quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Câmara “Malassombrada” ( A primeira versão- bem maior!)

E isso não é maravilha,
Porque o próprio
Satanás se transfigura
Em anjo de luz.
(II Coríntios 11.14)

Baseado em Boatos Reais

A Câmara “Malassombrada”

1
Em Tabira há uma história
Que é necessário contar.
Dizem que existe na Câmara
Algo de espetacular:
Uma assombração que vive
“Malassombrando” o lugar.
2
Então eu fui confirmar
Se aquilo era uma invenção.
Fui atrás do vigilante
Daquela edificação
Pra fazer uma entrevista
Com aquele cidadão.
3
E, ao fazer locomoção
Pra ir àquele lugar,
Eu me encontrei com Genildo,
Um companheiro exemplar,
E, assim fomos eu e ele
A fim de o guarda encontrar.
4
Chegando àquele lugar,
Apertei a sua mão.
E o vigilante me disse
Seu nome na’ocasião.
E eu lhe expliquei o motivo
Da minha apresentação.
5
Após falar a razão
Porque eu fui me apresentar,
Ele, em consideração,
Se dispôs a me contar
As coisas que aconteciam
Ali naquele lugar.
6
Disse que, à luz do luar,
Todo tipo de visão
Dava pra se constatar
Ali naquele salão,
Que era onde os vereadores
Faziam reunião.
7
Falou de uma aparição
De uma mulher singular
Que tinha vindo da rua
E quis entrar no lugar.
Botou a cara pra dentro,
Mas não queria falar.
8
Ele foi lhe perguntar
Se ela estava bem ou não.
Mas ela não respondeu
A sua interrogação.
Fechou a porta e desceu
Pegada no corrimão.
9
Sua esposa Conceição,
Que dormia no lugar,
Levantou e disse a ele
Pra não se preocupar
Que “aquilo” era uma pessoa,
Não algo “pra se assustar”.
10
Mas ele quis constatar.
Puxou a porta co’a mão
Num impulso exagerado
E desceu sem lentidão
Pra ver se aquela mulher
Era ou não assombração.
11
Notara a sua feição
Muito pálida, pra pensar
Que era uma mulher comum
Que ali queria adentrar.
E, já que saiu calada,
Ele correu pra olhar.
12
Ali pôde comprovar
Que aquilo era uma visão.
Ela “se desfez” no ar
Qual fumaça de fogão
E ele, aí, correu pra dentro
Com medo da’aparição.
13
Disse outra situação
Que também veio a passar,
Quando, já tarde da noite,
Resolveu ir descansar
Num colchão perto da’escada
Que “dá” pra o primeiro andar.
14
Já estando a ressonar,
Veio “como que” uma mão
E puxou na sua calça,
Pra’arrastá-lo pelo chão
E ele acordou assustado
Com aquele repuxão.
15
Mas, devido’à’irritação
Pelo “vulto” o acordar,
Quis enfrentar o danado,
Então se pôs a puxar
A sua perna de volta
Pra voltar a descansar.
16
Porém foi só inventar
De enfrentar aquele “Cão”,
Pra’ele virar-se na “peste”
E “dar-lhe” mais um puxão.
Mas, naquele “puxa-puxa”,
Ninguém achou solução.
17
Até que o guarda em questão
Resolveu “de” revidar
Com um golpe diferente,
Pois que um chute ele quis dar
No fantasma “puxador
De calça”, pra’ele parar.
18
Só que, quando foi chutar
O traste da’assombração,
Não “se tocou” que a danada
Não tava num corpo não.
Meteu o pé na parede,
Que ficou co’uma lesão.
19
Acabou-se a confusão
Quando ela pôde passar.
E ele ficou “se ardendo”
No colchão a praguejar
E ela passou pra o banheiro,
Fechando a porta ao entrar.
20
O guarda inda quis contar
Da’estranha reunião
De vozes fantasmagóricas
Que se dava no salão
Justo onde os vereadores
Uniam-se em comissão.
21
Era um barulho do “Cão”
Dentro daquele lugar.
Um resmungado indistinto
No plenário popular,
Como em ambas as bancadas,
