sábado, 25 de agosto de 2012

Sonetos de Natal

1
No Natal decidi não o passar
Em meu lar, mas na rua; e a multidão,
Já em risos, me fez recepção.
Alegrei-me e parti a gargalhar.

Cada passo, um motivo pra cantar;
Cada canto, um motivo, uma razão
Pra seguir com bem mais motivação.
Pra seguir, pra sorrir, comemorar.

Eram luzes de paz, alguma unção
Que fazia com que meu coração
Exultasse... Ou a luz do teu olhar?

Era um dia de glória. A salvação
Dos momentos da vida. A emoção
Que fazia a noite espetacular.
2
Ao chegar o Natal, sem demorar,
Arrumei-me pra ir à’ habitação
Familiar, onde, na ocasião,
Haveria de o mesmo celebrar.

Cheguei cedo e, aí, fiz questão de dar
No lugar minha contribuição
Pra ajudar com a festa: tinha à mão
Uma cesta de vinhos pra ’entregar...

Conheci muita gente. E a’ impressão
Foi de amor, de carinho e de união,
Sempre, a cada conversa nesse lar.

Uma linda garota, com paixão,
Aquentou-me os instantes de exaustão
E, no sono, eu ainda a pude achar.

A Cruz e Sousa e Augusto dos Anjos- sonetos

A Cruz e Sousa e Augusto dos Anjos
1
Vede a mosca que zumbe sobre a lama
Mal-cheirosa do esgoto que recebe
Os sargaços do sangue em frente à sebe
Dos bueiros por onde se derrama.

Crede em mim, pois que o antro que o difama
É mais sujo que o tal que em si concebe
Tapurus, vermes vis, larva que embebe
De uma gorda(´) o paul que a seiva mama.

Há no lodo da alma mais detritos
Que no bojo dos fossos esquisitos
Onde corpos de ratos bóiam podres.

Mesmo que’ haja quem diga ser prezado,
Ao final, mostra só estar turbado
Pela vil embriaguez que rompe os odres.
2
Uma trupe de vermes lamacentos
Andam sobre as entranhas do planeta.
Regurgitam na baba lisa e preta
Dos canais golfos vis e fedorentos.

E, nos mesmos canais que, purulentos
Se apresentam, residem na sarjeta
Ratos sujos lambendo atra valeta
Onde há lesmas e lodaçais gosmentos.

Se há um corpo no caldo intestinal
Do ventral bojo imundo e abissal
Dos esgotos urbanos, não há medo

Nos ferais animais que ali habitam,
Todavia, apetite que os excitam
A sorverem do morto o caldo azedo.

