sexta-feira, 11 de março de 2016

Minhas Crônicas - As máquinas escritoras e o funk da lambisgóia - por Felipe Amaral



Minhas Crônicas

As máquinas escritoras e o funk da lambisgóia
por Felipe Amaral


Espera aí! Quando você fala de Reallity Show não vem à cabeça a ideia de falta do que fazer? Tá bom. Eu sei que nem todos são assim tão ruins. Recentemente andei resolvendo reler o livro primeiro de Cruz e Sousa (refiro-me a Broquéis, o primeiro de poesia. O de prosa poética é Missal)... É. Fiquei naquilo de resolver mesmo. Não sei o que aconteceu comigo nestes últimos tempos, mas comecei a pensar que o que me estragou muito como escritor foi minha “pira” de querer rimar tudo. Nem ando mais lendo tantos poemas metrificados como antes. Acho que esta literatura prosaica que sigo lendo “desestragou-me”. Até que enfim! Ufa! A métrica estava tão arraigada na minha mente, que, só era eu começar a escrever qualquer troço, a danada vinha, e com rima pra acabar de lascar o troço todo. Larguei de mão. Hoje eu só quero falar das atualidades que passarem pela minha mente mesmo, e “vá lá!”. Minha alma “ainda se banha” de eu querer escrever ainda alguma coisa, depois de tanta falta de ideia, de tanto travamento, de tanto “bug”... De tanta “miséra”. Ô “miséra”!... De tanta! De tanta “mêrmo”. Quase deu uma agora! Mas tenho muito a falar pra ficar assim tão “ensimesmado em mim mesmo” desta maneira. Disseram que o Lula acabou de perder os tentáculos, um dia desses. E, se eles não forem como dentes de leite, vai ficar ruim pro molusco aí. Eu, na verdade, não sou de “não falar muito”, quando eu falo, eu só quero falar demais. Escrever, nem tanto. Tento, mas não consigo. É começar, já quero parar. Dá desgosto. Hoje peguei-me pensando no quanto de informação passa pela mente do ser humano (ainda que a maioria seja irrelevante). Mas é muita informação, colega! É demais! Não sei por que o ser humano não vira um gênio quando completa de vinte e cinco pra trinta anos. Já viu tanta coisa. Já viveu tanto. Deveria ser assim. Colocar-se-ia uma folha de frente dum bexiguento desses e o cara só sairia daqui a outros vinte e cinco ou trinta de tanto que teria pra escrever. Mas não é nada assim. A maioria mal sabe assinar o nome. Claro que o problema resolver-se-ia com um amanuense. Um copista, vai! O cara contava a vida e outro escreveria. Ou mesmo um gravador registraria pra depois escreverem. O que trava o ser humano, na verdade, é mesmo a falta de estilo. Sempre se quer escrever bonito. Mas, será que no meio do feio mesmo não se acharia frases de efeito daquelas que os da “Religião PNL” estão sempre à procura pra colocarem em seus novos livros de autoajuda? Será? Fato é que perdemos muito em não registrarmos a vida “que vivemos”. Já pensou, você com seu livro de memórias encadernado em capa grossa? Seríamos todos “imortais”. A ABL não provocaria inveja em ninguém. Todos escritores. Mas falta-nos estilo. E não há copistas estilosos o bastante para o registro do todo gravado. Digo, não há bastantes copistas. Copistas estilosos, aí é que não há mesmo. Já nos serviriam os pouco estilosos (os nada, também não, né?!). Ponham máquinas para escrever. Ensinem-nas a técnica de Machado. Façam-nas imitar Veríssimo. Aí teremos escritores o bastante: “Fernandos Sabinos”! Mas penso que isso só iria ser alguma coisa para mim mesmo. Já ouviram o novo funk da lambisgóia? É. Estamos ferrados mesmo!

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