terça-feira, 23 de dezembro de 2014

A História da Minha Vida - Fragmento 28 - Felipe Amaral

Fragmento 28


Para buscar estrelas o “Pequeno Príncipe” não precisava de nada mais que uma rede de apanhar borboletas. E como ia longe!... Neste mundo escuro, se quisermos apanhar estrelas temos que, no mínimo, tornamo-nos “paparazzi” de artistas de Hollywood. Odiados “paparazzi”. É quando o mundo real se choca com o imaginário... Sim! O nosso mundo parece ser o chato mundo dos simples. Não parece! É! O planeta cinema não nos reservaria a desgraça do cotidiano hostil que nos desgraça dia a dia. Todos estão sempre felizes. E, mesmo em tragédias, as mortes parecem sempre ter sentido. Por isso há tragédias que “bombaram” em bilheteria. Na vida chata, todos têm que sair de casa sem propósito algum para fazerem coisas sem nenhum propósito. São duras coisas. Não se pode dizer “Feliz Natal!”, não se poderia falar “Bom Dia!”, o dia e a noite nunca são aprazíveis. Tudo mais se assemelha a um tombo contínuo. As pessoas morrem sem razão. As pessoas vivem sem razão. Para que ter uma vida, se a única coisa que “se deve mesmo fazer” é perdê-la? Cansar-se, estressar-se, chorar, sofrer e repassar para os filhos que devem viver do mesmo jeito? “É o certo!” – dizem todos, mas eu não sei quem lhes revelou isso.

A História da Minha Vida - Fragmento 27 - Felipe Amaral

Fragmento 27


Deve ser a brisa que sopra, entrando pela janela do meu quarto, cheio de “sonhos de liberdade”, ou só o clima mental das minhas próprias convicções que “faz” com que eu me perca neste mundo, buscando realizar o que a realidade presente não me permite. Deve ser o sol. A noite passada que estava triste. Vil, a cidade toda! O povo que passa em frente às lojas cheias dos mesmos artigos da moda. Revolta-me tudo. Ou talvez esteja só andando em direção contrária à racionalidade humana. Certo é que não consigo manter-me consciente da forma que se requer de um ser experiente. Certo é que tudo se mostra incerto para mim. E quem define o que é certo neste mundo (em se falando puramente da matéria de que são constituídos os nossos corpos mortais)? Mas, ainda que grite e me revolte, tudo já foi predefinido. O susto bateu-me à porta e a desventura parece chegar mais rápido que a luz que entra pelas frestas da porta gelada do meu quarto. Os rebeldes são mesmo só boas personagens para roteiros de cinema. A realidade não os permite existir na realidade. Na vida real, eles têm outro nome: perdedores.

sábado, 13 de dezembro de 2014

A História da Minha Vida – fragmento 26 – Felipe Amaral

Fragmento 26



Ó Deus, sou um mero ser que sonha. Há sonhadores em todos os cantos. Não precisaria ir longe para encontrá-los por aí. A vida deleita-se nos sonhadores, mas termina por matar muitos deles de fome. Na sarjeta. O lodo os consome. Quero estar livre. Livre da negra sorte. Rindo. Não admiro a lua em vão. Não escrevo o que escrevo buscando o nada. O vazio não me atrai. Às vezes, busco-o, mas não para pairar no vazio para sempre, mas para concentrar-me, de antemão, em algo vislumbrado no vazio. E a noite esfria. Os copos enchem-se de café. O café (estabelecimento!) enche-se de gente. São pessoas que buscam tudo. São aventureiros. Como o são os roteiristas de cinema. Como o são os cineastas. Gosto dos cineastas. São pessoas que fazem coisas produtivas com seus sonhos. São poucos que têm o privilégio de fazê-lo. São poucos. Talvez deva ir longe. Não voltar. Retornar só em mente quando sentir saudades. Não senti-las. Viver leve para com os sentimentos e duro para com os sofrimentos. Leve – sorver o melhor; duro – engolir seco sem chorar. Nem hesitar deveria. Deveria evitar o mal de ficar aqui. O povo não sabe o que sobrou daquilo que fez com a cidade. Iludem-se pensando que restou algo prestável. São amantes de si mesmos. O guerreiro deve se manter, ao máximo, longe de trechos, dentro dos quais, possa vir a ser encurralado: erro “Crasso”! Não estou a fim de bancar o jantar. Peço uma mesa para um e saio pela tangente quando termino. Os homicidas não me vêem. Quando notam, estou distante. O ônibus já tem me pego. E eu retorno ao lar. O colchão espera-me. Deito e durmo. Sonho em não mais precisar sonhar acordado, só viver uma realidade onírica. Boa noite.



