quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A História da Minha Vida - Fragmento 1

     A História da Minha Vida


Por Felipe Amaral

 Fragmento 1

     Olá! Tudo bem?... Então tá.
    Bem, a história da minha vida não é extraordinária. Revoltante seria o termo mais apropriado.
    Creio que não viera ao mundo para ser habitante da cidadezinha na qual sempre morei (pelo menos, até agora! já faz trinta anos!). Sempre tive um quê de diferente ou de querer ser diferente. Não seguir imposições, sabe? Pena é que, agora, a esta altura, tudo o que posso fazer - só humanamente falando - é espernear. Mas Deus há de cuidar de tudo.
    Não entendo porque as pessoas fazem o que fazem. Elas se esfalfam. Lutam demais. E, porque não aceito tal combate inútil, sou reputado por leniente (Deus o sabe!).
    Já na entrada para a adolescência, minha vida foi começando a ficar nublada. Começaram a me inquietar com toda essa imposição de crescimento que todos nós estamos acostumados a ver por aí: “Faça isso!” “Faça aquilo outro!”... Ó Deus, livrai-me de tais inquietações!
    Para a esmagadora maioria das pessoas, você só é alguém quando consegue obter “status”. E “status” consegue-se com dinheiro, quase todas as vezes. Ninguém jamais vai ligar para você, a menos que você se enquadre. Você pode ser um Diógenes ou um Alexandre, o Grande, mas, com toda certeza, na visão puramente mundana, nunca há de haver uma terceira via a ser trilhada.
    Tenho muitos amigos (graças a Deus!), mas, para falar a verdade, muito pouco reconhecimento: os debates provam isso! Sou um amigo que deve se colocar no seu lugar. Ouvir. Rir, às vezes. Mas jamais altear a voz (o que costumo fazer, até inconscientemente). Resumo: não sou reconhecido como alguém que tenha, na verdade, algo novo e factual a repassar.
    Conheço algumas garotas também. Sou sempre um amigo. Não creio que pudera nunca ser mais que isso. O fato é que a falta de “status” me desvirtua de tal forma que, o que me resta são só títulos que subentendem piedade, nada mais.
    Não podendo ser injusto comigo mesmo e com tão poucas garotas, permito-me alegrar minha pobre alma com um pequeno detalhe a ser revelado: eu tive “ficantes”! Se parece surpreendente e contraditório - visto que mencionei acima que “sempre fui um amigo” - dou a satisfação devida. Não é porque se é um “ficante” que não se possa ser “um amigo”. Nunca fui um “ficante ficante”, na verdade. Sou muito pouco sabedor do que fazer em horas de clímax voluptuoso. Abracei-as, cheirei-as, beijei-as, mas nunca - creio eu - nunca consegui fazê-las sentirem-se “super- amadas”, “super-realizadas”, sei lá.
    Eu sou assim. Um menino que pensa que, apesar de tudo, deva ser o que é mesmo. Não seria eu, se não o fosse! Veja! Dramatizar, teatralizar, fingir… Isso eu deixo para os “boyzinhos” de plantão. Eu vivo a vida. Não importa se tenho, ou irei ter, algum dia, um carro da hora ou uma fama estratosférica. Eu sou eu mesmo! E não me permitiria ser outra coisa. Afinal de contas, eu não viveria os meus dias. Seria algum tipo de “coisa” ou “entidade” que eu deixaria se apossar do meu corpo, se me deixasse iludir pelo fingimento.

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