terça-feira, 8 de setembro de 2015

Istóra de Malassombro - U Ixpussadô de Demõi

Istóra de Malassombro
U Ixpussadô de Demõi
1
Disséru qui Zé de Creuza
Tava cum diabo nos côro.
Os tróço vuano im casa.
Voz de gargalhada e choro.
E porta abrino e fechano
Pru causa dum mau agôro.
2
Dicidi parti de pé
Pra casa dele e í vê
Se o assunto era verdade
Ô só mêrmo um fuzuê
De pessuá sem-vergõi
Que num tem o qui fazê.
3
Már num é que era verdade
Aquela cunvessa uvida!
Cheguei na casa assombrada
E a mêrma tava intupida
De gente quereno vê
A pessoa pussuída.
4
De fora, deu pra uví
Os grito de Zé na casa.
Entrano, vi u cumpade
Cuns ói vermêi qui nem brasa
E dano cada pinote
Que alçava vôi sem tê asa.
5
Már, eu já acustumado
Cum coisa assim desse tipo,
Nem mi ispanto e nem mi abalo,
Pru quê da fé eu mi equipo.
Num ispero pur ninguém
E pra'acudí mi antecipo.
6
Corri, logo, im direção
Ao sujeito indemonhado,
Butei-le a mão na cabeça,
Repriendeno u danado
Que, pur safadeza, tinha
Do cumpade se apossado.
7
U bicho virô pra mim,
Babano iguá cão raivoso,
Már eu, ali, prossigui
Repriendeno u tinhoso.
E o povo todo gritano,
Num arvoroço assombroso.
8
As janela cumeçô
A batê cum toda fôça.
Os tamburete arrastano
E a baba fazeno pôça.
E um vento lá na cozinha
Quebrano os prato de lôça.
9
Correu a mundiça toda
Daquela localidade
E eu fiquei sozin cum ele,
Sem pade, pastô nem frade.
Sozin pra ispussá o bicho
Dos côro do meu cumpade.
10
Dixe “im nome de Jesui”
Trate de si retirá.
O peste iscarafuçô,
Num quis dexá u lugá.
Mar eu ainda insistí
Até ele se mandá.
11
Antes purém, ele dixe
Uns troço sem tê sintido
Que eu num dei nem atenção
(Que é pra num sê atraído!).
Inda hôve ôtas coisa mais,
Que o caso todo é cumprido...
12
Fato é que o demõi saíu
De vez do côipo de Zé.
E, ele, que era sempre visto
Nas porta dos cabaré
E nos centro de magia,
Se integô de vez à fé.
13
Vive falano im Jesui.
Num qué mais fazê feitiço.
Laigô as quenga pra lá.
Se invorveu nôto sirviço.
Agora é ispussadô
De demõi e se tornô
Servo do Deus suberano.
Casô cum Zefa de Bino
E hoje tem cinco minino
Siguino no mêrmo prano.

Autor: Roberto Felipe Amaral


Nenhum comentário:

Postar um comentário