Luci - Poetic Lit

Luci
1
Ao olhar para os dois lados,
Atravessei, na’ intenção
De poder ver se ela estava
Em tal edificação
E, ao adentrar o recinto,
Não a’ encontrei no salão.
2
Parti noutra direção
Pensando onde iria achar
A Luci para falar-lhe
Sobre a viagem sem par
Que planejava fazer
Naquele mês singular.
3
Era dezembro e o ar
Tinha a iluminação
Das constelações do cosmos
Em noites de alva explosão
De quasares quais obuses
Em tons de radiação.
4
Segurara a sua mão
Tempos atrás em seu lar
E ela me dera seus lábios
De carmim sem similar
Pra que a fizesse sentir
O amor que eu tinha pra dar.
5
Mas não a vira passar
Frente à localização
Onde eu exercia a minha
Fatigante profissão:
É que O jornalismo, às vezes,
Traz-me desmotivação!
6
Queria ver-lhe a feição
Para poder-me animar.
Esperei que ela passasse
Por lá... Só pra conversar!
Já que trabalhava perto
De onde eu costumava estar.
7
Mas nunca “deu de” ela achar
Um motivo, uma razão
Pra sair da rua onde
Exercia profissão
Pra ir aonde eu me achava
Repleto de expectação.
8
Criei a ocasião
De podermos nos achar.
Passei a tomar café
À tarde lá no lugar
Onde ela antes costumava
Aparecer pra tomar.
9
É que ouvira relatar
Que ela, a sua refeição
Da tarde, fazia ali.
Então tive a decisão
De passar a ir lanchar
Naquela imediação.
10
Porém não avistei não
Luci ali a tomar
Seu cafezinho da tarde
E desisti de tentar,
Esperando que algum dia
Por acaso a fosse achar.
11
Não queria atrapalhar
A sua concentração
Profissional e, por isso,
Não quis tomar o salão
Do seu trabalho e pedir
Pra vê-la, à recepção.
12
Optei pela opção
De deixá-la repensar
Sua escolha de afastar-se
De mim e não me ligar.
Até que um dia avistei-a
Bem apressada a passar.
13
Ela parou ao me olhar
E sinalizou co’ a mão.
Por certo queria algo.
E eu, em sua direção
Fui cheio de uma esperança,
Há muito em meu coração.
14
Estendi a minha mão
Pra ela e a pude indagar
Sobre aonde estava indo
E ela se pôs a falar
Que, há tempos, não trabalhava
Naquele antigo lugar.
15
E eu percebi se tratar
Da tal localização
Onde disseram pra mim
Que era a edificação
Onde ela exercia a sua
Literária profissão.
16
É que era a sua função
De segunda à sexta estar
Analisando trabalhos
Literários e tomar
A decisão de escolher
Os melhores pra lançar.
17
“Se optou por explicar
O porquê da situação,
Então devia inda estar
Querendo aproximação” -
Pensei comigo no instante
“Que puxei-a” pela mão.
18
- Eu tenho uma informação
Que eu desejava passar
Quando nós dois estivéssemos
À noite em algum lugar
Mais calmo, mas já que não...
Aqui mesmo eu vou falar...
19
- O que é? Pode me contar! –
Disse sem hesitação.
Por certo não me ligara,
Mas havia, com razão,
Algo a prender-lhe o espírito
Àquela conversação.
20
Notei a sua atenção,
Então hesitei em dar
A informação que estava
Guardando para falar
Na chance que a visse... a vi!
Mas não a quis revelar.
21
Certo era que, ao ocultar
No suspense a’ informação,
Eu pretendia que ela
Fizesse uma ligação,
Mais atenção me doasse
E, ao final, seu coração.
22
Mas foi por fazer questão
De me retrair e estar
Certo que aquilo daria
Um resultado sem par,
Que eu perdi aquela chance,
Pois quis deixá-la escapar.
23
Não lembrei de me informar
Sobre a localização
Daquele novo lugar
Do seu ofício em questão...
Ela até tinha o meu número,
Todavia, o dela, eu não.
24
Lamentei a decisão
Que em tal hora eu fui tomar.
Já era tarde demais.
Era melhor me acalmar.
Vi que ela ‘só parecia
Mesmo’ em mim se interessar.
25
Era melhor me poupar
De qualquer forte emoção.
Esqueci que ela existia...
Isso, por uma fração
De vida, já que de novo
Vi-me sem ter condição.
26
Havia alguma paixão
Que não me deixava andar,
Pensar, trabalhar, dormir
Sem que ela pudesse estar
Em minha imaginação,
Pra vir me desalentar.
27
Nunca “que” fui ao seu lar
Depois da ocasião
Em que estivera ali dentro
Na maior empolgação
E cheio de frases doces
E, o coração, de emoção.
28
E, “agora”, estava no vão
Da vida para buscar
Aquela que o coração
Se recusava olvidar:
Tivera antes me inteirado
De onde haveria de estar.
29
Mas lá não pude encontrar
Luci e a’ insatisfação
Já tomava inteiramente
Conta do meu coração.
Segui por aquele bairro
Tomado de inquietação.
30
Luci com certeza não
Desejava me avistar
Andando pelo seu bairro
Inquirindo sem cessar
O seu paradeiro a todos
Que me olhavam a passar.
31
Já sem forças pra tentar
Me voltar pra direção
Onde estaria meu carro,
Sentei-me na’ ocasião
Em um dos bancos da praça
E pus-me em reflexão:
32
“Meu Deus! Qual é a razão
De eu estar neste lugar?” –
Silenciei calmamente
E decidi retornar
Para o meu carro e partir
Para nunca mais voltar.
33
Sim... Viajei sem parar.
E não achei mais razão
Pra retornar ao trabalho
E a vida de indecisão
Que eu vivia e me encontrei
Em “uma outra” profissão.
34
Noutra localização,
Pude também encontrar
Alguém que desse atenção
Ao sentimento sem par
Que eu estive sempre pronto
A ofertar sem cobrar.
35
Luci? Esqueci seu lar,
Sua enganosa feição,
Sua auto-suficiência,
Toda aquela sensação
De exaspero repassada
Por sua incompreensão.
36
Minha congratulação
É não mais me colocar
Contra a racionalidade
Que tanto quis me avisar,
Mas eu não a quis ouvir
Porque queria insistir
Em sofrer e permitir
A’ emoção me comandar.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Pernoite

