quinta-feira, 25 de abril de 2013

Eis o ínclito protoplasto / Da verve pantagruélica.

Eis o ínclito protoplasto
Da verve pantagruélica.

1
R.F – Acapno fluido laudânico
O.A – Do elã que evoca ataráxico (cs)
R.F – Nirvana sem surto atáxico (cs)
O.A – De um parestésico pânico.
R.F – Fluxo elétrico galvânico
O.A – Que desfibrila autotélica
R.F – Écloga sã e arcangélica
O.A – Do dom mais nobre e mais casto...
Eis o ínclito protoplasto
Da verve pantagruélica.
2
O.A – Comensal vulto poético.
R.F – Ambrosíaco livor.
O.A – Ergástulo sem cruor.
R.F – Iantra peripatético.
O.A – Feixe de luz amulético
R.F – De cosmogonia télica
O.A – Que explica’ a’ existência célica
R.F – Do belo em todo o seu fasto...
Eis o ínclito protoplasto
Da verve pantagruélica.
3
R.F – Saber díctico-semântico
O.A – Que a semiologia exalça,
R.F – Mas que a suplanta e percalça
O.A – Ênfase tonal de cântico.
R.F – Epodo (^) de alvor romântico
O.A – Que defenestra a babélica
R.F – Cantata mefistofélica
O.A – Que enleva a alma ao nefasto...
Eis o ínclito protoplasto
Da verve pantagruélica.
4
O.A – Lúdico vigor crescente
R.F – Que guia o espírito ao plectro.
O.A – Da luz o fulgor do espectro;
R.F – Do amor o dulçor latente;
O.A – Da vida a calma silente;
R.F – Do céu a cantiga angélica;
O.A – Da terra a paz antibélica;
R.F – Da mente o saber “mais vasto”...
Eis o ínclito protoplasto
Da verve pantagruélica.
5
R.F – Doce prazer epicínico.
O.A – Usufruto epitalâmico.
R.F – Aromatismo balsâmico.
O.A – Virginal ar querubínico.
R.F – Estado antimiodínico.
O.A – Aptidão psicodélica,
R.F – Socrática, aristotélica.
O.A – Neoplatônico idioblasto.
Eis o ínclito protoplasto
Da verve pantagruélica.
6
O.A – Onirismo freudiano. (frói-diano)
R.F – Juguiano* misticismo. (*iunguiano)
O.A – Pitagórico ascetismo.
R.F – Foco keyserlinguiano. (caisserlinguiano)
O.A – Épico homérico plano.
R.F – Hesiódica e evangélica,
O.A – “Avassalante” e famélica
R.F – Unção que do’ estro é’o emplasto.
Eis o ínclito protoplasto
Da verve pantagruélica.

Paira uma essência poética / Na’ extensão intergalática.

Paira uma essência poética
Na’ extensão intergalática.

1
O.A – Entre sondas e quasares,
R.F – Satélites e nebulosas
O.A – Vagam pulsações fibrosas
R.F – Quais radioestrelas pulsares.
O.A – São “auras” tomando os ares
R.F – Numa vibração fleumática
O.A – Trazendo à vida a dramática
R.F – Sensibilidade estética.
Paira uma essência poética
Na’ extensão intergalática.
2
R.F – Buracos negros não podem
O.A – Sorver dessa essência o fleuma,
R.F – Que vagueia sem celeuma
O.A – Por entre as anãs* que explodem.
R.F – Sentimentos dela eclodem,
O.A – Apesar da sua apática
R.F – Serenidade hipostática,
O.A – Vaga, absconsa e hermética.
Paira uma essência poética
Na’ extensão intergalática.
*anãs brancas (de grande massa) e vermelhas (de pequena massa)
3
O.A – Qual fluido subjacente
R.F – Que sob o cosmos escorre,
O.A – Essa essência que decorre
R.F – De um não-sei-quê, faz-se ingente.
O.A – Perscruta do ser a mente.
R.F – Inquire de tudo a prática.
O.A – Indaga e traz problemática
R.F – A se instar na dialética...
Paira uma essência poética
Na’ extensão intergalática.
4
R.F – Há nessa essência um mistério
O.A – Tanto cimério e brumal
R.F – Quanto ávido, enérgico e vital
O.A – Que adeja no vácuo etéreo:
R.F – Nenúfar, plectro funéreo;
O.A – Ebúrneo aljôfar, cismática
R.F – Contemplação catedrática
O.A – De dogmática patética.
Paira uma essência poética
Na’ extensão intergalática.
5
O.A – Bem no cósmico subsolo
R.F – Do éter primal da linfa
O.A – Vital, poética qual ninfa
R.F – Divina que imerge ao colo
O.A – Do’ halo espectral que isolo
R.F – Como a substância enfática
O.A – De um eclegma de alopática
R.F – Terapia “intragenética”...
Paira uma essência poética
Na’ extensão intergalática.
6
R.F – Enfim, tal fôlego primígeno
O.A – Subjetivo e profundo
R.F – Rasteja no vão fecundo
O.A – Cósmico do matiz noctígeno
R.F – De almas de um antimorbígeno
O.A – Eflúvio de profilática
R.F – Ação psicossomática
O.A – Inspiracional e ascética.
Paira uma essência poética
Na extensão intergalática.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Eu sou mais um fractal / Em uma sopa caótica. (mote de Clécio Rimas)

Eu sou mais um fractal
Em uma sopa caótica.

