quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A História da Minha Vida - Fragmento 12 - Felipe Amaral

Fragmento 12


    Ultimamente, ando buscando uma prosa hipnótica. Leve. Esparsa. Nuvens de algodão. Dizem que os discursos de Hitler o eram (hipnóticos!). Não que eu queira ser um Hitler. Quero só seu falar hipnótico para consquistar olhos curiosos. Levar ao bem. Que o cara nem sinta que está lendo algo. Como anúncios importantes. Como o mar... A praia no fim de semana. Ultimamente, ando procurando algo tão duradouro, mas que acabe tão rápido que pareça durar (dure para sempre! "seja eterno enquanto dure" - já dizia o poeta!). Perdure na mente. Se conseguisse isso, estaria feito.
    A rua dá a impressão de estar desfalecendo. Como o corpo humano diante do clímax da conjunção carnal. Como os pés que encontram o mar.
    O "legal" de estar inspirado é não achar limites. O "desemparedamento" da mente. Como atingir o Nirvana e, ainda assim, sentir paixão. Nada a ferir. Só o vento e nada mais.
    Atente, ante o espelho, para seus próprios olhos. Pense profundo. Respire. "Há um caminho para tudo isto?" "Eu estou mesmo me sentindo?" "Há alguém além da minha própria imaginação?" Tudo parece ser feito de idéias. Mas só são doces as que são livres.
    Você não me lê (convença-se disso!), você se escuta. É você quem comanda. Olhe ao redor. Ainda há o mesmo. Está parado. Você medita. Cogita. Acredita; e é você! Mesmo (será?)? Talvez se iluda. É você? Seu amor se foi com a primavera. E está você aí só. Eu aqui só. Não pense muito. Se parar, o mundo parará também. Penso assim. Sou assim. Concateno as idéias; e deve ser por isso que eu ainda estou diante de ti... E os barcos vão-se, levados pelo sopro de aragens sazonais. Como as juras. Zelos... caprichos... cartas... Bolhas de sabão...
   

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