O
Expresso da Meia-Noite
Da
Avenida Fantasmal
(por
Felipe Amaral)
1
Quando
eu ando à meia-noite
E
percebo o clima quedo,
Todo
envolvido em mistério,
Permeado
de segredo,
Me
pego a imaginar
Cenas
de espanto sem par
E
começo a sentir medo.
2
Gosto
da noite, mas vejo
Que
o seu semblante profano
Guarda
algo muito esquisito
Que
a reveste de um arcano
Que
reflete um específico
Clima,
em um ar terrorífico
De
um parecer inumano.
3
O
pavor que toma a noite
É
um translado sem porto,
Um
enfado sem descanso,
Dor
de pesar sem conforto,
Existência
sem convívio,
Inquietação
sem alívio
Da
qual só se livra morto.
4
A
noite é tomada por
Um
sentimento colérico
De
assombro que envolve a todos
De
um ânimo atroz histérico.
E
o povo fita o semblante
Do
monstrengo horripilante
Desse
espanto cadavérico.
5
Tem
a noite um teor vil
De
algum poder magnético
Que
atrai a pessoa ao medo,
Mesmo
o indivíduo mais cético.
E,
se a lua está vermelha,
Seu
aspecto se assemelha
A
um fantasma esquelético.
6
O
ar noturno resguarda
Um
tom megalomaníaco
Que
mata sem ar o asmático
E
de infarto o cardíaco.
Seu
quadro retrata o drama,
Que
existe em seu panorama
Um
esboço demoníaco.
7
Reside
na noite negra
Como
que um torpor alcoólico
Que
infesta a alma de choro
Ante
o aspecto melancólico
De
um céu preto inexcrutável
Que
expressa o inefável
Palanfrório
diabólico.
8
Um
clima frio que se faz
Parecer
mais infantil,
Mas
que afeta o coração
Co'a
desilusão mais vil.
Eis
o clima atroz da noite,
Flagelo,
azorrague, açoite
Cortante,
gélido e hostil.
9
O
tom negro que reserva
O
que há de mais obscuro,
Um
credo sem confiança,
O
porto mais inseguro,
A
certeza mais mortal,
Frieza
mais glacial
E
o lupanar mais impuro.
10
A
noite é a cova fria
Onde
o espanto retumba.
Golpe
mais forte e certeiro,
Pra
que o vivente sucumba.
O
plano atroz de Morfeu
Que
promete o leito seu
E,
ao fim, nos conduz à tumba.
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