Deixamos as coisas  como sempre são. Confortamo-nos com o  "chão", tendo um "céu" inteiro a  perscrutar...

Deixe-me dizer o que penso sobre a  sabedoria. Peguei-me tentanto dissecá-la,  ao ouvir Deus fazendo-me a mesma  pergunta que fez ao antigo Jó em tempos  imemoriais. Na minha busca, singrei pelo  método de análise primária do texto em sua  literalidade. Vociferei internamente: "Mas já  sabemos que temos que reconhecer ser  Deus o dono do saber!" "Ele é o Criador de  todas as coisas!" "Seus planos não podem  ser frustrados! - já dizia Jó!" Até aqui, tudo  bem. Mas parecia-me sempre haver mais  no texto a ser investigado. Fui à descrição.  Perguntei-me: Será que Deus, quando  versa a respeito de sabedoria - ou  conhecimento - fala só de algum aspecto  da mesma, que venha à minha mente  casualmente? Reliquei: Claro que não! A  ideia de sabedoria é mais extensa no texto,  dicionários de hebraico e grego - visto  poder me referir ao texto na Septuaginta -  mostrar-me-iam o tremendo engano de  supor coisa tal! Sendo assim, comecei a  elencar todo o conteúdo fracionário  depreendido do termo. Suportaria, em sua  extensão, algumas partes: em primordial  análise, a consciência, depois a memória;  discernimento para a sua classificação,  capacidade de adequação do que foi  memorizado e expressividade; por outro  viés, percepção de logicidade, aptidão para  uso da lógica, discernimento moral e  capacidade de tomada de decisão.
Depois de listar tudo isso, vi-me confuso,  ao notar que, só apelando para um simples  método de descrição já me colocara em um  nível de complexidade absurdo demais  para mim, pois descrições exigem  explicações e eu não estava tão inclinado a  dá-las como o exigido. Quis ir além, por  teimosia, mesmo deixando coisas atrás por  fazer. Pensei: Veja Felipe, não estaria você  incorrendo em um erro metodológico, ao  tentar refletir sobre a sabedoria, utilizando a  mesma para entendê-la? Não deveria você  propor-se a "vê-la de fora" para "saber" do  que se trata? Mas era impossível para mim  fugir à sabedoria. "onde me esconderei do  teu Espírito?", diz o salmista. Não mais me  parecia ter sido à toa que um dos escritores  do Livro de Provérbios tivesse comparado a  sabedoria a Deus. Era-me impossível  cogitar tentar explicá-la sem a utilização  da própria. Mas - pensei - Deus deve ter  uma sabedoria infinita! Olhe para as  estrelas. Se só fossem mesmo trilhões,  ainda assim ficaria difícil para mim  perscrutar a complexidade do todo criado.  Muitos eventos correlacionados. Muita  coisa a gerenciar. O mundo é um imenso  tabuleiro de xadrez. Se quantificar e  descrever possibilidades de um de dezenas  de casas já me faz ter fortes dores de  cabeça, quanto mais pensando-se em um  de trilhões de peças, trilhões de casas!...  Assim sendo, cogitei que Deus saberia, de  alguma forma que eu não compreendo,  como seria "olhar a sabedoria de fora", mas  não incorrer em uma "nesciedade"  (conclusão tirada na ausência do saber! Se  isso for mesmo possível!). Bem, não sei.  Acho que até aqui já bastaria. Mas  precisava ir além. Havia uma voz  chamando-me a ir além. Insistia: "Venha.  Você precisa conhecer mais. A lição não  acabou ainda. Tenha calma".
Sendo levado, de modo que nem sei  descrever, fui induzido a pensar sobre a  ideia de "autonomia". E você pode estar se  pensando: "O que, 'cargas d'água', a ideia  de autonomia tem a ver com o assunto em  lide?" Explico. Muitas vezes, pego-me  querendo tirar conclusões sozinho. Deixe-me só - digo a Deus. E, apesar de não  achar nada de tão filosófico na vida do  profeta Elias, sou dado a concluir que  passou-lhe pela cabeça tal coisa quando  escondeu-se em uma caverna amedrontado  diante das ameaças de Jezabel. "Que  estás fazendo aí, Elias?" - era o que Deus  me dizia, toda vez em que eu tentava  resolver a problemática sozinho. É, mais ou  menos, como o "Lázaro, sai para fora!" que  Jesus pronunciou. A autonomia não  poderia nem ser cogitada, dada a nossa  pequenez diante, até mesmo  conhecermo-nos. Estou sempre às voltas  com minha mente, tentando achar  respostas que me mostrem como expandir  minha capacidade de raciocinar. Não  adiantava eu me debater sobre o chão da  sala ou bater dez vezes a cabeça contra a  parede do muro. Não! O caso era comigo.  Era sempre com a minha condição de ser  diminuto. Não conseguia olhar a sabedoria  "de fora". Ler trilhões de artigos, explicar as  interações das galáxias. Sempre me é  difícil saber por onde começar.

