Sonetos
Polimétricos
por
Felipe Amaral
1
Olhar
para as fúlgidas estrelas no ar.
Ver
o cosmos por olhos de diamante transparente.
Naufragar
no mar das palavras e não tornar
À
casa onde vivi como mísero indigente.
Capaz
de dialogar com um mundo corpuscular.
Tragar
o vento que corre nas veias da vertente
Dos
mares urbanos da urbe à beira-mar.
Um
boêmio a cantar sua balada plangente.
Zeloso
das ideias aurorais que me sobejam,
Desprender-me
das realidades que me almejam
Sobre
o chão sepulcral da necrópole fria.
Vencer
a limitação que me prende a alma.
Elucidar
as dúvidas vis que me tiram a calma.
E
mergulhar na eternidade da filosofia.
2
Quero
ver-me em explosiva inspiração.
Acionar
o gatilho mental do infindo.
Brincar
com as palavras da lépida canção
E
achar um Novo Mundo novo e lindo.
Deitar
sobre o colchão de estrelas da constelação
Que
me brinda com a janela, sobrevindo
A
mim “descabida” e colossal insuflação
Que
me leve a conceber o Todo se exaurindo.
Que
se esgote todo o léxico gigantesco
Que
abriga de ideias aquele mais dantesco
Monstro
draconiano que a mitologia imaginou.
Que
se esgote o mar. Sequem fontes eternais.
Que
eu cante tudo o que houver em madrigais
Que
se estendam por céus que o ser jamais perscrutou.
3
Dançar
sobre a lauda e golpear o vento,
Obtendo
dele os termos certos que preciso.
Buscar
e sempre achar a todo momento
O
que procuro entre tudo o que diviso.
Meu
barco que navega e voa lento
Pelo
céu de azul do mar vasto que eternizo
Nas
frases que da pena saco no alumbramento
Que
me chega à mente quando o mentalizo.
Clamor
ouvido e golpes de certeza alva e vestal
Que
alcança os ares mais etéreos da caudal
Da
perpetuidade nunca antes descritível.
Minha
pena a ganhar os céus em cintilância.
O
mistério da acuidade sacra da fragrância.
E
o doce arfar da infinitude inatingível.
4
O
inexcrutável sendo descortinado
Pela
mão da mente audaz que o reverencia.
A
boca a descrever o não denominado
Nome
do “sem-fim” que vislumbra a astronomia.
As
galáxias na palma de minha mão, ao lado
De
grãos de areia que a brisa distancia.
O
segredo desvendado, o arcano em brado
De
lábio deblaterante que tudo contagia.
Nada
enorme demais para ser descrito.
Nada
tão grande que não possa ser proscrito
Para
a terra do mundo subatômico.
Leito
em que descansa a suprema inteligência.
Conhecimento
infindo que a experiência
Galgou
após um vivenciar randômico.
5
Lápide
que demarca a terra da jazente
Finitude
da mente de um louco racional.
Epitáfio
que registra docemente
A
morte do findo que prendia a luz mental.
Tudo
sendo posto, em realce, bem à frente
Dos
olhos que fitam o infinitesimal.
Poema
que narra a luta de um ser valente
Contra
o limite que o chão lhe impôs por ser mortal.
Enfim,
o prêmio galardoado pelos céus
Para
o intelecto que esquadrinha ebúrneos véus
De
rutilâncias “primais” intermináveis.
Sonhos
que se deleitam no respirar constante.
Devaneio
que vence. E a ilusão diletante
Que
se sustenta dos ganhos das visões inexplicáveis.