Sonetos para o tema “Morte”
Felipe Amaral
Eis a tumba onde o medo faz morada.
O torpor do estridor do grito atroz.
Eis a boca do mal erguendo a voz
Contra a vida que ali é sepultada.
Rondam sombras de face deformada.
Esvoaçam-se pássaros após.
Há um luto no olhar. A dor feroz
Que aniquila do ser a fé velada.
A certeza sucumbe. O riso jaz.
Toda a força desaba. O mal desfaz
A razoabilidade do viver.
É o fim para o homem que inda vive.
Para o morto é o fim e, inclusive,
Para o ser que jamais visou nascer.
……………..
A morada do lodo é a cratera
Onde o morto se encontra putrefato.
Essa lama é o sórdido retrato
Do bolor do pecado que encarcera.
Limo pútrido de atra atmosfera
Que aprisiona o vivente em desacato
Aos mandados do bem que haure, de fato,
Conclusões de que o luto o oblitera.
Qual fumaça que passa é o vivente.
Qual vapor que se esvai rapidamente.
Tudo é sopro. E o humano não resiste.
Vai-se o mundo. O negrume toma a aura.
O que é firme decai. A dor se instaura.
E o que sobra é o som de um canto triste.
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