quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A História da Minha Vida - Fragmento 2 - Por Felipe Amaral

Fragmento 2


    Perdoe-me Deus, mas quero viver sem contemplar a dor. Disse “perdoe-me”, porque sei que Deus a permite. Não sei o porquê de tal permissão, mas continuo acreditando n’Ele, pois, sem Ele, eu não poderia saber, verdadeiramente, nem o que venha a ser o significado de “porquê”; e nem nada. Tudo seria só matéria, mas matéria não pensa no que é ser matéria!
    Desespero-me, às vezes, justo porque não me conformo com o sofrimento. As pessoas vivem suas vidas e nem se dão conta do que vivem. Não vivemos uma vida boa de verdade! Tudo é injusto. O desconsolo permeia tudo! E, se temos algum  tipo de prazer efêmero, esse não consegue, de modo algum, redimir todo o resto.
    Perdoe-me! Vou ver se deixo você em paz. livrar-te-ei (ou tentarei, juro!), de agora em diante, de minhas reflexões filosóficas existenciais.
    Mudando de foco… Lembro quando me apaixonei. Senti um gelo na barriga. Escrevi muitos sonetos. Basta! Fiz o que todos fazem quando se apaixonam.
    Não percebi que aquela garota tão bonita, ao perceber que eu a encarava com um olhar diferente, colocara-se à disposição do meu amor. “Que sorte a sua!” - diziam todos. Uma linda garota! Uma inexorável beleza!
    É da paixão o deixar-nos bobos. Os racionais sempre se viram doidos com os paradoxos da atração passional. Não sou um gênio, mas nunca me vi à vontade diante de tal sentimento. Fato é que, quando se está apaixonado, a gente pensa muita bobagem. A gente se deixa levar pela maré. Tudo é riso. E o riso dos bobos.
    Posso dizer que, hoje, sou mais “pé no chão”. Ainda assisto a muitos filmes românticos... São tocantes, admito! Todavia, ao fim, desligo a TV e o coração. Abrindo os olhos para a realidade, vejo só a dúvida e a dor. E sei que você pode estar se perguntando: “como pode um cara que crê em um Deus Todo-poderoso enxergar assim o mundo”? Respondo: Embora eu não o enxergasse assim como o vejo, ele continuaria sendo da mesma forma, em detrimento do que eu quisesse ver ou estivesse vendo. É lógica, não paixão.
      Ó Deus, peço-te que escuses o que falo. Sou tão fraco. E somos todos assim mesmo. Certo é que a gente pode até pensar ter ímpeto para viver de modo plenamente contemplativo e objetivo, mas, ao final, desfalecemos. Mas sei bem que alguns vão querer me questionar. “A vida é boa!” - dizem vários. Penso sobre o tanto que esses vários pararam para pensar sobre a vida. Mas - cuidado! - não estou dizendo que a mesma vida não tem seu fulgor prazeroso. Este livro não é sobre o triunfo do vazio e a derrota do gozo! Nós temos com o que nos alegrar nesta vida, embora isso nunca me seja o suficiente, racionalmente falando.

     Agora lembro dos presentes que ganhei. Nada nunca se compara com a primeira vez de tudo. A primeira vez de olhar algo novo. O riso é muito intenso. Não pensamos em outra coisa. A beleza feminina também nos reserva momentos assim. Grandes “performances” nossas. Grandes promoções. Belas composições. Um filho! A primeira casa, quitada depois de anos. Tudo é só alegria! Impressiona!

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