(mote de Clécio Rimas; glosas minhas)

1
O.A – Eu sou como uma voluta
R.F – Ante o espaço intergalático,
O.A – Ácido como um líquido lático
R.F – Que a dentição executa.
O.A – Uma adefagia hirsuta
R.F – Contra ação antibiótica,
O.A – Qual turba antipatriótica
R.F – No Congresso nacional.
Eu sou mais um fractal
Em uma sopa caótica.
2
R.F – Eu sou porta-voz do caos,
O.A – Devastação apoplética,
R.F – Vil convulsão epilética,
O.A – Pirexia de altos graus,
R.F – Guerra entre Camboja e Laos,
O.A – Roma após a’ invasão gótica,
R.F – Autoridade despótica
O.A – De reino unilateral.
Eu sou mais um fractal
Em uma sopa caótica.
3
O.A – Na’ imprevisibilidade
R.F – Locomovo-me qual fóton:
O.A – Indetectável “bóton”
R.F – De luz numa imensidade.
O.A – Heisenberg, na verdade,
R.F – Em visão “nanobiótica”,
O.A – Descreveu a minha ótica
R.F – Subatômica habitual.
Eu sou mais um fractal
Em uma sopa caótica.
4
R.F – Erwin Schrödinger descreve
O.A – Minha matéria volátil
R.F – Ora qual onda vibrátil,
O.A – Ora qual partícula leve.
R.F – E nenhum “Einstein” se atreve
O.A – A solapar esta exótica
R.F – Descrição microbiótica
O.A – Da minha ação corporal.
Eu sou mais um fractal
Em uma sopa caótica.
5
O.A – Niels Bohr não me compreendeu,
R.F – Sommerfeld também não
O.A – E Einstein ficou sem ação
R.F – Diante do meu apogeu.
O.A – Broglie até que mereceu
R.F – Apologia sinótica,
O.A – Mas, ao fim, fora(^) anedótica
R.F – Toda obra intelectual.
Eu sou mais um fractal
Em uma sopa caótica.
6
R.F – Nem mesmo bosquejos quânticos,
O.A – Biológicos, matemáticos,
R.F – Filosóficos pós-socráticos
O.A – Ou literário-românticos
R.F – Podem descrever semânticos
O.A – Aspectos da apoteótica
R.F – Ação dialítica e osmótica
O.A – Da minha vida, afinal,
Eu sou mais um fractal
Em uma sopa caótica.

Glosadores: Roberto Felipe Amaral e Osvanildo Almeida "Imaginário"

Na escola - capítulo semichick-lit - romance colegial (parte 1)

Na escola

Começo de semana. Todos em agitação pelos corredores. Um apelo a novas experiências. E, eu, como não poderia ser diferente, achava-me também envolvido pela intensidade da emoção ofertada pelo momento.
“Que emoção?” Vou explicar: Para mim, sempre tocou-me o fato de, no colégio, ver adolescentes em conversas descontraídas. Remetia-me a filmes, romances “colegiais”. E, na verdade, não podendo faltar, havia uma menina pela qual eu era apaixonado. Ela passava quase sempre à mesma hora. Sorria e acenava. Eu me via encantado!... Mas ficava por aí mesmo. Não me atrevia a “complicar” mais as coisas.
Tinha alguns amigos aos quais confidenciava meus desencontros e poucos encontros sentimentais. Mas nada de tão meloso! Falava das gatas, nada mais! O Jorge era um desses. Bem parecido comigo. Também não achava jeito de falar com a Sandra. E minhas experiências não ajudavam muito... Enfim, falávamos só. Só falávamos mesmo.
Mas, depois de um tempo, eis que aconteceu o que eu “temia”. A coisa se “complicou” para mim. A Paula me convidou para fazer parte do seu clube de leitura. Comprei o livro exigido e me dirigi para a sua casa – onde iria haver o encontro de leitores – e, em nada, demonstrei hesitação, apesar de não gostar muito daquele estilo de literatura: “Chick Lit”.
Chegando na casa, a Samanta logo me inquiriu... O Daniel fez um sinal de positivo... A Lúcia pediu que eu me sentasse... A Fran socou a cara no seu livro... E a Paula (aaah... a Paula...). A Paula não disse nada. Passou em branco. Nenhum cafezinho!... (como se eu gostasse de café...) Poderia solidarizar-se. Era muito difícil para mim concordar com aquilo tudo. Passos dados rápido demais.
Fato é que me sentei. Olhei o exemplar. “Amor em 'fins' de dezembro”, esse, o título do livro. Mas por que “fins”? Não seria melhor “fim”? Deixei isso de lado. O importante era que eu estava ali. Estava ali, era isso que importava. Mas, será que só estar ali, importava mesmo? Sentia-me um peixe fora d'água. Deslocado. Mas iria fazer de tudo para suportar. Foquei o rosto dela. Buscara um foco desde antes ali. Buscara e, agora, achava. Fiquei a fitar-lhe a feição. Não demorou muito e ela decidiu começar a exposição acerca do capítulo já lido por todos anteriormente (menos eu. Não tivera tempo... Ou “saco”).
- Penso que, não só este capítulo, mas todo o restante do livro, correlacionam-se diretamente com nossas vidas... - tinha um risinho na cara, de total deleite pela história. Sua expressão prenunciava mais.
- Não li o dado capítulo. Sabe? Não tive tempo. Chamaram-me em cima da hora. - falou o Daniel. E eu ergui uma das mãos.
- Diga. - “fuzilou” a Fran. Essa, sempre muito aplicada, com certeza não gostou nadinha do que ouviu. E, se haveria mais alguém que não leu... Sei não. Decidi me calar ali mesmo.
- O que é, Sérgio? - indagou a Paula. Abaixei a mão, que ainda mantinha levantada, acho que devido ao susto com a Fran... Não falei nada.
- Quer ir ao banheiro, é? - “subterfugiou-me” o Daniel. Mas, mesmo com essa, não falei nada.
- Já que ninguém quer dizer nada, vamos a história. Quero relatá-lo (o capítulo) devido aos homens - creio eu que era isso que você iria falar, Sérgio – não terem lido o capítulo em questão.
- Unrum... - assenti com a cabeça.
- Não importa. A história conta “do” relacionamento de Cley com sua professora Dina. - comecei a pensar que aquilo me interessaria muito. Talvez houvessem olhares estranhos diante dos fatos relatados. Eu poderia me identificar com algum deles. Não sei...
- … Cley agarrou-a pela cintura...
- Sem dizer nada?! - interrompi.
- Tá prestando atenção não, é? - só o momento daquele anterior pensamento e eu havia perdido quase o roteiro inteiro da trama!... Nunca pensei que pensasse tão lento.
- Eu tô resumindo só. Não tô lendo o livro parte por parte não. Quis começar da parte que ele a agarra pela cintura após ouvir dela um elogio um tanto quanto comprometedor, porque achei que essa interessaria aos rapazes. Para dar uma acordada... - apesar de não haver ninguém dormindo.
- Que elogio? - estava me arriscando. Mas eu tinha que saber!
- O livro não especifica. Mas foi “quente”. Eu acho.
Irri! Tu “acha” que já foi assim?!
- Assim como? - demonstrava alguma vergonha do que pensara.
- Paula, pode ter sido só um elogio aos olhos dele ou mesmo ao corpo musculoso.
- Como você sabe que ele tem um corpo musculoso?
- Não sei. Só deduzi. Fiz como você, mas com menos “quentura”. - disparou o Daniel com um trocadilho sarcástico.