A História da Minha Vida – fragmento 25 – Felipe Amaral

Fragmento 25



Todo mundo propõe-se a fazer alguma coisa. Um pinta; outro apaga. Como deve ser. E assim a vida segue. Há momentos de desalento, como há momentos de motivações aparentemente infindas. As flores secam, mas depois voltam a crescer. Espero que não se demorem para mim. Tenho receio. Receio que tudo se desmorone. Que o céu caia sobre a minha cabeça. Buscaria alento e não acharia. O que faria? Sou um pobre peregrino neste mundo de dores. Sou um pobre ser entregue ao fado de viver. Entregue ao fadado instante vivencial... fadado ao imprevisível. E essa imprevisibilidade mata-me, fere-me, aprisiona-me, mutila-me aos poucos, corta fora a certeza dos meus simplórios cálculos. O que será? O episódio não foi escrito ainda. A janela ainda não se abriu. A lua vê lá de cima. O sol caustica quando vem. Eis uma moça que me vê. Uma menina que me olha de longe. O flerte da morte ou da vida. Só o Senhor tem o poder! O que pretendo ser? Ou seria: “dizer?” Falar não é a solução para tudo. Em silêncio o tempo arrasta-se e ganha muitas lutas assim. Por que me precipitar? Há muito que pensar...

A História da Minha Vida – fragmento 24 – Felipe Amaral

Fragmento 24


Falam comigo como que por piedade. “Talvez isso alivie meu carma”. - devem pensar. Estranho tudo. Ignoro o que estranho logo após. Sou dado a rir em alguns momentos. Tudo dá a impressão de fazer-me propenso. Estou inclinado. Vejo-me tomado. E as falas saem com desenvoltura. Isso é que é ser tolerante com os – muitas vezes – petulantes!
Sou franzino. Meu porte não me levaria longe. Abraço o meu destino... Mas já as escolhas não têm porte! Com imposições volitivas teimo. Aí sim, irrito-me.

*

A pessoa não tem paciência para assistir a um filme curta-metragem inteiro, e ainda diz que o inconstante sou eu!... É hilário. Repulsivo seria o termo ideal aqui.
Outro “amola-me” com a mesma conversa sempre. Um avarento que pensa que o mundo todo está errado (e está – não discordo – mas receio que não quanto ao que ele pensa) Queria (ele) comprar algo de preço irrisível. Teimou. Não quis pagar o valor. Não vendo o comerciante mudar de idéia quanto ao preço, decidiu – furiosamente – não comprar. E o culpou o restante do mês. “Miserável! Dois reais eu não pago!” - alugou meus, já tão calejados, uma noite dessas.

*

Irrito-me com pessoas que tentam me desacreditar. Desencorajar-me. Se digo que estou planejando algo, discordam que tal seja promissor.
Meu único alívio: o vento passa trazendo repouso. O vento. Leve brisa. O som soproso da boca de Éolo.
Devo sempre me conter. Parar e contar até cinco. Ou dez! Não penso sempre. Não paro sempre. Não sou de conter-me sempre. Então, danem-se!
Não tenho o progresso que ditam por aí. Sou só um perdedor sarcástico para muitos. Mas continuo a rir.

*

Como pode alguém não ser reconhecido do tanto que sou (não reconhecido!)? O tanto que já escrevi... Formações acadêmicas não duram tanto. Cursos passam. Eu já deveria ter-me formado. Não em áreas por aí. Na verdade, já me formei nas áreas em que me esforço ainda (só não “oficialmente”. Mas o que é ser ou não ser oficial quando se trata de arte?). Sou lapidado. O que não tenho é remuneração. Ninguém me paga. Ninguém. Filhos de Mamom não sempre assim. O bolso deles cheio, não importa o que se diga, não importa o quanto (o outro!) sofra, não importa. Portas fechadas. Eu sofro problemática tal por não querer que me humilhem.

*

Começaria a ser pesado aos demais se começasse a pedir (nem cobrar!) minha remuneração. Sentiria vergonha de mim mesmo. Envergonhar-me-iam. Não poderia suportar. Queria que “se tocassem”. Resmungam.
O não importar para algumas pessoas é uma pecha que tenho que carregar por toda a minha vida. E, ainda que fosse importante para as tais, creio que não seria realidade, só dissimulação. A verdade não precisa ser motivada por esse tipo de grau de importância (as pessoas não precisariam amar “de verdade” só diante do ouro!). Mas, não sendo nada, posso repetir isso até endoidar. Nada...

*

Você se inscreve para fazer vestibular de Artes Plásticas (não que eu o tenha feito! é só ilustração) e tem que lidar, na prova, com regras avançadas de Língua Portuguesa. Isso só pode estar errado. No Brasil, as pessoas encarregadas do ensino vivem dopadas. É tanta falta de nexo, da Didática do professorado à “prática” (vai sonhando...) do alunado, que eu chego a arrancar os cabelos da cabeça. Mas eu “é” que sou o louco da história. A grade curricular é uma verdadeira bagunça ( e torturante também), e eu “é” que sou o sem-juízo. Brincadeira! Só pode ser brincadeira um negócio desses!