> Esgotar as possibilidades de enumeração  de suas propriedades


Voltando à fase de "descrevente" da  sabedoria humana, via-me insistindo em  tentar contar possibilidades, após chegar a  umas poucas partes. Qual o tamanho da  minha memória? Posso decorar muita  coisa, por certo. Veja um supercomputador  com seus milhares de arquivos. Meu  cérebro, no que diz respeito a informações genéticas, poderia gabar-se. Ah, o meu  subconciente! Sim, este é um poço  infindável de conhecimento! Posso até não  saber acessá-lo direito, mas ele mostra-me  todas as noites a sua capacidade  indenominável de criar realidades  inexcrutáveis misturando coisas que eu  nem houvera me dado conta que analisei (e  coisas misteriosas!). Mas poderia "contar  as estrelas chamando-as todas pelos seus  nomes"? Fico com um pé atrás quanto a  isso. E , ainda que tivesse "fé de modo tal  que fosse capaz de remover montanhas",  não sei se já me estivesse decretado que  poderia transformar-me em Deus. Há algo  assombroso na mente do homem, mas,  com certeza, não mais do que o seu  Criador. É-me "determinado todo tempo  debaixo do sol". "Meus fios de cabelo estão  todos contados". "Tal ciência é para  mim maravilhosíssima que a não posso  alcançar". "Falei de coisas que eu não  conseguia entender". Diante de tais  asseverações, não me sinto propenso a  pensar em uma não-limitação humana. "Em  tudo eu vi fim, mas a tua lei é amplíssima".  As descrições podem fazer-me ter dores de  cabeça, mas o conforto de depositar todas  as coisas nas mãos de Deus é o meu  "Dorflex". Olhando para as partes das quais  se compõe a ideia bíblica de sabedoria, fui  conduzido ao campo das investigações  subatômicas. Quando penso que acabei,  eis que um cálculo "bobo" mostra-me que  há mais a descobrir. Os átomos parecem  não ser o bastante. Eles insistem em se  dividir. Teimosos que são, comportam-se  mal: ora como ondas, ora como partículas.  "Eu queria poder contar os teus feitos, mas  são mais do que se possa contar".  Admirado, já pensava em desistir, mas  aquela voz que, agora, parecia-me tão  renitente, convidava-me a ir ainda mais  profundo.


>A complexidade na interação dos eventos  do todo nos arrebata


"Repare os acontecimentos. Quão  numerosos são". "Deixe-me em paz, já me  cansei". "Nãããão! Você ainda não viu  nada!" Eis a luta dos meus pensamentos.  "Dizia eu: Não mencionarei mais o seu  nome... Mas, eis que um fogo ardia dentro  de mim" e me impelia a propagar o que  tentava refugar. Assim, "cingi-me da minha  veste como homem que sou" e tomei  coragem de ir em frente.

Estava lá. Tremeluzindo, cintilando,  bailando em luzes... A complexidade dos  eventos. Tudo aguardava deitado uma  explicação. Propus-me a não me deixar  abater. Deus impelia-me. "Vou descrever -  disse - Vou descrever". Mas sempre será  inútil querer abrir "Enciclopédias Britânicas"  buscando montar o imenso quebra-cabeça  das relações entre seus artigos. Perguntei  ao nosso sacerdote protestante a quem  chamamos pastor ou reverendo de onde  viriam os assuntos que infestavam sua  mente na hora da prédica. Mas causação é  uma coisa terrível. Porém você poderia  pedir-me para só me ater aos eventos em  si. Tudo bem, digo, todavia, olhando para  esses eventos cada vez mais de perto não  posso esquivar-me da sua complexidade  relacional. As coisas parecem não  "irromper por acaso", só Deus faz coisas  concretas sem material de construção.  "Haja luz. E houve luz". Tudo é muito  confuso para a mente humana abarcar. Tal  coisa arrebata-me. Lembra-me a glória que  enchia o templo. Não posso manter-me de  pé. 

> Determinação da lógica


Eis que então, raiou uma luz. Era a que  "ilumina a todo homem que vem ao mundo":  lógica. "Vai! Você consegue! Afinal de  contas, és racional entre milhares de  irracionais! O cientificismo brinda-te com  esta descoberta! Vai! Ainda é tempo!"  Arrependo-me sempre de acreditar poder  escalar estes tipos de "Everestes". Lá ia eu,  munido da positividade do Positivismo.  "Conseguirei o que procuro. Nada pode me  deter! "Nada nem ninguém conseguirá  afundar este barco que construí. Inclua-se aí  Deus." Mas, foi só começar, para ver que,  até isso dependia de uma determinação da  qual só me dava conta pela sua própria  inerência de inatismo. A lógica estava lá,  mas não havia sido eu o determinador da  mesma. Eu olhava tudo pelos seus óculos.  Como fora com a sabedoria, não me via  podendo "olhar de fora" e, ainda assim,  continuar a possuí-la. Foi esta a minha  maior queda. Continuo caindo dia após dia,  dia após dia. "Não se te dá que  pereçamos?" Olhei para os lados e percebi  que Deus estava no barco. Eis a bonança.


