1
A
noite esconde segredos
E
o dever de os revelar
Cabe
ao tempo que, na vida,
Tudo
pode apresentar
Como
apenas uma parte
Do
que se quer desvendar.
2
Seguimos
nossa viagem
Em
busca de emoção:
Prepara-se
o ambiente
Para
a realização
De
uma procura incessante
Pelo
que anseia a visão:
3
Manifestações
de afeto,
Fatos,
conversas sem par,
Romances,
queixas, notícias
Capazes
de impressionar
Quem
as conta e quem as ouve
Dentro
ou fora do seu lar.
4
Eis
a real odisséia
Da
vida em exposição:
Um
namoro se inicia,
Tem
fim outra relação;
Ou
uma notícia-bomba
Causa
outra grande “explosão”.
5
No
mundo real há sempre
Algo
por se revelar.
Pessoas
estão sujeitas
A
qualquer sorte ou azar.
E
assim a vida desvenda
O
que antes quis ocultar.
6
Olhe
tudo em sua volta.
Diga-me
qual a visão
Que
você enxerga agora
Em
sua contemplação...
Tudo
não é tão confuso
E
cheio de indecisão?
7
Então
navegue comigo
Na
vastidão deste mar.
Deixe-me
guiar o barco,
Ensinar-te
a enfrentar
Tormentas
enfurecidas
Que
te desejam tragar.
8
Veja
o moço da esquerda.
Quanta
preocupação!
“A
fim de” quem nem o nota
E
escravo de uma ilusão,
Expondo
a sua estrutura
À
desestruturação.
9
Seu
nome é Natanael,
Porém
é mais popular
Ser
chamado de Natã
(Que
é pra poder se tornar
Rápida
a comunicação
Na
hora de conversar).
10
Ele
vive em boa casa
Por
ter boa condição.
Seus
pais são advogados
De
ótima reputação.
E,
assim, ele vive a vida
Sem
ter preocupação.
11
Em
um bairro classe alta
É
onde fica o seu lar:
Vários
carros na garagem
Que
não “dá” nem pra contar;
E
tudo o que há de mais caro,
Lá
é fácil de encontrar.
12
O
Cláudio é amigo seu,
Tem
a mesma condição,
Senão
ainda maior,
E
vive de “azaração”
Num
dos clubes do colégio:
O
Clube de Natação.
13
Aparece
certas horas
Quando
tá querendo andar.
Chama
o Natã pra um “rolê”.
Só
pra beber e “boyzar”
E
ver se fisga umas gatas
Somente
pra se mostrar.
14
Bem,
o Natã, mesmo sendo
Levado
à situação
De
se portar igualmente
A
quem “tem como” um irmão,
Não
compactua com toda
Sua
vã inclinação.
15
Às
vezes lhe dá conselhos
Pra
tentar lhe motivar
A
ver que a sua existência
Parece
andar devagar,
Mas
acelera; e, afinal,
É
melhor se consertar.
16
Mas
Cláudio nem leva em conta
O
teor do seu sermão.
Diz
que o orgulho é pra poucos.
Que
é triste a situação
De
quem não tem nem orgulho
Pra
lhe dar motivação.
17
Vê
a soberba por outro
Lado
e não quer se negar
A
cultivar esse orgulho
Que,
diz ele, “é o pulsar
Da
vida de quem tem vida,
Mas
não pra se lamentar”.
18
Cláudio
namora a Sofia.
Mas
só por tapeação,
Pra
ter uma “coisa” fixa,
Manter
a reputação
De
estar “pegando” a mais gata
Daquela
imediação.
19
Faz
natação “por esporte”,
Pois
nunca veio a estar
Preocupado
com’os treinos.
Vai
só quando quer nadar
E
se exibir um pouquinho
Na
hora que é pra treinar.
20
À
Sofia pouco importa
Se
tudo é enganação,
Os
encontros, o namoro,
Que,
ao fim, a reputação
De
estar com’o Cláudio supera
O
mal da encenação.
