quarta-feira, 20 de maio de 2015

Mixórdia - Tanto Mistério em Versos; Quanto considerações em Prosa - RF Amaral

Horroríficas Quadras
Felipe Amaral

O terror cadavérico ressurge
Quando a noite escurece o alvo painel.
Bestas tomam às ruas em tropel.
Contra o bem, eis que o mal cruel se insurge.  

É nas trevas que vultos vis se aninham.
A calada é morada de demônios
Que alimentam temores nos campônios
E estes tais em superstições definham.

Há risadas ferais a retumbar
Nos campestres inóspitos espaços.
Monstruosas visões abrem os braços,
Procurando uma alma angariar.

No abissal precipício mortuário
Um cadáver, em decomposição.
Os abutres buscando a refeição,
Contemplando o cruor desse cenário.

No silêncio noturno, um ser vampírico
Sobrevoa o local querendo sangue.
Jaz à rua um defunto podre e exangue,
Nada belo e pomposo, em nada lírico.

“Taos Hum” - Os Sons do Apocalipse
1
Pessoas do mundo todo
Dizem já ter escutado
Estes sons misteriosos
Que a todos têm intrigado.
São chamados de Taos Hum
E causam medo e afã
Nos seus ouvintes humanos.
Fato é que não se resolve
O enigma tal que envolve
Sua origem sem enganos.
2
Mesmo sem nos causar danos,
Ele assusta por estar
Relacionado na mente
Com algo peculiar,
Às visões apocalípticas.
E as suas nuances crípticas
Reforçam essa impressão.
Certo é que medo provoca
E da fonte não se evoca
Uma localização.



O Poço do Dinheiro de Oak Island
1
Oak Island é uma ilha
Que fica no Canadá.
E na mesma existe um poço
Enigmático que dá
Pra um tesouro (é o que dizem!).
Mas, embora muitos pisem
No local, esta empreitada
De chegar ao tal é dura,
Tanto que ninguém perdura
E ela finda inacabada.
2
Os que, ali, se dispuseram
A cavar, na esperança
De encontrar algum tesouro,
Detinham perseverança,
Só que não fora o bastante,
Depois de tão desgastante
Esforço, desanimaram.
Mas com garra e compromisso,
Ao longo do seu serviço,
Algumas coisas acharam:
3
Nos seus primeiros 3 metros
Camada tal de cascalho,
E 3 metros mais abaixo
Uma outra, mas de carvalho.
De 3 em 3 metros mais
Madeiras de carvalhais
Que não há na região.
Betume e uma pedra escrita,
Abeto e, nessa infinita
Obra, inda acharam carvão...
4
Fibra de coco, barris
Tendo peças de metal,
Outra madeira com aço,
E uma outra pedra ao final
Em forma de coração…
Depois viu-se a inundação
Do poço devido a um veio.
E, após a água conter,
Pôde-se seguir e ver
Mais fundo sem tal bloqueio.
5
Achou-se, então, uma caixa
Em câmara de cimento,
Depois, de ferro, uma placa
E, ao fim do empreendimento,
Avistou-se inda uma mão
E uns baús, na ocasião,
Vindo, após, a desistência.
E em 2006 os planos
Abandou-se, após anos
De uma tamanha insistência.

Os Pés no Hotel Bulevar
Roberto Felipe Amaral

1
Em mil, seiscentos e oitenta
Uma disseminação
De uma praga devastou
Toda a nossa plantação.
Logo após, veio a doença
Mais sorrateira e intensa
Que se possa imaginar.
Levou-me três dos irmãos,
Bem como, outros cem cristãos
Que moravam no lugar.
2
Mudamo-nos pra cidade
Logo no ano seguinte
Eu, duas irmãos e o pai.
Como nós, houve outros vinte.
Consegui um chulo emprego...
Só tiveram mais sossego
As minhas duas irmãs:
Foram elas trabalhar
No grande “Hotel Bulevar”,
Longe de queixas e afãs.
3
O pai fazia alguns bicos
E conseguia um dinheiro.
Assim, tudo se mantinha.
E esse era o nosso roteiro...
Até que se iniciou
Algo que ninguém pensou
Que poderia se dar.
Minhas irmãs começaram
A relatar o que andaram
Vendo no Hotel Bulevar.
4
Noite após noite, disseram
Tratarem-se de fantasmas
As aparições flagradas
No hotel, que as deixavam pasmas.
As donas jamais haviam
Tido as visões que elas viam
Deverem-se a coisas tais.
Fato é que não dava em nada
A história relatada
Das tais visões fantasmais.

