Minhas
Crônicas
Criando
na falta de criatividade
por
Felipe Amaral
Não sei o
que acontece com a nossa mente nestes dias modernos. Tanta
informação, mas cada vez menos criatividade. A gente se perde na
crise econômica sem lembrar nem por que veio a se perder. O futebol
é recorrente. Não consome tanto a mente como falar sobre acordos
gramaticais e equações ainda não resolvidas à espera de outro
aspirante ao prêmio Field (nem sei se se escreve assim!). Eu mesmo,
leio cem páginas por dia, mas, quando me dou à escrita, o que sai
são estas palavras pífias. Pífias como as argumentações da
última semana dos advogados de defesa de algum acusado na Operação
Lava-Jato (acho que, só antigamente, escrevia-se com hífen. Maldito
“desacordo ortográfico!”). Não sei mais o “quem é quem” da
política nem discernir mais a qualidade do leite de caixa comprado
no mini-supermercado ao lado de casa (acho que estão colocando água
em todos). Não se pode mais dar opinião direito. A mídia está
aberta demais. Sei lá. Entrei em parafuso. Às vezes, penso que a
incapacidade de discordar, ou de permitir a gritaria incivilizada, de
hoje está fazendo com que todos vivam de forma concorde demais. Mas
não que isso traga algum tipo de paz verdadeira. As pessoas, por
dentro, continuam deblaterando. Dá pra notar isso na forma como se
contêm forçosamente, depois de alguma escapadela. Têm vezes que só
queremos é meter a mão na cara de alguém mesmo. Comigo mesmo
acontece de querer pôr fogo no Congresso (ainda que insistam que é
lá que nós temos voz – indiretamente – contra os desmandos do
executivo. Coisa que me irrita ainda mais, pois sei que isso, este
lembrete, é, nada mais nada menos, que um rebento desse espírito
de concordância forçada que nos foi e é imposto)... Eu quero pôr
fogo no Congresso e pronto! Opa! Desculpem! Escapou. Deve ser meu
“alter ego”. Percebi quando escrevi agora a expressão (ou
deveria ser palavra?! Junto ou separado?) “alter ego” que estou
enferrujado demais. Há muito não me dou às laudas brancas,
tentando expressar-me assim, com ideias desconexas e loucas como os
subterfúgios do Maluf, quando o inquirem acerca de paraísos
fiscais. Eu queria ser normal como todo o mundo, mas escolhi ser eu
mesmo. Refrigeração não é minha área. Fui obrigado pelas
circunstâncias a fazer, mas ainda resisto de pé, tendo sempre o
menosprezo das opiniões dos populares aos meus ouvidos. Mas a gente
não pode discordar de nada fervorosamente hoje. Como eu disse e
torno a dizer, o mundo hodierno impele-nos a concordar toda hora. A
polidez rende-nos. Mas você poderia dizer que isso é uma grande
mentira, pois que, no mundo atual, temos o usufruto da abertura total
para tal. É verdade e não é ao mesmo tempo e no mesmo sentido
(abaixo a Lei da Não-contradição!). O caso é que suspeito que,
até quando discordamos concordamos. Não somos legítimos. Parece
uma peça encenada por atores pagos por um grande estereotipador
mundial. E é aqui que me permito entrar na pauta da tão falada por
poucos Conspiração Global. Calma! Não me ateria muito a isso. É
tanto texto pra ler, que eu chego a ficar com sono só de pensar (e
vou ver se uso isso como artifício para ir dormir mais cedo). Fato é
que pode até não ser conspiratório nada aqui (coisa que eu duvido
muito também!), mas que, muitas vezes, parece que estamos num palco
repetindo falas escritas por sei lá quem, ah isso parece! Mas,
deixando isso pra lá, a bolsa de valores está fechando tão em
baixa ultimamente , que eu penso que, daqui a pouco, até os figurões
vão desistir do papel-título (e do papel-moeda também!) e vão
tornar à velha permuta dos tempos imemoriais do comércio. Disney
deixou de ser atração há muito. Orlando mudou-se pra o bairro da
Caixa D'água. E Ohio (ou seria “O Raio”?) não mais continua
“não caindo” no mesmo lugar. Os presidentes estão de cabelo em
pé. Penso que tudo é culpa do Grande Irmão mesmo. O George estava
certo sim. Também, poderia não estar certo alguém que se voltasse
atenciosamente para data tão auspiciosa como a data de 1984? Ventos
de criatividade aqueles que trouxeram à luz este poeta que vos fala!
Mas é tanta coisa pra falar... Ou melhor, escrever, que eu chego a
me perder em discursos que nem deveria ter começado. Muitas vezes,
viso uma lauda e acabo por estender-me por, nada mais nada menos, que
duas! Que grande criatividade! Obrigado pelos risos. Vou ali “no”
banheiro e já volto.
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