segunda-feira, 22 de abril de 2013

Nunca se atreva a entrar / Em casa mal-assombrada.

Nunca se atreva a entrar
Em casa mal-assombrada.
1
J.C – Em um terreno baldio
R.F – Eu vi uma assombração
J.C – Que me causou aflição,
R.F – “Frisson”, medo e calafrio.
J.C – Escutei um assovio
R.F – Vindo de uma alma penada,
J.C – Então tomei a estrada
R.F – Tentando d’ela escapar.
Nunca se atreva a entrar
Em casa mal-assombrada.
1
R.F – Cheguei numa casa velha
J.C – Já cansado da corrida.
R.F – Quis ali fazer dormida,
J.C – Mas vi num pé de groselha
R.F – Uma alma que destrambelha
J.C – Qualquer criatura ousada.
R.F – Corri sem pensar em nada,
J.C – Vendo ela se aproximar.
Nunca se atreva a entrar
Em casa mal-assombrada.
3
J.C – Avistei “pelos” caminhos
R.F – Um amigo de outras eras.
J.C – Mas tais visões eram meras
R.F – Miragens, vis desalinhos.
J.C – Até mesmo os passarinhos
R.F – Guiavam-me a caminhada
J.C – Só que eu não via pousada
R.F – Que me pudesse abrigar.
Nunca se atreva a entrar
Em casa mal-assombrada.
4
J.C – Ouvindo um grito esquisito,
R.F – Exasperei-me e segui.
J.C – Cansei. Parei. Refleti.
R.F – Achei-me da paz proscrito.
J.C – Que havia um vulto maldito
R.F – A me atrasar a jornada.
J.C – Sua horrenda gargalhada
R.F – Chegava a me arrepiar.
Nunca se atreva a entrar
Em casa mal-assombrada.
5
R.f – Em meio a tão vis assombros,
J.C – Sem alguém pra socorrer-me,
R.f – Mas procurando conter-me,
J.C – Vi-me atirado em escombros.
R.f – O mal pesava em meus ombros.
J.C – Deixava a alma cansada.
R.f – Pensando em Deus, fiz parada
J.C – E comecei a clamar...
Nunca se atreva a entrar
Em casa mal-assombrada.
6
J.C – Demorei-me em oração.
R.f – Exausto findei a mesma.
J.C – Mas ainda o abantesma
R.f – Fazia-me perseguição.
J.C – Pensei não ver solução
R.f – Pra cena evidenciada,
J.C – Mas vi descer uma armada
R.f – De anjos pra me ajudar.
Nunca se atreva a entrar
Em casa mal-assombrada.

JC - João Carlos Nogueira; RF - Roberto Felipe Amaral

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