*

Quando converso com algumas pessoas, na praça ou noutro lugar, percebo – às vezes – um interesse até sincero, mas, é só mencionar a minha não-remuneração, para a coisa mudar de quadro. Talvez as notas de cem “é” que devessem falar. Não vêem que é justo por isso que eu não sou remunerado?!! Os pagos de outras áreas não se importam com o relevante. Estão mais interessados em beber, fumar e fornicar. Ostentar. Coisas afins. Decerto, a intenção que os move é a autopromoção. Parecem humildes; não o são. E continuo sendo o prescindível pequeno revoltado.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A História da Minha Vida - Fragmento 23 - Felipe Amaral

Fragmento 23


                   Todos têm orgulho de alguém. Minha tia tem orgulho do odontólogo da família: seu filho. “Minha mãe?” - repito a pergunta que alguém sempre me faz. Tento fugir do assunto logo após. Sou eu, e quem teria orgulho de alguém que só é o que é? Se disser que escrevo, componho, canto, toco, prego e ensino, ficarei enrubescido. Todos duvidam de mim. E, ainda vendo, tendem a querer testar-me. “Não pode ser!”- acho que pensam assim. Não sou conhecedor do coração das pessoas, mas expressões faciais dizem muito.

A História da Minha Vida - Fragmento 22 - Felipe Amaral

Fragmento 22


         Agora, conseguindo ter silêncio, rabisco o branco da imaginação com oníricas cores. Quiméricos planos. Feérica magia!... Anos de vida. A vida que respira. Respiração que inspira.
            Meus amigos perguntam-me por que sou assim. Muitos indagam-me. Inquirem. A investigação é constante. A paz nunca o é. Busco a aragem. Vou a outras ruas. Arejo a mente. Sou como sou. Não me conformo com o não o poder ser. Deixa-me ser! Cala-te! Ouve-me! Não quero dar ordens; quero só a minha paz.

A História da Minha Vida - Fragmento 21 - Felipe Amaral

Fragmento 21


        Todos querem comandar. Todos buscam isso. “Faça isso!” “Faça aquilo!” Todos querem comandar. Sem diálogo, sem contra-argumentações, sem queixas. Todos querem. São as trevas que tomaram tudo. São trevas densas. Densas trevas. O inverno não veio e o verão ainda perdura. Tenho o sol sobre a minha cabeça. Queima. Caustica. Tenta cauterizar-me os sonhos. E a lua esconde-se.
             Pegaria um barco e voaria para bem longe. Mergulharia nas nuvens. Alçaria as velas ao azul do céu. Fugiria... Eu fugiria.

A História da Minha Vida - Fragmento 20 - Felipe Amaral

Fragmento 20

             O que tento fazer é não ser servo do que me cerca. Não ser sujeito. Não ver pelos olhos do vil ditador. Sou reputado por fraco. Somos todos! E não adiantaria argumentar. É isso que querem. Mas certos que estarão sempre certos no final.
           O mundo é um lugar sombrio. Ainda dizem ser alegres. O tempo é curto, mas a sua pouca duração não o faz menos doloroso. Vou vencer! - digo para mim mesmo. Todavia, o horizonte parece-me reservar o caos. O desalento tomou conta de mim. Fechei as portas e as janelas e saí...

A História da Minha Vida - Fragmento 19 - Felipe Amaral

Fragmento 19

            Nada é mais repugnante que a falta da liberdade. O livre é honrado só pelo simples fato de sê-lo. É repugnante ter sempre que ser um produto do meio. Cadê nossa liberdade? Liberdade é sinônimo de dignidade. Tirar todas as armas do guerreiro para que ele não possa (ou tenha como) reagir é algo que gera repulsa. Ojeriza tenho.
             “Os males são arregimentações da vida” - dizem. Os males são rachaduras nas cascas dos ovos - digo. Não são a base. Ninguém - em são consciência – vive em função da dor. Não há loucura maior. Mas eu “é” que sou o errado sempre.

A História da Minha Vida - Fragmento 18 - Felipe Amaral

Fragmento 18


          Só o que ouço são murmúrios. Mas ninguém precisa ter paciência comigo. Tolerância. O bem não existe! A dor permeia tudo, e só. O povo não se importa em ser eticamente correto com quem não tem onde cair morto. Querem ver o sucesso. Os seres querem ver sua conta bancária. Seu “status” conta. Contam uns os outros. Mas a plebe não conta (não tem préstimo)! A pobreza não conta. Não conta. Ninguém liga. Prescindem. E os dias estão passando tão rapidamente nestes recentes dias. Calo e guardo minhas convicções “bobas” só para mim. O mundo morre.