Meu dia acabou por ali mesmo. Andei para casa. O Daniel me acompanhou. Estava chuviscando, mas eu estava de mochila. O livro não iria molhar. Na verdade, não dava a mínima, mas a Paula iria ficar chateada, então dei. Guardei-o com cuidado, após sair da sua casa.
O pai perguntou sobre o resto do dia. O da escola, ele já sabia que eu iria dizer que tinha sido chato (veja o leitor bem! Não que eu achasse o ambiente chato. As aulas, sim). Disse qualquer coisa e parti para meu quarto. Liguei a TV em um canal em que passavam seriados legais e fui para o computador atualizar meu “facebook”. Como todo adolescente, era um olho no monitor o ouvido na tela e, às vezes vice-versa. Colocara uma música baixinho para ambientar. Fiquei por ali até dormir.


segunda-feira, 22 de abril de 2013

Medo: Sentimento Comum - Explanação Teológica

Medo: Sentimento Comum

Texto-Base: II Co 7:5 e Sl 55:5; Is 8:13 e Mt 10:28
Por Roberto Felipe Amaral

Intro
Todos sabemos que o fato de termos “medo” ou, ao menos, certo receio de algo evita diversas vezes que nos envolvamos em negócios arriscados demais que podem nos trazer prejuízos. Pois bem, tendo em vista esse raciocínio, quero eu “desmistificar” esse sentimento, que penso ser natural ao ser humano, mesmo o Adão pré-lapsariano (pré-queda ou anterior à “queda do pecado”). 
Que Deus nos ajude!