Sonetilha- Semiparnasiana

Mote: Nas nuances do espaço sideral.

Os aromas gasosos do universo
Inebriam do bardo a cachimônia,
Os faróis das estrelas em colônia,
Agrupadas, se lançam'ao ar disperso.

Nebulosas explodem'em controverso
Estampido orbital de forma idônea
E as pulsares rescendem na errônea
Área cósmica do vácuo um brilho emerso.

E eu, olhando tudo isso, escavo o medo
Procurando no espaço algum segredo
Que me faça um segrel menos boçal.

Investigo, perscruto, busco, almejo
O saber que há no cosmos, pois que o vejo
Nas nuances do espaço sideral.

RF Amaral.

Os prodígios da noite são demais

Para o peito de amantes como eu

Que até tentam ficar diante do breu

Do escuro noturno sem ver ais.



Mas da vida os encantos sazonais

Da paixão que no peito se acendeu

Não procuram ficar sem apogeu

E insistem nas dores passionais.



Quero então ver-me livre do amargor

De uma perda, mas fico sem dulçor

Quando vejo que não conseguirei.



Se da noite cruel eu sorvo os ares,

É porque de tristeza eu tenho mares

De pranteios que, ao fim, cessar não sei.



Mote: Quando o sol se despede eu me inspiro.

Passo o dia querendo ver a noite
E me sinto infeliz se ela demora,
Pois que a noite é melhor do que a aurora
Matinal que só faz com que eu me amoite.

Vespertino crespúsculo é qual açoite,
Lusco-fusco é melhor, mas não melhora
O meu dia que só deseja a hora
Dos noturnos fanais pra que se afoite.

Nem manhãs aurorais, nem tardes leves,
Nem crepúsculos dos longos nem dos breves
Dias alvos me ofertam'um bom retiro.

Sofro um pouco com'os dias, sorvo espanto,
Me alvoroço com todo ele, entretanto
Quando o sol se despede eu me inspiro.

RF Amaral.



Mote: Desventura é vapor que apaga a chama.



O segredo do amor é não deixá-lo
Penetrar por qualquer razão presente,
Pois quando ele penetra em nossa mente
Fere o peito devido ao seu abalo.

Que o amor é tal qual a dor de um calo
De hidrocele ou moléstia diferente
Que lacera as entranhas do vivente,
Pois que dele se torna então vassalo.

Eu amei e sofri por não poder
Ter alguém que queria por querer
Ter alguém para amar por sobre a cama.

Chamas vivas de amor nutri com'aferro,
Mas após o desdém vi que, ante esse erro:
Desventura é vapor que apaga a chama .

RF Amaral

Retorizando…

Vezes me sinto impulsionado pelo que vejo ou assito a poetar um pouco e às vezes até um muito. Se isso quer dizer que estímulos são válidos então eu poderia começar disso minha lista de mandamentos de como estimular-se poeticamente: Não deixarás de assistir a bons filmes, seriados, etc...Que sejam bons, hem?!

repetições e repetições, mas nem sempre inspiração. Não adianta tanto esforço se o tal for em vão. É preciso propensão para o esforço. Isso é dom!

O que é habilitado a gostar de continuar tentando fazer o que ainda não pode, esse é o verdadeiramente dotado a, para e em.

Há uma certa estrutura "transcendente"...
Quando me encontro inspirado, ou melhor, mais propenso intelectivo-casualmente à obra poética, tenho impressão que já possuo todo o texto ainda a ser escrito. Pego-me levantando questões sobre como isso pode ser possível no dado instante, mas, ao fim, paro de me fazer perguntas e começo a redigir.