21
O
negócio é ter a fama,
Mesmo
que isso vá custar
Uma
perda incalculável
De
um tempo que, ao se passar,
Parte
deixando a velhice,
Porém
não volta a buscar.
22
O
Natã, sem namorada,
Às
vezes entra em ação
Com’o
Cláudio pra ver se encontra
Quem
lhe mereça atenção,
Mas
finda com quem não vale
Um
miserável tostão.
23
“É
só esta vez”, repete,
Como
em outra, até cansar.
É
fraco, influenciável,
Propenso
a vir se deixar
Levar
por vis investidas
De
quem não o quer amar.
24
Anda
em busca de um amor,
De
alguém sem “enrolação”
Que
não o queira na vida
Pela
sua condição,
Mas
que lhe fale a verdade
Com
plena convicção.
25
Como
que um conto de fadas
Tivesse
um nobre lugar
Na
mente desse rapaz
Que
só vive pra sonhar
Com’um
amor tão desmedido
Que
nunca fosse acabar...
26
O
Natã sonhava só
Enquanto
todos, em vão,
Aconselhavam-lhe
sempre
Contra
essa sua ilusão
De
acreditar num amor
Sem
ter dissimulação.
27
“Deixa
disso! A vida é dura!
Vai
cuidar em se agarrar
Com
uma linda mulher
E
procura concentrar
As
forças naquele amor
Que
ela tiver pra te dar”.
28
Só
que ele se concentrava,
Mas
tinha em seu coração
Algo
que o afugentava
Sempre
de tal relação
Que
parecia verdade,
Mas
era só ilusão.
29
Deixar
o corpo em conforto
Enganoso
e se ferrar
Depois
co’a separação
Que
nunca iria evitar
Era
por demais danoso
Ao
seu instinto exemplar.
30
Numa
festa juvenil
Alguém,
por vil diversão,
Intentou
pôr-lhe em engodo
Numa
noite de “paixão”,
Volúpia
e embriaguez,
Desejo
e devassidão.
31
Ele,
totalmente bêbado,
Não
poderia escapar.
Mas
apareceu o Cláudio
E,
por se considerar
Culpado
daquilo tudo,
Do
engodo o pôde livrar.
32
É
que uma garota nova,
Mas
em plena ovulação,
Tentou
“armar” pra o coitado
E,
ao vê-lo ali sobre o chão
Do
quarto, o assediou
E
ele ficou sem ação.
33
Queria
uma gravidez
Forçada
pra o colocar
Em
juízo e lhe extorquir
O
que pudesse tirar
E,
assim, desfrutar de grana
Sem
precisar trabalhar.
34
O
Cláudio, que já sabia
Daquele
plano e ação,
Encontrou-se
arrependido
De
toda aquela invenção
E
interrompeu a transa
Antes
da consumação.
35
Ele
pensava em fazer
Natã
de fato acatar
A’idéia
de que, na vida,
A
mulher que a gente achar
Mesmo
que inda só um pouco
Amorosa,
“é pra casar”.
36
Inda
bem que ele evitou
Que
naquela ocasião
Seu
amigo se ferrasse
Pra
sempre por uma ação
Impensada
e que o traria
Tristeza
e inquietação.
37
Não
que o Natã não viesse
A
assumir seu lugar
De
pai por ocasião
Da
menina engravidar,
Mas
ficaria envolvido,
Mesmo
sem isso esperar.
38
A
garota era a Samanta.
Um
verdadeiro “avião”.
Perfeita
de cima a baixo,
Porém
um ser sem noção
Da
gravidade dos planos
Que
sempre punha em ação.
39
Irmã
da Paula Alessandra,
Que
só pensava em “farrar”,
Nunca
iria achar na vida
Uma
influência exemplar
Que
a pudesse deixar longe
Daquela
vida vulgar.
