terça-feira, 10 de abril de 2012

Escrito Acordelado - Oitavão em Desafio - Embolada

Oitavão em Desafio
[O ímpar contra o par]
1
Eu aqui vou “botar pilha”
Pra gente seguir na trilha
Deste estilo na partilha
De verso e de inspiração.
Seguindo o melhor destino
No qual não há desatino,
Pois só a isso eu me inclino
Quando canto o Oitavão.
2
Na rima eu me predestino
Pra cantar contigo o hino
Deste estilo que é tão fino
Por galgar reputação.
Assim, me siga, poeta,
Pra gente alcançar a meta.
Mostre também ser atleta
Na prova do Oitavão.
3
Caminhando em linha reta,
Eu viso’a’estrada discreta
E evito a trilha incorreta
Pra não fazer confusão.
E, você, tome cuidado
Pra ver se não segue errado,
Que eu não tolero “abestado”
Nos oito pés do’ Oitavão.
4
Eu sempre tenho tomado
Cuidado e o verso criado
Por mim é sempre afastado
De qualquer incorreção.
Mas, você, que se garanta!
Pois minha cautela é tanta,
Que vate que se agiganta
Não me alcança em Oitavão.
5
Sua presunção me espanta.
Porém, você, quando canta,
Não chega a demonstrar quanta
Força tem na dicção.
Refresque a sua memória,
Pois na nossa trajetória
A sua fraca oratória
Jamais venceu no’Oitavão.
6
A sua fala é simplória,
Porém a minha é finória.
Se você não tem história,
Não venha com invenção.
Você me irrita e se anula
Com esta conversa chula
E, ao fim, sempre é quem me adula
Pra te ensinar o Oitavão.
7
A tua boca articula
Mentira que se rotula
Como a’informação mais nula
Em vã pronunciação.
Seja um pouco menos “místico”
E um pouco mais jornalístico,
Que isso é característico
De quem não vence Oitavão.
8
Meu informe é estatístico.
Não há nem sequer um dístico
Que seja anti-jornalístico
Nessa minha informação.
Você pode até sorrir,
Mas, no fundo, tem que vir
A si mesmo admitir
Que não tem vez no’Oitavão.
9
Longe de querer cair
No erro de suprimir
Algum dom seu e partir
Rumo à discriminação...
Mas, amigo, eu não entendo
O que, há muito, vens querendo
Provar, se o povo está vendo
Que és fraco no Oitavão.
10
Eu “é” que não compreendo...
Visto que o meu estupendo
Versejo não pede adendo
Quando da minha injunção.
Só obedeça e aceite;
Se ajoelhe e se sujeite
Ao meu dom e se deleite
Ouvindo o meu Oitavão.
11
Colega, eu peço, se ajeite.
Não ponha na fala enfeite.
Não toscaneje ou se deite
Se é pra’estar de prontidão.
Escute a voz do intelecto.
Não transmute o seu aspecto.
E não creia no prospecto
Que aclama o seu Oitavão.
12
Teu ser promove o infecto
Anúncio oral que detecto
Como algo ao qual não conecto
À minha imaginação.
“Me nutro” de coisas nobres
E não de relatos pobres.
Por mais que tu te desdobres
Não me vences no Oitavão.
13
Nem pelo valor dos “cobres”
Eu me vendo, então não obres
Tão mal pra que não soçobres
Junto com a embarcação.
Não manipule o sufrágio.
Não menospreze o adágio
Que diz que finda em naufrágio
Quem mente no Oitavão.
14
Respeite o meu apanágio
Que eu sou como um “Caravaggio”
Pintando e cobro pedágio
De quem passa em meu salão.
Te concedo algum aparte,
Não pra fazeres descarte
Do mais belo desta arte,
Que é não mentir no’Oitavão.
15
A pólvora em teu bacamarte
Está vencida, desarte*,
Descarte o’engodo e se aparte
Dessa falha informação.
Atire com balas boas.
Não tente atingir pessoas
Com falas que são canoas
Que afundam no Oitavão.

*desse modo; dessa maneira, assim sendo.
16
São passageiras garoas,
Miragens vistas das proas,
Enferrujadas coroas
Tuas falas, caro irmão.
Se pretende me atingir,
Se esforce pra conseguir
Algo que eu, podendo ouvir,
Confirme no Oitavão.
17
Jamais vim a desferir
O que não pude anuir,
Por isso, se proferir,
Eu sei dar confirmação.
O povo todo comprova.
Da geração velha à nova.
Porque, em tudo, eu dou prova
Que sou melhor no’Oitavão.
18
Não apelarei pra sova,
Pra morticínio, pra cova,
Apelarei só pra trova
Que abre e que fecha a canção.
Cada trova em bom quarteto
Pra fechar o “octeto”,
Pra ver qual o poemeto
Que sai melhor no’Oitavão.
19
Sei que cumpro o que prometo.
E sou bom no que me meto
A fazer, pois não remeto
Coisa sem destinação.
Então faço o desafio.
Quem for o mais arredio,
Mesmo em linguajar sadio,
Vencerá este Oitavão.
20
Aceito sem calafrio
Este desafio bravio.
Nem vou sentir arrepio
Nem me acovardar, irmão.
Não estás apaniguado,
Favorecido, apoiado,
Bem sustentado e firmado
Pra me “enfrentar” no’Oitavão.
21
Desnudo errante esgotado
Mentalmente e reputado
Por espúrio em seu estado
De desorientação.
Preso aos pecados vulgares,
Meretrícios, lupanares,
Servo do vício dos bares
Nos oito pés do’Oitavão.
22
Escravo de insalutares
Práticas que imperam em lares
No mais baixo dos lugares,
O’antro da devassidão.
Indivíduo ao bem alheio.
Sub-produto do meio
Que não deriva do veio
Precioso do’Oitavão.
23
Quotização sem rateio.
Iguaria sem permeio.
E espaço mental tão cheio
De um vazio sem proporção.
Desalento em dor funesta.
Desânimo em noite de festa.
Hora em que nada mais resta
Pra se fazer no’Oitavão.
24
Vossa Senhoria atesta
Que é parcial quando a gesta
Exige herói que se presta
A ajudar a nação.
Vossa fala é sem capricho.
A voz parece um cochicho.
E é um verdadeiro lixo
Vossa rima em Oitavão.
25
Já tu tens feição de bicho.
Vendedor de lucro mixo.
Fazes só parte do nicho
Da’escória que vive em vão.
Sem perspectiva de vida.
Sem entrada, sem saída.
Sem regresso e sem partida.
Nos oito pés do’Oitavão.
26
A chance a ti concedida,
Diariamente, é perdida
E dada de novo em lida
De não fazeres ação
Que venha favorecer
A ti mesmo e te fazer
Na vida um pouco crescer.
Nos oito pés do’Oitavão.
27
Vamos parar pra saber
Quem hoje é que vai vencer.
Deixa o povo olhar e ver
Mediante avaliação
Prévia feita em sua mente.
Que aqui o’embate foi quente,
Mas feito educadamente.
Nos oito pés do’Oitavão.
28
Paro e peço a toda gente
Que escutou atentamente
Este improviso insistente
Que fizemos no salão...
Sem troça, lorota ou “causo”,
Aqui minha rima eu pauso
E quem ganhar mais aplauso
Vencerá este Oitavão.
_________________________

* Caso existam erros de métrica por falta ou demasia de palavras, avisem-me. Sou humano e a atenção não coopera.

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