sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

A Mídia do Luxo e As Implicações da "Ostentação" - por R. Felipe Amaral


A Mídia do Luxo e As Implicações da "Ostentação"
por R. Felipe Amaral

Vemos que, nestes últimos tempos, o bem não tem triunfado "muito". As circunstâncias parecem só tenderem a um desenrolar catastrófico da vida. Imagine um jovem de classe baixa que, em outros tempos, poderia até, por motivos morais, afastar-se do tráfico de entorpecentes. Hoje o que ele vê o instiga a "entrar na vida" sem nem pensar em olhar pra trás. O luxo que ele vê o atrai. Na verdade, a mídia do luxo, muito mais do que o próprio luxo. Ele quer lutar contra (em algum lugar do corpo dele! Creio eu... Né possível que não, né?!), mas tudo coopera para o seu futuro marginal. As músicas que ouve (muitas das vezes, forçadamente) levam-no a pensar (e concluir verdadeiramente) que não "cresce quem estuda e batalha" de modo puro na vida, mas quem dá um jeitinho. Quem busca entrar no estrelato de uma alguma forma. Ele reflete sobre sua vida e só vê as meninas pelas quais sente atração (e quem não sentiria?!) passarem de carro com os "espertos" do mundão. Pode até ser que não se envolva com o tráfico, mas alguma outra merda o espera. Pode ser o "tráfico" anticultural, noscivo intelectualmente. Mas o que importa mesmo é "crescer"! Ele liga a TV e só "repara na" facilidade com que as pessoas levam a vida, nos programas veiculados: dão milhões para um lote de desinformados "se pegarem" numa casa monitorada por câmeras; dão milhares pra quem responde perguntas triviais em outro programa; alguém aparece num dos quadros mais assistidos pra falar de como vão bem as vendas do seu mais recente CD, "O Mela-Cueca é Massa!"... É tanta bosta que é veiculada, mas tanto dinheiro envolvido que ele se vê obrigado a contribuir. E, quem sabe, ele não será o novo "MC alguma coisa" do funk carioca... Ele dorme e sonha com o tanto de dinheiro que poderia vir a  ganhar com isso (à semelhança dos goianos com o dito "sertanejo universitário", que, "cá pra nós", não sei nem se, alguma vez na vida, frequentou o fundamental). A economia parece reger tudo em nós. Nossas emoções. Os filmes são caros. Os CD's também. DVD's musicais?! Nem pensar em comprar! E as roupas? Ele tem que gravar alguma coisa. Talvez esteja fazendo seus próprios filmes em poucos "cliques", se conseguir visualizações no Youtube Brasil (onde o povo só valoriza porcaria). Mas pra conseguir "views" ele tem que inventar um bordão bem "ruim", porém, ao mesmo tempo, bem "bom". Mas como é isso? Bem... As pessoas que inventam esses bordões nunca chegaram a pensar sobre isso: são "artistas" natos. De certo, quem filosofa muito, não chega a lugar nenhum. E "olha eu" aqui insistindo em não chegar! Bem... Continuando... Tudo é a economia e a gente querendo fazer poesia. Tudo é o "money" e a gente aqui querendo fazer arte de verdade. Quem olha a vida de cara limpa, vê sempre que, no tete a tete, a coisa é bem diferente do, já exaustivamente "batido" ditado, "estude pra ser alguém". Ligue a TV e veja o tamanho da mentira. Dão milhões - repito - para um dito MC que canta tanta porcaria que chegaria a exaurir meus ouvidos apenas com os seus trinta segundos iniciais (se MUITO eu me esforçasse para escutá-lo!). Não se iluda, a surpresa do mundo não tem nada de legítimo. A gente só se enganava quando era criança. E "fim de papo".