Há uma forte ligação com o que estou sentindo o que me vem ao papel. Todavia não seria tão simples explicar o que está havendo. Se são reações químicas, biológicas, psíquicas, sei lá...até concordo, mas a casualidade ainda me permitiria questionar. Afinal, é possível fazer inspiração em laboratório? Ou mesmo manipular a realidade de forma que as peculiaridades ambientais permitam que tais sensações ocorram "naturalmente"?

Há impulsos cerebrais (nervosos) para tudo, mas nem sempre poetas para todo impulso.

Falando sobre...
A estrutura métrica agalopada dos sonetos que faço provém da particularização que tenho com esse tipo de escansão. É difícli para mim conceber poemas politonais e mesmo polimétricos. o repetir da estrutura causa ao meu ouvido uma certa fixação inevitável.

A respeito de sílabas tônicas unidas, não tenho nada contra. Claro que espero que os que se utilizem dessa liberdade não se apropriem da mesma de forma indiscriminada. É preciso bom senso. Nem toda estrutura poemática permite esse tipo de uso.

Qual seria a permissibilidade?

Evite ambigüidades, cacofonias e incomplacências sonoras.



Novidades envolvem nossa vida
Nesses tempos que passam sem deixar
Que os notemos e, nós, bem devagar
Caminhamos: não vemos a saída...

Relevamos os dias na avenida
Do destino sem nem sequer nos dar
Que vejamos os erros de se andar
Desse modo tão louco e suicida.

Somos ébrios pedindo alguma ajuda
Aos que passam. Porém nada em nós muda
E ficamos assim por vaidade...

O que somos dirá o que faremos;
O que fomos dirá o que seremos
E o que temos dar-se-á por caridade...

RF Amaral

SEXTA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2008

As tempestades do estro...
As nuvens que sobrevoam
O céu me fazem achar
Uma beleza sem fim
Na tarde viva e exemplar...
E eu me pego a bendizer
As emoções que o meu ser
Remete ao meu coração.
Sou peregrino, mas vivo
Sorrindo e tenho motivo
De viver com'animação.

Eu sei que as ondas do mar
Vão me fazer encontrar
Em cada impulso uma estrada.
Assim seguirei sem ter
Na viver vil desprazer
Que venha me promover
Uma vida conturbada.

Sou servo do teu amor
E não quero me afastar
Do teu sorriso maroto
Por que eu sou um garoto
Que tem prazer em amar.

Cheio de idéias me vejo
E sigo sempre no bem
De uma vida verdadeira,
Feliz, audaz, altaneira
E motivada também.

Calo a boca do torpor
Da tristeza sorrateira
E faço o melhor pra ser
Um ser cheio do prazer
De viver a bendizer
Minha vida a vida inteira.

As tempestades do estro...
As nuvens que sobrevoam
O céu me fazem achar
Uma beleza sem fim
Na tarde viva e exemplar...
E eu me pego a bendizer
As emoções que o meu ser
Remete ao meu coração.
Sou peregrino, mas vivo
Sorrindo e tenho motivo
De viver com'animação.

Eu sei que as ondas do mar
Vão me fazer encontrar
Em cada impulso uma estrada.
Assim seguirei sem ter
Na viver vil desprazer
Que venha me promover
Uma vida conturbada.

Sou servo do teu amor
E não quero me afastar
Do teu sorriso maroto
Por que eu sou um garoto
Que tem prazer em amar.

Cheio de idéias me vejo
E sigo sempre no bem
De uma vida verdadeira,
Feliz, audaz, altaneira
E motivada também.

Calo a boca do torpor
Da tristeza sorrateira
E faço o melhor pra ser
Um ser cheio do prazer
De viver a bendizer
Minha vida a vida inteira.