Desenvolvimento
A Bíblia diz:
(Isaías 8:13) -  Ao SENHOR dos Exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro.
Na NVI: O SENHOR dos Exércitos é que vocês devem considerar santo, a ele é que vocês devem temer, dele é que vocês devem ter pavor.
Diante desse texto faz-se possível afirmar que “ter medo de Deus” é bom. Agora, deve-se asseverar que aqui não se trata de um medo vão, não misturado ao respeito, que é termo usado como substituto de temor muitas vezes nos púlpitos e nos seminários quando se faz referência, tipo, a passagem de Provérbios 1:7 - O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.
No AT as palavras hebraicas: yare' (verbo “temer”), yir'ah (substantivo “temor”), môrah (medo), são as mais freqüentes quando da tarefa de se expressar esse sentimento, porém tendo em mente tanto um “temor ou respeito santos ou religiosos” quanto “receios quaisquer”. Já no NT os termos gregos: ekstasis (assombro), thambos (espanto), ptoesis (terror. Vide I Pe 3:6b), phobos (medo), phobeo (temer. Vide 12:4,5), pturo e ekthambeo (atemorizar) esboçam o sentido geral da palavra.
Voltando aos textos, vejamos:
(Mateus 10:28) -  E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.
Na NVI: Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno.
Fato é que se “o ter medo” fosse um ato pecaminoso, como alguns, infelizmente, pensam, não poderia de modo algum ser voltado a Deus como algum tipo de louvor, visto que “ter Deus por assombro” remete a idéia de que se teme seu juízo, seu poder, sua autoridade e posição, redundando isso em uma espécia, sim, de reverente louvor.
Não especulo se Adão tinha medo (veio a demonstrá-lo pós-queda Gn 3:10), pelo menos como a gente hoje, depois do pecado, o tem, posto que ele não se assustava diante do Deus Todo-Poderoso e sua mulher não se amendrontara quando da conversa com a serpente, coisa muito estranha, visto que, para qualquer um, um animal falante causar-lhe-ia espanto, mesmo se ele fosse o próprio Diabo transfigurado (mas sustento que ali era uma serpente mesmo e que, posteriormente sua imagem veio a representar Satanás. Isso porque ela é castigada a rastejar Gn 3:14, o que não pode, ao meu ver, aplicar-se ao Demônio, todavia alguém pode querer “alegorizar” aqui nessa citação focando Rm 16:20).
Para “cientificar” um pouco cabe bem aqui uma citação enciclopédia que pode lançar luz sobre o que ocorre no nosso corpo quando sentimos (entenda-se como ele, o corpo, se prepara diante da emergência). A Barsa diz:
“Em situações de emergência, independentemente da causa, o corpo humano reage de uma maneira bem definida. Essa resposta é causada pela ação de determinados mensageiros químicos e hormônios, cuja ação não podemos controlar conscientemente”. 
“A adrenalina, cloridrato de dioxifenil-etanol-metil-amina, também chamada de adnefrina, epinefrina e supra-renina, é um hormônio segregado pelas glândulas supra-renais na corrente sangüínea, a fim de compensar a queda do teor de açúcar, causada pelo medo”. (grifo nosso)
E a enciclopédia ainda acrescenta:
“Os efeitos da adrenalina e da noradrenalina, hormônio quimicamente semelhante, também produzido pelas supra-renais, são semelhantes. Ambas aumentam a força das contrações cardíacas e decompõem os lipídios, elevando o nível dos ácidos graxos em circulação, a taxa do metabolismo e a vivacidade. A noradrenalina, no entanto, causa a elevação da pressão sanguínea uma vez que promove a contração de todos os vasos sanguíneos, com a possível exceção das coronárias. A adrenalina, por sua vez, causa um aumento do teor de glicose no sangue, por meio da decomposição do glicogênio no fígado, o que não acontece com a noradrenalina”. (grifo nosso)
Sabe-se que sentimos medo por nos sentirmos ameaçados. E os humanos, assim como os animais irracionais, tem a seu favor atividades endo-corporais que os preparam para o pior da melhor forma possível (cuidado! Eu não tô dizendo que acredito que homens são animais evoluídos. Não creio nisso! Só tô comparando tal reação). E isso é um presente de Deus, pois, já pensou se tivéssemos que correr de cães ferozes famintos (às vezes não adianta! Eu sei! Mas é só pra exemplificar) e o corpo não nos ajudasse a nos prepararmos rapidamente para tal? Estaríamos fritos, ou seja, devorados.
Agora, é claro que alguém poderia se por contra toda a minha linha de raciocínio argumentando com base em textos que veremos abaixo que, tanto Javé como Jesus diversas vezes repreenderam homens por sua demonstração de espanto. Vejamos as passagens uma a uma:
(Deuteronômio 31:6) - Esforçai-vos, e animai-vos; não temais, nem vos espanteis diante deles; porque o SENHOR teu Deus é o que vai contigo; não te deixará nem te desamparará. 
(Josué 10:25) -  Então Josué lhes disse: Não temais, nem vos espanteis; esforçai-vos e animai-vos; porque assim o fará o SENHOR a todos os vossos inimigos, contra os quais pelejardes.
Os dois textos acima expressam conclamações à guerra. Nada neles indica que homens não sentem medo – ou seja, sentem-no só por pirraça – ou devem suprimi-lo a vida toda. Entretanto, os textos incutem ânimo de fé e, nesses caos o medo vinha a ser uma desconfiança no poder de Deus. Os textos, na verdade, “alvejam” a insegurança de fé, não reações químicas naturais do corpo. A Bíblia diz em Hebreus 11:6 - Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.
Não quero dizer que o sentimento de apreensão do pavor não se assemelhe, ou melhor, não reflita muitas vezes à falta de fé do ser humano, mas que a intenção é o que conta, não a reação do corpo em si. Veja o que a Bíblia diz em I João 3:20 - Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas. Na NVI vv. 19, 20: Assim saberemos que somos da verdade; e tranqüilizaremos o nosso coração diante dele quando o nosso coração nos condenar. Porque Deus é a maior do que o nosso coração e sabe todas as coisas.
O que eu quero dizer é que podem acontecer muitas coisas no percurso da fé, mas ela se mantém de pé só na Palavra proferida por Deus (Dt 30:11-20) e na ação que a faz visível aos outros e a nós mesmos (Lc 10:25-37 ênfase nos vv. 28 e 37) (apesar de Deus ser onisciente, Ele nos ordena a demonstrar a fé que temos através das obras. vide Tg 2:18-20).
