sábado, 22 de novembro de 2014

Útimos Escritos

À Susposta "Zona de Conforto": Será que você existe mesmo?!
Poeta Felipe Amaral


Racionalmente, vamos pensar um pouco! Todos esses chavões (expressões batidas) que repetimos a vida toda nada mais são que imposições psicossociais (refiro-me aqui, mais especificamente, à expressão "zona de conforto"). Vejamos:

Um escritor que gosta de escrever para viver; um poeta que ganha a vida poetificando-a e sente prazer nisso; ou um corretor da bolsa de valores, que não passa de um "workaholic", oficia sendo-o e se sente bem sendo-o... Todos estariam em uma "zona de conforto" (eis um bordão regurgitado demasiadamente), simplesmente porque sentem prazer fazendo o que fazem?

Agora se alguém me diz que o que A ou B fazem não é trabalho e sim hobby, pergunto: quem estipulou a regra do que pensar como trabalho ou como hobby? O leitor pode ganhar a vida só lendo, da mesma forma o escritor escrevendo , ou o limpador de janelas limpando, ou o pedreiro construindo, ou o lixeiro varrendo, ou o "consertador" de qualquer coisa consertando... O problema está em que nem todos têm a oportunidade de se sustentarem fazendo o que fazem bem e com prazer. Mas, daí, não decorre que estão errados. Podem até não atenderem às expectativas, todavia, errados errados mesmo, não estão, ainda que padeçam necessidades.


Brincando de Pensar
Poeta Felipe Amaral

Eu sou um bobo. Um bobo sorridente. Passo em frente às casa da cidade tocando violão na esperança de que alguém queira, ao menos naquele curtíssimo espaço de tempo, desvencilhar-se da porcaria musical que o aprisiona.
    Mas eu não tenho “status” a distribuir. Não tenho roupas caras. Não sou um cara que siga a moda. Sou um bobo que passa tocando seu violão. Um bobo bobo.
    Talvez você me encontre por aí e me faça a mesma pergunta que todos costumam-me fazer. Sempre tão desconcertante! Sempre tão ridícula. A mesma pergunta sem o mínimo de criatividade. Ou, então,  queira me provocar. Ah... isso acontece também.
    Havia uma menina que estudou tanto para atingir um certo objetivo que acabou com dor de cabeça e zero na prova. Sabemos que o emocional conta muito. Mas o mundo vive dizendo que somos máquinas. Não devemos nos preocupar com isso. Somos tão fortes quanto o Homem de Ferro do cinema.
    O citado acima tem tudo haver com a inquirição que sempre me fazem. Mas não importa o que eu diga, só o que valerá alguma coisa para os tais será o que convém ao sistema, esse sistema de dores, sistema que fabrica pessoas que adoecem. Os que suportam são sortudos, nada mais. Queria ver se eles começassem a ficar tão debilitados que não pudessem fazer mais nada... O que iriam fazer? O fazer mal ao corpo é como uma divindade a ser reverenciada todos os dias.
    São pessoas que não param para sorrir um pouco. E quando o fazem, não é com sinceridade. Ainda continuam fazendo um esforço sobre-humano para serem aceitas, para serem as mais sorridentes, para serem alguém, serem vistas… A vida dessas pessoas é fétida como os detritos o são. Não se dão conta.
Para que tanto sofrimento? E muitos nem sequer acreditam em Deus. Isso é, no mínimo, hilário e, no máximo, uma estupidez sem precedentes… Tenho que ir dormir agora. Mas, com certeza, não irei deitar pensando em como devo deitar ou no que devo sonhar para ser visto como um modelo a ser seguido, idolatrado, divinizado, sei lá mais o quê. Fui!