A História da Minha Vida - Fragmento 17 - Felipe Amaral

Fragmento 17

            Tudo o que falo é errado. Dizem que tudo o que sou é o erro. Sou exímio perdedor. Não atraio. Não há admiração. “Não sofrer é mau!” Minha voz é rouca. Meu verso é estranho. Meu linguajar, pedante. Meu corpo é magro. O que sou afinal? Sou eu. Eu sou só eu. E isso irrita.
               A cidade move-se por ações nobres, todavia, ações nobres não movem cidades. (explico!) Parece haver o bem por detrás de tudo o que se apregoa nas escolas e nos anúncios ministeriais, porém, não se iluda, a integridade não se mede pelo tanto de palavras bonitas que se diz (ou por imagens dissimuladas que se mostram).

A História da Minha Vida - fragamento 16 - Felipe Amaral

Fragmento 16


           A futilização da vida é notada na busca implacável por dinheiro. O cara não é professor porque tem boas intenções educacionais, mas porque precisa ganhar dinheiro. Até as ações mais dignas de honra não são motivadas pela hombridade, mas pela pecúnia, grana, bufunfa, tutu, dindim, níquel, cobre, prata, “money”, “vil metal”...
O que existe por trás de todo homem é uma ganância insaciável. Não os honre; critique-os! Não os louve; perscrute-os! …Uma frivolização da vida vendida a granel. E como vende!!!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A História da Minha Vida - Fragmento 15 - Felipe Amaral

Fragmento 15


            Nem o que escrevo é durável! Acho que, se nos sentíssemos leves a vida inteira, não sairíamos de casa ou, mesmo, contentaríamo-nos com qualquer recanto embaixo da ponte. Busco isso, mas minha carne faz-me desejar sempre mais. Isso é um "saco"! Eu poderia louvar a Deus, contente por estar onde estivesse. Mas não... Há uma inquietação no meu coração. Seria arriscado. Eu poderia não ter o que comer. Mas quem inventou a fome? Por que tinha que ser assim? Eu bem poderia resistir a tudo. Mas sou só um "raio" de um homem!

            Fico feliz quando me escutam. Não deveria. Fico triste com o desprezo. Mas o que é o desprezo? O psiquismo do ser humano o mata. É uma piada!
               
             Para que você quer tanto dinheiro? Você fica alegre quando os demais te idolatram. "Olha como você é bem-sucedido!" - exclamam. É irrisório! Mas eu não valho nada. Seu diploma é maior. É melhor. Eu sou um tolo. Continua irrisório. Mas será que eu não quereria ter tanto dinheiro assim? Afinal, por que opino? Perdoe-me por não poder ficar calado. Eu sou tão imprestável (não que seja mesmo)!

              O que significa de fato ganhar ou perder, quando se é um gênio idiota que acha graça em tudo? Os conformados são mais felizes. Mas eu nunca achei conformados perfeitos em seu conformismo. A revolta destrói parte do que eles constroem. Sempre. E eu sinto muito por encabeçar a lista dos revoltados.

               Ria de tudo. Esse é o remédio. Até de piadas sem graça. Tem fome, ria; quebrou a coluna, ria; terminou o namoro, ria; perdeu o emprego, ria... Para rir tanto, penso que se teria que ser imune a dor. E, mais uma vez, vai pelo ralo a nossa suposta fórmula mágica. Você pode estar rindo agora. Mas, saiba de uma coisa: Não vai durar. Não vai não.

           Defendo-me porque você provoca, instiga, aguça meu sistema natural de defesa. Quer-me bater? Busca "IBOPE"? Vê! Todas as câmeras estão desligadas. Não há ninguém para valorizar-te. Mas bem que poderias me agredir fisicamente pelo simples prazer da agressão. Mas eu poderei me defender sem medo que o faça para me promover. Não há audiência.

                   Dói-me não conseguir nem "ser nada" direito. Eu sonho conseguir não ser nada e não o consigo. Um dia, quem sabe? Desejos tomam-me. As pessoas que falam comigo. Convites. Mas eu sonho em - um dia - conseguir não ser nada. Ficar no meu cantinho e não ser nada. Não é fuga, é verdadeira vida. Fugir de quê? Às vezes, até a fuga constitui-se em um desejo de autopromoção. Eu não desejo, eu busco, "sem desejos", poder não ser nada e ponto. Deixe-me só. A paz é isso. Mas será que conseguirei me conformar? Ó Deus! Ó vida! Preparai-me.

A História da Minha Vida - Fragmento 14 - Felipe Amaral

Fragmento 14


           Pensar em ser indiferente quanto às imposições de uma sociedade eivada de frivolidade não é tão poético assim. Ninguém está disposto a se atrair por Diógenes. E a luz da lâmpada do mesmo já não causa momentos de reflexão em ninguém. É bobagem falar coisas lógicas. Os caras da modinha é que são "os caras". Então ria, pois é a única coisa que nos restou.
            
            Encontrei-a na praça. Ela era linda, até o momento de silêncio não ser quebrado. Mas, no fim, o feio sempre serei eu. Não adianta talento, explicação ou poesia. O mundo é delas; os coadjuvantes somos nós (refiro-me aos normais! não que os idiotas tenham dificuldades com o coadjuvar).

             Tenho lá minhas dúvidas quanto a haver qualquer resquício de racionalidade na maioria das pessoas de hoje. Da água que bebo, ninguém quer beber (não que seja tóxica; querem a tóxica!). Criticam. O que querem é afirmar-se ante o que eles mesmos constroem. Sou poeta, não um economista. Não me peça para pensar em cifras a todo momento.

              As garotas belas que passam... Ah... Elas são mesmo lindas! Seus cabelos tão bem arrumados. Os garotos endoidecem. Tanto que fazem de tudo para terem-nas. "Dão uma" de que têm o dinheiro, que não têm na verdade. Esfalfam-se. Excremento é a vida de quem não tem vida (têm dores de cabeça constante, isso sim!). Mas, espera aí! Quem não tem vida aqui sou eu! Eles dizem ter (e todo mundo acredita). Repetem e repetem. Eu não sou nada mesmo, mas... e daí? A quem deveria satisfações? Mas os devassos parecem ser melhores que eu (aos olhos do povo).

               Não importa o quão bom você é. Não queremos bons; queremos perfeitos. Não o somos; mas exigimos. Mas para que alimentarmos tal cobrança? Tornamos nossas vidas insuportáveis e nossos problemas insuperáveis. E só! "E aí amigo, o que você anda fazendo?"

               "Ela quer mais do que eu posso dar". Quantos de nós já não nos deparamos com esse bordão? Não há folga. Veja as ruas cheias do humano orgulho; e quem é você? Você tem um carro, ao menos? Eu riu da vida, mas "acaba" que, no fim, sempre a vida é quem ri por último, com todos os seus "shoppings" e roupas caras. Sufocado fico. E melhor será não recorrer a ninguém. "Fique quieto e durma!"

                 Não quero fazer nada que atenda a qualquer imposição. Quero ser livre. Livre, não libertino. O erro é uma prisão, não um repouso. A imposição nunca satisfaz. Ela destrói. E irás morrer amanhã. Mas pensas ser o melhor que se pode ser (és o que te mandam ser). És nada. Eu também não sou. Mas não enceno até o meu ser nada! Nada sou. E nem mesmo o prazer pode mudar isso. "Nem venha!"

                 Você ri por alguns minutos, mas chora a vida inteira. Deixa de idiotice! Ser, seja lá o que for, não te leva a nada! Não me levaria também. Eu poderia dizer que tenho em que me apegar - humanamente falando. Poderia confiar em mim. Mas, no fim, tudo seria o lodo! Os dias passam. E a gente sempre esquece o que fez melhor a duas horas atrás. Bem-vindo à "esperança" chamada matéria.

                  Por quanto tempo você pode viver apaixonado? Por quanto (é barato?)? Olhando a vida nos olhos, eu só posso dizer que tudo afraca. Não que eu esteja dizendo que não devemos constituir família (ou mesmo flertar!). Mas os apuros da vida a dois "é" que afinam a prata. Mas por que não ficamos nos sentindo nas nuvens a vida toda? ... Pensariam estarmos loucos!

                    A gente paga para se sentir bem, mas tendo que se sentir mal ao buscar a quantia necessária para se sentir bem. Não que não haja ganhos indolores. Existem! A TV comprova isso. Porém o ponto aqui é: Quanto andam te fazendo pagar? Por que não é você quem estipula? Ou, simplesmente: Por que você não estipula?

                    

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A História da Minha Vida - Fragmento 13 - Felipe Amaral

