sábado, 30 de maio de 2015

Quadras Oníricas - Felipe Amaral

Quadras Oníricas
Felipe Amaral

1
Ventos sopram ante o azul do mar.
Horas passam perante a cerração.
As auroras se vão. Rubras se vão.
Os receios desfazem-se no ar.

Rosas crescem frente ao fulgor solar.
Barcos singram na azúlea imensidão.
Nuvens tomam o corpo da amplidão.
Toda a tarde respira alvor sem par.

Pensamentos se perdem no vagar.
As palavras não vêm à descrição.
A poesia preenche a alva visão.
E a beleza persiste em me encantar.

Ao cair da escuridão talar,
É a noite que traz insuflação.
O sossego me toma o coração
E me leva a sorrir e relaxar.

Estou livre pra vida decantar.
Sou um pássaro livre na amplidão.
Dou lugar ao elã dessa emoção
E uma brisa noturna vem soprar.

Minha mente divaga sem cessar.
O meu ser sobrevoa a imediação.
Minha cama é a bruma do ar loução;
O meu chão é o céu protocolar.

Tudo é riso e uma paz sem similar.
Dou à alma acalanto e atenção.
Meu espírito apraz-se e deixa o chão.
Tudo é leve, sublime e singular.

Não há dor nem torpor falimentar.
Desalentos não há nessa visão.
Sou liberto do mal e a sensação
Do prazer divinal faz-me voar.

Corro e sorvo da vida o ardor sem par.
Abro os braços e abarco a amplidão.
Mergulhando no espaço, estendo a mão
Pra tocar uma estrela a cintilar.

Vejo a face de Deus e o Santo Altar,
Atingindo a inaudita perfeição.
Deixo a terra, liberto da prisão
Que este chão me obrigava a aceitar.

Vejo a luz retratada em cada olhar.
Há no peito um amor sem proporção.
Há na alma uma forte pulsação
Que extasia meu ser com o bem-estar.

Tudo é lindo e eu não quero abandonar
Esse estado de coisas que me estão
A inspirar me trazendo a emoção
Mais intensa, sublime e singular.

Mas acordo do sonho e vejo o lar
Preenchido de dor e inquietação.
É o fim do fruir da perfeição;

E eu retorno ao sofrer patibular.

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