Atentemos para o que fala Isaías 35:4 – Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais; eis que o vosso Deus virá com vingança, com recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará. Vejamos também Joel 3:10 – Forjai espadas das vossas enxadas, e lanças das vossas foices; diga o fraco: Eu sou forte. Bom é que se incuta que nenhuma parte da Bíblia afirma que não há relutância no homem na caminhada cristã, muito pelo contrário. Vejamos:
(Gálatas 5:17) -  Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.
(Romanos 7:14-25) - Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.
Vamos neste momento analisar mais alguns versículos dos quais se servem os contra-argumentistas:
(II Reis 1:15) – Então o anjo do SENHOR disse a Elias: Desce com este, não temas. E levantou-se, e desceu com ele ao rei. 
(Mateus 14:26) – E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo. 
(Mateus 17:6,7) – E os discípulos, ouvindo isto, caíram sobre os seus rostos, e tiveram grande medo. E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes, e disse: Levantai-vos, e não tenhais medo.
(Mateus 28:5) - Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. 
Todos os versos supracitados versam sobre situações naturais de medo (naturais depois da queda! Quando digo “naturais” é que não se traduzem em pecado). Mesmo o fato de Jesus ou o Anjo do Senhor pedirem para que os sujeitos envolvidos nas ocasiões não temessem, isso não quer dizer, forçosamente, que tivessem incorrendo em transgressão da lei de Deus por expressarem assombro diante da singularidade dos casos. É bom se notar que, às vezes tão grande admiração ou espanto, na verdade vinha culminar em fé ou algum tipo de louvor que, algumas vezes, podia ser verdadeiro mesmo! Veja:
(Lucas 5:26) – E  todos ficaram maravilhados, e glorificaram a Deus; e ficaram cheios de temor, dizendo: Hoje vimos prodígios.
(Lucas 5:8,9) – E vendo isto Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, ausenta-te de mim, que sou um homem pecador. Pois que o espanto se apoderara dele, e de todos os que com ele estavam, por causa da pesca de peixe que haviam feito.
Por fim, veremos só mais uns versículos últimos. Atentemos:
(Mateus 14:30) – Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! 
(Lucas 8:37) -  E toda a multidão da terra dos gadarenos ao redor lhe rogou que se retirasse deles; porque estavam possuídos de grande temor. E entrando ele no barco, voltou.
(Atos 5:5) -  E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram.
(Atos 5:11) -  E houve um grande temor em toda a igreja, e em todos os que ouviram estas coisas.
(Lucas 2:9) -  E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor.
(Marcos 4:41) -  E sentiram um grande temor, e diziam uns aos outros: Mas quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?
Mc 4:36-41, que é toda a seqüência para uma boa contextulização do verso último acima citado mostra bem que os envolvidos ainda não tinham se convencido de todo se Jesus era capaz de coisas tão grandiosas mesmo. O verso 40 na NVI diz: Então perguntou aos seus discípulos: “Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé?” A julgar pela palavra “tímidos” (Mc 4:40 cf. Ap 21:8a) usada nesse texto, é bem de se identificar um grau de incredulidade por parte dos indivíduos. Porém isso não quer dizer que reações de espanto não sejam natuarais em ocasiões desesperadoras, mas o deixar-se levar por ele, dando azo à incredulidade, isso sim se constituía falta grave.
O verso de Mt 14:30 cita outro caso de afracamento da fé. O v. 31 fala “E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?” Isso parece ser um desfecho para se concluir que a própria demonstração de medo dele era sua falta de fé. Mas, decerto, o espantar-se é normal, porque, se ele, mesmo espantado, continuasse a andar, com certeza demonstraria fé firme, resistindo à tentação de temer e parar. Foque-se que Tiago 1:12-15 assevera – “Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam. Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”. Fato é que o pecado não está em ser tentado (entenda-se ser assaltado por uma reação corporal de medo), mas em deixar-se levar pela tentação (entenda-se pelo medo).
Lucas 8:37 mostra uma admiração que gera maus frutos, como o de espulsar da cidade quem trouxe a ela salvação. Repito, a reação de susto ou assombro é normal, mas segue que, alguns, pela sua própria dureza, fazem que o medo venha a se traduzir em incredulidade. Deus não espera que não sintamos medo, mas que o vençamos! (sei que Ele não quer que temamos pelo fato de confiamos n’Ele, mas a questão aqui não essa, a questão é, se um sentimento que nos estimula à defesa do nosso corpo (I Co 3:16,17) e é comum poderá, ou seja, permitir-se-á que ocorra? Afinal, pecaríamos por predisposição genética? (I Co 10:13; João 9:40,41) Culpar-nos-íamos involuntariamente? (Ez 18:2,3,20)) O mal não está no medo, está na falta de confiança em Deus! Veja: (Provérbios 14:16) – O sábio teme, e desvia-se do mal, mas o tolo se encoleriza, e dá-se por seguro. Ou nesta versão da NVI: O sábio é cauteloso (Ou teme o Senhor) e evita o mal, mas o tolo é impetuoso e irresponsável. Aqui o texto pode ser interpretado como falando ou do temor do Senhor ou do temor de cautela, cuidado, prontidão para reconhecer o que lhe possa gerar prejuízos.
Os versos que restaram que foram retirados do livros de Atos dos Apóstolos, capítulo 5 e Lucas, capítulo 2, os primeiros versam sobre medo diante de um castigo que serviu de exemplo para que outros não desobedecessem a Deus. Um medo bom, por sinal! Que reflete disposição, pelo menos aparente, de que atentaram para a lição!E o último texto, que é o de Lucas, discorre sobre um espanto natural diante da aparição do Anjo do Senhor.
Embora eu tivesse dito que iria finalizar nesses textos comenados, eu quero ainda comentar um em especial do qual muitos se apropriam para tirar conclusões erradas sobre essa reação natural do corpo. Examinemo-no então:
(I João 4:18) – No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor. Ou na versão NVI: No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor.