40
Pensava
em achar um homem
Bem
vestido em seu carrão
Para
então “pegar um bucho”,
Depois
se encher do tostão
Ao
extorquir o babaca
E
sair sem punição.
41
Isso
não é novidade.
Está
em todo lugar.
É
o plano mais usado
Quando
não se quer “ralar”.
É
só pegar um panaca
E
convencê-lo a transar.
42
Claro
que sem camisinha,
Que
é pra haver condição
De
engravidar do otário,
Que
se enreda sem razão,
Sujeito
a pegar doenças
No
ato da penetração.
43
Houve
ainda outra festinha
Na
casa de um Elimar
Que
houvera chegado há pouco
Ali
naquele lugar
E
pra ficar conhecido
Uma
festa ele quis dar.
44
Natã
estava na beira
Da
piscina por razão
De
estar de conversinha
Com’uma
“mina”, de roupão...
Mas
Cláudio estava na sala
Envolto
na “curtição”.
45
Em
dada situação
Alguém
quis se exaltar.
Mas
o Cláudio entrou no meio
Da
briga, só pra’apartar
Os
conflitantes, porém
Não
pôde se controlar.
46
Natã
correu da piscina
Pra
acabar a confusão.
Se
meteu no qüiproquó,
Embora
sem intenção
E
acabou foi desmaiado
No
meio da dissensão.
47
A
discussão sem motivo
Teve
início no andar
De
cima, onde se encontravam
Paula,
Samanta e Elimar
E
um cara que só estava
Ali
mesmo pra brigar.
48
O
nome do indivíduo?
Sandro,
vulgo “Valentão”.
Deixou
as “minas” de lado
Pra
se agarrar com o irmão
Da
gata que o Elimar
Tava
de azaração.
49
E
o Elimar quis partir
Pra
cima pra ajudar
O
irmão da Beatriz,
Que
era, naquele lugar,
A
“mina” que ele escolhera
Pra
tentar desenrolar.
50
A
gata gritou: - Ajuda!
E
o Elimar, numa ação
Impensada
entrou na briga
Com’uma
garrafa na mão.
Fora
só pra apartar,
Mas
findou na confusão.
51
O
Cláudio tinha já feito
Amizade
no lugar
Com
o dono do recinto
E,
pra não se acovardar,
Tomou
as dores do amigo
E
foi pra o meio apanhar.
52
Já
Natã, que nunca fora
De
briga, viu que a questão
Envolvia
o seu amigo,
O
qual tinha por irmão,
E
decidiu resolver
Aquela
situação.
53
Mas
só que não deu pra ele.
No
final teve o azar
De
levar a garrafada
Que
Elimar pensava em dar
No
valentão de plantão
Que
só viera brigar.
54
Foi
chamada a ambulância
Pra
vir à habitação
Onde
se dera o conflito;
E
a polícia fez questão
De
aparecer no local
Para
uma averiguação.
55
Sobrou
para o desmaiado,
Pois
o que estava a brigar,
O
valentão de plantão,
Fugiu
pra não se encontrar
Com
seu pai que era o “tira”
Que
fora àquele lugar.
56
Ninguém
quis se explicar.
Até
Cláudio, por razão
De
ter se envolvido feio
Lá
naquela confusão,
Não
quis livrar nem a cara
Do
amigo ali no chão.
57
Pra
ver como é o negócio.
Natã
entrou pra apanhar,
Ao
ver o Cláudio apanhando,
Mas
esse não o quis dar
Um
apoio, mesmo o vendo
No
chão daquele lugar.
58
A
menina da piscina
Poderia,
e com razão,
Ser
aquela que ele estava
Buscando,
na intenção
De
poder constituir
Duradoura
relação.
59
A
garota era prezada
Por
todos em singular
Admiração
que houvera
Em
tempos feito brotar
No
coração das pessoas
Que
sempre a viam passar.
60
Seu
bairro, um tanto distante
Do
de Natã, com razão,
Era
o motivo dos dois
Ficarem
sem condição
De
se encontrarem e, ao fim,
Se
unirem pela atração.