Fragmento 13


    O pôr-do-sol é leve. Busco tal suavidade para as minhas pobres linhas. Procuro um leve suspiro. Quero aprisionar-te sem tornar-me despótico. Quero doar o que não tens. Fazer-te esquecer. Não é dinheiro. Nem seriam orgias. Nem ouro ou prata. Nada de fama. Reconhecimento. Mas o que é necessário para sobreviver. Tudo o que fosse sobremodo certo. Certo de usufruir lugar nas nossas vidas. Pobres vidas! Mas não são tão pobres assim. Temos o sonho. Doar-te-ia o que queres, mesmo sem saber o que queres. Como um condutor de sonhos. Como um manipulador de fantoches. Você seria minha marionete, mas não se importaria de sê-lo. Você quereria sê-lo. Gostaria. Sorriria. Como o "crack". Viciante do mesmo modo ou ainda mais. Cocaína literária. Ácido Lisérgico da mente ávida por floreios lingüísticos. Semântico enleio. Correia verbal que prende. Luz que encarcera. Uma "Coca-Cola" para os olhos. Um café da manhã para o lado do cérebro que se dedica às letras. A letra enclausurante. Você seria um monge. Meu servo. Meu lacaio. "Ajoelhe-se!" Seguiria as minhas ordens. Porém nunca me veria como um manipulador de bonecos. Autômata sensação prazerosa de se estar preso e querer estar preso. Preso para sempre. E a riqueza me alcançaria. Venderiam meus escritos como comercializam água. Ou café. Valeria o preço dos diamantes, mas seria tão imprescindível quanto o oxigênio. Chegaria ao ápice. Ao cume do êxtase. Ver-te-ia a gargalhar. Você esqueceria até de comer para ler-me. Esqueceria o banho. A janta. O ódio. O amor, só sentiria quando eu o suscitasse. Mas essas são palavras vãs. O compatibilismo é uma ilusão de liberdade. Deixe-me pobre; e que você me despreze. Isso é o verdadeiro amor. A liberdade é o amor. Comandos... Mais comandos... Ninguém precisa!... Nada é útil. Só esta prosa. Somente este som. Apenas (sorrio)...
    Você está, à noite, em um ônibus vazio. Lotado? Cheio de quê? Talvez cheio (de gente). Ou cheio de cogitações acerca do porvir. Talvez você não consiga largar mais este pedaço de papel. Mas não se preocupe com isso. Eu não ficaria preocupado (eu ainda rindo aqui comigo). Ó doce prisão. Consegui. Aí, você desliga. E - veja! - estou só novamente. Não faça isso.
    Ainda que tenha crescido, o ser humano é sempre bisonho. Os dias reservam-lhe o novo. O novo assusta. Há algo inexpugnável no novo. Os dias são sempre assim. O futuro (impossível manietá-lo! que porcaria! e logo eu que visava ser um "amoroso ditador"...). A marcha dos viandantes. Transeuntes à procura da bagagem perdida. O quadro é sempre o mesmo. Mas as cores chocam. E a notícia não demorará a vir. Medo...

A História da Minha Vida - Fragmento 12 - Felipe Amaral

Fragmento 12


    Ultimamente, ando buscando uma prosa hipnótica. Leve. Esparsa. Nuvens de algodão. Dizem que os discursos de Hitler o eram (hipnóticos!). Não que eu queira ser um Hitler. Quero só seu falar hipnótico para consquistar olhos curiosos. Levar ao bem. Que o cara nem sinta que está lendo algo. Como anúncios importantes. Como o mar... A praia no fim de semana. Ultimamente, ando procurando algo tão duradouro, mas que acabe tão rápido que pareça durar (dure para sempre! "seja eterno enquanto dure" - já dizia o poeta!). Perdure na mente. Se conseguisse isso, estaria feito.
    A rua dá a impressão de estar desfalecendo. Como o corpo humano diante do clímax da conjunção carnal. Como os pés que encontram o mar.
    O "legal" de estar inspirado é não achar limites. O "desemparedamento" da mente. Como atingir o Nirvana e, ainda assim, sentir paixão. Nada a ferir. Só o vento e nada mais.
    Atente, ante o espelho, para seus próprios olhos. Pense profundo. Respire. "Há um caminho para tudo isto?" "Eu estou mesmo me sentindo?" "Há alguém além da minha própria imaginação?" Tudo parece ser feito de idéias. Mas só são doces as que são livres.
    Você não me lê (convença-se disso!), você se escuta. É você quem comanda. Olhe ao redor. Ainda há o mesmo. Está parado. Você medita. Cogita. Acredita; e é você! Mesmo (será?)? Talvez se iluda. É você? Seu amor se foi com a primavera. E está você aí só. Eu aqui só. Não pense muito. Se parar, o mundo parará também. Penso assim. Sou assim. Concateno as idéias; e deve ser por isso que eu ainda estou diante de ti... E os barcos vão-se, levados pelo sopro de aragens sazonais. Como as juras. Zelos... caprichos... cartas... Bolhas de sabão...
   

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A História da Minha Vida - Fragmento 11 - Felipe Amaral

Fragmento 11


    Eu preciso mais disso. Disso de pensar que a vida pode ser do jeito que insisto em conceber como sendo a verdade. Necessito de mais. Como o sabor dos lábios da garota mais linda... Sensacional seria. É como cantar doces canções. Como o Natal em luz. Como o mar e um longo romance juvenil. Folhas ao vento que trazem lembranças alegres. Como a face do meu bem. Se houvesse algum bem. Mas a vida é dolorosa por demais. Os filmes acabam. Temos que retornar à realidade. Temos que abrir os olhos. Precisamos "é" de dinheiro! A família futura irá precisar. A precisão nunca fora tão exata!
    Penso que seria bom para mim apaixonar-me. Acho que já mencionei isso aqui. A paixão enlouquece, mas poetifica a vida. Entre beijos e joviais carinhos, tudo se transforma. Tudo se transporta. Haurir a volúpia que incensa o ar. Sorver a magia doce dos dias de felicidade fácil. Correr aos seus braços. Abraços. Espaços preenchidos pelo desvelo dos amores. Flores que brotam. Azul de um céu azul... Ou seriam seus olhos? Ou seriam negros seus olhos? Ou seriam os meus vendo fantasias? Sou fácil de emocionar...
    Cativo da dor, estranho as páginas. Não ganho respeito. Por isso, paro. Bebo vinagre a cada frase. Ponho a língua em salitre. Ácido sulfúrico. Ou seria clorídrico? Eu não sei mais quem sou! Quero chorar. E chorar não é tão típico assim para mim...
    Talvez estando longe... Tenho medo! Não faço grandes empreitadas. Não sou de fazê-lo. Sou de ficar parado e escrever. Descrever o que pensaria fazer. Torná-lo real na página branca. Mas tudo me obriga a parar a descrição. O ofício do tédio espera-me. O ofício da dor. E a dor é chaga viva...
   

