Sonetos
Filosóficos II – Blocos de Causas
por
Felipe Amaral
1
Mesmo
um simples defeito numa peça
De
uma máquina gera, na verdade,
Sofrimento
e cruel contrariedade,
Que
o conserto requer paciência à beça.
O
que gera o defeito, quando é essa
Uma
peça de tal facilidade
Em
lidar-se na funcionalidade
Do
sistema, que é'o que nos interessa?
Fora
o material ou o ambiente
Responsáveis
pelo inconveniente
Do
defeito se dar aqui e agora?
Ou
será que a vil culpa só recai
Sobre
o agente que a fez e, assim, atrai
Nosso
olhar para o mesmo nesta hora?
2
Mas
se dado vivente montou tudo
Como
manda a ciência da montagem?
Talvez
seja o fator da armazenagem
Ou
transporte o motivo atroz e agudo...
Bem.
O caso é complexo, pois o estudo
Requer
mais que uma simples abordagem.
Que
até átomos entram na triagem
Do
que seja importante ao conteúdo.
Medições,
medições e experimentos
São
precisos, mas há casos, momentos
Em
que a peça se expõe a outro clima.
Qual
fator é primário neste bloco
De
fatores que aqui exponho ao foco
Da
questão, que é vital que assim se exprima?
3
Veja
bem que um defeito gera em nós
Muita
perda de tempo, irritação,
Muito
gasto e, ademais, inquirição
Racional
que nos pinta um quadro atroz.
Talvez
antes de termos a feroz
Desmontagem
e a cáustica missão
Do
conserto, não déssemos à mão
Ao
fluir em conflitos de alta voz.
Brigas
sérias, questões insipientes,
Odiosas
visões, iras presentes
Advindas
de um ânimo abalado.
Tudo
gera vis predisposições
A
motins, desbocando em conclusões
De
que tudo no mundo é vão e errado.
4
Mas
pergunto: Você não acha injusto
Esse
bloco de causas que nos priva
Do
descanso contínuo d'alma viva
Que
só quer repousar num Céu Augusto?
Circunstâncias
que geram dor e susto.
Fatos
maus que nos levam à cativa
Emoção
que nos prende e que motiva
Discussões
que só dão num mal robusto.
Como
presos no mundo nós estamos.
Às
revéis circunstâncias nos doamos,
Mesmo
contra a vontade, por vivermos.
Isso
tudo resume-se em motivos:
Não
podemos morrer e estarmos vivos
E
somente vivemos nestes termos.
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