quinta-feira, 8 de março de 2012

Poetic-Lit - (1º parte)

POÉTIC-LIT

1
Alguns anos se passaram
Até vir a completar
Vinte e um anos de idade
E estar naquele lugar
Onde eu vivi esta história
Que me disponho a contar.
2
Lembro que não pude estar
Tão livre na minha infância
O quanto pude ao mudar-me
Praquela espaçosa estância
Onde achei paz pra o meu ego
Mantendo a dor à distância.
3
Findei qualquer inconstância
Para com’o meu próprio ser.
Decidi tomar alento
E começar a me ater
À liberdade almejada
Pra encontrar mais prazer.
4
Mudei assim meu viver.
Comecei a trabalhar
Vendendo os próprios livretos
Que insistia em publicar
A expensas de uma herança
Que insistia em perdurar.
5
Também resolvi entrar
Numa faculdadezinha
Que ficava a duas ruas
De onde se encontrava a minha,
De sorte que, de retorno,
Sempre a pé pra casa eu vinha.
6
Alguns clientes eu tinha
Feito naquele lugar,
Por isso dava “legal”
Pra’eu conseguir “me virar”
Com minhas despesas básicas
Sem me desesperançar.
7
Às vezes de lar em lar
Ia pra me permitir
Exceder um pouco as vendas
E assim poder atingir
Uma meta que eu visava
Pra’um ganho a mais conseguir.
8
Isso por querer sair
Com’um pouco mais de dinheiro.
Poder gastar mais um pouco
E ainda ficar maneiro
De se arcar com as despesas
Da vivenda o mês inteiro.
9
Na faculdade, o primeiro
A chegar sempre era eu.
Ficava na praça em frente.
E ali um amigo meu
Chegava e puxava um papo
Sobre algo que aconteceu.
10
Eu sempre gostei do seu
Jeito de comunicar
Coisas simples ocorridas
Lá no “ambiente escolar”.
Falávamos por um tempo,
Depois tocava pra’entrar.
11
Tinham naquele lugar
Umas garotas bacanas.
Meu amigo era casado,
Então só as levianas
Ainda se aventuravam
Em investidas sacanas.
12
Semanas após semanas
“A estrada era de espinho”:
O Maik vivia entrando
Nos erros do descaminho;
E eu, pra me desenrolar,
Tinha que tentar sozinho.
13
Não havia desalinho
No meu modo de agir.
Só que sempre alguma coisa
Me evitava conseguir
Fechar o papo co’a “gata”
“Chamando ela” pra sair.
14
O Maik, pra revestir
Meu ser de motivação,
Insistia em me falar
Dicas pra “azaração”
Ficar bem mais desenvolta...
E eu sempre lhe dei razão!
15
Tava um dia no portão,
Quando tive uma suspeita
Que havia uma professora,
Que se encontrava à direita
Do Maik, e “estava de flerte”,
E a isso eu não fiz desfeita.
16
A “prôfa” era bem aceita
Na galera juvenil.
Ô mulherzinha graúda!
Meu peito ficou a mil.
E o Maik notou de longe
Minha investida febril.
17
Não me fiz de pueril,
Decidi ir lá falar
Com ela pra resolver
A “parada” sem nem dar
Espaço pra timidez
Que me fizesse hesitar.
18
O Maik veio ajudar
(como se eu necessitasse!),
Caminhou meia distância,
Mas acabou com o “impasse”
Quando me viu ir a ela
Pra conversar face a face.
19
Já prevendo até o’enlace,
Parou ao focar a cena.
Eu tava a fim de agir.
E a chance ali era plena,
Pois via que aquela ação
Valeria muito a pena.
20
Ia ficando pequena
A distância entre nós dois.
Ela sentada em um banco
De onde viria depois
A levantar-se e arcar
Co’aquilo ao qual se dispôs.
21
Vi bem que ela se propôs
A não fugir do “litígio”,
Que medo, da sua parte,
Não notei nenhum vestígio.
E arcar, pois, co’a minha parte
Vi ser pra mim um prestígio.
22
“Belida nem pterígio”
Me impediriam de ver
Consumar-se tal ação
Que eu insistia em fazer.
Só mesmo Deus pra’impedir
De aquilo, enfim, ocorrer.
23
Cheguei a’empalidecer
A face por um instante,
Só que logo isso passou
E, eu, de uma forma marcante,
Coloquei-me em frente a ela
E ela não se pôs distante.
24
Eis ali belo flagrante
De algo que daria certo.
Ela puxou logo papo
E eu, que já tava mais perto,
Nem me fiz de envergonhado,
Nem fiquei semi-desperto.
25
Em tudo fiquei esperto
E decidi lhe fitar
Os olhos com mais capricho
Pra poder mais lhe ouriçar
Pra que ela ficasse atenta
Pra’o que eu queria falar.
26
Pensei: “Foi bom eu pegar
Umas aulas tempo atrás
De direção na’auto-escola
Pra hoje me achar em paz
Quanto a levá-la pra casa
De carro em momentos tais”.
27
Corri ao Maik e, sem “mas”,
Pedi seu carro emprestado.
E ele, que antes já me vira
Dirigindo com cuidado,