A História da Minha Vida - Fragmento 10 - Felipe Amaral

Fragmento 10


    Ah!... A boba ideia de ser reconhecido!... O alento logo ali. A namorada da escola. Os garotos que nos invejam. Tudo nos parece prender, mas estamos sempre propensos a pensar que tal cárcere social seja nossa verdadeira liberdade.
    Vida de enganos. Enganos em beijos. Ludíbrios em abraços sentimentais. Somos todos tão eloqüentes para desbocar-nos em sentenças sobre a nossa "tão sortuda vida". Não nos damos conta que a ilusão do reconhecimento só nos embriaga. A fama finda. O findo desengano. Finda a fonte de onde jorra a nossa vaidade protocolar. Mas continuamos pensando ainda ter classe.
    Como atores... Somos como atores. Encenamos no palco dos sonhos dos outros impostos à nossa paupérrima alma. Mas achamos que tudo advém do nosso querer. Nossa vontade mostra-se soberana. Só aparência. Imposição! E isto não é uma imposição "ideática" minha aqui para você! A verdade pode ser aguda, ferir como agulha, alfinetar como punhal, mas jamais se deixa quebrar na ponta. É como diamante. E os diamantes são raros. Demoram notarem-se já diamantes. Ficam sob a terra. Ali jazem. Como a verdade. Jazem.
    Recordo que a sua espádua branca atraía-me por demais. Seu pulso. Talvez fosse só fetiche! Ou mesmo seja ainda! Quero vê-la novamente. Beijar sua espádua. Recostar-me entre os seus seios. Inebriar-me com o castanho dos seus olhos. Mergulhar em paz. Na paz, sonhar. O sofá e dois seres sentimentais. Isso faz falta. Insisto em ver-me longe. É que não agüento ver uma realidade tão díspar. Quanto à minha visão, tudo se mostra sempre discrepante. Eu sou mesmo um arlequim existencial contratado para animar auditórios de cortes segregacionistas. Eu sou um pierrô. E talvez encontre riso em alguém...
    Louvo o sentimento cinematográfico dos dramas românticos. "A Culpa é das Estrelas" que o diga! Comprarei o livro. Já está vindo. Como pode alguém ser tão inclinado a isso? Como pode um ser ser tão ingênuo? Diga-me. Como pode? Quero estar lá. Quero conhecer o elenco e me certificar que são todos como são suas personagens. Quero! Sofro! Ó Deus, como sou criança ainda! Talvez, por isso, escreva. Talvez, por isso, doe tempo. Perca tempo. Estão todos empreendendo! Estão todos com os pés na realidade. Sou realista muitas vezes. Argumento racionalmente. Mas - como homem que sou - sou fraco. A fraqueza consome-me. Devora-me. Mergulho em enlevo e me embeveço olhando a avenida que penso ser a mesma da "película" dramática. Sou... Vivo... Deixo-me... Desfaleço... Cansei de esperar o real. Agora espero só acontecer o que Salvador Dali pintava. Rio de mim mesmo. E "mesmo" sempre rimará com "a esmo". Então deixe-me caminhar um pouco...

