quarta-feira, 16 de março de 2016

Sonetos Filosóficos II – Blocos de Causas por Felipe Amaral


Sonetos Filosóficos II – Blocos de Causas
por Felipe Amaral
1
Mesmo um simples defeito numa peça
De uma máquina gera, na verdade,
Sofrimento e cruel contrariedade,
Que o conserto requer paciência à beça.

O que gera o defeito, quando é essa
Uma peça de tal facilidade
Em lidar-se na funcionalidade
Do sistema, que é'o que nos interessa?

Fora o material ou o ambiente
Responsáveis pelo inconveniente
Do defeito se dar aqui e agora?

Ou será que a vil culpa só recai
Sobre o agente que a fez e, assim, atrai
Nosso olhar para o mesmo nesta hora?
2
Mas se dado vivente montou tudo
Como manda a ciência da montagem?
Talvez seja o fator da armazenagem
Ou transporte o motivo atroz e agudo...

Bem. O caso é complexo, pois o estudo
Requer mais que uma simples abordagem.
Que até átomos entram na triagem
Do que seja importante ao conteúdo.

Medições, medições e experimentos
São precisos, mas há casos, momentos
Em que a peça se expõe a outro clima.

Qual fator é primário neste bloco
De fatores que aqui exponho ao foco
Da questão, que é vital que assim se exprima?
3
Veja bem que um defeito gera em nós
Muita perda de tempo, irritação,
Muito gasto e, ademais, inquirição
Racional que nos pinta um quadro atroz.

Talvez antes de termos a feroz
Desmontagem e a cáustica missão
Do conserto, não déssemos à mão
Ao fluir em conflitos de alta voz.

Brigas sérias, questões insipientes,
Odiosas visões, iras presentes
Advindas de um ânimo abalado.

Tudo gera vis predisposições
A motins, desbocando em conclusões
De que tudo no mundo é vão e errado.
4
Mas pergunto: Você não acha injusto
Esse bloco de causas que nos priva
Do descanso contínuo d'alma viva
Que só quer repousar num Céu Augusto?

Circunstâncias que geram dor e susto.
Fatos maus que nos levam à cativa
Emoção que nos prende e que motiva
Discussões que só dão num mal robusto.

Como presos no mundo nós estamos.
Às revéis circunstâncias nos doamos,
Mesmo contra a vontade, por vivermos.

Isso tudo resume-se em motivos:
Não podemos morrer e estarmos vivos
E somente vivemos nestes termos.

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