terça-feira, 23 de abril de 2013

Na escola - capítulo semichick-lit - romance colegial (parte 1)

Na escola

Começo de semana. Todos em agitação pelos corredores. Um apelo a novas experiências. E, eu, como não poderia ser diferente, achava-me também envolvido pela intensidade da emoção ofertada pelo momento.
“Que emoção?” Vou explicar: Para mim, sempre tocou-me o fato de, no colégio, ver adolescentes em conversas descontraídas. Remetia-me a filmes, romances “colegiais”. E, na verdade, não podendo faltar, havia uma menina pela qual eu era apaixonado. Ela passava quase sempre à mesma hora. Sorria e acenava. Eu me via encantado!... Mas ficava por aí mesmo. Não me atrevia a “complicar” mais as coisas.
Tinha alguns amigos aos quais confidenciava meus desencontros e poucos encontros sentimentais. Mas nada de tão meloso! Falava das gatas, nada mais! O Jorge era um desses. Bem parecido comigo. Também não achava jeito de falar com a Sandra. E minhas experiências não ajudavam muito... Enfim, falávamos só. Só falávamos mesmo.
Mas, depois de um tempo, eis que aconteceu o que eu “temia”. A coisa se “complicou” para mim. A Paula me convidou para fazer parte do seu clube de leitura. Comprei o livro exigido e me dirigi para a sua casa – onde iria haver o encontro de leitores – e, em nada, demonstrei hesitação, apesar de não gostar muito daquele estilo de literatura: “Chick Lit”.
Chegando na casa, a Samanta logo me inquiriu... O Daniel fez um sinal de positivo... A Lúcia pediu que eu me sentasse... A Fran socou a cara no seu livro... E a Paula (aaah... a Paula...). A Paula não disse nada. Passou em branco. Nenhum cafezinho!... (como se eu gostasse de café...) Poderia solidarizar-se. Era muito difícil para mim concordar com aquilo tudo. Passos dados rápido demais.
Fato é que me sentei. Olhei o exemplar. “Amor em 'fins' de dezembro”, esse, o título do livro. Mas por que “fins”? Não seria melhor “fim”? Deixei isso de lado. O importante era que eu estava ali. Estava ali, era isso que importava. Mas, será que só estar ali, importava mesmo? Sentia-me um peixe fora d'água. Deslocado. Mas iria fazer de tudo para suportar. Foquei o rosto dela. Buscara um foco desde antes ali. Buscara e, agora, achava. Fiquei a fitar-lhe a feição. Não demorou muito e ela decidiu começar a exposição acerca do capítulo já lido por todos anteriormente (menos eu. Não tivera tempo... Ou “saco”).
- Penso que, não só este capítulo, mas todo o restante do livro, correlacionam-se diretamente com nossas vidas... - tinha um risinho na cara, de total deleite pela história. Sua expressão prenunciava mais.
- Não li o dado capítulo. Sabe? Não tive tempo. Chamaram-me em cima da hora. - falou o Daniel. E eu ergui uma das mãos.
- Diga. - “fuzilou” a Fran. Essa, sempre muito aplicada, com certeza não gostou nadinha do que ouviu. E, se haveria mais alguém que não leu... Sei não. Decidi me calar ali mesmo.
- O que é, Sérgio? - indagou a Paula. Abaixei a mão, que ainda mantinha levantada, acho que devido ao susto com a Fran... Não falei nada.
- Quer ir ao banheiro, é? - “subterfugiou-me” o Daniel. Mas, mesmo com essa, não falei nada.
- Já que ninguém quer dizer nada, vamos a história. Quero relatá-lo (o capítulo) devido aos homens - creio eu que era isso que você iria falar, Sérgio – não terem lido o capítulo em questão.
- Unrum... - assenti com a cabeça.
- Não importa. A história conta “do” relacionamento de Cley com sua professora Dina. - comecei a pensar que aquilo me interessaria muito. Talvez houvessem olhares estranhos diante dos fatos relatados. Eu poderia me identificar com algum deles. Não sei...
- … Cley agarrou-a pela cintura...
- Sem dizer nada?! - interrompi.
- Tá prestando atenção não, é? - só o momento daquele anterior pensamento e eu havia perdido quase o roteiro inteiro da trama!... Nunca pensei que pensasse tão lento.
- Eu tô resumindo só. Não tô lendo o livro parte por parte não. Quis começar da parte que ele a agarra pela cintura após ouvir dela um elogio um tanto quanto comprometedor, porque achei que essa interessaria aos rapazes. Para dar uma acordada... - apesar de não haver ninguém dormindo.
- Que elogio? - estava me arriscando. Mas eu tinha que saber!
- O livro não especifica. Mas foi “quente”. Eu acho.
Irri! Tu “acha” que já foi assim?!
- Assim como? - demonstrava alguma vergonha do que pensara.
- Paula, pode ter sido só um elogio aos olhos dele ou mesmo ao corpo musculoso.
- Como você sabe que ele tem um corpo musculoso?
- Não sei. Só deduzi. Fiz como você, mas com menos “quentura”. - disparou o Daniel com um trocadilho sarcástico.

Meu dia acabou por ali mesmo. Andei para casa. O Daniel me acompanhou. Estava chuviscando, mas eu estava de mochila. O livro não iria molhar. Na verdade, não dava a mínima, mas a Paula iria ficar chateada, então dei. Guardei-o com cuidado, após sair da sua casa.
O pai perguntou sobre o resto do dia. O da escola, ele já sabia que eu iria dizer que tinha sido chato (veja o leitor bem! Não que eu achasse o ambiente chato. As aulas, sim). Disse qualquer coisa e parti para meu quarto. Liguei a TV em um canal em que passavam seriados legais e fui para o computador atualizar meu “facebook”. Como todo adolescente, era um olho no monitor o ouvido na tela e, às vezes vice-versa. Colocara uma música baixinho para ambientar. Fiquei por ali até dormir.


Nenhum comentário:

Postar um comentário