Minhas
Crônicas
As
máquinas escritoras e o funk da lambisgóia
por
Felipe Amaral
Espera
aí! Quando você fala de Reallity Show não vem à cabeça a ideia
de falta do que fazer? Tá bom. Eu sei que nem todos são assim tão
ruins. Recentemente andei resolvendo reler o livro primeiro de Cruz e
Sousa (refiro-me a Broquéis, o primeiro de poesia. O de prosa
poética é Missal)... É. Fiquei naquilo de resolver mesmo. Não sei
o que aconteceu comigo nestes últimos tempos, mas comecei a pensar
que o que me estragou muito como escritor foi minha “pira” de
querer rimar tudo. Nem ando mais lendo tantos poemas metrificados
como antes. Acho que esta literatura prosaica que sigo lendo
“desestragou-me”. Até que enfim! Ufa! A métrica estava tão
arraigada na minha mente, que, só era eu começar a escrever
qualquer troço, a danada vinha, e com rima pra acabar de lascar o
troço todo. Larguei de mão. Hoje eu só quero falar das atualidades
que passarem pela minha mente mesmo, e “vá lá!”. Minha alma
“ainda se banha” de eu querer escrever ainda alguma coisa, depois
de tanta falta de ideia, de tanto travamento, de tanto “bug”...
De tanta “miséra”. Ô “miséra”!... De tanta! De tanta
“mêrmo”. Quase deu uma agora! Mas tenho muito a falar pra ficar
assim tão “ensimesmado em mim mesmo” desta maneira. Disseram que
o Lula acabou de perder os tentáculos, um dia desses. E, se eles não
forem como dentes de leite, vai ficar ruim pro molusco aí. Eu, na
verdade, não sou de “não falar muito”, quando eu falo, eu só
quero falar demais. Escrever, nem tanto. Tento, mas não consigo. É
começar, já quero parar. Dá desgosto. Hoje peguei-me pensando no
quanto de informação passa pela mente do ser humano (ainda que a
maioria seja irrelevante). Mas é muita informação, colega! É
demais! Não sei por que o ser humano não vira um gênio quando
completa de vinte e cinco pra trinta anos. Já viu tanta coisa. Já
viveu tanto. Deveria ser assim. Colocar-se-ia uma folha de frente dum
bexiguento desses e o cara só sairia daqui a outros vinte e cinco ou
trinta de tanto que teria pra escrever. Mas não é nada assim. A
maioria mal sabe assinar o nome. Claro que o problema resolver-se-ia
com um amanuense. Um copista, vai! O cara contava a vida e outro
escreveria. Ou mesmo um gravador registraria pra depois escreverem. O
que trava o ser humano, na verdade, é mesmo a falta de estilo.
Sempre se quer escrever bonito. Mas, será que no meio do feio mesmo
não se acharia frases de efeito daquelas que os da “Religião PNL”
estão sempre à procura pra colocarem em seus novos livros de
autoajuda? Será? Fato é que perdemos muito em não registrarmos a
vida “que vivemos”. Já pensou, você com seu livro de memórias
encadernado em capa grossa? Seríamos todos “imortais”. A ABL não
provocaria inveja em ninguém. Todos escritores. Mas falta-nos
estilo. E não há copistas estilosos o bastante para o registro do
todo gravado. Digo, não há bastantes copistas. Copistas estilosos,
aí é que não há mesmo. Já nos serviriam os pouco estilosos (os
nada, também não, né?!). Ponham máquinas para escrever.
Ensinem-nas a técnica de Machado. Façam-nas imitar Veríssimo. Aí
teremos escritores o bastante: “Fernandos Sabinos”! Mas penso que
isso só iria ser alguma coisa para mim mesmo. Já ouviram o novo
funk da lambisgóia? É. Estamos ferrados mesmo!
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