segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Soneto “Tédio”

Soneto “Tédio”
1
Vaga a nau do destino ante a procela.
Vaga o ser. Vaga e mente a vida vaga.
Tudo é vão. Tudo é vago. Luz que apaga.
Tremeluz o “negror” e a noite vela.

O que sobra é pensar no que revela
Algo mais a pensar pra o que divaga.
Traga o tédio o vigor. A vida traga.
Ademais, o que fica, jaz na cela.

Mina a força o esplim. Mina o sorriso.
Cada rua, uma lágrima, um aviso
Do que pulsa no peito “insalutar”.

Triste vida... O fulgor da paz se esvai.
Coração pertinaz que em dor contrai.
É o fim. É a morte a me chamar.

Cai a neve. Embranquece-se o pomar. / Sopra o vento da paz. Soa a canção.

Mote:
Cai a neve. Embranquece-se o pomar.
Sopra o vento da paz. Soa a canção.
1
Tudo é lindo. Há no ar celebração.
Há nos lares sorriso. Luz altar.
Ruas brilham. E a casa, a esperar
Visitantes, recobre-se de unção.

Carros chegam. Bagagens. Cada mão
Ocupada com malas. E, apesar
Das mãos cheias de coisas, abraçar
Inda assim, é propício. O inverso, não!

Luvas grossas, cassacos pra' esquentar...
Ceias, festas e bailes, “shows” sem par...
Um natal sem igual. Pura emoção!

Cresce a fé. Canta a alma. Gela o mar.
Cai a neve. Embranquece-se o pomar.
Sopra o vento da paz. Soa a canção.

Todo mês de dezembro é singular. / Todo fim anual, nova emoção.

Mote:
Todo mês de dezembro é singular.
Todo fim anual, nova emoção.
1
Ruas claras. Luzeiros na' efusão
De alegria que, em festa, a rutilar,
Traz o brilho da paz para o lugar,
Traz da paz o fulgor e enche a visão.

Gente bela que segue em direção
Das vitrines belíssimas a dar
Vez ao ímpeto bom de se importar
Co' os que esperam no lar seu galardão.

Riso, abraço, elogio e cumprimento...
Voz, coral, sinos no' acompanhamento...
Tudo a rir. Tudo a vir comemorar.

Tudo bem. Tudo bom. Tudo a cantar.
Todo mês de dezembro é singular.
Todo fim anual, nova emoção.

São os risos da noite singular / Que dão vida ao meu frágil coração.

Mote:
São os risos da noite singular
Que dão vida ao meu frágil coração.
1
Ludro dia macula a sã feição.
Faz-se noite e o clima, ao transformar
O aspecto do céu, traz luz lunar
Ao negrume solar, sã condição.

Vem o vento, sussurra. Há uma unção
Que recobre o “negror” em exemplar
Hora fria em que venho descansar
Da rotina de um dia de aflição.

Muito sofro em diurno mal-estar.
Há calor. “Quentidão” “insalutar”.
Tudo nele me afeta e traz tensão.

Mas a noite é-me assaz protocolar.
São os risos da noite singular
Que dão vida ao meu frágil coração.

Vai-se a luz. Vai-se a paz. Vem o pesar. / Vem a dor. Vai-se o alvor e a ilusão.

Mote:
Vai-se a luz. Vai-se a paz. Vem o pesar.
Vem a dor. Vai-se o alvor e a ilusão.
1
Alva infância em que a lepidez da' ação
Sorve o medo pra vida assimilar.
Pueril temporada salutar
Em que tudo é fugaz, febril e são.

Era, assaz jovial é, quando estão
Doces anos em lento caminhar.
Porém vil quando o tempo insiste em dar
Hostil celeridade à condição.

Vem a tísica vida “insalutar”
Destruir emoções, tardes sem par,
Pra que a noite senil tome a menção.

Vai-se o brio. Vai-se o sol. Vem o luar.
Vai-se a luz. Vai-se a paz. Vem o pesar.
Vem a dor. Vai-se o alvor e a ilusão.