A História da Minha Vida - Fragmento 9 - Felipe Amaral

Fragmento 9


    Minha história é confusa. Assim mesmo! Porém não me surpreendo com minhas digressões. Sou divagante tanto quando escrevo, como quando falo com os meus amigos na praça central. Acho que a vida reservou-me esta aura de poeta confuso. E os dias vão-se à pressa... Quando olho fora, já avisto o raiar do sol. Pior momento esse. Queria ver a madrugada durar mais. É que, ao menos nos filmes, parece perpetuar-se. Vem o sol e a minha inspiração morre, dando lugar ao enfado que me leva a deitar-me.
    Sei que sou um observador inveterado. Não consigo não o ser. Fito tudo. Mais à noite, claro! As pessoas passam. A rua parece melhor. Há amigos vindo aonde paro. Estava pensando em uma bela estrofe. Deixa para lá! ...as conversas irão estender-se bastante. Quando iniciamos, não deixamos espaço para muitas reflexões silenciosas. Talvez até tenhamos medo do silêncio. Todos sempre têm muito a dizer. A brisa insta em trazer-nos ideias bobas. E a hora passa, escapando pela tangente... O riso fácil. Tudo continua bem. Então a rua anui toda a nossa boêmia disposição. Somos jovens alegres. Eufóricos sempre. Sempre viva, a ideia do infinito leva-nos ao êxtase. Pensamos viver para sempre. O sempre sempre está por perto. Sempre ali. Tola ideia. Jovem ideia. Hebetude ao sabor do vinho da fugacidade que se ilude pensando ser eterna.
    Às vezes, inquieto-me pensando que o futuro poderá tirar-nos o riso dos lábios e os sonhos do coração. O repouso da mente. Aí, tudo fica nebuloso. Temo e recorro a Deus. Não podemos perder o que nos faz sermos nós mesmos. O que nos faz melhores. O brilho...
    Fui ao comércio em uma Quinta pela manhã. Ou fora Sexta?! Não me lembro bem. Fato é que o humilhante momento da necessidade destrói-nos. Fui entregar uns currículos. Não vi muita atenção. Tentei me convencer que iria dar certo. Não deu. E aqui estou eu novamente a narrar a história da minha, agora, tão triste vida. Eis-me de novo a sonhar... Os sonhos são sempre tão suaves!... Doce é a oniricidade da quimera. Ó Deus, doce como o riso de quem, um dia, abriu-me o coração. Talvez sofra a falta de atenção que dispensara ao coração alheio...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A História da Minha Vida - Fragmento 8 - Felipe Amaral

Fragmento 8
 

    Quando penso nos olhos dela a fitarem-me em fins de tarde... Quando me pego a perguntar por que ela partira para tão distante... Quando escrevo... Mas ela não está mais ao lado meu. Os poemas não têm a mesma essência. E todos nós sofremos mesmo com a distância em algum momento da vida. Se uma garota que alimentava a minha atração, tempos atrás, fora embora, decerto alguém já partiu da sua vida também, querido (a) leitor (a). Estamos todos sujeitos a coisas parecidas. E deve ser por isso que tudo parece tão clichê. Cartas de amor. Canções preferidas. Buquês. Juras. A pureza esvai-se a cada frase dita. Tudo, o mesmo.
    Contudo, todos querem ver-se novamente tomados pelos sentimentos passionais. Aspiram a isso. Vivem por isso. Já parou para perguntar-se por que tanto esforço para crescer na vida? Tudo, o mesmo. Crescer pode fazer-te atraente. É isso! Por que tantas festas? Por que tantas roupas? Por que tamanha opulência? É o mundo resumindo-se à busca do enlevo passional. Mas, não se iluda, não é amor.
    Fui à casa de um conhecido, faz algum tempo. Havia garotas lindas lá. Para enamorar-se não precisaria fazer muito esforço. Mas atrair-se por pura estética é tão banal. Leviano. Fútil. Não que eu não preze a beleza. Ela me leva ao êxtase. Porém a vida não se resume só à busca do belo corpo, belo rosto, bela voz, bel-prazer... A vida é mais. Não sou purista ou coisa parecida. Também não sou nenhum abestalhado que fica querendo aconselhar todo o mundo. Não sou nada. Nem quero ser. Pouco importa! Não digo que se apegar só à beleza é trivial por querer ser "certinho". Digo-o porque essa busca é vã mesmo! Há só reflexos de perfeição. E a perfeição glorifica a Deus. Mas, agora, achar que tudo tem que estar disposto conforme está em filmes, é querer demais, buscar demais, atoleimar-se. "Acorda desse sonho americano!"
    É só com o pouco que vivemos. Só com o pouco. Pouco a pouco vai-se perdendo a vida. Tudo muda. Fica muda toda a jactância diante da passagem do tempo. As luzes apagam-se. Os holofotes. Não há mais cena. O proscênio fechou-se. Não há mais coxia. Os artistas adormeceram. Melhor é saber antes que ocorra.
    ... eu rindo diante da TV. A novela que vende o impossível. O roteiro?! Uma droga! Se fosse por estética, deveríamos só assistir a novelas durante toda a nossa efêmera vida. Tudo tão plastificado. A fábrica dos traços corpóreos perfeitos... Mas, não se iluda, ainda não se vê nada de amor.
    Ontem à noite falava sobre um livro que pegara na biblioteca de uma escola próxima à minha casa. Vinicius de Moraes. "Livro de Sonetos". E, de madrugada, a falta da realidade afligia-me a alma. Achei-me inebriado demais com aquelas belas rimas. Só rimas. Não realidade. Pressinto calafrios. E as estrelas sempre me aguardam lá fora. Talvez engulam meus mais novos sonhos.
... e logo eu que não gosto de chorar.