Crônicas
Minhas
A
Crônica de uma Coruja
por
Felipe Amaral
Não
sabia bem por que vivera assim tanto tempo sem se dar conta que era
humano, mas em corpo de coruja. Sobrevoou o mercado e pensou em ir às
compras. Mas, aí, deu-se de novo que era uma ave e que aves não
costumavam fazer compras em mercados. No máximo, em florestas
fechadas! Sua passada encarnação talvez tivesse lhe sido mais
confortável. Lembrar ser humano e achar-se em corpo de ave não era
algo muito salutar para o seu ego. Queria se libertar desse pesadelo,
mas não achava oportunidade para tal. Nem jeito, diga-se de
passagem! Olhou para baixo e viu as pessoas passando. Pensou que era
uma delas. Indo à escola ou ao trabalho: coisas frívolas da vida
terrena dos seres humanos. Tornou à sua condição de coruja
mentalmente outra vez e lamentou ter tido só um leve lapso de
momento. Queria falar, não dava. Queria fazer coisas que humanos
fazem, mas nada lhe era possibilitado. Uma prisão. Merecera? Ninguém
saberia explicar-lhe tal. Respostas não havia. Havia uma condição
insólita e fim. Daqui a pouco iria começar a chover. Voara para se
abrigar debaixo das árvores frondosas que ainda escapavam aos cortes
contínuos perpetrados por homens maus na cidade grande. Quando
chegou ao lugar desejado, acordou. Era mais um daqueles sonhos de
coruja mesmo e só. Ainda continuava uma coruja...
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