Minhas
Crônicas
Tudo
o fazemos...
por
Felipe Amaral
Tudo
o que a gente faz é vão. A gente é que pensa ser útil. Quando me
pego a escrever ou quando leio por horas a fio, vejo que o mundo lá
fora não se interessa por essas coisas. Não importa como você
ganhe dinheiro: ganhe! Você é o que você consegue. Se, como um
suposto rei sem trono, você se mantém, pode não aguentar o
desprezo no olhar de cada pessoa que passa. Uma ilusão é pensar que
a inteligência (conhecimento, conexões cerebrais) alcançada nessas
horas lendo irão redimir cada passo seu. Não se iluda! A vida é
muito curta para se viver de ilusão. O povo quer ver dinheiro. Quer
ver fama. Status. Não pense no melhor, quando o melhor para os
demais (dominantes) é só uma conta gorda no banco. O quadro que a
gente pinta da vida é constantemente manchado pelos comentários dos
outros. Mesmo eu dizendo a mim, todos os dias, para não dar bola
para tudo o que se diz de mim, não consigo suportar. Uma hora ou
outra, acabo caindo no mesmo erro de dar atenção aos robôs do
sistema. Mas alguém poderia me questionar quanto a essa expressão
“robôs do sistema”. Poderia exclamar: “Temos que nos sustentar
de alguma forma! Assim nos mantemos vivos! Talvez alguém te tenha
mantido vivo até agora, sendo isso que você acabou de falar”.
Bem. Eu sei que a vida é dura. Estou escrevendo e, muitas vezes, não
atino para isso. Mas não posso simplesmente negar o que faço há
anos e dizer “pare tudo!”. Posso até morrer pela causa. Talvez.
Não penso que, ao fim, tudo irá dar errado. Sou cheio de defeitos.
E o mundo aí também. Na verdade, nem sei por que o mundo questiona
tanto meu jeito de encarar a vida se ele nem sabe mesmo o que é
certo ou errado. Todos deveriam se manter em silêncio. Mas esse é o
erro do mundo: falar. Rebaixam-me, mas eu continuo firme, seguindo. E
o meu objetivo é nobre, apesar de eu não o ser (financeiramente)
como exigem todos. Uma tia minha chamou-me de louco (meio que
indiretamente). Disse que eu precisava me tratar. Um psiquiatra
poderia me receitar algumas doses de “conforme-se ao sistema!”,
sabe? Isso é o que todos dizem. Todos querem crescer em áreas
diferentes, mas acabam por fazer sempre as mesmas coisas. Tudo bem.
Há uns que querem mesmo fazer o estão fazendo. Outros se amoldam
bem à ditadura. Claro que eu sempre penso que, no fim, o que querem
de fato é fazerem o que estão fazendo, visto que não se dão valor
o suficiente. Mas eu sei também que isso de não se darem valor pode
soar contraditório. Visto que esse povo todo vive de querer me dizer
o que devo fazer para crescer na vida. É que são incongruentes
mesmo! Eles não podem admitir “é” que estejam sós nessa de se
viver a vida como um robô. Se você é rebelde, eles te xingam.
Vociferam. Deblateram. Não podem se conter diante do diferente. Eles
querem te matar, se possível. Mas acabam por se conter de modo
relutante, pois isso de matar seria incivilizado demais, mesmo para
eles. Então estou eu aqui, seguindo minha vida. Não sei bem de
nada, porém permaneço caminhando. Já faz bastante tempo que eu
sigo por essa via. Não quero mudar. Estudo todos os dias. Leio mais
do que aqueles que me criticam. Reflito sobre tudo. Dou asas à
imaginação. Não sou um inútil que pensa que é útil. Paradoxal?
Oximórico? Veja bem. Apesar de o começo deste texto começar
dizendo que nada que fazemos é proveitoso, não quer dizer que não
o quereremos fazê-lo. Acho que o fazendo permaneço no páreo. Parar
é “jogar a toalha”. Na verdade, tudo, no fim, é vaidade, então
por que me criticam ainda? Ora bolas!
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