Este texto se correlaciona muito com este outro:

(Hebreus 2:15) – E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.

Com base em I Co 7:5; Sl 55:5; Gn 32:7; Sl 56:3; Êx 2:14; Jó 3:25; Lc 19: 21; Gn 3:10 posso afirmar peremptoriamente que todo homem teme, cristão ou não cristão. Agora, reservo-me aqui na posição de que não apoio de forma alguma que o homem tenha que ser vencido pelo medo. Ter medo é uma coisa como em Lc 19:21, mas não fazer o certo por causa desse medo é outra completamente diferente (Lc 19: 22 ênfase para “sabias que eu sou homem rigoroso”).

Já em se tratando dos textos acima destacados, concordo plenamente com o que eles dizem (e versam sobre salvação. Sabemos que estamos aperfeiçoados em Cristo – Cl 2:10; Mt 19:21), mas não vejo motivos para achar, como uns vêem também em Jó 3:25, que esses versos estejam asseverando um final completo na “capacidade”, ou melhor possibilidade do homem, seja ele crente ou não, de sentir-se amedrontado.

Conclusão
É de se admitir que o medo veio como conseqüência do pecado, mas senti-lo não é um pecado. Desconfiar de Deus sim é um pecado. Se o assombro nos leva à desconfiança, devamos deixá-la de lado. Mas, lembremo-nos, ela ainda vai estar “do nosso lado”, mas não “do nosso lado” no sentido de apoio. Assim como é “enfadonha essa ocupação debaixo do sol que Deus nos deu para com ela nos exercitar” (Ec 1:13c), o medo é reincidente, mas “Deus tem cuidado de nós” (I Pe 5:7:Sl 55:22).

(Salmos 121:5,8) - O SENHOR é quem te guarda; o SENHOR é a tua sombra à tua direita... O SENHOR guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre. Amém.

Espero a luz natalina / Resplandecer novamente.

Espero a luz natalina
Resplandecer novamente.
1
O.A – Espero o final de ano
R.F – Com ávida sofreguidão,
O.A – Posto que o meu coração
R.F – Não vê nele desengano.
O.A – Espero que o centro urbano
R.F – Mostre-se mais reluzente
O.A – E que haja em cada pendente
R.F – Uma inspiração divina.
Espero a luz natalina
Resplandecer novamente.
2
R.F – Aguardo o mês de dezembro
O.A – Com tamanha impaciência,
R.F – Porque sua refulgência
O.A – Traz-me um prazer que relembro.
R.F – Espero que cada membro
O.A – Da família não se ausente,
R.F – Pois com cada qual presente
O.A – A festa em amor culmina.
Espero a luz natalina
Resplandecer novamente.
3
O.A – Quero ver luzes brilhantes
R.F – Enfeitando as moradias,
O.A – Madrigais em melodias
R.F – Sentimentais e vibrantes.
O.A – Tudo será como antes,
R.F – Um “show” em cada ambiente,
O.A – Risos em cada parente
R.F – E alegria em cada esquina.
Espero a luz natalina
Resplandecer novamente.
4
R.F – Desejo achar nos enfeites
O.A – Cortejos de inspiração
R.F – E em cada iluminação
O.A – Prazeres, gozos, deleites.
R.F – Oxalá fluam azeites
O.A – De sossego em cada mente
R.F – Quando da santa corrente
O.A – De oração pura e divina.
Espero a luz natalina
Resplandecer novamente.
5
O.A – Quisera Deus todo mundo
R.F – Cumprisse os votos que fez
O.A – E acabasse de uma vez
R.F – Co’o sentimento iracundo.
O.A – Que todo espírito imundo
R.F – Se afastasse dessa gente
O.A – Que aparece tão contente
R.F – Quando a festa predomina. 
Espero a luz natalina
Resplandecer novamente.
6
R.F – Espero poder fitar
O.A – Pessoas de ânimo alegre
R.F – E que a dor se desintegre
O.A – No coração salutar.
R.F – Quero bailes freqüentar
O.A – Trajando roupa decente
R.F – E achar em cada presente
O.A – O bem que o mal elimina.
Espero a luz natalina
Resplandecer novamente.

Nunca se atreva a entrar / Em casa mal-assombrada.