61
Às
coisas do coração
Nada
se faz similar.
O
Natã ficou de cama
Em
um leito hospitalar,
E
adivinha quem ficou
Para
esperá-lo acordar?
62
Acertou
quem disse: a Ana.
E
ela chorou sem parar
Ao
ver o Natã na maca
E
a ambulância a andar
Pra
o hospital pra que ele
Pudesse
ali repousar.
63
O
médico, ao observar
O
rapaz, não viu razão
Pra
ficar tão abalado
Com’a
sua situação,
Mandou
pôr algo em seu soro
E
saiu sem comoção.
64
Já
a garota que, ao lado
Do
rapaz quis esperar
Pra
fazer todo o possível
Para
o poder ajudar,
Não
continha as suas lágrimas,
No
seu semblante a "rolar".
65
“A
menina da piscina”,
Essa
era a única menção
Que
o menino poderia
Usar
na ocasião
De
precisar de uma ajuda
Naquela
situação.
66
Pensou
não haver falado
O
seu nome no lugar
Onde
conhecera o jovem;
Nem
se deu a perguntar
O
nome dele que, agora,
Sabia
sem o indagar.
67
É
que quando o tal rapaz
Chegou
pra internação
O
médico já tinha pego
Com’alguém
da recepção
Seu
nome e o proferira
Pra
identificação.
68
Por
certo os seus documentos
Eles
puderam achar
Em
posse dele, em seus bolsos,
E
puderam’analisar
Seu
nome na identidade,
Já
no espaço hospitalar.
69
Mas
Ana era o nome dela...
Sua
identificação
Fora
(^) do acesso de todos,
Todavia
dele não.
E
muito isso a’incomodava,
Lhe
causando comoção.
70
Pra
recapitulação.
Eu
antes ousei falar
Que
esse jovenzinho (agora
Em
um leito hospitalar)
Alimentava
paixão
Por
quem nunca o quis notar.
72
Isso
é verdade de fato,
Pois
tivera a propensão
De
ficar a mendigar
Um
instante de atenção
A
quem não lhe houvera tido
Jamais
consideração.
73
Tivera
sido a missão
Da
sua vida tentar
Achar
um jeito eficaz
De
enfim poder desfrutar
De
um momento de atenção
De
alguém que pensava amar.
74
Seu
nome, Sandra Cristina,
Mocinha
de lar cristão.
Aparentava
pureza,
Mas
só que na perdição
Já
estava mergulhada,
Mesmo
após a “conversão”.
75
Era
só mais uma hipócrita
Que
gostava de pensar
Que
por “enrolar” seus pais
E
o restante do seu lar
Bem
poderia iludir
Quem
mais ousasse tentar.
76
Claro
que um dos induzidos
Ao
erro dessa ilusão
Era
o besta do Natã
Que
insistia sem razão
Em
querer ser enganado
Por
causa de uma atração.
77
Mas
a Sandra nem ligava
Pra
o fato de se encontrar
Em
condições de poder
Ao
Natã ludibriar
Com
seus embustes e farsas
Que
sempre ousava em testar.
78
Pra
caras como o Natã
Não
havia precisão
De
se portar diferente
E
usar dissimulação,
Que
a paixonite dos tais
Já
os punha em sua mão.
79
Porém
a situação
Tava
prestes a mudar.
O
Natã tinha ao seu lado
Alguém
em quem confiar:
A
“garota da piscina”
Que
o esperava acordar.
80
Aquela
sim era a certa
Pra
ter tal dedicação
Ao
seu dispor, pois estava
Envolvida
em emoção
Verdadeira
e duradoura,
Todavia
a Sandra não.
81
Os
pais de Natã, ao virem
Ao
recinto hospitalar,
Encontraram’aquela
jovem
Ali
sentada a olhar
Pra
o seu filho e se sentiram
Bem
por ela ali estar.
