segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Cordel Urbano - Ângela - Poeta Felipe Amaral

Ângela
Poeta Felipe Amaral


1
Eu me mantive parado,
Olhando o céu estrelado,
Imaginando poder
Haver a pequena chance
De viver doce romance
E acabei por me envolver.
2
Era uma noite de Abril.
Num esforço pueril,
Eu tentava não fitar
Àquela que ali sorria.
Meu coração já sofria,
Mesmo antes de se entregar.
3
Fora a ação mais doída
Que já fizera na vida,
A de entregar-me à paixão.
Sofri por muito temer.
Não queria me envolver.
Mas sucumbi à pressão.
4
Eram os olhos mais lindos.
Claros, de alvores infindos.
O azul de um noturno mar.
A brisa nos seus cabelos.
E eu, sorridente por vê-los,
Não conseguia evitar...
5
A paz que advinha dela
Era a paz que se revela
Nos loucos vôos da’atração.
Seu riso. Sua alegria.
A mais perfeita magia
Que cativa o coração.
6
Vi-a naquela avenida.
Tive a alma revestida
De sentimento sem par.
O seu amor desejei,
Porém não me apresentei
Por temer me aproximar.
7
Ângela de céus nivosos!
Oh encantos donairosos!
Oh rebelde obsessão!
Renegara a fantasia,
Até que, naquele dia,
Algo nublou-me a razão.
8
Não conseguia dormir.
Decidi me decidir.
E, ao hesitar hesitar,
Vi-me buscando um amor,
Pra mim, imerso no alvor
Angelical do luar.
9
Era ilusão a certeza.
Meu coração sem defesa...
Minh’alma sem proteção...
Dera tudo e nada tinha.
Tal ilusão advinha
Dos caprichos da paixão.
10
Minha razão relutara,
Mas a emoção ganhara
O confronto de uma vez.
Estava eu abandonado.
O coração quebrantado.
Ó dia! Ó maldito mês!
11
Ela já tinha um amor.
Não haveria dulçor
Pra minh’alma angustiada.
A guerra fora perdida.
A vida perdera a vida.
Tudo fez-se um grande nada.
12
Hoje a avenida é triste.
A dor em mim subsiste.
O céu, o brilho perdeu.
Fora embora a linda jovem.
As lembranças me comovem.
A esperança morreu.
13
Eis os olhos da verdade.
Severa realidade.
Licor de fel. Desventura.
A minha vida acabou.
Não sei mais nem quem eu sou.
  • Vê! Este mal É sem cura! (2x).

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