> Por onde começar a busca de "abarcar" o  todo?


Não estava mais em mim. "Conheço um  homem que foi arrebatado ao Terceiro Céu.  Se fora do corpo, não sei; se dentro, tão  pouco. E lá viu coisas inefáveis". Há muito  o que se ver, por onde começar? Estava  diante do Trono e não me dava conta. "Os  céus proclamam a glória de Deus e o  firmamento anuncia a obra de suas mãos".  Dizia eu: "Eia pois! Leiamos! Leiamos!  Absorveremos tudo o que a mente é capaz  de absorver. E me parece ser capaz de  absorver o infinito. Cá pra nós, dizem as  más línguas que Deus escondeu isto de  nós. Já somos deuses; podemos ser  Deus". E mais uma vez a ilusão deslindou- se em minha frente. Estou com a vista  cansada. Esqueci-me do artigo duzentos e  cinqüenta e três... Ou seria o cento e  oitenta e nove? Não! Talvez o oitenta e  cinco! "Amigo, venha consertar minha  geladeira!" E eu: "Espera aí, já estudei  sobre esta peça. Ah! Lembrei!... Opa! Mas  e esta outra?" Havia muitos cálculos a  resolver, muitas epopéias a ler, muita  música a ouvir, muitos filmes a conhecer,  muita vida a viver, tanta que nem a vida  toda daria para vivê-la. Por onde começar?  Vou tirar um cochilo. "Jurei na minha ira:  Não entrarão no meu repouso!" "Nós, os  que cremos, já entramos no seu repouso".  "Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus",  "antes de mim, Deus nenhum se fez e  depois de mim, nenhum far-se-á real". Mas  a voz já começava a abrandar-se. "E eis  um cicio suave". Depois de ventos  quebradores de penhas, terremotos  "estremecentes" e fogo abrasador, pude,  então, descansar, mas não mais "dentro da  caverna".


> A Doutrina da criação e a sabedoria


Há um propósito em tudo. Nenhuma peça  parece estar ali em vão. E, até mesmo a  ideia de "estar em vão" parece-me não  existir em vão no mundo. "Pela fé,  entendemos que os mundos foram criados  pela palavra de Deus". Crer para entender.  A ontologia da escolha é criada, bem como  a da vontade, da lógica, da própria  possibilidade, da condição, da  aplicabilidade, da imaginação, enfim, de  tudo. Olhamos para o que somos capazes  de ver. Pegamos com as mãos;  impossibilitados estamos sem elas.  Conseguimos amar. O amor existe. A ideia  de existir. O Ser existe! Deste Ser somos  nós. O Ser é Deus, o Criador, Sabedoria  que "se autoentende"... Sei, logo Deus  existe!

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Manipulação Retórica - RF Amaral