Nunca se atreva a entrar
Em casa mal-assombrada.
1
J.C – Em um terreno baldio
R.F – Eu vi uma assombração
J.C – Que me causou aflição,
R.F – “Frisson”, medo e calafrio.
J.C – Escutei um assovio
R.F – Vindo de uma alma penada,
J.C – Então tomei a estrada
R.F – Tentando d’ela escapar.
Nunca se atreva a entrar
Em casa mal-assombrada.
1
R.F – Cheguei numa casa velha
J.C – Já cansado da corrida.
R.F – Quis ali fazer dormida,
J.C – Mas vi num pé de groselha
R.F – Uma alma que destrambelha
J.C – Qualquer criatura ousada.
R.F – Corri sem pensar em nada,
J.C – Vendo ela se aproximar.
Nunca se atreva a entrar
Em casa mal-assombrada.
3
J.C – Avistei “pelos” caminhos
R.F – Um amigo de outras eras.
J.C – Mas tais visões eram meras
R.F – Miragens, vis desalinhos.
J.C – Até mesmo os passarinhos
R.F – Guiavam-me a caminhada
J.C – Só que eu não via pousada
R.F – Que me pudesse abrigar.
Nunca se atreva a entrar
Em casa mal-assombrada.
4
J.C – Ouvindo um grito esquisito,
R.F – Exasperei-me e segui.
J.C – Cansei. Parei. Refleti.
R.F – Achei-me da paz proscrito.
J.C – Que havia um vulto maldito
R.F – A me atrasar a jornada.
J.C – Sua horrenda gargalhada
R.F – Chegava a me arrepiar.
Nunca se atreva a entrar
Em casa mal-assombrada.
5
R.f – Em meio a tão vis assombros,
J.C – Sem alguém pra socorrer-me,
R.f – Mas procurando conter-me,
J.C – Vi-me atirado em escombros.
R.f – O mal pesava em meus ombros.
J.C – Deixava a alma cansada.
R.f – Pensando em Deus, fiz parada
J.C – E comecei a clamar...
Nunca se atreva a entrar
Em casa mal-assombrada.
6
J.C – Demorei-me em oração.
R.f – Exausto findei a mesma.
J.C – Mas ainda o abantesma
R.f – Fazia-me perseguição.
J.C – Pensei não ver solução
R.f – Pra cena evidenciada,
J.C – Mas vi descer uma armada
R.f – De anjos pra me ajudar.
Nunca se atreva a entrar
Em casa mal-assombrada.

JC - João Carlos Nogueira; RF - Roberto Felipe Amaral

Há algo de muito estranho / Pairando sobre a escola.

Há algo de muito estranho
Pairando sobre a escola.

1
O.a – Naquela edificação
R.F – Dizem que vivem fantasmas.
O.a – Pessoas convivem pasmas,
R.F – Cidadã com cidadão.
O.a – Pois lá uma assombração
R.F – O pessoal desconsola.
O.a – Ali dentro “deita e rola”
R.F – E o “malassombro” é tamanho.
Há algo de muito estranho
Pairando sobre a escola.
2
R.F – O povo escuta cochichos
O.a – Vindos não sei de que parte.
R.F – E, embora alguém os descarte,
O.a – Jamais se afugenta os “bichos”.
R.F – Pois que o terror dos caprichos
O.a – Da fantasmada que assola
R.F – O tal colégio extrapola
O.a – Do mal a desforra e o ganho.
Há algo de muito estranho
Pairando sobre a escola.
3
R.F – Já chamaram todo o tipo
O.a – De gente pra rezar lá,
R.F – Mas nisso um fim ninguém dá...
O.a – Contra, eu também não me equipo,
R.F – Porque enfrentar “biotipo”
O.a – De assombração que desola
R.F – É coisa que desmiola
O.a – Quem busca nisso algum ganho.
Há algo de muito estranho
Pairando sobre a escola.
4
R.F – Vendo lá umas coxinhas
O.a – Enquanto o povo passeia
R.F – No recreio e faz a ceia
O.a – Em barracas sem cozinhas.
R.F – E, às vezes sinto que as minhas
O.a – Coxinhas com gorgonzola 
R.F – Somem do papel que enrola
O.a – As tais, e eu, logo, “me assanho”.
Há algo de muito estranho
Pairando sobre a escola.
5
O.a – Não gosto de andar ali,
R.F – Mas vem de lá meu sustento,
O.a – Então me acalmo e me agüento
R.F – Pra não fazer tititi.
O.a – Mas tem gente até que ri
R.F – Dos abantesmas e “bola”
O.a – Formas de viver “na cola”
R.F – Dos mesmos, mas eu me acanho.
Há algo de muito estranho
Pairando sobre a escola.
6
O.a – Disseram que a fantasmada
R.F – Só apareceu no canto
O.a – Porque um dia um pai-de-santo
R.F – Montou numa encruzilhada
O.a – Um despacho de coalhada
R.F – Co'uma galinha-de-angola,
O.a – Leite e suco de acerola
R.F – Pra um espírito tacanho...
Há algo de muito estranho
Pairando sobre a escola.

O.A - Osvanildo Almeida; R.F - Roberto Felipe Amaral

sexta-feira, 5 de abril de 2013

O Conúbio

Esperanças de riso em som silábico.
O conúbio das horas no ancenúbio
Do momento final em que o conúbio
Já se faz foco diante de olho estrábico...

Velas, bolos, vermelha taça, o arábico
Ornamento e exotismo visto em cúbio
De sintéticas folhas de olhar dúbio
Ante a’ inveja de olhar nada anti-rábico.