82
Na
recepção haviam
Recebido
a’informação
De
que aquela jovenzinha,
Que
lhe segurava a mão
No
leito, estivera ali
Desde
a sua internação.
83
Já
muitíssimo agradecidos,
Resolveram
conversar
Com’a
mocinha atenciosa
Para
poderem’estreitar
Relações
e a conhecerem
Melhor
naquele lugar.
84
-
Querida, se já quiser
Ir
à sua habitação,
Meu
marido levará,
Com
toda satisfação,
Você
pra que não precise
Ter
que pegar condução.
85
-
Amor, a chave do carro.
-
Quer ir agora ao seu lar? –
Pergunta
o marido à moça,
Que
ainda iria ficar
Pra
ver com grande alegria
O
rapazinho acordar.
86
Disse
ela: - Eu ainda quero
Esperar.
Faço questão.
O
marido consentiu
Sem
fazer objeção,
Mesmo
vendo estar bem tarde
E
escondendo a apreensão.
87
Passou-se
poucos minutos
E,
“aí”, puderam notar
Um
movimento na cama
Onde
estava a repousar
O
jovem Natã, há horas,
Sem
reação demonstrar.
88
Os
pais ficaram contentes,
Cheios
de satisfação
Ao
verem-no ali desperto
E
olhando com gratidão
Para
aquela que o ficara
A
vigiar com’atenção.
89
Não
que ele soubera ali
Por
algum dom singular
Que
ela o havia ficado
Aguardando
despertar,
Mas
seu olhar demonstrava
Algo
por se analisar.
90
Bem,
de certo ele lembrou
Da
mocinha por razão
De
ter se comunicado
Com
ela em ocasião
Passada,
naquela festa
Onde
houvera a confusão.
91
O
médico o examinou.
O
pediu pra se virar
Pra
ele olhar sua nuca
E
assim se certificar
Se
o corte em sua cabeça
Já
parara de sangrar.
92
Tudo
estava bem com’o jovem.
Mesmo
assim, por precaução,
O
médico pediu pra que ele
Ficasse
ali por razão
De
ele o desejar deixar
Inda
em observação.
93
É
bom saber que o rapaz
Pouquíssimo
pôde falar.
E
foi por isso também
Que
o médico intentou deixar
O
mesmo ainda em repouso
Naquele
âmbito hospitalar.
94
A
“garota da piscina”
Apertou
a sua mão,
O
abraçou e o deixou
Com
sua mãe por questão
De
ser tarde e ter que ir
Para
a sua habitação.
95
O
seu pai com cortesia
Levou-a
para o seu lar.
Retornou
depois com pressa
Para
então poder estar
Com
seu filho no hospital
Onde
ele iria ficar.
96
Pela
manhã os doutores,
Após
avaliação
Detalhada
do seu caso,
Viram
que a situação
Era
boa e optaram
Por
sua liberação.
97
Assim
o carinha pôde
Retornar
para o seu lar.
Ainda
tinha a cabeça
Enfaixada
a lhe causar
Desconforto,
mas, enfim,
Tava
pronto pra voltar.
98
Após dias muito longos
De
uma recuperação
Pra
se ver livre das faixas
E
pronto pra diversão,
Quis
fazer visita à Ana
Pra
demonstrar gratidão.
99
A
mãe dela, ao recebê-lo,
Mal
podia acreditar
Que
aquele moço, que a filha
Tanto
insistia em citar
Em
seus diálogos em casa,
Vir-lha-ia
visitar.
100
Bem,
eis então uma chance
De
uma comunicação
Bem
mais comprometedora,
Talvez
munida da’ação
De
fazer os dois poderem
Dar
azo a uma paixão.
101
Ele
ficou esperando
A
menina se arrumar.
“Por
certo era isso que ela
Fazia
pra demorar
Tanto
como demorara
Para
atendê-lo em seu lar”.
102
“Toda
garota é assim”.
Disse
na’imaginação.