Contemplações da Razão
Poeta Felipe Amaral


    Sobrevém-me um medo. Estou só. Os meus planos não são respeitados como se adviessem de alguém que tem mesmo uma mente pensante. É que quero deixar tudo em aberto. Quero acreditar em Deus. Não penso ser justo o ser obrigatória a acomodação da vida às ordens de uma sociedade automatizada. Deus o sabe.
    Já passei por algumas dores que duraram um tempo considerável, mas, ao fim, não permaneceram. Não penso que Deus irá deixar que tudo dê errado. Não posso acreditar que preciso me deixar robotizar. Não há nada de lógico nisso!
    Meus amigos todos estão conseguindo o sustento mediante comprovação, via diplomas, de suas potencialidades, mas, todo dia, quando eu olho para a TV, eu fito uma realidade na qual o que menos importa é um diploma. O dinheiro parece brotar como mato. Todo mundo é ridente. Tudo é - aparentemente - tão bonito!
Sou um escritor! Componho às vezes. Faço meus próprios arranjos para as canções que “pego de ouvido”. Alguns dias meto-me a glosador. Canto também. Perdi as contas do tanto de coisas que já escrevi, compus, criei. Sou - modéstia à parte - uma máquina de criar. Crio neste exato momento. Porém, tudo o que faço é reputado por lixo, nada, refugo.
É revoltante ver gente que, por simples orgulho, adentra os salões da arte. Claro que, no fim, nunca é arte o que é feito. É lodo. Lama. A “playboyzada” é especialista nessa “parada”.
Então, fico só. Solitário, crio os meus personagens. Solitário, canto minhas canções. Solitário, recito. Solitário, solitário, solitário. Dane-se! Perco a paciência.
Não consigo ainda ver nitidamente o que me espera, mas creio que Deus há de reconhecer meu potencial e me colocar no lugar onde devo estar. Não que eu queira ser nada! Quando falo isso quero dizer que não quero ser mais que ninguém. Quero só ser eu. É possível? Tomara seja...

Motes e glosas de natal - Felipe Amaral


Abra a sua moradia
E deixe entrar o Natal
1
Adorne toda a varanda
Com luzes resplandecentes.
Ponha dourados pendentes
Presos à linda guirlanda
Pra que a data meiga e branda
Do Natal seja um total
Deslumbre; e especial,
Cheia de alvor e alegria.
Abra a sua moradia
E deixe entrar o Natal.
2
Chame os colegas à ceia
E a vizinhança também,
Que alegre é o lar que tem
Toda a sua extensão cheia,
Porque essa união clareia
A vida espiritual.
Sorria co’o pessoal
Que, à mesa, se delicia.
Abra a sua moradia
E deixe entrar o Natal
3
Faça uma festa sem par
Em riso em empolgação.
Demonstre satisfação
A quem visita o lugar.
Chame todos pra cantar
Neste desfecho anual.
Celebre de forma tal
Como ninguém poderia.
Abra a sua moradia
E deixe entrar o Natal
4
Envie cartões postais
Para todos os parentes
E distribua presentes
Entre os mendigos locais.
Cantatas e recitais
Não evite, que é normal
Celebrar todo final
De’ano com canto e poesia.
Abra a sua moradia
E deixe entrar o Natal
5
Pela manhã não hesite
Em fazer reunião
Para uma celebração;
E nem rejeite convite.
À tarde, abra o apetite
Da parentela local
Co’uma matinê formal
Da ceia, durante o dia.
Abra a sua moradia
E deixe entrar o Natal
6
Toda noite faça festa,
Porque este mês dezembrino
É todinho natalino;
E isso ninguém contesta.
O riso se manifesta
No ar residencial
E a paz individual
Pra o coletivo irradia.
Abra a sua moradia
E deixe entrar o Natal
7
Faça orações a Jesus
Inda mais intensamente.
Vá ao culto e, no ambiente
Da’igreja, se entregue à Luz
Que incentiva e que conduz
O ser à paz divinal.
Promova o Essencial
Da data dia após dia.
Abra a sua moradia
E deixe entrar o Natal
8
Vá à rua e sorva a verve
Do amor que refulge e canta.
Sinta’a’unção que se levanta
Na’alma e a mesma conserve.
Fale, celebre e observe
A beleza estrutural
Da riqueza ornamental
Envolta em brilho e magia.
Abra a sua moradia
E deixe entrar o Natal


Escancare o coração
Pra emoção do Natal.

1
Prepare a sua morada
Pra receber os parentes.
Faça a compra dos presentes.
Vá à varanda adornada.
Veja a rua ornamentada.
Fique mais sentimental
Pra desfrutar, afinal,
O máximo da emoção.
Escancare o coração
Pra emoção do Natal.



Possa você desfrutar
Da emoção natalina.
1
O Natal nos brinda com
Sentimentos indizíveis.
As sensações são incríveis.
Porque o Natal é um dom.
Tudo é muito mais que bom.
A beleza nos fascina.
A emoção nos domina.
E o amor nos faz cantar.
Possa você desfrutar
Da emoção natalina.


