Imperfeito que sou…
Felipe Amaral
Eu convivo com minha imperfeição.
Busco ser o melhor, mas meu buscar
Não deságua na imensidão do mar
Da pureza perfeita, e eu busco em vão.
Minha mente procura exatidão.
Não consegue no mundo a encontrar.
A justiça é injusta e a salutar
Humildade se faz vil presunção.
Tudo é vão. O viver se passa em vão.
Os esforços, em vão. E a singular
Atitude do bem não vê lugar
Neste mundo de inveja e dissensão.
Eu cansado me encontro neste chão
Alagado no lodo tumular
Do pecado quem vem agrilhoar
Nossos sonhos de alvor e perfeição.
Ó Senhor, eu não tenho condição
De ser isso que pedes e, em lugar
Do que pedes, pratico a irregular
Chula ação contumaz. Revel ação.
Deus, redime esse ser que o teu perdão
Pede, ao ver que não pode suportar
Tua mão sobre si. O teu sem par
Julgamento que traz condenação.
Sou a folha ante o ar da viração.
Sou um ramo distante do pomar.
Sou um galho a rolar. Gota do mar:
Seco (´) sem teu apego e atenção.
Não entendo este mundo fraco e vão.
Não consigo entender todo o penar
Que ele oferta ao vivente que, a vagar,
Busca o fim desse mal, dessa aflição.
Não consigo alcançar a perfeição!
Deus, não posso, mas quero a alcançar.
Vivo em dor. E essa dor vem me mostrar
Quão sou fraco, ante a vil desolação.
O destino me assola. A condição
Não permite-me ser e nem buscar
Ser aquilo que almejo me tornar.
Tudo é vão! Não há força. Não há, não!
Passo os dias buscando a solução
Pra o problema que vejo me cercar.
Estou preso, meu Deus! Vem-me ajudar!
Não me deixes prostrado neste chão!
Não, não deixes, Senhor da Salvação,
O meu ser sucumbir ante a vulgar
Podridão deste mundo de pesar
E cruel compleição. Vil compleição.
Não me leves no meio da fração
Dos meus dias velozes, apesar
De eu ser um pecador a procurar
O que nunca encontrei em minha ação.
Sou qual pó ante o vento. Sou visão
Que se passa. Sou sopro. O meu lugar
Desconhece o que vem me contemplar
Após grã tempestade e furacão.
Sem a tua celeste proteção,
Meu Senhor, sou um grão a se lançar
Na grandeza azul de imponente mar
E se perde nas águas da ilusão.
Mas contigo, Senhor, tenho razão
De seguir, muito embora a manquejar,
Que o teu braço me ajuda a caminhar
E o teu Ser me traz iluminação.
Continuo sem ter a perfeição
Que planejo alcançar no contemplar
Do teu Lar. Sigo até poder estar
Onde estás. E findar essa aflição.
Peço a Ti, ó Autor da Criação,
Que me guies ao caminho linear
Da justiça e me faças repousar
Em lugares de paz nessa missão.
Faz-me Tu descansar em proteção
De teus anjos e traz-me a salutar
Alegria da salvação sem par,
Que ao meu peito trarás consolação.
Que o sorriso, diante da aflição,
Eu consiga em meus trilhos encontrar.
E que a vida resguarde o bem-estar,
Apesar de qualquer tribulação.
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