Manipulação Retórica -  RF Amaral

Silêncio é coisa aprazível,
Porém, não pode doar
Ao portador a "expertise"
Na' arte de manipular.
Fale pouco, mas não fale
Coisas vãs, irrelevantes.
Aproxime-se dos outros
Com fatos interessantes.
Compare um e outro ouvinte
A um sábio do passado.
Refira-se a todo mundo
Com um falar temperado.
Não demonstre irritação.
Evite ao máximo o choque.
Mostre ao próximo outro mundo,
Mirando seu próprio enfoque.
As pessoas não escutam
Novas ideias à toa.
Existem bons atrativos
Que influenciam pessoas.
O prazer é sempre bom
Em conversas informais.
Dê ao povo o que lhe pedem,
Fitando seus ideais.
Alguém visou um contato,
Dirija-o para onde queres.
Nada precisa ser rápido,
Conduza-o como quiseres.
Leste (^) os sofistas passados,
Vês os "sofistas" presentes?
"Nada é certo; nada, errado!"
Os "fins" são suficientes!
Não que devamos levar
Gentes à destruição.
Pelo contrário, devemos
Dar-lhes a iluminação!
Mas, para isso, é preciso
Que as "lancemos sobre o solo".
Desviemo-las do enfoque,
Respeitando um protocolo.
As tais trivialidades
A que se apegam as gentes
Devem ser utilizadas
Como "fatos" atraentes.
Mas, ao fim, o desejado
É a condução mental
De quem não sabe a verdade
Sobre esta ingerência oral.
Alguém pode ser um fã
De tudo o que a "mídia" prega,
Mas, ao se ver impactado,
Ele repensa e se entrega.
O orador tem apenas
Que, de início, concordar,
Para que venha a poder,
Na conversa, o transformar.
Ninguém percebe o motivo
Que levam outros a ter
Diferentes posições,
Quando estamos a fazer
A conversa caminhar
Para uma outra direção,
Porém, paulatinamente,
E co'uma estratégia à mão.
A maioria do povo
Não sabe o que é estratégia.
Podem ter lido até sobre,
Mas não têm noção egrégia.
Tudo se sabe "por alto";
Nada é levado ao profundo:
Isso, se estamos falando
Do ambiente informal do mundo!
Ainda que, em faculdades,
Tomemos conhecimento,
Não levamos quase nada
À luz de todo momento.
Vivemos sempre co'o básico,
Sem nos importar co'o resto.
O povo é acostumado
E faz isto manifesto.
"Se eu começo" uma conversa
Falando em coisas banais - 
Só para chamar o foco
Da atenção dos demais! - 
Todo mundo é envolvido,
Mas, ao decorrer da fala,
A condução do colóquio,
Sobre o mais hábil se instala.
Um assunto pode sempre
Dar caso a um outro assunto:
Sujeita-se ao que eu afirmo,
Depende do que eu pergunto!
Na verdade, a inquirição
É sempre a melhor maneira
De se conduzir a fala
De forma mais "sorrateira".
A pessoa é mais levada
A responder a questão
Do que seguir ante aquilo
De que faço afirmação.
Mas, cada caso é um caso,
Não se vai subestimar
O condutor mais treinado,
Na hora de discursar.
Argumentar poderia
Ser um forte mecanismo,
Mas deve ser um recurso
Levado com "maneirismo",
Pois, dependendo do ser
Que ouve a argumentação,
Pode haver uma querela,
Que nunca é nossa intenção.
Nada precisa ser posto
Como firme e decisivo.
Tudo pode ser pensado
Como sendo subjetivo.
No entanto, só pelo fato
De querer se preparar
A pessoa, no momento,
Para, ao final, aceitar
A proposta a ser levada,
Sem capa e sem embalagem.
O orador experiente
Levá-lá-á sem chantagem.
Há pessoas e pessoas,
Umas más, outras melhores.
Haverá casos que o sábio
Fará esforços maiores.
No entanto, pra quem tem tática,
A vitória é sempre certa.
Em mais tempo ou menos tempo,
Tal mente há de ser aberta.
Mas, ao que eu me atenho aqui
Não diz respeito ao mercado.
Pode até singrar para isso,
Porém, não está ligado.
Claro que, ao se conduzir
Pessoas a seus trajetos,
Mostra-se força retórica
Passível de outros projetos.
Todavia, o ponto aqui
É conduzir o indivíduo
A uma outra perspectiva
Na qual não haja resíduo
De submissão à tela
Pintada pelos "jornais":
Uma outra forma de ver
O mundo vão dos mortais.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A Hellantra Caótica do Medo / A Limitação Mental - RF Amaral


A Hellantra Caótica do Medo
Felipe Amaral

Em um tempo em que a Serpe Enroscadiça,
Dando em cortes nas águas oceânicas,
Granjeava o temor dos navegantes,
Emborcando as embarcações titânicas.
Tempos idos de Sátiros e ululos
De Moraggus em noites abissais,
De mistério em sinais indesvendáveis
Das arcânicas auras fantasmais.
Ao surgir do apogeu dos infinitos
O prodígio da vida racional,
Esse inferno caótico sentiu-se
Afrontado ante o Elã da luz vital.
Preparou-se um hostil Armagedom
Para o fim do afrontoso desafeto.
“Não se pode deixar que o ser mortal
Desmorone do Caos o vil projeto!”
Viu-se a mãe de uma Lílite traçar
O destino cruel do ser pensante.
A coruja da guerra observando
Dos espaços a cena horripilante.
Posto é que o revel desconhecido,
Desde lá, luta contra o sondador
Que desfaz as mentiras e os ludíbrios,
Dando ao mundo os fanais claros do alvor.
De um lado o fantasma do mistério
A tragar o vigor do que o perscruta;
De outro, o ser que esquadrinha a escuridão,
Lapidando a razão ainda bruta.
Mas o mundo é repleto de segredos
E o vivente que inquire não consegue
Deslindar, por inteiro, o panorama,
Muito embora, à razão se sinta entregue.
Certo é que um Orfismo ainda impera
Escondido nas frestas siderais
E, por mais que se estude, o ser é nada
Ante o Caos e os seus Cérberos ferais.
O chacal da desordem que permeia
O horizonte do mundo em que vivemos
É ainda o monarca que efetua
A vontade do medo que tememos.
Antes, sábios, poeira em alfarrábios;
Hoje, brilhos de vã tecnologia.
Nada pode conter o Minotauro
Da incerteza que impera em cada via.
Nós ainda vivemos vendo monstros
Caminhando entre ilhas florestais.
Não sabemos de nada, coisa alguma
Entendemos do tudo e, ademais,
O que somos é pó que cai dos cascos
Desses Faunos do medo que nos cerca.
Confiar no vigor da própria mente
É zombar do feitor que nos alterca.
Que, ao final, acabamos por achar
Que de nada valeu ter enganado
A si mesmo, pois tudo o que pudemos
Encontrar nesta vida esteve errado.