Motes e Glosas de Natal - Felipe Amaral

Sopra a brisa natalina
Na avenida iluminada.
1
O Natal chega trazendo
Com ele amor e alegria.
E a quimera e a fantasia
Ofertam vigor tremendo
Ao fantástico e estupendo
Sonho infantil pra que invada
A enternecida morada
Toda envolvida em neblina.
Sopra a brisa natalina
Na avenida iluminada.


O Natal tem o poder
De me tornar mais feliz.
1
Saio a à rua e vejo amigos
Que vêm à minha cidade.
O bem a minh’alma invade
Como a luz toma os abrigos.
Dores, mágoas e perigos
Vão-se e a alva flor-de-lis
Do amor brota da raiz
Do mais sublime prazer.
O Natal tem o poder
De me tornar mais feliz.



Chegando o Natal, eu faço
Um banquete a cada dia.
1
Arrumo tudo certinho
Com esmero e com capricho.
Relego angústias ao lixo
E adorno de vivo alinho
O meu lar, inda sozinho,
Pra, depois, em companhia
De amigos, na moradia,
Preencher de amor todo o espaço.
Chegando o Natal, eu faço
Um banquete a cada dia.


Tudo fica mais bonito
Co’a chegada do Natal
1
Orno a varanda singela
Com luzes de brilho infindo
E o meu lar fica mais lindo
E a minha vida mais bela.
É que essa data revela
De uma forma especial
O que há de mais virginal,
Dissipando o vil conflito.
Tudo fica mais bonito
Co’a chegada do Natal.


Pra mim, nada se compara
Co’a emoção do Natal
1
Tudo é lírio e fantasia.
A casa se enche de graça.
A brisa suave passa.
A rua inspira magia.
É que a mágica do dia
Natalino é sem igual.
Reencontro o pessoal
E o meu coração dispara.
Pra mim, nada se compara
Co’a emoção do Natal.



Há um segredo escondido
Na magia do Natal.
1
Não sei bem o que motiva
O ser a pensar assim.
Menciono isso só pra mim,
Evitando alheia oitiva.
É que há um dom que incentiva
Meu coração fraternal
Nessa festa sazonal,
Mas não lhe abarco o sentido.
Há um segredo escondido
Na magia do Natal.



Tudo fica mais risonho
Quando é noite de Natal
1
O ar destila inspiração.
As vitrines resplandecem.
As amarguras decrescem
E amor ganha impulsão.
Bate forte o coração.
E o ser, mais sentimental,
Canta canções em coral
E nada faz-se enfadonho.
Tudo fica mais risonho
Quando é noite de Natal.


Poemeto de Natal - Felipe Amaral

Mote:
Todo Natal reaviva
O fulgor da esperança.

1
É chegar dezembro, eu sinto
Que tudo está diferente.
Há, definitivamente,
Neste mês, algo distinto.
A paz adentra o recinto
E a brisa suave e mansa
Evidencia a mudança
De maneira conclusiva.
Todo Natal reaviva
O fulgor da esperança.
2
É como que ressoasse,
Todos os dias do mês,
Um som ante a vividez
Das luzes, sagrando o enlace
Da paz e do amor, em face
Da’incompassiva cobrança
Da vil rotina que avança,
Mas jaz, mesmo em recidiva.
Todo Natal reaviva
O fulgor da esperança.
3
Tudo é agapanto e lírio!
O prazer imerge a alma
Num oceano de calma
Que flui do divino Empíreo.
Sucumbe a dor. O martírio
Cede lugar à bonança
Que alenta a perseverança
Da fé, antes inativa.
Todo Natal reaviva
O fulgor da esperança.
4
Vou à rua, onde cintilam
Miríades de alvas luzes
Como uma explosão de obuses
E estrelas que, em brilho, oscilam.
As angústias se aniquilam
E os risos, vindo em pujança,
Dão certeza à confiança
Que a vida há de ser festiva.
Todo Natal reaviva
O fulgor da esperança.
5
Esse infantil panorama
Deleita a alma que aspira
Ao terno toque e suspira,
Sorvendo o fulgor da chama…
Cada ação, cada programa;
Cada canção; cada dança
Têm um quê de uma lembrança
De uma infância sempre viva.
Todo Natal reaviva
O fulgor da esperança.
6
Há bailes de formatura;
Festas há, de casamento;
Banquete, a todo momento;
“Shows” e mostras de cultura;
Um sino em miniatura
Que bimbalha, ao que balança;
E um desejo de criança
Que da’ilusão não se esquiva.
Todo Natal reaviva
O fulgor da esperança.
7
Há confraternização
De amigos e conhecidos,
Que, embora o sejam, são tidos
Por familiares e tão
Próximos quanto o irmão
Que, ao chegar em segurança
Da viagem, já se lança
À reunião “massiva”.
Todo Natal reaviva
O fulgor da esperança.

