segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A Hellantra Caótica do Medo / A Limitação Mental - RF Amaral


A Hellantra Caótica do Medo
Felipe Amaral

Em um tempo em que a Serpe Enroscadiça,
Dando em cortes nas águas oceânicas,
Granjeava o temor dos navegantes,
Emborcando as embarcações titânicas.
Tempos idos de Sátiros e ululos
De Moraggus em noites abissais,
De mistério em sinais indesvendáveis
Das arcânicas auras fantasmais.
Ao surgir do apogeu dos infinitos
O prodígio da vida racional,
Esse inferno caótico sentiu-se
Afrontado ante o Elã da luz vital.
Preparou-se um hostil Armagedom
Para o fim do afrontoso desafeto.
“Não se pode deixar que o ser mortal
Desmorone do Caos o vil projeto!”
Viu-se a mãe de uma Lílite traçar
O destino cruel do ser pensante.
A coruja da guerra observando
Dos espaços a cena horripilante.
Posto é que o revel desconhecido,
Desde lá, luta contra o sondador
Que desfaz as mentiras e os ludíbrios,
Dando ao mundo os fanais claros do alvor.
De um lado o fantasma do mistério
A tragar o vigor do que o perscruta;
De outro, o ser que esquadrinha a escuridão,
Lapidando a razão ainda bruta.
Mas o mundo é repleto de segredos
E o vivente que inquire não consegue
Deslindar, por inteiro, o panorama,
Muito embora, à razão se sinta entregue.
Certo é que um Orfismo ainda impera
Escondido nas frestas siderais
E, por mais que se estude, o ser é nada
Ante o Caos e os seus Cérberos ferais.
O chacal da desordem que permeia
O horizonte do mundo em que vivemos
É ainda o monarca que efetua
A vontade do medo que tememos.
Antes, sábios, poeira em alfarrábios;
Hoje, brilhos de vã tecnologia.
Nada pode conter o Minotauro
Da incerteza que impera em cada via.
Nós ainda vivemos vendo monstros
Caminhando entre ilhas florestais.
Não sabemos de nada, coisa alguma
Entendemos do tudo e, ademais,
O que somos é pó que cai dos cascos
Desses Faunos do medo que nos cerca.
Confiar no vigor da própria mente
É zombar do feitor que nos alterca.
Que, ao final, acabamos por achar
Que de nada valeu ter enganado
A si mesmo, pois tudo o que pudemos
Encontrar nesta vida esteve errado.


A Limitação Mental – RF Amaral

Não sei por que a mente insiste em não ficar melhor. Leio tanto. Chego a ponto de enlouquecer de tanto ler, mas, quando olho, vejo-me como alguém que ainda não tivesse lido nada de tão avultado. Todo dia é uma luta para fazer a mente tentar reagir. Estou fadado a não ser nada mais que um simples ser entregue a ideias fracas e pobres. O próprio organismo não me ajuda em nada. Sinto que tenho tudo o que preciso dentro da minha cabeça, mas não sei como botar pra fora toda esta suposta genialidade que sinto parecer ter. Posso estar escrevendo esta porcaria que agora escrevo, mas isto não é nada. Por mais esforço que eu faça, não consigo escrever o que verdadeiramente importa. É como uma prisão. E, quanto mais eu insisto em me debater, mais as algemas apertam-me os pulsos. Sou como que espancando pela minha falta de criatividade. Eu poderia digitar sem parar ao redigir sobre a minha mísera vida, mas, nem assim, creio, consiguiria nada que possa considerar genialidade. Parece que quanto mais escrevo mais incapaz fico. Minha mente cansa, nega-se a cooperar. Eu “era” pra estar lidando com o que eu quisesse. Já li demais. De tudo. Bem, afora alguns troços difíceis (e nem tão difíceis assim!) das ciências exatas, eu li bastante. Meu cabedal de conhecimenos gerais é bem vasto. Na verdade, é o corpo que não me deixa confirmar muitas vezes isto, pois que, quando preciso da informação (que li! E repeti!), ele se nega a estender a mão. É uma tortura. Você ficar com a vista tão cansada... Você se esfalfar tanto pra nada. Há pessoas que têm discursos hipnóticos. Não sei o que desgraça essas pessoas fazem pra conseguirem tal. Quando as escuto, não noto nada de mais. Acho que as circunstâncias (pelo menos neste país) só tendem a favorecer os pouco instruídos. Não vejo gênios. Vejo bajulação e favorecimentos ilícitos, só. Queria ter a capacidade de sair de onde estou com a convicção que serei ouvido, mas não tenho nenhuma ajuda. Graças a Deus ainda estou vivo. Pra falar a verdade, mesmo diante desta minha desventura intelectual, ainda pretendo viver muitíssimo. Matar-se não faz jus aos que lutam pela causa da perfeição. Pelo visto, não atingirei nunca a estatura de varão perfeito, mas continuo tentando. Poderia construir centros de discussão de qualidade aqui em Tabira se tivesse ao meu alcance vencer-me. Mas minha mente continua persistindo com a mesma (ou maior) força que eu para me tornar melhor. Apto eu não sou pra coisa alguma. Posso tocar, cantar, compor... mas tudo o que faço é meia boca. Zombo (dentro de mim) dos elogios que recebo. Nós não sabemos de nada! Vivemos tentando confortar-nos com o pouco (ou seria o “porco”?) que sabemos. Quem se alegra com o seu trabalho não sabe ainda que tudo o que fizer não contará em nada diante do infinito que o rodeia. Sendo assim,. Você poderia pensar: - Por que você quer crescer então? Bem, eu quero vencer limitações. Quero só sustentar-me (mas sem ser um idiota!). Contentar-me não só diz respeito à estabilidade financeira. É preciso que se entenda que isso não é nada. Nnão é fama, status, ostentação... é saber. Entender as coisas. Mas não ler milhões de folhas pra isso. Que me adiantaria ficar só trancado dentro de um quarto lendo, se não, ao fim, morrerei sem ter tempo para aplicar o que aprendi – vê-lo em funcionamento, na prática, no cotidiano! É uma dor constante até o escrever sobre esta dor. 

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