quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Manipulação Retórica - RF Amaral


Manipulação Retórica -  RF Amaral

Silêncio é coisa aprazível,
Porém, não pode doar
Ao portador a "expertise"
Na' arte de manipular.
Fale pouco, mas não fale
Coisas vãs, irrelevantes.
Aproxime-se dos outros
Com fatos interessantes.
Compare um e outro ouvinte
A um sábio do passado.
Refira-se a todo mundo
Com um falar temperado.
Não demonstre irritação.
Evite ao máximo o choque.
Mostre ao próximo outro mundo,
Mirando seu próprio enfoque.
As pessoas não escutam
Novas ideias à toa.
Existem bons atrativos
Que influenciam pessoas.
O prazer é sempre bom
Em conversas informais.
Dê ao povo o que lhe pedem,
Fitando seus ideais.
Alguém visou um contato,
Dirija-o para onde queres.
Nada precisa ser rápido,
Conduza-o como quiseres.
Leste (^) os sofistas passados,
Vês os "sofistas" presentes?
"Nada é certo; nada, errado!"
Os "fins" são suficientes!
Não que devamos levar
Gentes à destruição.
Pelo contrário, devemos
Dar-lhes a iluminação!
Mas, para isso, é preciso
Que as "lancemos sobre o solo".
Desviemo-las do enfoque,
Respeitando um protocolo.
As tais trivialidades
A que se apegam as gentes
Devem ser utilizadas
Como "fatos" atraentes.
Mas, ao fim, o desejado
É a condução mental
De quem não sabe a verdade
Sobre esta ingerência oral.
Alguém pode ser um fã
De tudo o que a "mídia" prega,
Mas, ao se ver impactado,
Ele repensa e se entrega.
O orador tem apenas
Que, de início, concordar,
Para que venha a poder,
Na conversa, o transformar.
Ninguém percebe o motivo
Que levam outros a ter
Diferentes posições,
Quando estamos a fazer
A conversa caminhar
Para uma outra direção,
Porém, paulatinamente,
E co'uma estratégia à mão.
A maioria do povo
Não sabe o que é estratégia.
Podem ter lido até sobre,
Mas não têm noção egrégia.
Tudo se sabe "por alto";
Nada é levado ao profundo:
Isso, se estamos falando
Do ambiente informal do mundo!
Ainda que, em faculdades,
Tomemos conhecimento,
Não levamos quase nada
À luz de todo momento.
Vivemos sempre co'o básico,
Sem nos importar co'o resto.
O povo é acostumado
E faz isto manifesto.
"Se eu começo" uma conversa
Falando em coisas banais - 
Só para chamar o foco
Da atenção dos demais! - 
Todo mundo é envolvido,
Mas, ao decorrer da fala,
A condução do colóquio,
Sobre o mais hábil se instala.
Um assunto pode sempre
Dar caso a um outro assunto:
Sujeita-se ao que eu afirmo,
Depende do que eu pergunto!
Na verdade, a inquirição
É sempre a melhor maneira
De se conduzir a fala
De forma mais "sorrateira".
A pessoa é mais levada
A responder a questão
Do que seguir ante aquilo
De que faço afirmação.
Mas, cada caso é um caso,
Não se vai subestimar
O condutor mais treinado,
Na hora de discursar.
Argumentar poderia
Ser um forte mecanismo,
Mas deve ser um recurso
Levado com "maneirismo",
Pois, dependendo do ser
Que ouve a argumentação,
Pode haver uma querela,
Que nunca é nossa intenção.
Nada precisa ser posto
Como firme e decisivo.
Tudo pode ser pensado
Como sendo subjetivo.
No entanto, só pelo fato
De querer se preparar
A pessoa, no momento,
Para, ao final, aceitar
A proposta a ser levada,
Sem capa e sem embalagem.
O orador experiente
Levá-lá-á sem chantagem.
Há pessoas e pessoas,
Umas más, outras melhores.
Haverá casos que o sábio
Fará esforços maiores.
No entanto, pra quem tem tática,
A vitória é sempre certa.
Em mais tempo ou menos tempo,
Tal mente há de ser aberta.
Mas, ao que eu me atenho aqui
Não diz respeito ao mercado.
Pode até singrar para isso,
Porém, não está ligado.
Claro que, ao se conduzir
Pessoas a seus trajetos,
Mostra-se força retórica
Passível de outros projetos.
Todavia, o ponto aqui
É conduzir o indivíduo
A uma outra perspectiva
Na qual não haja resíduo
De submissão à tela
Pintada pelos "jornais":
Uma outra forma de ver
O mundo vão dos mortais.

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