A Limitação Mental – RF Amaral

Não sei por que a mente insiste em não ficar melhor. Leio tanto. Chego a ponto de enlouquecer de tanto ler, mas, quando olho, vejo-me como alguém que ainda não tivesse lido nada de tão avultado. Todo dia é uma luta para fazer a mente tentar reagir. Estou fadado a não ser nada mais que um simples ser entregue a ideias fracas e pobres. O próprio organismo não me ajuda em nada. Sinto que tenho tudo o que preciso dentro da minha cabeça, mas não sei como botar pra fora toda esta suposta genialidade que sinto parecer ter. Posso estar escrevendo esta porcaria que agora escrevo, mas isto não é nada. Por mais esforço que eu faça, não consigo escrever o que verdadeiramente importa. É como uma prisão. E, quanto mais eu insisto em me debater, mais as algemas apertam-me os pulsos. Sou como que espancando pela minha falta de criatividade. Eu poderia digitar sem parar ao redigir sobre a minha mísera vida, mas, nem assim, creio, consiguiria nada que possa considerar genialidade. Parece que quanto mais escrevo mais incapaz fico. Minha mente cansa, nega-se a cooperar. Eu “era” pra estar lidando com o que eu quisesse. Já li demais. De tudo. Bem, afora alguns troços difíceis (e nem tão difíceis assim!) das ciências exatas, eu li bastante. Meu cabedal de conhecimenos gerais é bem vasto. Na verdade, é o corpo que não me deixa confirmar muitas vezes isto, pois que, quando preciso da informação (que li! E repeti!), ele se nega a estender a mão. É uma tortura. Você ficar com a vista tão cansada... Você se esfalfar tanto pra nada. Há pessoas que têm discursos hipnóticos. Não sei o que desgraça essas pessoas fazem pra conseguirem tal. Quando as escuto, não noto nada de mais. Acho que as circunstâncias (pelo menos neste país) só tendem a favorecer os pouco instruídos. Não vejo gênios. Vejo bajulação e favorecimentos ilícitos, só. Queria ter a capacidade de sair de onde estou com a convicção que serei ouvido, mas não tenho nenhuma ajuda. Graças a Deus ainda estou vivo. Pra falar a verdade, mesmo diante desta minha desventura intelectual, ainda pretendo viver muitíssimo. Matar-se não faz jus aos que lutam pela causa da perfeição. Pelo visto, não atingirei nunca a estatura de varão perfeito, mas continuo tentando. Poderia construir centros de discussão de qualidade aqui em Tabira se tivesse ao meu alcance vencer-me. Mas minha mente continua persistindo com a mesma (ou maior) força que eu para me tornar melhor. Apto eu não sou pra coisa alguma. Posso tocar, cantar, compor... mas tudo o que faço é meia boca. Zombo (dentro de mim) dos elogios que recebo. Nós não sabemos de nada! Vivemos tentando confortar-nos com o pouco (ou seria o “porco”?) que sabemos. Quem se alegra com o seu trabalho não sabe ainda que tudo o que fizer não contará em nada diante do infinito que o rodeia. Sendo assim,. Você poderia pensar: - Por que você quer crescer então? Bem, eu quero vencer limitações. Quero só sustentar-me (mas sem ser um idiota!). Contentar-me não só diz respeito à estabilidade financeira. É preciso que se entenda que isso não é nada. Nnão é fama, status, ostentação... é saber. Entender as coisas. Mas não ler milhões de folhas pra isso. Que me adiantaria ficar só trancado dentro de um quarto lendo, se não, ao fim, morrerei sem ter tempo para aplicar o que aprendi – vê-lo em funcionamento, na prática, no cotidiano! É uma dor constante até o escrever sobre esta dor. 

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Adaptação dramatúrgica do poema "Eulália" de Rogaciano Leite


Adaptação dramatúrgica do poema "Eulália" de Rogaciano Leite

Rogaciano:
- Temo que haja traição
Nesta nossa relação,
Antes, em tudo, exemplar.
Contemplo em mente a visão
Da suposta ingratidão
Que arruinou nosso lar.

Eulália:
- Acalma teu coração,
Que não há imperfeição
Nesta relação sem par!
Estás fitando a ilusão,
Pois que não há traição
Que haja de se revelar.

Rogaciano (aos gritos):
- Embora pareça vão
Este ato de suspeição,
Não posso o mesmo evitar.
Perco o atinar da razão.
Sou presa da emoção
Que insiste em me atormentar.

Eulália (em lágrimas):
- O tempo fará menção,
Se houver qualquer posição
Errada no meu lidar.
Deixas-me, mas sem razão,
Pois que não há condição
Da nódoa se confirmar.

Rogaciano (deixando a casa):
- Vou para longe em função
Deste ciúme malsão
Que macular o meu pensar.
Viso decepar a mão
Da porfia e a confusão
Que me quer manipular.

Eulália (sozinha lendo cartas de Rogaciano):
- "Amada Eulália, a tensão
Que macula a compleição
Do meu ser há de cessar;
Aí torno à habitação
Onde reside a paixão
Que tive que abandonar.

Rogaciano (em um recinto distante em solilóquio):
- Ó vã determinação,
Que trazes perturbação
Ao peito, antes, salutar,
Põe fim à vil compulsão
De fazeres agressão
Ao meu ser neste lugar!