Convidado de gala a rir “na escarva”.
Comensais que rastejam como a larva
Da' elegância do dia alvo e estóico.

No jantar o barulho que se amaina.
Opulência de baile que se aplaina.

E um casal a exibir-se em tom heróico.

Obeliscos de luz

Revestia-se a noite de atra burca,
Mas o clima irreal via em Porfírio
Descrição filosófica e no gírio
Sopro, o mestre Plotino em branca urca.

Saí eu e, perante o que bifurca
Avenidas tal qual ataque assírio,
Escolhi à direita como um tírio
Sobre a nau que um “mar negro” não conspurca.

Torres altas havia: De urbe, oráculo.
Obeliscos de luz: Do andante, o báculo.
Edifícios: Das ruas, a pirâmide.

Era fim de um dezembro que não arfa
Com sibilo e torpor. Mês que não marfa

Corações nem macula a branca clâmide.

Sem Oblívio

Vi o céu estrelado ate o ambívio,
Desfrutando a beleza do equinócio.
Quis sair e evitar do lar o ócio
Para haurir paz do social convívio.

Sem ver hesitação ou vil oblívio,
Caminhei para o centro e fiz-me sócio
Do prazer citadino, em sacerdócio
De Epicuro, e senti no mesmo alívio.

Refulgia o alvor diante do arbóreo
Centro urbano e o prazer, em mim, corpóreo
Melhorava de tudo o estado clínico.

Já me achava imortal tal como um Drácula
No sorver do vital fluido sem mácula,

Mas o fim do prazer mostrou-se cínico.

Feérico

O aroma do ar, tal como um lírio,
Acalmava-me diante do apotécio
Do urbano ambiente, em tudo sécio,
Evocando à visão astral delírio.

Era noite sem mágoa e sem martírio.
Recitava-se versos de Lucrécio.
O lazer não deixava ninguém néscio
Do prazer, refulgente em cada círio.

Os reflexos nas águas – tez onírica -
Alentavam meu ser de forma lírica
E o porvir se mostrava em tudo homérico.

O viver se mantinha magnânimo.
O cardíaco pulsar leve e longânimo.

E o jardim do vergel verde e feérico.

O Semblante

Asqueroso semblante de ar provecto
Há no lodo abissal da alma humana.
A caveira do medo ao ser se irmana
E é medonho o seu jeito e o seu aspecto.

A voz cala e o pavor torna o intelecto
Obtuso e encarcera o que se ufana
Racional, mas se vê entregue a’ insana
Reação que do engano faz prospecto.

Turba louca de idéias imprestáveis.
Horda vil que, pra os seres intratáveis,
É laurel, mas, pra os sãos, só excremento.

Gira o globo e os inúteis vangloriam-se.
Gênios choram, lamentam, entediam-se.

Finda o mundo e o prazer se esvai no vento.

Sombras da Urbe

Há nas sombras da urbe um ser feral
Que persegue os humanos com seu ódio.
Faz do mal seu prazer, da dor seu bródio.
Tem no bem sua doa, na paz seu mal.

E eu, que sempre caminho no local
Onde essa’ atra criatura, em episódio
De loucura, age e ri diante do pódio
Do cruor, vejo em tudo um mau sinal.

Encontrei-a e pedi a Deus ajuda,
Mas, em meio à peleja vil e aguda,
Não achei quem pudesse me ajudar.

Escapei por um triz, porém a urbe,
Por mais que aja em combate e se perturbe,
Não consegue o demônio aniquilar.

A Fumaça

A fumaça no ar já avisava
“Do” terror da visão a ser fitada.
Morte em vias de trem. Mortes na’ estrada.
O espanto nos becos se encontrava.

A polícia não via e nem passava
Pela mente da mesma achar a dada
Solução almejada pra’ impensada
“Candelária” que ali se constatava.

Os olhares dos céticos fugiam
Das fiéis evidências que existiam
E as semanas de horror se sobrepunham...

A cidade, perdida na desgraça,
Esperando o pior, via-se escassa

De esperanças, que as tais se decompunham.

Pacto

Era dia comum quando fizeram
Dado pacto, entre as brenhas do vergel.
Parecia que nada de revel
Contra Deus a’ intentar eles vieram.

Fato é que algo ocorreu e eles puderam
Perceber qual o fruto do cruel
Sacrifício infernal, regado a fel,
Que fizeram na mata, onde estiveram:

Monstruosas semanas de tormento;
Sonhos maus sobre um leito lamacento;
Ilusões e visões; delírios tais...

Que o futuro não mais se mostraria
Alentoso e repleto da magia
Excitante dos dias joviais.

Soneto na Caverna

Na caverna do medo se escondeu
A maldita presença do terror.
Poucos foram buscar o vil pavor
E o acharam na’ escuridão do breu.

Hoje vagam tentando, o que se deu,
Esconder, mas a face vil do’ horror
Não lhes poupa o poder nem o vigor,
Como o povo judeu, o filisteu.

Ceifa a morte, do grupo, sempre alguém.
É macabro o mistério que se tem
Concernente à cruel carnificina.

Há na rua o espanto atroz da tumba;
Nas vielas, negror de catacumba;
E, no resto, uma “paz luciferina”.