Falam
comigo como que por piedade. “Talvez isso alivie meu carma”. -
devem pensar. Estranho tudo. Ignoro o que estranho logo após. Sou
dado a rir em alguns momentos. Tudo dá a impressão de fazer-me
propenso. Estou inclinado. Vejo-me tomado. E as falas saem com
desenvoltura. Isso é que é ser tolerante com os – muitas vezes –
petulantes!
Sou
franzino. Meu porte não me levaria longe. Abraço o meu destino...
Mas já as escolhas não têm porte! Com imposições volitivas
teimo. Aí sim, irrito-me.
*
A
pessoa não tem paciência para assistir a um filme curta-metragem
inteiro, e ainda diz que o inconstante sou eu!... É hilário.
Repulsivo seria o termo ideal aqui.
Outro
“amola-me” com a mesma conversa sempre. Um avarento que pensa que
o mundo todo está errado (e está – não discordo – mas receio
que não quanto ao que ele pensa) Queria (ele) comprar algo de preço
irrisível. Teimou. Não quis pagar o valor. Não vendo o comerciante
mudar de idéia quanto ao preço, decidiu – furiosamente – não
comprar. E o culpou o restante do mês. “Miserável! Dois reais eu
não pago!” - alugou meus, já tão calejados, uma noite dessas.
*
Irrito-me
com pessoas que tentam me desacreditar. Desencorajar-me. Se digo que
estou planejando algo, discordam que tal seja promissor.
Meu
único alívio: o vento passa trazendo repouso. O vento. Leve brisa.
O som soproso da boca de Éolo.
Devo
sempre me conter. Parar e contar até cinco. Ou dez! Não penso
sempre. Não paro sempre. Não sou de conter-me sempre. Então,
danem-se!
Não
tenho o progresso que ditam por aí. Sou só um perdedor sarcástico
para muitos. Mas continuo a rir.
*
Como
pode alguém não ser reconhecido do tanto que sou (não
reconhecido!)? O tanto que já escrevi... Formações acadêmicas não
duram tanto. Cursos passam. Eu já deveria ter-me formado. Não em
áreas por aí. Na verdade, já me formei nas áreas em que me
esforço ainda (só não “oficialmente”. Mas o que é ser ou não
ser oficial quando se trata de arte?). Sou lapidado. O que não tenho
é remuneração. Ninguém me paga. Ninguém. Filhos de Mamom não
sempre assim. O bolso deles cheio, não importa o que se diga, não
importa o quanto (o outro!) sofra, não importa. Portas fechadas. Eu
sofro problemática tal por não querer que me humilhem.
*
Começaria
a ser pesado aos demais se começasse a pedir (nem cobrar!) minha
remuneração. Sentiria vergonha de mim mesmo. Envergonhar-me-iam.
Não poderia suportar. Queria que “se tocassem”. Resmungam.
O
não importar para algumas pessoas é uma pecha que tenho que
carregar por toda a minha vida. E, ainda que fosse importante para as
tais, creio que não seria realidade, só dissimulação. A verdade
não precisa ser motivada por esse tipo de grau de importância (as
pessoas não precisariam amar “de verdade” só diante do ouro!).
Mas, não sendo nada, posso repetir isso até endoidar. Nada...
*
Você
se inscreve para fazer vestibular de Artes Plásticas (não que eu o
tenha feito! é só ilustração) e tem que lidar, na prova, com
regras avançadas de Língua Portuguesa. Isso só pode estar errado.
No Brasil, as pessoas encarregadas do ensino vivem dopadas. É tanta
falta de nexo, da Didática do professorado à “prática” (vai
sonhando...) do alunado, que eu chego a arrancar os cabelos da
cabeça. Mas eu “é” que sou o louco da história. A grade
curricular é uma verdadeira bagunça ( e torturante também), e eu
“é” que sou o sem-juízo. Brincadeira! Só pode ser brincadeira
um negócio desses!
*
Quando
converso com algumas pessoas, na praça ou noutro lugar, percebo –
às vezes – um interesse até sincero, mas, é só mencionar a
minha não-remuneração, para a coisa mudar de quadro. Talvez as
notas de cem “é” que devessem falar. Não vêem que é justo por
isso que eu não sou remunerado?!! Os pagos de outras áreas não se
importam com o relevante. Estão mais interessados em beber, fumar e
fornicar. Ostentar. Coisas afins. Decerto, a intenção que os move é
a autopromoção. Parecem humildes; não o são. E continuo sendo o
prescindível pequeno revoltado.
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