Eulália (pensando, depois de tempos, noutras terras, noutros recintos):
- Por certo a indecisão
Afetou seu coração
E ele não pôde voltar.
Tomo uma nova "missão",
Na dor do meu coração,
Buscando tudo olvidar.

Rogaciano (pensando a peregrinar em terra estranha):
- Talvez não torne ao rincão
Da terna edificação
Onde viera a estar.
Adeus à doce audição
Da bela composição
Que sempre a via tocar!

Eulália (pensando, prestes a executar ao piano a composição "Rosa de Maio", em furtivo recinto)
-  Por pura recordação,
Tocarei neste bolsão
Da pobreza secular
A doce composição
Que embalava o coração
Daquele amor singular.

Rogaciano (ainda a pensar consigo, entrando em Cassino):
- Ouço a sã disposição
De notas na'executação
De música familiar!
Lembra-me, a interpretação,
Eulália na habitação
Passional do nosso lar.

Eulália (mirando alguém a adentrar ao recinto):
- Parece-me co'a feição
Da minha antiga paixão...
Posso estar a me enganar!
Mas, em aproximação,
Talvez a minha ilação
Poder-se-á confirmar.

Rogaciano (aproximando-se da pianista):
- Parece-me que a visão
De um anjo toma este vão
E inculto lupanar.
És tu, Eulália, a feição
Que fito sobre este chão
De escassez protocolar?

Eulália (vendo-o aproximar-se):
- Ó meu amigo, esta mão
Que tomou a direção
Da vida indisciplinar
Trouxe-te a esta estação
Para veres a feição
De uma "Rosa" tumular.

Rogaciano (tornando atrás em direção à porta para dar prosseguimento à sua triste vagueação existencial):
- Não tenho mais condição
De assumir disposição
Favorável de amar.
Deixo-te outra vez ao chão
E parto sem decisão
De, algum dia, retornar.

Eulália (pensando, após vê-lo partir)
- Receio que, por prisão,
Terás a recordação
Desta música exemplar.
Hás de afligir-te no vão
Da dor da separação
Que vieste a eternizar.

Felipe Amaral - A bordo da emoção poética - 05/07/2016

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Tabira do Malassombro - RF Amaral, (texto adaptado para sintetizador de voz)


Tabira do Malassombro - RF Amaral,
(texto adaptado para sintetizador de voz)

Bairro Vitorino Gomes,
É mais um bairro afamado,
Tem gente que passa, à noite,
Só pra ir dar um recado,
E acaba que dá de cara,
Com espírito de finado.

Lá já se vê malassombro,
Desde o tempo de Édson Môra.
E, eis, que ainda permanece,
Do jeito que sempre fôra,
É só olhar sobre o ombro,
Que se avista o malassombro,
Da Cabeça Voadora.

Mesmo o Bairro Das Missões,
Tem muita visagem má,
É que, em outros tempos, dava,
Bastante briga por lá,
E vultos dos que morriam,
Vez por outra, apareciam,
Pra assustar os viventes.
Caso é que, no bairro, vagam,
Umas almas que divagam,
Assombrando os residentes.

Até lá no povoado,
Chamado Pelo Sinal,
Tem fantasma que reside,
Malassombrando o local,
Pergunte pra gente velha,
Da alma quê destrambélha,
O povo que habita ali.
Chega meu ser se acabrunha,
Que eu mesmo sou testemunha,
De tudo aquilo que eu vi.

Já vi por lá um espírito,
Que fica tomando banho,
E outro fumando cachimbo,
Que tem um aspecto estranho,
Só sei que não passo mais,
Que é pra não ver fantasmais,
Assombrações do Além.
E o povo que vive ali,
Pode atestar o que eu vi,
Naquele bairro também.

Já do Riacho do Gado,
Tenho muito o que falar,
No tempo de formatura,
Ou na época de casar,
Ali no Clube de Campo,
Fantasma, igual pirilampo,
Acha de encher o setor.
Dá tibungão, na piscina,
E o pessoal da faxina,
Escuta e sente pavor.

Até mesmo o tobogã,
Não fica desocupado,
Desce fantasma de lá,
Que se escuta o arrastado,
Fato é que a esse escorrêgo,
Os vultos têm tanto apêgo,
Que se demora abusar.
No local tem outros atos,
Só que o povo esconde os fatos,
Que é pra ninguém se assustar.

Há outro canto em Tabira,
Que se usa pra diversão,
O Clube Chico Machado,
Que só vive de festão,
O palco é malassombrado,
O banheiro tá lotado,
Dialma mal-desencarnada.
E, vez em quando, se avista,
Vulto dançando na pista,
Pra assustar a moçada.

Esse roteiro esquisito,
Que existe aqui em Tabira,
É verdadeiro e eu confirmo,
Que a história não é mentira,
Pois eu mesmo já vi tróços,
De mortos mexendo os óssos,
Em avenida e viela.
Que ninguém descrença acoite,
Pois pra ver fantasma, à noite,
É só o cabra dar tréla.


