quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Boatos que o povo conta III

Boatos que o povo conta III
1
Uns dizem que um chupa-cabra,
Que engole igual sucuri,
Percorre sítio em Tabira,
Pulando feito saci.
Eu escuto, e me admiro,
Que é dentudo igual vampiro
E funéreo igual zumbi.
2
Até viu-se aparição
Do que o povo chama UFO
E de uns ET's linguarudos
Dando cuspida e barrufo.
Tem gente até que acredita,
Mas vendo'a'história esquisita,
Eu de incerteza me estufo.
3
Um dia desses, um mando
Tava espalhando um auê
De que a Rua 27
Tava cheinha de ET.
Mas deu-se que o relatado
Havia sido inspirado
Num boato da TV.
4
Houve também uma troça
Que um tal disco voador
Tinha descido no sítio
De Geraldo Trocador –
Que nega veementemente
Que o disco até puxou gente
Pr'um teletransportador.
5
Assis Brejinho inda alega
Que viu descer um corisco
Do céu e cair na roça
De Geraldo, e deixar risco.
Ele jura, atesta e firma,
Mas isso ninguém confirma
Pra se afirmar que era um disco.
6
Nego Orácio não quer ver
Mais ET do cabeção
Rodando no sítio seu
E assombrando a região,
Que se assustou, certa vez,
Ao ver saindo uns ET's
Daquela nave do Cão.
7
Caso de ET em Tabira
É papo que causa entrave.
Tem gente que leva a sério;
Gente que diz não ser grave.
Certo é que, ante o fuzuê,
Gente afirmou ver ET
Já saindo até da nave.
8
O que me deixa intrigado
É que o povo, por enquanto,
Não resolveu se o capeta
Está por trás desse espanto.
Um diz que é ET – e eu temo –
E outros, que é coisa do Demo,
Mas nada disso eu garanto.
9
Mudando de assunto... Tem
Um assombramento brabo
Lá no quartel da polícia
Que assusta soldado e cabo.
Chamaram'até exorcista
E, hoje, o sargento, otimista
Diz ter expulso esse diabo.
10
Já lá no Lar do Idoso,
Na conversa, o povo pasma.
Que uns dizem ter escutado
Gargalhada de fantasma
Rondando aqueles recintos.
E uns vêem vultos distintos
Cobertos de ectoplasma.
11
A coisa no hospital
Não é muito diferente.
Tem um espírito de um médico
Ali, atendendo gente.
E, por faltar médico lá,
Exorcizá-lo não dá,
Nem há quem ouse nem tente.
12
No Espetinho tem fantasma,
No Sandubão também tem .
E na Praça Pedro Pires
Aparece alma do Além.
É um espanto esta gleba,
Que até no Motel de Séba
Tem malassombro também.
13
Os assombros de Tabira
Não tem quem “fébe” reprima:
Alma atrás, alma na frente;
Alma embaixo e alma em cima;
Alma fria e alma quente;
Alma de bicho e de gente,
Das quais ninguém se aproxima.
14
É a zoada na rua
E, em meio ao balacobaco,
Surge fantasma de gente
Que já entrou no buraco.
Briga de alma penada
E, se a polícia é chamada,
Não acha onde é o “barraco”.
15
Tem alma que, lá na praça,
Gosta de bater um papo.
Vulto que dá assovio,
Vulto que imitador de sapo
E vulto sujo, briguento
Que passa rápido igual vento,
Dando no povo sopapo.
16
No beco de Pergentino
Tem alma que se “entramela”
No meio do pessoal
Que anda naquela viela.
Dá rasteira e empurrão,
Puxão no pé, beliscão
E o povo cai na'esparrela.
17
E, na hora do espanto,
Não existe esse robusto
Que enfrente qualquer peleja
Sem prejuízo e sem custo,
Que lutar contra fantasma
Ou dá um surto de asma
Ou mata o cabra dum susto.
18
No Curral do Gado mesmo
Chegou uma aparição.
O povo correu gritando,
Pisando os outros no chão.
E ninguém quis expulsar
A alma desse lugar,
Com medo da'assombração.
19
Já o dito Poço Escrito
Tem fantasmada a rojão.
Alma que voa pra cima,
Alma que voa pro chão.
É coisa de dá chilique.
Não há quem danado fique,
À noite, na região.
20
Lá mesmo na Aroeira,
Não gosto de olhar os poços.
Que, à noite, eu fui pegar água
E, após reparar uns troços,
Vi um bicho se bulindo,
Era um esqueleto vindo,
Do corpo só tinha os ossos.
21
E, já na Fazenda Nova,
Eu parei ali na beira
Do açude pra pegar água
E vi surgir na ladeira
Uma caveira dançando.
Todinha se requebrando
A “infiliz” da caveira.
22
É coisa que não se acaba
Visagem de coisa estranha.
Na estrada da borborema
Tem um vulto que acompanha
O povo que anda de moto,
Porém, quando eu vou, não noto
Essa visagem “tacanha”.
23
Uns dizem que em Campos Novos
Tem um espírito escondido
De um corpo mal enterrado
Que, depois de falecido,
Veio acertar umas contas.
No entanto, só causa afrontas,
Em casa de conhecido.
24
É coisa muito esquisita
Essas tais assombrações.
O cabra fica intrigado
E não acha soluções.
Penso que tudo é capeta,
Que, no fim, só o canheta
Gosta dessas armações.

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