Emprestou-o sem delongas,
Reservas ou desagrado.
28
Antes de correr ao lado
E pedir ao meu amigo
Ali seu carro emprestado,
Eu pedi sem ver perigo
Pra que a “prôfa” me esperasse,
Que a levaria ao abrigo.
29
Cheguei sem impor castigo
Àquela que me esperava.
Pedi pra que ela adentrasse
O carro no qual estava.
Ela entrou e então eu vi
Que mais nada ali faltava.
30
O transporte já tomava
Uma estrada paralela,
Quando eu percebi que dava
Pra pedir-lhe sem querela
Pra pararmos num café
Pertinho da casa dela.
31
Sabia haver algo nela
Que sempre concordaria.
Não hesitei em pedir,
Porque vi que ela queria.
Ela “topou” e paramos
Em uma cervejaria.
32
Mas só que naquele dia
Tava com sorte demais.
Vi que o clima não seria
“Legal” em quaisquer locais.
E, ao olhar pra’o lado achei
Algo que deixou-me em paz.
33
Cervejarias são mais
Pra beber e pra “farrar”.
Eu queria algo mais calmo.
E quando quis encontrar,
Achei ao lado um local
Pra um encontro sem par.
34
“Que restaurante exemplar!”
Pensei ao que o avistei.
Disse-lhe: - É bem mais tranqüilo
Aquele local que achei.
Ela concordou com tudo.
E eu muito feliz fiquei.
35
Ao sentar-me, eu constatei
Que tudo iria dar certo.
Me veio à mente lembranças
E então me senti coberto
De ainda mais garantias
E razões pra’estar “esperto”:
36
Vi o corredor deserto
Na faculdade e olhei
Pra o fundo e lá ela estava.
Apreensivo fiquei,
Entrei na sala apressado,
Mas o porquê eu não sei.
37
Ainda ali recordei
De outra vez quando urinava
No banheiro e, ao sair,
Ela fora me esperava.
Olhou pra mim e sorriu,
Mas mui disperso eu estava.
38
Lembrei quando me encontrava
Na sala da reitoria.
Ela entrou, enrubesceu,
Olhou pra mim, só que o dia
Fora (^) difícil pra mim
E eu evitei “ousadia”.
39
Soube que não deveria
Esperar mais nenhum décimo
De segundo, mas teria
Que beijá-la sem decréscimo
De sentimento, pois já
Tava me sentindo péssimo.
40
Cada lembrança era acréscimo
À dor que me corroia.
Ela tinha me mostrado
Tudo quanto ela sentia
Em cada olhar, cada gesto,
Cada apelo que fazia.
41
A minha atroz covardia
Havia sido demais.
Todas as recordações
Feriam como punhais.
Eu tinha que agir de vez
Pra’amenizar os meus ais.
42
Seus olhos, como cristais,
Brilhavam postos nos meus.
Puxei-a suavemente.
Beijei-a (graças a Deus!).
Pus fim nas decepções
Que havia nos olhos seus.
43
Depois, perdida nos breus
Dos meus olhos obscuros,
Ela se sentiu segura;
E eu escapei dos apuros
Nos quais outrora me achava,
Em momentos inseguros.
44
Meus instantes imaturos
Me custaram muito caro.
Mas, quando agi, me senti
Livre do engano mais claro
Que cometia ao privar-me
De um episódio tão raro.
45
Ainda bem que o “descaro”
Quanto aos enganos de antes
Fora(^) por ela esquecido.
E que, naqueles instantes,
Tudo ali corria bem,
Mantendo os erros distantes.
46
Em tais momentos marcantes
“Liz” se abriu cada vez mais.
Soube seu nome, seus “hobbies”,
Seus gostos e os mais “legais”
Detalhes da sua vida,
Que me atraíram demais.
47
Soube o nome dos seus pais
(coisa até muito incomum!),
Mas só porque’ela’insistiu
Em também não dar nenhum
Espaço pra’eu escapar
De citar detalhe algum.
48
Comigo era “pá e pum”,
Já que ela queria ouvir.
Conversamos, nos olhamos,
Nos beijamos sem sentir
Desejo algum de falar
Que já era hora de ir.
49
Só decidimos partir
Bem tarde. “Isso não importa!”
Ela me exclamou sorrindo.
Então eu abri a porta
Do automóvel e partimos
Co’a noite já quase morta.
50
A lembrança me conforta
Quando recordo momentos
Como esses que nós passamos,
Cheios de bons sentimentos,
Frases de carinho mútuo
E olhares de dor isentos.
51
No’outro dia o ar de alentos
Daquele dia inda estava
A me incentivar a vida,
Pois que ainda me apontava
Aquele evento tão bom
Que, em tudo, me confortava.
52
Sei que o meu corpo lutava
Pra não levantar da cama.
Era terça e era tarde.
Continuei de pijama.
Trabalhar naquele dia
Seria pra mim um drama.
53
Fiz até um “melodrama”:
- Lá fora o chão tá em brasa!
Lembrei de umas livrarias,
A “Leitura”, A “Orbe” e a “Plaza”
Onde eu tinha que passar,
Mas findei ficando em casa. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário