quinta-feira, 8 de março de 2012

Alguns Sonetos (Meu lado lírico de volta à baila!)

Apenas Sonetos – Por RF Amaral

1
Quando a noite aparece, eu te procuro
Pelas ruas, buscando a alegria
Que fazia meu ser a cada dia
Bem mais vivo, mais ser... bem mais seguro.
“Onde estás?” Me pergunto. E, imaturo,
Só encontro exaspero e agonia...
Mas se fora, afinal, eu que apatia
Demonstrara, não sei por que o apuro!
Entristeço. Me sento em um dos bancos
Que há na rua. E, em pensamentos francos,
Me procuro acalmar, me convencer...
Estás longe. Não mais retornarás.
E, sorvendo o meu pranto, encontro paz,
Conformado co’a dor do meu viver.
2 “
Onde está o amor da minha vida?”
“Onde anda o motivo da saudade
Que, crescendo em meu peito, a alma invade?”
Alto exclamo, ao “achar” a paz perdida.
Se momentos recordo, mas saída
Decisiva pra dor eu, na verdade,
Não encontro, que a vil realidade
Me desperta pr’angústia a ser vivida.
Lacrimejam os olhos. Dói demais!
Que a vil realidade soma aos ais
Já antigos, mais novas aflições.
Escurece o porvir. Nem adianta
Apelar pra ilusão que a tudo encanta,
Porque a dor sempre ofusca as ilusões.
3
Deixa a chuva levar a dor que sinto.
Deixa que eu me encaminhe ao mais distante
Descampado e me afogue na constante
E rompante caudal desse ar distinto.
Mas a chuva não leva a dor. E eu minto
Pra tentar enganar o meu errante
Coração que se afoga e não garante
Continuar a bater... e até consinto!
Sou tristonho. O meu tempo é de temores.
Vida em dor. Perdedor entre os amores
Que a lembrança atribui ao coração.
Eis a rua vazia. E o peito cheio
De cruéis desventuras. Devaneio
Que permuta a razão pela’emoção.
4
Corro atrás de um futuro mais bondoso
Com’o meu ser, que não sabe o que é sorrir.
O presente é tristonho. O existir.
Meu viver necessita de algum gozo.
O passado me trouxe um desditoso
Florilégio de dores. Quis fugir,
Mas não pude sair. Quero insistir,
Mas vislumbro um futuro doloroso.
Todavia, se a fé adiantar,
Pode ser que consiga me encontrar
Em destino ao prazer que nunca tive.
Digo ao ser: - Continue! A vida é dor,
Mas um dia haverás de ver dulçor.
Só prossiga e da’estrada não se prive!
5
Meu amor, como é árdua a existência
Sem você por aqui pra me alentar.
Não há luzes no céu. Amor no ar.
Paz. Enfim, algum bem na convivência.
Tudo é dor! Meu amor, a residência
Perde a cor sem você. Não há lugar
Pra sorrisos. E o choro alaga o lar
Onde risos faziam permanência.
Mas, agora, sem ti, o coração
Entra em crise. E a revel dissolução
Toma conta da mente todo instante.
Soluções não se vêem. Cadê a graça?
Facilmente a lembrança me transpassa;
Diariamente o sofrer é mais flagrante.
6
Onde está o meu bem? A vida passa!
Tenho em frente um porvir ainda incerto.
Onde que ela se esconde? Se for perto,
Me informe o local. E o mal desfaça.
Já busquei com afinco. Mas a graça
De encontrar um amor de paz referto
Se desfez na angústia. Algo encoberto
Me impediu de encontrá-lo. E o mal me enlaça.
Apareça, você! Seja quem for!
Bom seria uma vida de amor.
Onde andas? Tu foges, ou sou eu?
Mas, se grito, comprovo que não sou...
Ó destino cruel! Sozinho estou.
E a estrada da vida é puro breu.
7
O segredo nos olhos do meu bem
Tinha um rasgo de dor e sobressalto.
Vil torpor. Fui tomado de assalto.
Sua morte “matou a mim” também.
Eu agora caminho sem ninguém
Pra falar-me de paz. Convivo falto
De alegria, inundando o breu do asfalto
Com’o meu pranto. E socorro algum me vem.
Quando a noite me lembra o meu amor,
Só me resta chorar. Soluço em dor.
“E o que faço?” Sem forças, me interrogo.
A barcaça dos risos me deixou.
E o navio das saudades atracou
No’oceano de choro em que me afogo.
8
Há mudanças de vida ao meu redor.
Me parece que tudo está bem mais
Inclinado que eu às sazonais
Mutações. E eu me vejo bem pior.
Me pareço obrigado a ver melhor
Existência através de tantos ais.
Desistir vem à mente. São as tais
Influências pairando em derredor.
Mas prossigo, apesar dos empecilhos,
A fitar o’horizonte em largos trilhos.
O porvir que a Verdade me reserva.
Sigo crendo no êxito da Justiça.
Fecho os olhos à dor. Sigo a premissa
Do sucesso. E é a fé que me preserva.
9
Olho ruas vazias. Corro atrás
De um alguém que me ama, mas insiste
Em fazer sua vida um palco triste
Onde chora o palhaço e o riso jaz.
Mas caminho, sabendo que quem faz
O possível pra ter e, em fé persiste,
Finda tendo o que almeja, pois consiste
Em louvor seu esforço. E alcança a paz.
Ela está me esperando em algum canto.
Me encaminho ao futuro e, sem quebranto,
Vejo aceso o fanal que aponta’a’estrada.
Sei que posso encontrá-la e não desprezo
À tendência’a’insistir. Não menosprezo
Chance alguma. E prossigo a caminhada.
10
Cai a chuva. Te espero em avenida
Onde o povo prossegue em passeata.
Te enxergar é difícil. Inexata
A procura. Mas não desdenho a lida.
A caminho prossigo na descida
Da’avenida lotada. E a vida é grata
Quando esforço demonstro em tão cordata
Paciência por ilusão movida.
Posso ver-te. Aproximo o coração
Da tristeza cruel da traição.
Já ferido, me viro e vou distante.
Finda a paz. O amor se acaba ali.
Tudo é pranto e o quebranto em frenesi
Me convence a levar a dor adiante.
11
Só me resta aguardar a tua volta.
Pressurosa hoje embarcas no avião.
A viagem me fere. E a aflição
Da distância me traz reviravolta.
Se demoras, meu ser é só revolta.
Acalanto não vejo. Nem razão
Pra sorrir. E não voltas por questão
De fazer-me sofrer. E o mal me escolta.
Pra que foste dizer que voltarias?
Passam meses, semanas, findam dias.
Tudo é dor. O amor não me conforta.
Muitos anos passados, tu retornas.
Outro tens e, por teres, me transtornas.
Entristeço e, em lágrimas, bato a porta.
12
Já consigo enxergar você. Me animo.
Céu cinzento. Sossego. Brisa fria.
Não me chames de amigo. Eis que o dia
É de amor. E do clima a dor suprimo.
Por que vens apertar-me a mão, se eximo
Da’amizade o teu ser? Vejo energia
Pra bem mais do que isso. E alegria
Pra bem mais que dizer só: “Eu te estimo”.
A tristeza atropela uma paixão
Alentada em meu ser. O coração
Não mais sabe o que pense disso tudo.
Quando viras as costas, me transtorno.
Já sem graça, caminho. E ao lar retorno
Arrasado, lacrimejante e mudo.
13
Do passado me ausento e parto sem
Trajetória precisa atrás de um sonho.
Peço a Deus pra que mude o ar tristonho
Dos meus dias. Conceda-me ir além.
Sigo bem lentamente e, assim, também
Não encontro incentivos. E o medonho
Clima atroz do presente é enfadonho,
Mas prossigo assim mesmo sem desdém.
Se o viver desafia os meus sentidos,
Cabe a mim confirmar que, entre os perdidos,
Está um que não há de desistir.
Se há tristezas, barreiras, pedras, serras,
Precipícios, caudais, rivais e guerras,
Mas estou decidido a prosseguir.
14
Muita dor me reserva a vida dura
Deste mundo de angústia e desamor.
Corro tanto. Lamento. Há dissabor.
Tudo é vão como é vã a aventura!
Porém tudo o que tenho por tortura
Faz-se aqui necessário. Olho o fulgor
Desse sol que me queima. O esplendor
Do “astro rei” só traz dor e em dor perdura.
Frio, calor, primavera, outono, inverno,
Março, abril, terça, quinta... Eis o inferno
Do terrível torpor desta existência.
Não adianta vencer. Perder é triste.
Mas o certo é que, tudo o que existe,
Não “me” passa de dor e excrescência.
15
Tomo a pista. Caminho em direção
De encontrar algo bom. O mal eu vejo.
Me equilibro. Mas algo malfazejo
Me arremessa. E eu me prostro sobre o chão.
Tenho muito a fazer. Qual a razão
De lembrar coisas más? O que desejo
É sorrir. Todavia, o vil ensejo
Da desgraça, me tira a diversão.
Olho’a’estrada. O escuro me circunda.
O lamento é profundo; a dor, profunda.
E o que há pra fazer ante o tropel?
Corre o homem, buscando segurança.
Acha a morte aliada à esperança.
É inútil. Fugaz... “Mundo cruel!”
16
De caminho a caminho, ando propenso
A chorar, todavia continuo.
Vejo nuvens escuras e concluo
Que será mais difícil do que penso.
É complexo’o’existir. Me acho tenso.
Tensa a vida, me traz dor e amuo.
Levo cargas pesadas. Não recuo,
Mas me canso bastante em dia intenso.
Passam meses e as horas me parecem
Sempre as mesmas. As coisas acontecem
Sem alerta de risco à existência.
Festas, risos fingidos, distrações...
Por desfecho a tristeza das canções
Lutuosas por última penitência.
17
Quero doce porvir, tenho exaspero.
Quero leve existir, eis um “algoz (´)”.
Quero o bem, eis o mal, serpe feroz.
Quero a vida melhor, me falta esmero.
Se desejo sossego, eis desespero.
Se desejo favor, não vejo os prós.
Se desejo prazer, eis dor atroz.
Viso menos tensões, vejo exagero.
Mesmo assim, inda há forças pra andar.
Não me posso abater. Devo enfrentar
A batalha. Então fito o horizonte.
Pés cansados. Tensões. Tudo é danoso.
Mas, se inda há força em mim, sou corajoso
Pra seguir sem que nada me amedronte.

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