quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A História da Minha Vida - Fragmento 14 - Felipe Amaral

Fragmento 14


           Pensar em ser indiferente quanto às imposições de uma sociedade eivada de frivolidade não é tão poético assim. Ninguém está disposto a se atrair por Diógenes. E a luz da lâmpada do mesmo já não causa momentos de reflexão em ninguém. É bobagem falar coisas lógicas. Os caras da modinha é que são "os caras". Então ria, pois é a única coisa que nos restou.
            
            Encontrei-a na praça. Ela era linda, até o momento de silêncio não ser quebrado. Mas, no fim, o feio sempre serei eu. Não adianta talento, explicação ou poesia. O mundo é delas; os coadjuvantes somos nós (refiro-me aos normais! não que os idiotas tenham dificuldades com o coadjuvar).

             Tenho lá minhas dúvidas quanto a haver qualquer resquício de racionalidade na maioria das pessoas de hoje. Da água que bebo, ninguém quer beber (não que seja tóxica; querem a tóxica!). Criticam. O que querem é afirmar-se ante o que eles mesmos constroem. Sou poeta, não um economista. Não me peça para pensar em cifras a todo momento.

              As garotas belas que passam... Ah... Elas são mesmo lindas! Seus cabelos tão bem arrumados. Os garotos endoidecem. Tanto que fazem de tudo para terem-nas. "Dão uma" de que têm o dinheiro, que não têm na verdade. Esfalfam-se. Excremento é a vida de quem não tem vida (têm dores de cabeça constante, isso sim!). Mas, espera aí! Quem não tem vida aqui sou eu! Eles dizem ter (e todo mundo acredita). Repetem e repetem. Eu não sou nada mesmo, mas... e daí? A quem deveria satisfações? Mas os devassos parecem ser melhores que eu (aos olhos do povo).

               Não importa o quão bom você é. Não queremos bons; queremos perfeitos. Não o somos; mas exigimos. Mas para que alimentarmos tal cobrança? Tornamos nossas vidas insuportáveis e nossos problemas insuperáveis. E só! "E aí amigo, o que você anda fazendo?"

               "Ela quer mais do que eu posso dar". Quantos de nós já não nos deparamos com esse bordão? Não há folga. Veja as ruas cheias do humano orgulho; e quem é você? Você tem um carro, ao menos? Eu riu da vida, mas "acaba" que, no fim, sempre a vida é quem ri por último, com todos os seus "shoppings" e roupas caras. Sufocado fico. E melhor será não recorrer a ninguém. "Fique quieto e durma!"

                 Não quero fazer nada que atenda a qualquer imposição. Quero ser livre. Livre, não libertino. O erro é uma prisão, não um repouso. A imposição nunca satisfaz. Ela destrói. E irás morrer amanhã. Mas pensas ser o melhor que se pode ser (és o que te mandam ser). És nada. Eu também não sou. Mas não enceno até o meu ser nada! Nada sou. E nem mesmo o prazer pode mudar isso. "Nem venha!"

                 Você ri por alguns minutos, mas chora a vida inteira. Deixa de idiotice! Ser, seja lá o que for, não te leva a nada! Não me levaria também. Eu poderia dizer que tenho em que me apegar - humanamente falando. Poderia confiar em mim. Mas, no fim, tudo seria o lodo! Os dias passam. E a gente sempre esquece o que fez melhor a duas horas atrás. Bem-vindo à "esperança" chamada matéria.

                  Por quanto tempo você pode viver apaixonado? Por quanto (é barato?)? Olhando a vida nos olhos, eu só posso dizer que tudo afraca. Não que eu esteja dizendo que não devemos constituir família (ou mesmo flertar!). Mas os apuros da vida a dois "é" que afinam a prata. Mas por que não ficamos nos sentindo nas nuvens a vida toda? ... Pensariam estarmos loucos!

                    A gente paga para se sentir bem, mas tendo que se sentir mal ao buscar a quantia necessária para se sentir bem. Não que não haja ganhos indolores. Existem! A TV comprova isso. Porém o ponto aqui é: Quanto andam te fazendo pagar? Por que não é você quem estipula? Ou, simplesmente: Por que você não estipula?

                    

Nenhum comentário:

Postar um comentário