segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Davi i Gulia (História - Embolada Matuta) - Poeta Felipe Amaral

Davi i Gulia
(História - Embolada Matuta)

Refrão:
Vô contá, vô contá
Uma istóra nesse dia
Sôb Davi i Gulia
Na cidade de Judá.

1
Davi era inda minino
Quando ele infrentô Gulia.
Pasturiá as uvêa,
Esse era o seu dia-a-dia…
E inda era o fii caçula
Dos oito irmão da famia.
2
Már o que ninguém dizia
É que esse tá cidadão,
Um dia, infrentô um usso
E agarrô-se cum lião
Pra prutegê as uvêa
Qui era do seu patrão.
3
U animá im questão
Si abufelô lá cum ele.
Os dois cairo no chão.
Davi deu-le um murro nele
E inforcô u lião
Cum pêlo da juba dele.
4
Um ispetaco daquele
Quebrava quaiqué tabu.
E ele usô inda essa istóra,
Mostrano tê gênio cru,
Pra cunvencê os sordado
Du izécito de Saú.
5
Ninguém do norte ô do sú”
Impidiu dele falá.
U rei Saú le uviu,
Dispois que mandô chamá
Pra vê cuma era u rapáiz
Que quiria guerriá.
6
É que no Vale de Elá
Tava o izécito de Israé,
Tudo morreno di medo
E sem cumprí u papé
De inviá um pra matá
U gigante ali de pé.
7
U povo tava sem fé
Que pudesse ali vencê
U gigante filisteu,
Que inda insistia im dizê
Quéra forte e que num tinha
Ninguém pra le cumbatê.
8
Gulia tinha o pudê
Duns vinte tôro cervado
E a sua artura era tanta,
Que ele já era chamado
De gigante pelo povo
Que li tinha obisservado.
9
Davi, ao tê iscutado
O desafii do gigante,
Dixe que quiria í
Cunvessá cum comandante
E pidí pra infrentá
Gulia naquele instante.
10
Uviu argo interessante
Da boca do rei Saú
De que quem lá derrotasse
O gigante, sem lundu,
Ganhava a fia do rei
Dispois, sem ninhum tabu...
11
Inda ganhava um baú
De ôro e prata da mió.
Só era vencê aquele
Gigante ali, sem tê dó…
Intão Davi dixe: - Eu vô,
Cum fé no Deus de Jacó!
12
Davi se apresentô só
Naquele canto, em Judá.
O peso da armadura
Num pudia carregá.
Jogô a bicha no mato
E, assim mêrmo, foi lutá.
13
Butô péda no borná.
Pegô uma atiradêra
E o cajado que usava
Na labuta rotinêra
De arrebanhá os cordêro
Na intrada da portêra...
14
Gulia, na diantêra,
De seu batalhão crué,
Viu Davi se aprossimano,
Már nele num butô fé.
Cumeçô rí do sujeito,
Inquanto inda tava im pé.
15
Porém, só “fez pôco” até
Davi pegá sua funda,
Já armada duma péda,
E mirá na testa imunda
Do gigante que quiria
Le vê na cova profunda.
16
Chega ele ficô corcunda
Quando a péda le acertô.
Cambaliô duas vez,
Só que, aí, num agüentô,
Caiu de cara no chão
E nunca mais levantô.
17
Intão Davi se apressô
Pra cortá sua garganta.
Dispois a tropa todinha
De Israé, com fôça tanta
Correu contra os filisteu.
E o povo de Deus venceu
Ali a batalha santa.

Autor: Roberto Felipe Amaral

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