Deixando medo no ar.
22
Ninguém pode decifrar
Aquela murmuração.
Então o jeito é dormir
Ouvindo a reunião,
Mesmo sem entender nada
Daquela conversação.
23
A pôr fim na comissão
Que ali veio a se instaurar
Ninguém é assim tão doido
Que se disponha a tentar.
Também... Ninguém vê ninguém.
Nem adianta se arriscar.
24
O guarda quis me mostrar
A foto de um cidadão
Chamado Manoel Paulino,
Que já’estivera em sessão
Naquela casa alguns anos,
Quando em sua atuação.
25
Quis me mostrar, por razão
De ter algo pra contar
Sobre a tal fotografia,
Que eu entrei pra’observar.
Que havia ocorrido um fato
Co’aquela imagem sem par.
26
Um cara pediu pra’olhar
Praquela foto em questão.
Subiu pra o primeiro andar.
Só que, na ocasião
Que olhou pra foto, assustou-se,
Porém ninguém viu razão.
27
“Ficou que era só tensão”,
Não sabia o que falar.
Só quando saiu da Câmara
É que pôde revelar
Que a foto havia piscado,
Mas ninguém pôde notar.
28
Nunca mais “que” quis voltar
Pra ver o “quadro” em questão.
Se o retrato se mexeu,
Ninguém ali notou não,
A não ser o tal rapaz
Que fez tal alegação.
29
Em outra situação,
O guarda veio a contar
Que avistou uma velhinha
Caminhando no lugar.
Perguntou algumas coisas,
Mas ela não quis falar.
30
Três vezes veio a achar
A velha ali no salão.
Da terceira vez que viu,
Quis segurá-la co’a mão,
No entanto, não conseguiu
Nem tocar na’assombração.
31
Lembrou que um tal Damião
Quis ficar no seu lugar,
Enquanto estava de férias,
Mas só queria ficar
Até dez horas da noite,
Depois ia passear.
32
Ia mesmo era tomar
Umas “canas” no balcão
De qualquer bar inda aberto
Diante da ocasião
De já ser bastante tarde
Pra despachar beberrão.
33
Falou da ocasião
De uns que foram trabalhar
De vigia no local,
Mas não quiseram ficar
Por não poderem dormir
Ali naquele lugar.
34
“Caca” até quis enfrentar
Aquele horrível rojão.
Mas não passou quinze dias,
Pediu logo demissão,
Pois não se agüentava mais
Com tanta da’assombração.
35
“Solon”, da’edificação,
Fez o seu lar familiar.
Trouxe a mulher e os filhos
Pra o espanto afugentar.
Mas “acaba” que os meninos
Mijaram todo o lugar.
36
Nem coveiro quis topar
Aquela dura missão.
Por certo, nem macumbeiro
Tinha visto tanta ação
“Malassombrosa” num canto
De tão pequena extensão.
37
“Zé do guarda-chuva” não
Inventa nem de ficar
Nos degraus ali sentado,
Que é pra não ter o azar
De ver a “velha-fantasma”
Que, por lá, gosta de andar.
38
“Zé de Mirôcha” pra’usar
O “vaso” não vem mais não.
Prefere mijar nas calças
A ver uma assombração
Vir trancá-lo no banheiro
Daquela edificação.
39
Ao ouvir a narração
Do vigilante exemplar,
Eu fui usar o banheiro
Ali daquele lugar.
Bati na porta e ouvi
Uma assombração gritar:
40
- Será que eu não posso usar
Esta “misera” aqui não?
Ao que eu respondi urgente:
- Quando for lavar a mão,
Por favor, feche a torneira!
Mostre ter educação!
41
- Geraldo, que é nosso irmão,
Já cansou de reclamar
Que o senhor, “seu” “Malassombro”
É danado pra deixar
A torneira aí ligada.
E assim não dá pra ficar.
42
- Disse ele que vai botar
Uma admoestação
Afixada na parede
Com a seguinte inscrição:
“Pedimos, com toda calma,
Para o “vulto” e para a alma
Que utilizar o banheiro,
Dê descarga, até se banhe,
Mas, ao sair, não se acanhe,
Feche a torneira primeiro”.
RF Amaral

Nenhum comentário:

Postar um comentário