Da confusão da existência... por RF Amaral


Da confusão da existência...
por RF Amaral

Esses "qualia" a tornarem
A intenção uma incógnita;
A sensação que o inverno
Traz à mente saudosista;
O medo do inconformado
Não ser nunca compreendido;
As procuras irrequietas
Das almas desconsoladas;
O lazer que nada gera,
A não ser um riso bobo;
A desconstrução do caos
Em uma ilusão de ordem;
A mente que não abarca;
O corpo que não suporta;
A vida que quer morrer;
O prazer que é passageiro;
A lição não aprendida
Que traz penalização;
Tudo o que existe existindo
De forma que poderia
Deixar de existir no mundo;
Tudo de um jeito imperfeito
Caminhando pelo cosmos;
O lamento consistente
Diante do mal no mundo;
A logicidade ilógica
Do sofrer pra não sofrer;
O ser e não ser de tudo;
A boca da indecisão
A proferir teu destino;
O peito que não aguenta
Mais a turba de emoções;
O pensamento que perde
A sua finalidade
Diante da incursão
Das insistências de um bem
Que não parece fazer
Sentido frente à aflição;
Sonhos sendo abandonados;
Choros contidos perante
Levas de imposição;
Imposições desmedidas
Na vida em sociedade;
O pouco do lutador;
O muito dos roubadores;
A paz do lado contrário;
A mão que nunca se estende
A acodir o que chora;
Determinismo aparente;
Livre-arbítrio incomprovado;
Liberdade coagida;
Determinação liberta;
Vagas do mar de incertezas;
Ignorância de tudo;
Vazio significado
Dos dias cotidianos;
Dores mal esclarecidas;
Dores que transtornam mentes;
Mentes, antes tão seguras,
Que vacilam frente ao mal;
Mentes más estarrecidas
Pelo favore que encontrado;
A injustiça da vida;
A miséria da existência;
O vácuo existencial;
O não-haver da alegria
Genuína no existir;
A dissimulação da paz;
A hipocrisia da vida;
A morte da irrefutável
Ética existencial;
Moralidade que morre;
Essência que se perdeu;
Significância que afunda
No mar da ilogicidade;
O Criador soberano
Que silencia ante à dor;
Inconformismo que grita;
Explicação que não vem;
Natureza que sucumbe
Diante do mal natural;
Desastre que sobrevém
A um ente já sem força
Que tudo o que fez na vida
Foi agradecer por tudo,
Foi levantar ao caído,
Foi acodir a viúva,
Foi saciar o faminto,
Foi animar o cansado,
Foi cantar à natureza,
Foi buscar a sensatez;
Busca sem ter paradeiro;
Procura sem condição;
A impossibilidade
De abarcar o que se vê;
Vil impossibilidade
De conseguir progredir;
Mundo não-inteligível;
Dor que cega a natureza
Lógica do homem mortal,
Que cega a essência imortal,
Que cega o eterno bem,
Que afoga a paz desejada,
Que mata a Lei Natural;
Niilismo do viver;
Viver do nada encontrar;
A coragem sem valor;
A prudência sem sentido;
A ordem, vaga ilusão;
A canção, o entorpecente;
Tudo, plena vaidade;
Passageira diversão;
Felicidade fugaz;
Felicidade mentida;
Fingida felicidade;
Incapacidade lógica;
A mixórdia cerebral;
Mescla de fatos sem nexo;
Morte do riso infantil;
O não-haver do consolo;
O consolo, outra ilusão;
Nada tendo que existir
Como existe neste mundo;
Tudo podendo mudar,
Mas insistindo em sofrer;
Tudo podendo sorrir,
Mas insistindo em chorar;
Choque de indecisões;
Choque de imprecisões;
Imprecisão no vital;
Incerteza essencial;
Vaga vida, vago agir;
O "correr atrás do vento";
O buscar o imbuscável;
O desejo que é imposto;
O viver de ilusões;
O existir do absurdo;
O mundo é um absurdo
E a verdade é um mistério;
Não há mesmo absolutos;
Não há verdade abarcável;
Sou um ser paradoxal;
A vida é paradoxal;
Tenho certeza do incerto
Caráter da existência;
Tenho firme conciência
De que não sou consciente
De porcaria nenhuma;
Toda a minha condição
É de pequeno demais;
Vida de incapacidades;
Vida sem aptidão
Para entender os porquês;
Aptidões ilusórias;
Cérebros sem raciocínio;
Raciocínio irracional;
Pensamentos sem clareza;
Conclusões da não-razão;
Deduções inconsequentes;
Crescimentos para nada;
Estudo insuficiente;
Inteligência banal;
Lógica ineficaz;
Debates inconsistentes;
O amargor da existência;
Suicídios imbecis;
Existências sem sentido;
Viver, morrer: tudo vão;
A cabeça que não pode
Encontrar a solução;
A mente que quer agir,
Mas não encontra a razão;
O medo de ter coragem;
A coragem do indolente;
O valente ignorante;
O temeroso valente;
Ó Deus, que vida sem paz!
As inquietações diárias
Que geram expectativas;
Expectativas que não são
Nunca atendidas de fato;
A vida fora do prumo;
A incerteza que eu assumo;
O vão co'o que eu me acostumo;
E isso é só um resumo 
Da confusão da existência...