Autor: Poeta Felipe Amaral


Reflexões Sobre a Vida
Poeta Felipe Amaral

O mundo nos propõe sempre duas escolhas:  viver como um robô ou morrer como um Diógenes. Mas é claro que alguns vão dizer que se adaptam bem ao que o mundo apregoa.
Na verdade, você não é nada, a menos que dê o sangue. Mas por que tem que ser assim?
Dar o sangue até pode parecer uma expressão corriqueira e leve, mas resguarda, no fundo, uma ideia opressiva que sempre passa desapercebida.
Para explicar melhor, proponhamos uma realidade: Um menino nasce numa família de classe média. Cresce presenciando toda a correria dos seus pais que “ralam” muito para sustentá-lo. Quando chega em idade de ingressar nos estudos, começa então a ter contato com algo já predefinido para fazê-lo “se desenvolver” intelectualmente. E a vida estudantil é toda um microcosmos do mundo de competição que o espera depois da fase colegial: “Seja o melhor”. “Tire dez em matemática”. “Você errou um parágrafo inteiro?!”. “Olha quem está ficando com a mais gata da escola”. “Você pode comprar tudo o que você deseja?... Não? Mas eu posso”.
Decerto, a mente humana criou tudo isso. Não precisa ser assim. Temos uma veneta louca que nos leva a querermos complicar as coisas. Mas, se for fácil, então não presta. Eis o mantra: O fácil é do Diabo !
Caso o menino da historieta hipotética acima não se enquadre nos padrões, tudo “desabará” sobre sua cabeça. E lá vai a mãe dizendo: “Nosso filho não terá futuro!” Lá vai o pai: “O que fiz para merecer isso?”
Ele - o menino - só quer fazer poesia. Ele quer montar um grupo de música “folk”. Quer viver livre! Ele só quer viver. E viver de verdade para ele é, de fato, viver, viver mesmo! Só que todos vão questioná-lo. “É louco!” Dirão. “Esse filho dos vizinhos… Pobre garoto. Sempre será pobre”.
O menino pode não ligar para isso ou para aquilo. Pode continuar vivendo. Talvez saia de casa. Vá morar longe. Trabalhe em um bar. Talvez durma algum dia debaixo da ponte. Talvez vá se recostar nos bancos compridos da rodoviária. Mas o que o povo vai pensar? “Quem se importa?” Retrucaria o menino.
Há pedreiros, estagiários, office boys, aeromoças, bancários e limpadores de janela, mas só o que ele faz não é trabalho. Só o que ele faz! Unicamente o que ele faz. Quem disse ao mundo que o que ele faz é um hobby? Quem disse que, no futuro, ele poderá pensar em se divertir? Quem disse que haverá futuro? Quem é como Deus? Acho que o sistema se porta como um deus.
Deixe o menino fazer o que gosta. Deem-lhe oportunidades. Não alimentem um rancor infundado. Não há razão para se odiar quem é diferente. Odiar o que esse diferente faz. Odiar o que ele diz.  Deixem-no.
Aqui está tão frio. Mas são poucos o que não vão ficar surpresos se, ao entrarem, encontrarem a lareira acesa e o chocolate quente na mesinha de centro. Eles não querem facilidade. “Então, corram! Embrenhem-se na floresta congelada atrás de gravetos para fazer o fogo. Eu vou ficar aqui no aguardo”. Mas alguns diriam: “Por que você?” Ao que o “folgado” responderia: “E por que não? Alguém tem que ocupar essa vaga! E, já que ninguém se dispôs - e , isso, até inconscientemente - eu o fiz. Bye”.


Sonetos ao Vento
Poeta Felipe Amaral

1
Busco flores em meio à tempestade.
Ouço o vento bater contra as janelas.
Corro à rua à procura das singelas
Alegrias das quais tenho saudade.