Fim de Fim de Ano I e II

Fim de Fim de Ano
1
Finda o Fim de Ano e eu findo
Acabado, refletindo
Sobre o espetáculo lindo
Que dezembro me ofertou.
Tantos risos, tantas luzes,
Como uma explosão de obuses,
Afastando o ser das cruzes
Que a dor ao ser não poupou.
2
Ainda absorto estou,
Vendo tudo o que passou
Nos “flashes” que a mente achou
De inserir-me na visão.
Tudo estava tão perfeito,
Mas, eis, que um dia eu me deito
E, ao despertar-me em meu leito,
Acho morta a perfeição.
3
Agora a desilusão
Que me invade o coração
Tira de tudo a razão...
E, sem razão, tudo segue.
Resta-nos dores mortais
Em estações infernais
Que geram lamúrias tais
As quais o ser vive entregue.


Fim de Fim de Ano II
1
Findou-se a celebração,
A festa, a animação
Do “réveillon” e a razão
Da gente comemorar.
O fim do ano abriu mão
De uma imortalização
Pra findar lançando ao chão
O que quis eternizar.
2
Numa “virada” sem par
Nosso ser, a desfrutar
De emoção singular,
Não via inquietação.
Todavia, a espreitar,
Estava ela a esperar
O Fim de Ano findar
Pra nos trazer aflição.
3
Entre riso e empolgação,
Não vimos que a sensação
De angústia e consternação
Estava a se aproximar.
Ao acordarmos, então,
A vil concretização
De ameaçadora ação
Fez-nos sofrer e chorar.
4
Agora tudo é vulgar,
Fútil, mau, “insalutar”,
Descabido, “inexemplar”,
Triste, incongruente e vão.
Foi-se a espetacular
Pompa que havia no lar
Pra' um ano novo chegar
E sepultar a' ilusão.

Estrofes A Esmo (feitas focando-se uma imagem)

Estrofes A Esmo

1
Numa localização
Propícia à inspiração,
Ao fruir satisfação,
Eu quero em paz me assentar.
E, passar com cada irmão,
Noite sem comparação
Em que reine a união
E a fé no peito a pulsar.
2
Co' os prédios a nos cercar,
Em um lugar singular,
Eu quero poder estar
Com cada irmã e irmão.
Aproveitar o lugar
Com todos a propagar
Um sentimento sem par
Que acalante o coração.
3
Quero olhar com emoção
Para cada cidadão
E repassar “vibração”
Que a todos venha animar.
Não quero a vil aflição
A ferir o coração,
Só riso e empolgação
Rebrilhando em cada olhar.
4
Há paz em cada clarão.
Em cada lar emoção.
Em cada canto uma unção
Que preenche o coração
De algo sem similar.
Vê-se em cada refeição
Um bródio de inspiração.
Doce amor. Doce união.
E a vida a dar impressão
Que nós podemos voar.
5
Nos cerca a vegetação
E a noite em transpiração
De paz  e recreação
Nos oferta a sensação
Que não vai mais se acabar.
Todos felizes estão.
E há em cada coração
Uma suavização
Para qualquer aflição
Que a mente insiste em lembrar.
6
É boa a ocasião
Para uma reflexão. (c-s)
Tomamos a decisão
De nos deixarmos levar...
Numa disseminação
De paz, a noturna unção
Envolve-nos de emoção
Que ninguém pode explicar.
7
Sentamo-nos num local
Que, em sua extensão inteira,
Vê-se flores e pinheiros,
E o vento em cada palmeira...
Bonanças que se mantêm
Também refletidas em 
Cada banco de madeira.
8
Nesse local não se vê
Nada de emoções contrárias,
Só risos em cada mesa
Onde brilham luminárias
E, pra o completo lazer,
Uns prédios ao bel-prazer,
Das mesas, dando pra ver
Dos seus alpendres as áreas.
9
Paramos para comer
Em um local fascinante.
Havia árvores, roseirais
De fragrância inebriante.
Não víamos onde encontrar
Algum lugar pra jantar.
Sorte foi a gente achar
E pararmos pra cear
Em tão belo restaurante.