Passou
a mão na camisa
E
olhou se cada botão
Tava
bem abotoado
Pra
não dar má impressão.
103
Mas
sim, a’impressão foi boa.
Dava
pra ver pelo ar
Que
ela esboçara de longe,
Já
quando o pôde avistar
Ali
no sofá sentado
E
apreensivo a esperar.
104
-
Tudo bem? Cê tá melhor? –
Numa
dupla indagação
Ela
“quebrou logo o gelo”
E
tomou a decisão
De
não deixar que o silêncio
“Roubasse”
a ocasião.
105
-
Tudo certo. Eu tô melhor. –
E
agradeceu por estar
Ela
tão preocupada
Com
ele e por se mostrar
Tão
decidida a fazê-lo
Muito
à vontade ficar.
106
-
Nada disso. Eu só tô sendo
Eu
mesma em ocasião
Tão
delicada, já que
Sua
recuperação
Deu-se
faz só poucos dias...
E,
é “ótimo”, uma animação!
107
-
Vamos a algum local
Bem
“legal” pra “se encontrar”...
-
Mas nós já nos encontramos!
-
É só modo de falar.
Um
lugarzinho legal.
Sabe?
Só pra conversar.
108
-
Eu conheço um bom lugar.
-
E a localização?
-
Eu te falo no caminho.
-
Perdoe a minha tensão.
Há
muito eu não vejo alguém
Com
tanta motivação.
109
-
Como assim? – perguntou ela,
Num
riso peculiar.
E
ele, ao ouvir a pergunta,
Começou
logo a suar.
Foi
falar, perdeu a fala.
Começou
a gaguejar.
110
Pensava
que ela o havia
Achado
na intenção
De
deixá-la ali sem graça,
Mas
todavia isso não
Estava
em seus pensamentos
Em
nenhuma ocasião.
111
Ela
o olhou nervosinho
E
o tentou acalmar.
-
Calminha. Eu só perguntei
Somente
por perguntar.
Vamos?
O sol nos espera
Pra’um
“passeio à beira-mar”.
112
Depois
de tamanha pista
Ele
viu, pra’indagação
Que
antes fizera, a resposta.
A
tal localização
Do
canto pra onde iriam
Era
o fim do quarteirão.
113
Lá
tinha um canto chamado
De
“Passeio à Beira-Mar”,
Um
restaurante tranqüilo,
Bem
legal pra namorar.
E
era ali que eles iriam
Sentar-se
pra conversar.
114
-
Tô sabendo que você
Faz
Administração
Na
faculdade aqui perto.
Como
é? É verdade ou não?
-
Sim. É verdade eu estou
Fazendo
o curso em questão.
115
-
Cê sabe que o seu pai
É
muito familiar?
-
Como assim? Cê o conhece?
-
Mas não pude imaginar
Que
ele escondesse uma filha
Tão
linda assim em seu lar.
116
Ela
corou e tentou
Disfarçar,
mas foi em vão.
Natã
a notou vermelha,
Então
pegou sua mão
E
apertou pra dar-lhe apoio
Diante
daquela emoção.
117
-
Cê tá gelada, menina!
-
Que é? Cê quer me esquentar?
-
Ah, isso vai depender
Se
o seu pai me deixar. –
O
clima tava esquentando
Ali
naquele lugar!
118
É
bom ressaltar que os dois,
Como
mostra a narração,
Não
se importavam com isso
De
ficar na’inibição
Pra
dar um tom mais “certinho”
À tal comunicação.
119
Deixavam
rolar o clima,
Mas
de modo salutar:
Sem
quebrar os bons costumes,
Mas
sem se preocupar
Também
com qualquer besteira
Que
alguns pudessem pensar.
120
Eram
de fato perfeitos
Um
pra o outro; e a relação
Era
provável que fosse
Seguir
sem indecisão,
Obstáculo,
intransigência
Ou
vil dissimulação.
