quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Na Casa Malassombrada

Na Casa Malassombrada
1
Fui convidado a entrar
Numa casa diferente,
Reparei que havia gente
Demais naquele lugar,
Porém, não quis questionar
Como a casa era encontrada,
Vez por outra, “entupetada”
E, outra vez, vista vazia,
Num mesmo instante do dia,
Qual coisa malassombrada...
2
Quando eu decidi ficar
Morando naquele canto,
Tive por demais espanto,
Quando, só, via me achar.
Via rede a balançar
Sem ter ninguém na danada,
Cadeira sendo arrastada,
Cama afundando e sofá
E pensei que a casa lá
Fosse sim malassombrada.
3
Ouvia riso sem gente,
Grito sem ninguém que grite,
Assovio que se emite
Entre platéia somente.
Vi na janela, de frente
Do quarto, uma mão sem nada,
Dando sinal de chamada,
Mas, quando eu fui atender
Não mais a consegui ver
Na casa malassombrada.
4
Se eu ia tomar café
Algo, de mim, vinha atrás
E tirava a minha paz,
Aprontando” por má-fé...
É que, enquanto eu tava em pé,
Preparando na bancada
Um ovo, uma “malassada”,
Meu café era engolido
E eu ficava aborrecido
Co'a ação malassombrada.
5
Se eu ia assistir TV,
Sofria e passava mal,
Que algo mudava o canal,
Só pra causar fuzuê.
Naquele teretetê,
Era eu sentado, e a danada
Da'assombração, por piada,
Trocando o canal botado
E eu findava revoltado
Co'a coisa malassombrada.
6
Pegava um livro pra ler
E um se danava a falar,
Zumbizar”, cantarolar,
Assoviar e bater.
E, se eu pedia pra ter
Silêncio ali na morada,
O espanto dava lapada
Que, lá de fora, se ouvia
E eu me irritava e não lia
Na casa malassombrada.
7
Ia à varanda pra ter
Um descanso disso tudo,
Mas um espanto abelhudo
Começava a me ofender.
Xingava, sem ninguém ver
De onde a fala era emanada
E eu saía da sacada
Pra ir pra o quarto dormir,
Mas não deixava de ouvir
Essa voz malassombrada.
8
Quando deitava na cama,
Pra ver se dava um cochilo,
Eu me sentia intranquilo,
Pois continuava o drama...
O espanto seguia a trama
Rindo, fazendo zoada,
Puxando a cama forrada
E o lençol que me cobria
E eu levantava e saía
Da casa malassombrada.
9
Quando ao lar eu retornava,
A coisa estava mais calma,
Nenhum barulho de alma
Na morada eu escutava.
Ia dormir, pois achava
Aquela'hora apropriada,
Mas sonhava co'a zoada
Da fantasmada arredia,
Que, só assim, eu dormia
Na casa malassombrada.
10
Por fim, acabei saindo
Daquela “casa-fantasma”,
Já maluco e de alma pasma,
Porém me curei partindo.
Hoje relembro, sentindo
A coluna arrepiada,
Daquela casa enfezada
E me entrego a juras tais
De não voltar nunca mais
À casa malassombrada.

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