É num beijo que as dores, na verdade,
Findam dando lugar àquelas belas
Sensações que desfazem as mazelas...
E a procela se vai co’a claridade.

Dança o riso de outrora. Ri a vida.
Vejo as ondas daqui. E eis a guarida,
Que o amor construiu, toda adornada.

Há canções passionais. Há sons que ecoam.
O perfume do amor. Frases que soam.
O prazer de uma paz eternizada.

2
Levo flores. Transporto as esperanças
Que motivam a rir quem já não ri.
Levo beijos. E, a paz que antes senti,
Reavivo. Renovo as alianças.

É o vento a soprar!... Inseguranças
Que se vão ante a luz que nunca vi
Tão brilhante. É a rosa. O colibri
Que voeja. É a vida. A brisa mansa.

Tudo lindo. O descanso que restaura.
Céu azul. Mar azul. Sol que se instaura
N’alma, dando ao meu ser novo vigor.

A bonança. É a dança. É o lirismo.
Nessa festa, eu repouso. E o cataclismo
Evapora ante a égide do amor.


Sonetos do Nada - Poeta Felipe Amaral

1
Sou o abismo da vida. Encarcerei-me
Nos recônditos vãos. Sigo. A neblina
Direciona-me ao breu... Que me defina
A ilusão de poeta! Aprisionei-me.

A clausura é-me doce. Norteei-me
Pela luz do prazer. A cristalina
Alvorada desprezo. Eis a campina
Obscura da noite. Acomodei-me.

Sou agora esse grânulo de ideias.
Afogueio o semblante das plateias.
Não atendo nenhuma expectativa.

Sou um livre funâmbulo das horas
Cambiando o crepúsculo de auroras
Pelas trevas da noite convulsiva.

2
É na sombra das horas que me escondo.
Levo versos ao caos da existência.
Sou poeta de dores. A vivência
Conduziu-me ao torpor. Nada respondo.

Não me chame. Não clame. Correspondo
Aos que não se emocionam-me. Paciência!
Pare tudo! Não grite! A conseqüência
Desse medo retumba em tredo estrondo.

Eis os rios da paz. Eis as colinas.
Ao sossego da vida tu te inclinas.
Ao sossego eu me inclino. Livre estou.

Quando a luz ressurgir, eu dormirei.
Quando a noite erigir-se, acordarei.
Sou poeta. Sou pó. Sou vento. Sou!

3
Leve sopro. Caminho. Falo baixo.
Estou só. Só me elevo. Busco flores.
O lugar me permite que os alvores
Veja. São de artifício, ao que me encaixo.

Não me encontro tristonho, cabisbaixo.
É tranquilo viver na noite. As cores
Desse breu aviventam-me os amores.
O prazer de sorrir. A dor rebaixo.

Relegando o temor ao vil exílio,
Penso versos de amor. O domicílio
Aparenta os Etéreos Aposentos.

Cada riso, uma ode. O madrigal
Da sonata noturna. O sideral
Acalanto de Elísios Firmamentos.


Sonetos Sonantes - Poeta Felipe Amaral

1
É a brisa que guia a minha vida.
É o barco da paz que me transporta.
Leve traço de riso. Alma que aborta
Embriões da tristeza concebida.

Campos. Aves. O vôo. Alva jazida.
O repouso. O descanso que conforta.
Noite negra dos sonhos. Dor já morta.
Vida viva. Passeio. Aura florida.

Pele nívea. Paixões primaveris.
Emoções sazonais. Versos febris.
As cantigas boêmias do prazer.

Violões de plangência grave-aguda.
O labor da cadência. Luz desnuda.
Eis o plectro que embala o meu viver!

2
Flautas. Vozes. Canções e melopéias.
Violões que conversam num diálogo
De cadências harmônicas análogo
Ao das almas amantes. Panacéias.

O remédio do espírito. As idéias
Que, dos céus, vêm à Terra. Ordem. Decálogo
De boêmio viver. Ao ser, catálogo
De emoções, logopéias, fanopéias.

Brinca o riso. Arfa o canto. Sorve a doce
Existência o poeta… Se o não fosse,
Morreria do tédio que lacera.

Soa a música. A mente, em paz, divaga.
O alentoso momento cura a chaga.
A canção da poesia reverbera.

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