121
-
Tu vai pra onde nas férias? –
Ela
pôs-se a perguntar.
-
Vou ficar por aqui mesmo.
E
você? Vai viajar?
-
A pena é que me parece
Que
não vai dar pra ficar.
122
-
Sabe? É que meus pais marcaram
Uma
viagem... E eu não!...
-
Por que tu não diz a eles
Que
quer ficar, por razão
De
ter pensado outra coisa
Pra
fazer por diversão?
123
-
É que, bem provavelmente,
Eles
vão me pressionar.
Mas
de uma forma legal,
Sabe?
Para eu não ficar
Longe
deles, já que sempre
Eu
escolho viajar.
124
-
Mas tenta e vê se dá certo.
-
Bem... Isso é uma opção.
-
Se eles disserem que sim,
Vai
ter comemoração.
Ao
menos da minha parte...
E
da tua parte, não?
125
-
É bom que a gente se vê
Por
aí pra conversar. –
Desviando
um pouco o foco,
Só
pra ter o que falar
E
pra não deixar o clima
Ir
pra outro patamar.
126
Era
cedo, isso é verdade,
Mas
não havia razão
Pra
desanimar de tudo.
Havia
ainda a questão
De
que não seria agora
Tomada
tal decisão.
127
-
Mas vai ser daqui uns dias.
Sete
dias, a contar
De
hoje. Mas vai dar certo.
Bem
provável que vá dar.
Mesmo
se eu for, logo, logo
Volto.
Não vou demorar.
128
-
Espero você aqui
Pra
gente rir de montão.
Vou
te levar pra’umas festas.
Vai
ser boa a distração.
-
Só diz, e a gente vai.
Tô
pronta pra diversão!
129
Depois
de um rápido beijinho,
Andaram
em direção
Ao
carro dele e entraram
Sem
pressa, mas (com razão!)
Tendo
em vista muito mais
Para
aquela relação.
130
Já
no outro dia o Cláudio
Ligou
pra o seu celular.
-
E aí, rapá. O que houve,
Que
não deu para eu te achar?
Tu
tava onde? Eu te liguei...
Nada
de tu retornar!
131
-
É que eu tava com’uma gata.
-
Ah... Tava na diversão!
Quem
foi a gata da vez?
Samanta,
aquele “avião”?
Ou
foi outra assanhadinha?
Qual
foi a da vez, irmão?
132
-
É que essa é diferente.
É
uma “mina” sem par.
-
Mas tu já não tá com ela?
-
É só modo de falar!
Essa
é muito “gente fina”,
De
uma família exemplar.
133
-
Já tá amarrado assim?!
É
bom pegar o carrão
E
dar um rolê legal
Pra
tu pegar um montão
De
mulher e ver que ela
É
só outra diversão.
134
-
Ih, rapá isso não é
Coisa
nem de se falar.
A
menina é “gente fina”...
-
Desculpa aí por pensar
Assim.
Eu nem refleti.
Falei
sem imaginar.
135
-
Da próxima então imagina...
Vem
cá... E na’internação?
Por
que tu não ficou lá?
-
Eu tava envolvido, irmão!
Eu
disse a Ana pra ir,
Pois
não dava pr’eu ir não!
136
Natã
tinha se informado
De
tudo e quis indagar
O
Cláudio só pra saber
Como
ele ia se explicar
Por
não ir ao hospital
Ao
menos pra’o visitar.
137
Ele
sabia que o Cláudio
Nem
ligara pra questão
De
ele ter levado a culpa
De
toda aquela tensão
Que
houvera naquela festa
Que
acabara em confusão.
138
Está
armado o cenário
Para
uma apresentação
Da
verdadeira faceta
Da
narrativa em questão
Cheia
de tramas e arte.
E
é daqui que a gente parte
Para
em outra parte entrar.
Deixando
tudo ordenado
Pra
que neste palco armado
A’história
possa atuar.
[Fim da primeira parte]
RF Amaral
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