Boatos
que o povo conta VI
1
Lembro
que eu vi um fantasma
Quando
era ainda garoto.
Eu
estava no meu quarto,
Quando
vi o Capiroto
Dançando
lá na parede,
Pegado
ao punho da rede
E
abrindo um sorriso escroto.
2
Tomei
logo uma atitude
Diante
desse avejão.
Repreendi
o danado,
Mas
minha repreensão
No
tinhoso causou fúria
E,
aí, fiquei na lamúria
Sem
ter pr'aquilo uma ação.
3
Assombrei-me
e fiz carreira
Pra
escapar desse bruto,
Mas
o danado voou,
Devido
ser mais astuto,
E
me alcançou, já na porta,
Que
a minh'alma ficou morta
E
a minha mente sem fruto.
4
Estava
fungando muito
Devido
ser grande a ira,
Puxou-me
por uma perna
E,
aí, eu fiquei na mira
Do
seu furor tumular,
Sem
saber como livrar
Minh'alma
da ziquizira.
5
Mas,
diante desse conflito,
Do
ânimo eu fiz a permuta...
Decidi
tomar coragem
E
enfrentar aquela luta
Naquele
quarto fechado
Pra
acabar co'o fungado
Daquela
visão fajuta.
6
Logo,
de pronto, acertei-lhe
Socos
no meio das ventas.
Ela
até que revidou
Com
suas feições sedentas
Por
sangue (e
isso eu notei),
No
entanto, eu me desviei
De
suas pancadas lentas.
7
E
dei-lhe um rabo-de-arraia
De
cima do tamborete,
Depois
fastei a cadeira
Pra
lhe puxar o tapete
E,
aí, “deite e rolei”
Na
pisota que lhe dei
Sem
precisar de cacete.
8
Ela,
ali, ficou chorando.
Disse
que iria contar
Pra
o fantasma do seu pai,
Pra
ele vir me pegar,
E,
aí, eu me amedrontei,
Mas,
mesmo assim, eu fiquei
Esperando
ela ir chamar.
9
Mas,
foi só ele chegar,
Pra
lhe dar uma lição.
Foi
me pedindo desculpas,
Já
chamando a atenção
Da
alma ali no meu quarto
E
o espírito se viu farto
De
tanta repreensão.
10
É
que essa'alma era criança
Que
gostava de aprontar.
Seu
pai lhe deu outra pisa,
Pra
ela não mais entrar
No
meu quarto nunca mais.
E
aparições fantasmais
Nunca
mais pude avistar.
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