segunda-feira, 18 de abril de 2016

Juris Et De Jure - por Felipe Amaral



Juris Et De Jure
A Epopeia Filosófica
por Felipe Amaral

Porque nós somos julgados?
Somos todos condenados?
Somos todos inocentes?
Com base em que precedentes,
Faz-se a avaliação?
Qual a fundamentação
Da lei que rege o indivíduo?
Haveria um só resíduo
De matéria que escapasse
Do determinante impasse
Das minúsculas partículas -
Aquelas, as mais ridículas -
Que se movem no Éter quântico,
Causando o estado semântico
Deste todo que é formado
Pelo seu aglomerado?
Onde estaria a justiça?
Não seria a lei postiça,
Como é toda opinião?
Qual é de fato a razão
Para a sua validade?
Onde estaria a verdade?
Existe um absoluto?
E por que ainda discuto
Sobre uma norma adotada?
Pelo que ela é sustentada?
Onde está o inamovível?
É de fato admissível
Acreditar que este mundo
Tenha um sentido profundo
Que, por sua vez, oferte
Sustentação que liberte
A mente da incerteza?
Não há ganho nem despesa;
Nem lucro nem prejuízo;
Nem loucura nem bom siso;
Nem bondade nem maldade;
Humildade nem vaidade;
Nem agressão nem carinho;
Polidez nem desalinho;
Nem instrução nem burrice;
Genialidade ou tolice;
Nem malogro nem sucesso;
Retrocesso nem progresso;
Mas, muito pelo contrário,
Parece que o ideário
Do Cosmos é amoral,
Anomista em seu total,
Voltado à neutralidade,
Nem mentira nem verdade
Ante tudo, alegalista,
Indiferente, aformista,
Nem mau, nem bem, nem aquém,
Nem além do que ou quem,
Mas num Terceiro Valor
Avalorável, sem pôr
Qualquer superioridade
Na condição que lhe agrade
Estar sem nenhuma agrado.
Bem, eis o complicado
Problema que se arquiteta:
Fato é que fica incompleta
Ainda assim a resposta!
Haveria outra proposta,
Advinda do paradoxo
Nem “orto” ou heterodoxo
Que “bem” pode se erigir.
Possa eu, então, permitir
Que esta Quarta via venha,
Visto que ela desempenha
Papel também importante
Na solução de impactante
Questão de cunho moral.
Não há nem bem e nem mal,
Existindo a neutra escolha,
A não ser que se recolha
Ao Valor Paradoxal.
Sendo assim, a usual
Fronteira da consciência
Rompe co'a ambivalência,
Ao dar-se a este quadrívio,
Entretanto sem o alívio
De sanar toda a questão.
Tornando a inquirição
Reflexiva inicial,
O que há de ser Natural
Para a matéria impensante?
Veja como interessante
É a dada indagação.
Parece que a solução
Jamais far-se-á feliz,
Pois que tudo o que se diz
Faz-se sujeito à incerteza.
Não existe fortaleza
Na qual possa resguardar
A Doutrina e continuar
Sem a dura intervenção
Imparcial da razão
Que tudo aqui esquadrinha,
Sonda, perscruta e encaminha
Ao escrutínio da lógica,
Mas sendo a metodológica
Forma da qual se apropria
Sujeita à'essa mesma via,
Tendo-se que uma atitude
Como a tal não tem virtude
Nem sofre de falta dela.
Caso é que se desmantela
A própria motivação
Em se levar levar à razão
As questões cá levantadas.
“Certo é” que as premissas dadas
Solapam todo o sistema,
restando ainda o problema
Sem nenhuma solução,
Mas uma proposição
Também não resolveria
A questão, pois alçaria
Tudo a um caso de fé.
O dado conflito é
Neste mundo irresoluto.
Não tiramos nenhuma fruto
Das reflexões que fazemos.
Tudo aquilo que nós temos
É um vaguear contante
Na dúvida excruciante.
Não adianta tentar
Desejar solucionar.
Daqui irei prosseguir
(Possa eu algo discernir!)
Apresentando as “razões”
Do por que as indagações
Perdem-se num Limbo Vão.
Bem, na minha opinião,
O que se dá com o homem
É que as falhas o consomem
E a imperfeição o atola.
Na fraqueza ele se isola
E não consegue pensar.
Pode sim raciocinar,
Mas não consegue, de fato,
Chegar ao lugar exato
Que tanto almeja chegar
Por não poder se encontrar
Transcendendo o que o rodeia.
Sua mente fica cheia
De ideias que só provêm
Deste Sistema e convém
Que ele esteja acima delas,
Entretanto, ele, sem elas,
Penso que não poderia
Expressar-se nesta via,
Por que, ainda que o fizesse
E algum ouvinte tivesse,
Não se faria entendido,
Já que o Todo do sentido
Do que se fala parece
Ver-se atado, e permanece,
A este mundo humanal.
Alguém veria, afinal,
Aqui no meu postulado
Algo de muito inclinado
À ideia simples de Deus.
O caso é que traço os meus
Pensamentos sem me ater
A essa ideia, mas ver
A mesma é coisa usual,
Quando chego no meu final.
É que parece existir,
Pra que o nosso discernir
Seja perfeito em essência,
Uma total dependência
De Deus, mesmo a contragosto.
Tudo isso que foi proposto
E o que há de ser neste escrito
Não vem pra causar conflito
Ético ou religioso.
Sempre quis galgar o gozo
Da certeza racional
E é este o meu ideal
Em todo este caminhar.
Possa o leitor aspirar
A mesma coisa que eu
E ver que, apesar do meu
Estado fraco de humano,
Só quero expor neste plano
Uma tese imparcial.
Mas, deixando a habitual
Mania triste e humana
De “justificar-se” e a insana
E pobre idiossincrasia
Da humildade, eu queria
Seguir sem interrupções.
Bem, minhas proposições
São postas em termos tais,
Queiram ou não meus rivais,
E assim hei de apresentar
Meu raciocínio e lançar
As bases pra entendimento
Destituído do intento
Antitranscendentalista
Que impera em dias recentes.
Caso é que, se se quiser
Dar fluência ao que vier
À mente, co'a intenção
De revelar-se a razão
De existir do que é moral,
Tem-se que ver o geral
De um grande corpo de teses
E não olhar com asceses,
De crente ou materialista,
O problema tal que exista
No campo em que se labuta,
Buscando vencer a luta.
Tudo bem, alguém bem pode
Dizer, pra que me incomode,
Que eu também sou parcial,
Dado o grau intelectual
Do meu cabedal de ideias.
Ao que eu, diante das plateias,
Diria que não sou Deus
E os conhecimentos meus
Não são a totalidade
(Coisa essa que é a verdade
Relacionada a qualquer
Ser humano que houver
No vasto mundo do estudo).
Ninguém vai saber de tudo,
Mas, mesmo com esse tanto
Que sabe, esse ser, no entanto,
Pode apresentar problemas
Que deixarão em dilemas
Os de agora e os de outrora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário