quarta-feira, 4 de maio de 2016

Tabira do Malassombro - RF Amaral, (texto adaptado para sintetizador de voz)


Tabira do Malassombro - RF Amaral,
(texto adaptado para sintetizador de voz)

Bairro Vitorino Gomes,
É mais um bairro afamado,
Tem gente que passa, à noite,
Só pra ir dar um recado,
E acaba que dá de cara,
Com espírito de finado.

Lá já se vê malassombro,
Desde o tempo de Édson Môra.
E, eis, que ainda permanece,
Do jeito que sempre fôra,
É só olhar sobre o ombro,
Que se avista o malassombro,
Da Cabeça Voadora.

Mesmo o Bairro Das Missões,
Tem muita visagem má,
É que, em outros tempos, dava,
Bastante briga por lá,
E vultos dos que morriam,
Vez por outra, apareciam,
Pra assustar os viventes.
Caso é que, no bairro, vagam,
Umas almas que divagam,
Assombrando os residentes.

Até lá no povoado,
Chamado Pelo Sinal,
Tem fantasma que reside,
Malassombrando o local,
Pergunte pra gente velha,
Da alma quê destrambélha,
O povo que habita ali.
Chega meu ser se acabrunha,
Que eu mesmo sou testemunha,
De tudo aquilo que eu vi.

Já vi por lá um espírito,
Que fica tomando banho,
E outro fumando cachimbo,
Que tem um aspecto estranho,
Só sei que não passo mais,
Que é pra não ver fantasmais,
Assombrações do Além.
E o povo que vive ali,
Pode atestar o que eu vi,
Naquele bairro também.

Já do Riacho do Gado,
Tenho muito o que falar,
No tempo de formatura,
Ou na época de casar,
Ali no Clube de Campo,
Fantasma, igual pirilampo,
Acha de encher o setor.
Dá tibungão, na piscina,
E o pessoal da faxina,
Escuta e sente pavor.

Até mesmo o tobogã,
Não fica desocupado,
Desce fantasma de lá,
Que se escuta o arrastado,
Fato é que a esse escorrêgo,
Os vultos têm tanto apêgo,
Que se demora abusar.
No local tem outros atos,
Só que o povo esconde os fatos,
Que é pra ninguém se assustar.

Há outro canto em Tabira,
Que se usa pra diversão,
O Clube Chico Machado,
Que só vive de festão,
O palco é malassombrado,
O banheiro tá lotado,
Dialma mal-desencarnada.
E, vez em quando, se avista,
Vulto dançando na pista,
Pra assustar a moçada.

Esse roteiro esquisito,
Que existe aqui em Tabira,
É verdadeiro e eu confirmo,
Que a história não é mentira,
Pois eu mesmo já vi tróços,
De mortos mexendo os óssos,
Em avenida e viela.
Que ninguém descrença acoite,
Pois pra ver fantasma, à noite,
É só o cabra dar tréla.


-------- Tabira - Setores Malassombrados - Felipe Amaral,
(texto adaptado para sintetizador de voz)

Na Rodoviária tem,
Um vulto sanitarista,
Já lá na Quadra da Granja,
Habita um vulto esportista,
No Fórum, tem no setor,
Um Malassombro Eleitor,
Só o que quer é votar.
Na Câmara, o dia inteiro,
Tem vulto usando o banheiro,
Sem deixar o povo entrar.

Na Prefeitura, Apolônio,
Família de Nêgo Orácio,
Vez por outra, dá as caras,
Rondando aquele palácio,
No Carlota Breckenfélde,
Tem outro vulto rebelde,
De um ex-mototaxista.
Já no Flóridi o que agôura,
É uma Mão Voadora,
Que no banheiro se avista.

Na escola Pedro Pires,
Um Menino Encapetado,
Vive assustando os vigias,
Que prali têm se encontrado,
No Arnaldo, uma noiva habita,
Dizem até ser bonita,
No entanto, ninguém quer ver.
N'Andréa Pires é feito,
Relato do mesmo jeito,
Só que ninguém quer dizer.

Na estrada da Borborema,
Um fantasma lá se ocupa,
É só o cabra passar,
Não tendo alguém na garupa,
Que o bicho sobe na moto,
Por isso mesmo é que eu noto,
Algo de esquisito ali.
Timbú me contou o fato,
Mesmo que seja boato,
Inda me traz frenesí.

O solo de Campos Novos,
Esconde histórias de horror,
A de Silvério e Valério,
Que eu sei daquele setor,
Registrei, tempos atrás,
Conta que cada rapaz,
Morreu lá num acidente.
E, pr'acabar o mistério,
O fantasma de Silvério,
Inda se encontra presente.

A Ponte do Feijão Puro,
Tem fantasma de afogado,
E do Bairro das Missões,
Outro caso é relatado,
Dô Lobisomem da Bruxa,
Ê, pra lá, quem desembucha,
Fala que tem tudo a ver.
Dona Ilza, candoblecista,
Todo o que a conhece, lista,
No que deu de acontecer.

Há no Bairro João Cordeiro,
Alma caminhando sôlta,
No Barro Branco também,
De arcano a rua é envôlta,
Barro Vermelho não fica,
De fóra, que o povo indica,
Seus malassombros sem queixa.
Aqui o caso é horrendo,
Que alma fica, aparecendo,
Já depois que o corpo deixa.

--------------- Tabira e Seus Malassombros,
(Poeta Felipe Amaral),
(texto adaptado para sintetizador de voz)

Tudo o que eu vejo em Tabira,
É alma de falecido,
O cabra que anda de noite,
Sente o corpo estremecido,
Olha pru lado pra ter,
A certeza de poder,
Ver se há alguém lhe espreitando.
É tanta dassombração,
Por isso a população,
Termina se amofumbando.

O povo em casa se tranca,
Temendo bicho do Além,
Quem insiste, em ir á rua,
Sai, mas com medo também,
Que a coisa aqui é estreita,
Tem fantasma na espreita,
Em cada bêco e travéssa.
Lá e cá, se ouve relato,
De espírito sem recato,
Que a este mundo regressa.

Não é só ém lua cheia,
Que aparece aparição,
Pode ser na quarta-feira,
Na quinta, ou no sabadão,
No domingo, na segunda,
Que aqui a coisa é profunda,
Vulto não escolhe dia.
Aparece a qualquer hora,
Na cidade se demora,
E, se vai, deixa agonia.

É tanta d'aparição,
Que eu já tô embasbacado,
Evito a praça, o colégio,
Correio superlotado,
Prefeitura, Banco e Fórum,
Que nos tais sempre dá Quórum,
Pra reunião de fantasma.
Tô ficando "é" aturdido,
Quase perdendo o sentido,
Devido à minh'alma pasma.

Quem zomba, não sabe ao certo,
O que se dá nesta via,
Mas evita sair só,
Pra não ter desalegria,
Bater com vulto e espanto,
Ninguém deseja, no entanto,
Tem gente que ainda manga.
Mas quando encontra o capêta,
Córre doido da mutrêta,
Fazendo gesto e munganga.

Não tem quem queira topar,
Com alma desencarnada,
Quem topou, conta do fato,
Cuá alma sobressaltada,
Pois que o assombro é tamanho,
Só ser humano tacanho,
Néga o trauma que isso causa.
No Bêco do Cemitério,
Ali o negócio é sério,
E o desalento é sem pausa.

Atrever-se a ir à rua,
Pra ficar lá até tarde,
É coisa pra corajoso,
Porém não é pra covarde,
Porque é preciso ter peito,
Pra suportar ver sujeito,
Que, após morrer, retornou.
E agora assusta os viventes,
Nestas ruas existentes,
Que a mão do tempo mudou.

Saindo pra ir à casa,
Da minha irmã, certo dia,
Eu senti um calafrio,
Desses que o corpo arrepia,
Me vi num samba-de-côco,
Adoeci do sufôco,
Ao ver um fantasma velho.
Foi próximo ao Lar dos Mortos,
Hoje evito aqueles pórtos,
Que ali eu me destrambélho.

Gláucia já viu malassombro,
Tereza, já viu mutrêta,
Mãínha, nem conta as vezes,
Que afugentou o Canhêta,
E se eu for enveredar,
Perguntando em cada lar,
Quem já viu coisa do Além,
Vou encontrar muita gente,
Porém tem gente que mente,
Dizendo não ver ninguém.

É coisa que eu me proponho,
A registrar na canêta,
Que história de malassombro,
Não só envolve o capêta,
Embora eu pense o contrário,
Tem gente que viu vigário,
Familiar e conhecido.
Se é o capêta em disfarse,
No entanto, é bom registrar-se,
Pra não perder o ocorrido.

Nunca me vejo esquecido,
De tudo o que me relatam,
Uns datam o acontecido,
Entretanto, outros não datam,
Mas tudo é documentado,
Para servir de apanhado,
Pra quem dos males descrê.
O povo que conta lombra,
Chega a minh'alma se assombra,
Ao ouvir do fuzuê.

Tem quem crê e quem não crê,
Tem quem vê e quem não veja,
Tem espírito forasteiro,
Que se abriga na igreja,
Tem de tudo neste mundo,
E um sobressalto profundo,
Minvade a cada momento.
"É" eu ouvir uma história,
Atiço logo a memória,
De guardar depoimento.

Só sei que por essas bandas,
Quem vive sabe do caso,
Há quem queira aparecer,
Pra constatar sem atraso,
Seria sim necessário,
Fazer um documentário,
Com essa riqueza oral.
E talvez, frente ao impasse,
Só mesmo isso acabasse,
Cuá confusão fantasmal.


----------  Tabira e os Vultos Vagantes,
(Poeta Felipe Amaral),
(texto adaptado para sintetizador de voz)

Pra quem vive por aqui,
Assunto de espanto é sério,
Tem gente que viu Canhêta,
Na porta do cemitério,
Há outros que viram almas,
E, comovidos cons tráumas,
Não querem mais nem lembrar.
A confusão se instalou,
E a cidade toda entrou,
Numa aura tumular.

Apesar do sol a pino,
Todo ânimo aqui é frio,
Feito tumba de sepulto,
Que da cova faz desvio,
Vindo aparecer na rua,
E, já no claro da lua,
Assombra o povo que passa.
É tanto morto abusivo,
Que eu nem sei mais quem tá vivo,
Entre os que freqüenta a praça.

No Corêto que tem lá,
Fantasma até faz comício,
Uns se sentam pra ouvir,
As propostas do estrupício,
É tanto espanto em Tabira,
Nem sei mais o que é mentira,
E o que é verdade de tudo.
Mas permaneço isolado,
Pra não topar com finado,
Ou com capêta rabudo.

Pra não bater co'o chifrudo,
O povo se entoca em casa,
À noite, a rua está morta,
O avejão se estravasa,
Em toda porta, um motivo,
Pra se manter inativo,
Ante o vil assombramento.
Quem torna pra casa tarde,
Finda correndo no alarde,
De mais um avistamento.

Menina que vem de festa,
Menino que vem de farra,
Todos esses tão sujeitos,
A topar cuá algazarra,
Das visonhas sepulcrais,
Que as aparições letais,
Vivem em busca do povo.
Idósa se destrambélha,
Alma evita gente vélha,
Pra buscar mais quem é novo.

Quando a gente brinca e farra,
Inda na flor da idade,
A gente não teme nada,
Corre por toda cidade,
Vai a festa, toma porre,
Só pela graça, não mórre,
Ao fazer tanto exagêro.
Aí é que o Cão se agrada,
E, às vezes, fica na estrada,
Pra entrar em nosso rotêro.

Eu mesmo vejo alguns jovens,
Que voltam de madrugada,
Das festas, cambaleando,
Tombando pela calçada,
Um'ora ou outra, se vêem,
De frente do Cão, mas crê em,
Que tudo foi só cachaça.
Um dia em moto ou em carro,
Morrem depois de um esbarro,
E, aí, acabou-se a graça.

Fantasma gosta de gente,
Que vive de bebedice,
Também de mulher gaiteira,
Que é dada um disse-me-disse,
Ataca, envôlto em mistério,
Cabra dado ao adultério,
E mulher prostituída.
Não vendo desinteresses,
O Cão sabe que pra esses,
A viágé só de ida.

Homem viciado em jogo,
Mulher viciada em cama,
Jovem que vive de farra,
Metendo a cara na Brama,
Tudo isso é um prato cheio,
E o Capêta faz recreio,
Na vida de gente assim.
Pra esses o caso é sério,
E a tumba do cemitério,
Dos tais já contempla o fim.

Creia em Deus e faça o bem,
Deixando o apêgo ao dinheiro,
Evite a droga e o prostíbulo,
Endireite o seu roteiro,
Que é pra não ver coisa feia,
Que ao ser humano aperreia,
E depois põe fim, à lida.
Longe do mal, busque a fé,
E Jesus de Nazaré,
Te ofertará nova vida.

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