domingo, 7 de junho de 2015

Surreal Visão Pictórica - Felipe Amaral

I
Há olhos de ígnea neve
Nos céus do asfalto noturno
Do brilho escuro dos prédios
Pintados de pétrea carne.
Lobos forjados no ventre
De vulcões enevoados
Por halitosas bafagens
De dóceis selvagens garbos
Em oceano de medos
Que destila óleos cinéreos
Por sobre o campo das casas.
Dobras de rochosas redes
Que apanham monstros da terra
Que sobrevoam o verde
Da rua de luz que apaga
O alvor do negro infinito,
Molhando a terra do rio.
Segredos que nada escondem
Dos ouvidos palatáveis
Das artérias pediais
De um coração argiloso
Feito de sangue e suor
Derramados sobre a areia.
Uma estrela auri-terrestre
Que cintila no toucado
Da relva do firmamento
Nas grades do sol nascente
Que oscula o temor da noite.
Palavras cor de marfim
Revestido de sabores
Claros  e psicodélicos
Em meio à gama do som
Que é comido pelo vago
Cosmos do abismo mental
Da língua do pensamento
Que descreve a sensação
Carnal da pedra que sente
O toque da cor, ouvindo
O gosto da plenitude
Da vasta micropartícula
Do seio da natureza
Que verdeja no marítimo
Pavimento da avenida
Que leva ao desfiladeiro
Do caos das ordens prescritas
Que, juntas, se subordinam
Ao aéreo chão das almas
Que vagueiam no horizonte
Da ponte material.
Tudo como um precipício
De nuvens alvas de barro
Jogado pelos espaços
Preenchidos de ilusões
Realistas de sortidos
Sentimentos sazonais
Que aparecem dia a dia
Em instantes recebidos
Como um indeciso tempo
Para tomar decisões.
O lugar todo parece
A dentição de um ladrilho
Epidérmico estelar
Que se prende ao chão de pérolas
De vidro, xisto e cobalto,
Escorrendo pela tez
Do urbano ambiente vago
Da mata setentrional.

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