DOMINGO, 24 DE AGOSTO DE 2008



Navego na'inspiração/ Sem ver bloqueios na mente...
Quando somos reputados por poetas ficamos pensando que esse título requer-nos que fiquemos sempre disponíveis a versar a mando da inspiração, porém nada assim acontece...
Nessas horas a técnica poética de versejo é a melhor arma para os que assim se lançam nessa empreitada árdua...

O chamado "bloqueio" vem, mas para quem tem boas artimanhas ou artifícios ele não passa de um desestimulador de poetas que dependem exclusivamente da insuflação circunstancial e imprevisível para poetar...

Tentemos ficar tão particularizados com a estrofação, versificação e rima fazendo de cada dia uma chance de crescer mais poeticamente....Leia, estude, verse, treine, sue, pene, mas não deixe que um "bloqueio" qualquer lhe impeça de criar...

É duro, mas é necessário o esforço cotidiano para que a particularização com a poesia rimada estrutural esteja totalmente arraigada a nossa mente....



Os mundos do versejar
São mundos inconcientes
Por demais independes
Que nos levam a versar

Quem quer deixar voejar
O versejo mais veraz
O maior esforço faz
E não intenta parar

Vamos todos recitar
Ler, estudar, refazer
Na intenção de aprender
Versar sem se preocupar

Tratemos de nos botar
Numa luta onde vençamos
Pois se é visto que lutamos
No fim temos que ganhar

O que quiser se achar
Longe desse esforço duro
Não terá um bom futuro
Na arte de versejar

Queira e não queira parar
Fale e não fale em dizer
Que quererás esquecer
O que quiseste apoiar

Só um nobre batalhar
De um firme guerreiro forte
Poderá livrar da morte
O poeta popular....

DOMINGO, 29 DE JUNHO DE 2008

O ensino da motivação...atenção, muita atenção!!!
Aqui aprenderemos que os poetas lapidam seus dons e que os dons procuram poetas lapidados...dom nada mais é que habilidade ou velocidade de raciocínio...uns nascem assim, outros nem tanto...e outros nadinha....mais com esforço se consegue chegar a um patamar, digamos, confortável no que diz respeito a rimar no contexto...sensibilidade é um dos maiores obstáculos...mas depois da leitura de poetas sensíveis consegue-se ao menos chegar-se perto...uns dias tem-se inspiração, nos demais a técnica prevalece...e está aí a "Estrutura Poemática"!!!



Coco de Embolada
Refrão de Coco de Embolada

Eu vou mergulhar
Nos mares da poesia
Pra me banhar todo dia
Na'inspiração desse mar.(2x)

As Quadras Seqüenciais

Eu venho aqui pra mostrar
Que eu sei fazer meu versejo
Rimando qual sertanejo
Que sabe o que'é versejar.

Agora eu pra começar
Não faço feio na rima
Jogo a poeira pra cima
Na hora de improvisar.

Tô aqui para falar
De um jeito diferente
Levando à frente o repente
Que é bom de se escutar.

Usando o meu linguajar
De poeta do povão
Faço este verso em questão
Porém sem me atrapalhar.

Quem quiser colaborar
Com poesia eficaz
Vou mostrar como é que faz
Pra se aprender a versar.

Você tem que se adequar
Aos moldes harmoniosos
Dos versos melodiosos
Da poesia popular.

Tem que se lê, recitar,
Glosar, fazer verso escrito
Pr'aprender de modo estrito
A prática do poetar.

O cara que quer pegar
Lápis papel e caneta
Para rimar sem mutreta
É bom que me ouça falar.

Eu antes de me amparar
Nos livros de bons poetas
Tinha rimas incompletas
Por não saber bem rimar.

Mas comecei a tentar
Versejar após ler mais
E os versos fenomenais
Começaram me cercar.

Se você quiser lançar
A vida pois nessa prática
Faça testes de rimática
Continuamente em seu lar.

É muito bom praticar
Todo dia um bom bocado
Num tempo determinado
Para se aperfeiçoar.

Quem pretende versejar
E se ater ao contexto
Tem que aprender ler o texto
E após não se dispersar.

Rimas, versos a soar
Na mente e ficarás bem
E aprenderás também
A fazer verso exemplar...


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