-------- Tabira - Setores Malassombrados - Felipe Amaral,
(texto adaptado para sintetizador de voz)

Na Rodoviária tem,
Um vulto sanitarista,
Já lá na Quadra da Granja,
Habita um vulto esportista,
No Fórum, tem no setor,
Um Malassombro Eleitor,
Só o que quer é votar.
Na Câmara, o dia inteiro,
Tem vulto usando o banheiro,
Sem deixar o povo entrar.

Na Prefeitura, Apolônio,
Família de Nêgo Orácio,
Vez por outra, dá as caras,
Rondando aquele palácio,
No Carlota Breckenfélde,
Tem outro vulto rebelde,
De um ex-mototaxista.
Já no Flóridi o que agôura,
É uma Mão Voadora,
Que no banheiro se avista.

Na escola Pedro Pires,
Um Menino Encapetado,
Vive assustando os vigias,
Que prali têm se encontrado,
No Arnaldo, uma noiva habita,
Dizem até ser bonita,
No entanto, ninguém quer ver.
N'Andréa Pires é feito,
Relato do mesmo jeito,
Só que ninguém quer dizer.

Na estrada da Borborema,
Um fantasma lá se ocupa,
É só o cabra passar,
Não tendo alguém na garupa,
Que o bicho sobe na moto,
Por isso mesmo é que eu noto,
Algo de esquisito ali.
Timbú me contou o fato,
Mesmo que seja boato,
Inda me traz frenesí.

O solo de Campos Novos,
Esconde histórias de horror,
A de Silvério e Valério,
Que eu sei daquele setor,
Registrei, tempos atrás,
Conta que cada rapaz,
Morreu lá num acidente.
E, pr'acabar o mistério,
O fantasma de Silvério,
Inda se encontra presente.

A Ponte do Feijão Puro,
Tem fantasma de afogado,
E do Bairro das Missões,
Outro caso é relatado,
Dô Lobisomem da Bruxa,
Ê, pra lá, quem desembucha,
Fala que tem tudo a ver.
Dona Ilza, candoblecista,
Todo o que a conhece, lista,
No que deu de acontecer.

Há no Bairro João Cordeiro,
Alma caminhando sôlta,
No Barro Branco também,
De arcano a rua é envôlta,
Barro Vermelho não fica,
De fóra, que o povo indica,
Seus malassombros sem queixa.
Aqui o caso é horrendo,
Que alma fica, aparecendo,
Já depois que o corpo deixa.

--------------- Tabira e Seus Malassombros,
(Poeta Felipe Amaral),
(texto adaptado para sintetizador de voz)

Tudo o que eu vejo em Tabira,
É alma de falecido,
O cabra que anda de noite,
Sente o corpo estremecido,
Olha pru lado pra ter,
A certeza de poder,
Ver se há alguém lhe espreitando.
É tanta dassombração,
Por isso a população,
Termina se amofumbando.

O povo em casa se tranca,
Temendo bicho do Além,
Quem insiste, em ir á rua,
Sai, mas com medo também,
Que a coisa aqui é estreita,
Tem fantasma na espreita,
Em cada bêco e travéssa.
Lá e cá, se ouve relato,
De espírito sem recato,
Que a este mundo regressa.

Não é só ém lua cheia,
Que aparece aparição,
Pode ser na quarta-feira,
Na quinta, ou no sabadão,
No domingo, na segunda,
Que aqui a coisa é profunda,
Vulto não escolhe dia.
Aparece a qualquer hora,
Na cidade se demora,
E, se vai, deixa agonia.

É tanta d'aparição,
Que eu já tô embasbacado,
Evito a praça, o colégio,
Correio superlotado,
Prefeitura, Banco e Fórum,
Que nos tais sempre dá Quórum,
Pra reunião de fantasma.
Tô ficando "é" aturdido,
Quase perdendo o sentido,
Devido à minh'alma pasma.

Quem zomba, não sabe ao certo,
O que se dá nesta via,
Mas evita sair só,
Pra não ter desalegria,
Bater com vulto e espanto,
Ninguém deseja, no entanto,
Tem gente que ainda manga.
Mas quando encontra o capêta,
Córre doido da mutrêta,
Fazendo gesto e munganga.

Não tem quem queira topar,
Com alma desencarnada,
Quem topou, conta do fato,
Cuá alma sobressaltada,
Pois que o assombro é tamanho,
Só ser humano tacanho,
Néga o trauma que isso causa.
No Bêco do Cemitério,
Ali o negócio é sério,
E o desalento é sem pausa.

Atrever-se a ir à rua,
Pra ficar lá até tarde,
É coisa pra corajoso,
Porém não é pra covarde,
Porque é preciso ter peito,
Pra suportar ver sujeito,
Que, após morrer, retornou.
E agora assusta os viventes,
Nestas ruas existentes,
Que a mão do tempo mudou.

Saindo pra ir à casa,
Da minha irmã, certo dia,
Eu senti um calafrio,
Desses que o corpo arrepia,
Me vi num samba-de-côco,
Adoeci do sufôco,
Ao ver um fantasma velho.
Foi próximo ao Lar dos Mortos,
Hoje evito aqueles pórtos,
Que ali eu me destrambélho.

Gláucia já viu malassombro,
Tereza, já viu mutrêta,
Mãínha, nem conta as vezes,
Que afugentou o Canhêta,
E se eu for enveredar,
Perguntando em cada lar,
Quem já viu coisa do Além,
Vou encontrar muita gente,
Porém tem gente que mente,
Dizendo não ver ninguém.

É coisa que eu me proponho,
A registrar na canêta,
Que história de malassombro,
Não só envolve o capêta,
Embora eu pense o contrário,
Tem gente que viu vigário,
Familiar e conhecido.
Se é o capêta em disfarse,
No entanto, é bom registrar-se,
Pra não perder o ocorrido.

Nunca me vejo esquecido,
De tudo o que me relatam,
Uns datam o acontecido,
Entretanto, outros não datam,
Mas tudo é documentado,
Para servir de apanhado,
Pra quem dos males descrê.
O povo que conta lombra,
Chega a minh'alma se assombra,
Ao ouvir do fuzuê.

Tem quem crê e quem não crê,
Tem quem vê e quem não veja,
Tem espírito forasteiro,
Que se abriga na igreja,
Tem de tudo neste mundo,
E um sobressalto profundo,
Minvade a cada momento.
"É" eu ouvir uma história,
Atiço logo a memória,
De guardar depoimento.

Só sei que por essas bandas,
Quem vive sabe do caso,
Há quem queira aparecer,
Pra constatar sem atraso,
Seria sim necessário,
Fazer um documentário,
Com essa riqueza oral.
E talvez, frente ao impasse,
Só mesmo isso acabasse,
Cuá confusão fantasmal.


----------  Tabira e os Vultos Vagantes,
(Poeta Felipe Amaral),
(texto adaptado para sintetizador de voz)

Pra quem vive por aqui,
Assunto de espanto é sério,
Tem gente que viu Canhêta,
Na porta do cemitério,
Há outros que viram almas,
E, comovidos cons tráumas,
Não querem mais nem lembrar.
A confusão se instalou,
E a cidade toda entrou,
Numa aura tumular.

Apesar do sol a pino,
Todo ânimo aqui é frio,
Feito tumba de sepulto,
Que da cova faz desvio,
Vindo aparecer na rua,
E, já no claro da lua,
Assombra o povo que passa.
É tanto morto abusivo,
Que eu nem sei mais quem tá vivo,
Entre os que freqüenta a praça.

No Corêto que tem lá,
Fantasma até faz comício,
Uns se sentam pra ouvir,
As propostas do estrupício,
É tanto espanto em Tabira,
Nem sei mais o que é mentira,
E o que é verdade de tudo.
Mas permaneço isolado,
Pra não topar com finado,
Ou com capêta rabudo.

Pra não bater co'o chifrudo,
O povo se entoca em casa,
À noite, a rua está morta,
O avejão se estravasa,
Em toda porta, um motivo,
Pra se manter inativo,
Ante o vil assombramento.
Quem torna pra casa tarde,
Finda correndo no alarde,
De mais um avistamento.

Menina que vem de festa,
Menino que vem de farra,
Todos esses tão sujeitos,
A topar cuá algazarra,
Das visonhas sepulcrais,
Que as aparições letais,
Vivem em busca do povo.
Idósa se destrambélha,
Alma evita gente vélha,
Pra buscar mais quem é novo.

Quando a gente brinca e farra,
Inda na flor da idade,
A gente não teme nada,
Corre por toda cidade,
Vai a festa, toma porre,
Só pela graça, não mórre,
Ao fazer tanto exagêro.
Aí é que o Cão se agrada,
E, às vezes, fica na estrada,
Pra entrar em nosso rotêro.

Eu mesmo vejo alguns jovens,
Que voltam de madrugada,
Das festas, cambaleando,
Tombando pela calçada,
Um'ora ou outra, se vêem,
De frente do Cão, mas crê em,
Que tudo foi só cachaça.
Um dia em moto ou em carro,
Morrem depois de um esbarro,
E, aí, acabou-se a graça.

Fantasma gosta de gente,
Que vive de bebedice,
Também de mulher gaiteira,
Que é dada um disse-me-disse,
Ataca, envôlto em mistério,
Cabra dado ao adultério,
E mulher prostituída.
Não vendo desinteresses,
O Cão sabe que pra esses,
A viágé só de ida.

Homem viciado em jogo,
Mulher viciada em cama,
Jovem que vive de farra,
Metendo a cara na Brama,
Tudo isso é um prato cheio,
E o Capêta faz recreio,
Na vida de gente assim.
Pra esses o caso é sério,
E a tumba do cemitério,
Dos tais já contempla o fim.

Creia em Deus e faça o bem,
Deixando o apêgo ao dinheiro,
Evite a droga e o prostíbulo,
Endireite o seu roteiro,
Que é pra não ver coisa feia,
Que ao ser humano aperreia,
E depois põe fim, à lida.
Longe do mal, busque a fé,
E Jesus de Nazaré,
Te ofertará nova vida.