Pernoite

1
A noite vem repousar
Sobre o lençol da’amplidão.
Há uma brisa a pairar.
Folhas voando do chão.
Respiro fundo e o ar
Me esfria o vão pulmonar,
Me enchendo de inspiração.
2
É como que uma ilusão
Conseguisse se alojar
Na minha imaginação
A ponto de transtornar
A racionalização
De tudo. E, a minha visão,
Totalmente, cativar.
3
Então me deixo levar
Pela doce sensação
De inspiração salutar
Que preenche de emoção
Meu coração, a’ intentar
Contra a razão de pensar
Contra o que é contra a razão.
4
Olhando a imensidão
Do céu, me pego a sonhar.
Vôo pela atra vastidão
Sem chegar a um lugar
Onde encontre explicação
Pra toda a divagação
Que insisto em perpetuar.
5
Sou dado a observar
Toda a iluminação
Da cidade ao caminhar
Pelas ruas, na’ intenção
De descansar sem cessar...
Sem cansar de descansar
Pelo tédio da ação.
6
Em minha vagueação,
Me perco por me encontrar
Perdidamente em função
Do sonho de acalantar
Sentimentos de paixão
Por essa contemplação
Que me resisto a deixar.
7
Que sou de me dignar
A não ver hesitação
Em ações que venham dar
Prazer pela insuflação
Da meditação sem par
Na qual me ponho, a fitar
O que há além da razão.
8
Havendo contradição,
Vejo poder explanar
O que a incompreensão
Não conseguiu abarcar.
Mas não abarco a razão
De haver uma explicação
A qual não posso explicar.
9
E eis a rua a me guiar
Pela noite, em volição
Conflituosa, a causar
A desestruturação
Do racional por levar
Algo a trazer-me no ar
Tal sensibilização.
10
É uma noturna unção
Que me vem estimular!...
É a noite! É o clarão
Da lua a me iluminar!...
É o “eu” que a solidão
Faz mais só, mas por razão
De querê-lo a acompanhar.
11
Constelação que, ao brilhar,
Aviva a motivação
Da atração de um olhar
Sedento da sensação
Provinda do alvor lunar
Que inebria, ao coruscar
Na retina em refração.
12
Por fim, a inspiração...
Sim... Aquela que o luar
Acorda e sobre o colchão
Do céu faz se espreguiçar...
Mas vê finalização
No sono da criação
De um bardo sem condição
De resistir sem sonhar.
Autor: RF Amaral

sábado, 4 de agosto de 2012

A Palavra se fez Carne - (João 1:1-18) - Em versos

A Palavra se fez Carne - (João 1:1-18)


1
No princípio era o Senhor.
O Verbo, conforme João.
Estava com Deus e era
A Deidade em perfeição.
De modo que Ele existia
Desde antes da criação.
2
Dando continuação,
João prossegue a falar
Que tudo o que há foi feito
Pelo intermédio sem par
“Do Verbo” e sem Ele nada
Poderia se formar.
3
E n’Esse Ser basilar,
Firmador da criação,
Estava a vida e a mesma
Era a iluminação,
O fulgor, a luz dos homens,
Força motriz da ação.
4
Luz que, na escuridão,
Brilha para dissipar
O negror, trazendo à trilha
A claridade sem par,
A qual as trevas do mal
Não conseguem derrotar.
5
Houve um homem exemplar
Enviado co’a missão
De testificar da luz
Pra que, pela sua ação
De pregador, todos cressem.
E o seu nome era João.
6
Mas João Batista não
Era a luz que vem curar
A cegueira do pecado...
Veio só testemunhar
Acerca dessa que, o homem,
Pode fazer enxergar.
7
Essa já’ stava a chegar
A um mundo sem visão.
Ela, a verdadeira luz
Que traz iluminação
Ao mundo, a todos os homens,
A todos sem distinção!
8
Desceu do Celeste Lar
O Verbo da criação.
Estava no mundo e o mundo
Teve d’Ele a formação,
Todavia, o mesmo mundo,
Não lhe fez aceitação.
9
Veio ele à sua porção*,
Ao mundo que quis criar.
No entanto, em sua nação,
Não quiseram lhe aceitar
Por descrerem do que veio
Pra os remir e libertar.

*com base nos comentários: Esperança, Moody, Barclay e Novo Comentário da Bíblia Organizado por F. Davidson. Veja: Zc 2:12; Os 9:3; Jr 2:7; Jr 16:18; Lv 25:23; Ex 15:5; Sl 135;4; Dt 14:2; Dt 26:18; Dt 32:9.

10
Contudo lhe aprouve dar
Direito à transformação
Para filhos do Altíssimo
Aos que, com convicção,
O aceitaram e em seu nome
Creram sem hesitação.
11
Os quais, por divina ação,
Vieram a se tornar
Filhos por filiação
Nem humana ou similar
E nem por vontade alguma
Que alguém pudesse esboçar.
12
O que, do Santo Lugar,
Desceu e, em concepção,
Tornou-se carne e viveu
Entre nós nesta extensão
De terra na qual vivemos
Diante da’ imperfeição.
13
No mundo de inquietação
Pudemos presenciar
A glória do Unigênito
Do Pai a manifestar
A plenitude da graça
E da verdade sem par.
14
João, ao testemunhar
D’Ele, fez a exclamação:
- Este é o que eu mencionei
Sempre em minha pregação,
O Filho do Deus Eterno
Que traria a salvação.
15
Segundo a afirmação,
Proferiu sem hesitar:
- Este que vem após mim
Digno é de me superar,
Pois já era antes que tudo
Começasse a se formar.
16
Recebemos sem cessar,
Por sagrada provisão,
Provinda da plenitude
Do amor do seu coração,
Cada vez mais sua graça
Que nos leva à salvação.
17
Pois que toda a transmissão
Da Lei veio a se instaurar
Com Moisés, porém, a graça
E a verdade salutar,
Só com Cristo, plenamente,
Puderam se revelar.
18
Nunca alguém pôde encarar
Deus pra ver sua feição,
Mas Cristo, o Filho Unigênito,
Que está na habitação
De Deus, O fez conhecido
Por sua revelação.

Autor: Poeta Felipe Amaral – RF Amaral