Os Bobos Também Vivem
Sou um bobo a olhar luzes de fulgir intermitente. Sou um
simples ser humano. Os anos passam e eu não consigo evoluir o tanto que
pretendia.
Pessoas me vêem como um indolente. É a falta de
oportunidades que gera essa aparente indolência. Ela evidencia o aparente
fracasso. Se bem que tudo não passa de uma pretensa impressão.
“Todos se guiam pelas aparências”, dizem. “Não pode ser
verdade”, penso. Engano-me. É verdade! A vida é mesmo uma máquina sem préstimo.
Ferramenta inútil! Coisa vã, diante daquilo que ela nos faz saber. Repugnante!
Mas devemos vivê-la, apesar de tudo. Correr seria um desperdício de força.
Fugir, um equívoco. Parar seria ir ao encontro do nada.
Nascemos dotados de uma capacidade de suportar calamidades.
Nascemos. Iremos morrer logo, logo. Mas há ainda uma pequena diversão antes de
partir.
Mas – digo eu – mesmo que ninguém atendesse, ainda continuaria
a bater à porta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário