sexta-feira, 23 de março de 2012

O Teletransportador - Cordel de Horror - 1º Parte

O Teletransportador – RF Amaral
1
Depois de me revoltar
Com tanta corrupção
No meu país de origem,
Quis partir em direção
A um canto onde pudesse
Descansar da'agitação.
2
Numa peregrinação,
Que eu já via se tratar
De um feito que levaria
Toda uma vida pra’estar
Totalmente terminado,
Eu segui sem recear.
3
De tanto me deslocar
A pé e de avião,
Achei-me na Noruega
E, ali tive uma visão...
Era 9 de novembro
A citada ocasião.
4
Em 2009, o ano
Daquela visão sem par,
Olhei pra o céu e avistei
Algo estranho a se formar.
Era um vórtice gigantesco
Girando ali sobre o mar.
5
Ali no Golfo de Áden
Houve uma aglomeração
De uma gente estarrecida
Com o tamanho clarão
Produzido pela “coisa”
Que brilhava em rotação.
6
12 minutos aquilo
Ficou ali a girar.
Quando parou, todo mundo
Tentou querer explicar,
Mas “acaba” que as dúvidas
Ninguém pôde elucidar.
7
Eu caminhei pelo meio
Daquela aglomeração.
Queria partir pra casa
Pra pensar sobre a visão.
Mas, no caminho de volta,
Conheci um cidadão.
8
Seu nome, Dêinel Istêndin,
Habitante do lugar.
Contou-me que, muitas vezes,
Que achava de ressonar
No alpendre do seu quarto
Tinha visões de assustar.
9
E o que aquilo tinha a ver
Com o episódio em questão?
Disse ele que havia tido
Como uma premonição
Que aquilo iria ocorrer
Em tal localização.
10
Pensei comigo que aquilo
Tudo era de se tratar
Como uma impressão “barata”.
Coisa dita pra assombrar
Os menos apercebidos.
Nada pra se admirar.
11
Cumprimentei o tal homem
E parti em direção
Ao hotel onde eu estava.
E, sem preocupação,
Entrei e deitei na cama
Lá da minha habitação.
12
Só que quando quis dormir,
Ao me cobrir e fechar
Os olhos ali deitado,
Eu mal pude acreditar...
Algo grande e ruidoso
Veio, então, a me acordar.
13
Era um buraco no teto
Parecendo um furacão,
Como o vórtice do Golfo,
Em desmedido clarão
E me atraindo pra dentro
Cheio de irradiação.
14
Quis me segurar na cama
Pra assim tentar evitar
Que aquele redemoinho
Viesse a me suplantar
As forças e me engolisse,
Porém não pude agüentar.
15
Sustentei o quanto pude,
Mas, por finalização,
Acabei dentro do “bicho”,
Voando sem direção
Cada vez mais para o fundo
Daquilo sem reação.
16
Fechei os olhos e tive
A impressão de parar
De voar dentro do vórtice
Que veio a me abocanhar,
Mas, ao abri-los, estava
Inda no mesmo lugar.
17
Decidi ficar, por fim,
Buscando concentração
Que me acalmasse, ali dentro,
E, após uma sensação
De tranqüilidade, vi-me
Em uma outra dimensão.
18
Fechei os olhos e tive
A impressão de parar
Novamente. Então pensei
Em assim continuar.
Daí, foi só algum tempo,
Pra me achar noutro lugar.
19
Era o centro da cidade,
Mas a localização
Da cidade eu não sabia
E nem qual era a nação.
Desviei-me então dos carros
E saí da contramão.
20
Notei que estava de moto.
Nunca soube pilotar!
Mas, por alguma razão,
Estava ali a guiar
Aquele transporte (e bem!).
Nem podia acreditar.
21
Parei perto de um presídio,
Depois de “transitação”
Por mim tão bem sucedida
Ante tanta condução
E arranha-céus que chamavam
Demais a minha atenção.
22
Era como que uma força
Estivesse a me levar
A fazer aquelas coisas.
Não dava pra evitar.
Findei dentro do recinto
Perto do qual quis parar.
23
Deu vontade de dizer
Que vim pra visitação
De um conhecido que ali
Se encontrava em detenção.
Disse seu nome e um agente
Me atendeu na’ocasião.
24
Seu nome, Dêinel Istêndin.
Pasmei-me ao pronunciar
Esse nome, pois houvera
Estado em outro lugar
Co’o sujeito, mas não dera
Muita importância ao estar.
25
Ele chegou e sentou
Sem ver preocupação.
Parecia conhecer-me.
Então me estendeu a mão.
Cumprimentei-o e ouvi
Da sua situação.
26
Após falar que haveria
De amanhã se enforcar,
Contou-me que teve um sonho
No qual pôde se encontrar
Como sendo um marinheiro
Navegando em alto mar.
27
No sonho, disse-me Istêndin,
Em estranha entonação,
Chamava-se Dêniel Foss
E guiara a embarcação
Até ela naufragar
Numa dada região.
28
Algum tempo navegara
Antes de ele naufragar.
Partira da Filadélfia
Co’a intenção de chegar
Às Ilhas da Amizade,
Onde queria atracar.
29
Mas deu-se uma tempestade
E, por fim, a embarcação
Foi sacudida de um jeito
Que não houve condição
De evitar que ela virasse,
Tendo danificação.
30
Ele nadou e ficou
Numa ilha a esperar
Que algum barco ali passasse
Para vi-lo a resgatar,
Mas só depois de 8 anos
Um navio o pôde achar.
31
Após findar o relato,
Estendeu-me sua mão
E me deu um envelope,
Que eu peguei com suspeição
Que fosse isso algo ilegal,
Já que estava na prisão.
32
Mas, mesmo assim, aceitei
E me dispus a guardar
O envelope no bolso,
Ligeiro e sem hesitar
Pra não levantar suspeitas
Em quem ‘tava no lugar.
33
Saí daquele presídio.
Peguei minha condução.
Mas, foi só acelerar,
Pra me achar em rotação
De novo naquele vórtice,
Voando sem direção.
34
A impressão era certa.
Abri os olhos no ar.
Estava dentro de novo
Daquele tufão sem par.
Tentei outra vez manter
A calma ali pra parar.
35
Bem, foi só me concentrar,
Pra me encontrar, sem razão,
Em um canto diferente
E sem localização...  –
Pelo menos que eu soubesse
Pra minha auto-informação!
36
Na hora senti-me em casa.
Era um “resort” sem par.
Liguei a TV pra ver
O que é que estava a passar
E me deitei sobre a cama
Para tentar descansar.
37
Alguém bateu lá na porta
E eu fui, pra recepção.
Era uma jovem garota
De uma bela feição.
Perguntou-me o que eu queria
Para minha refeição.
38
Eu falei: “Agora não”.
“É que eu quero descansar”.
“Certo, senhor” – ela disse
E partiu pra me deixar
Sozinho. E eu, logo em seguida,
Pensei num banho tomar.
39
Tomei uma ducha quente
E pedi a refeição.
A garota apareceu
Co’uma bandeja na mão
E depois, em um carrinho
Trouxe o jantar em questão.
40
Fiz-lhe uma interrogação
Para poder me informar
Sobre o lugar, mas sem nada
De ali dar a suspeitar
Que não sabia onde estava
E ela tratou de falar.
41
Aquele imenso lugar
Já tinha reputação,
Segundo a tal senhorita,
De melhor da região.
San Zi era o nome dado.
Vi impresso num cartão.
42
Dormi a noite todinha.
Mas, quando pude acordar,
Abri a porta do quarto
Onde estava a repousar
E vi corpos sobre o chão
E sangue em todo o lugar.
43
Parei. Não pude explicar
Aquela situação.
O condomínio geral
Tava ainda em construção,
Mas os pedreiros estavam
Todos caídos no chão.
44
Aí, nessa ocasião,
Quando eu pensava em chamar
A polícia para vir
Com pressa àquele lugar,
Vi-me de novo no vórtice
Solto, girando no ar...

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