sexta-feira, 5 de junho de 2015

Sonetos A Lugares Abandonados - Felipe Amaral

Ao entrar, percebi que a energia
Do lugar abundava em opressão.
O castelo inspirava apreensão
E expirava a angústia mais sombria.

Grandes quartos. Antiga alvenaria.
As paredes tão altas! Construção
Colossal e tão cheia da impressão
De que horrores sem fim abrigaria.

Vis masmorras. Uns ecos de voz rouca.
Assovios de ventania louca
Que no vago recinto vêm soprar.

Arrepios, assombros, más surpresas.
Bruxuleio de chamas das acesas
Tochas negras e o medo em cada olhar.
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II
Fui à casa do lado para ver
Se de lá vinha o som que eu escutava.
Apreensivo, segui. Ninguém se achava
No local, mas eu quis permanecer.

Fui aos quartos e ao sótão para ter
A certeza que desses não vazava
Som algum. No quintal nada atestava
Uma fonte, e o porão fui conhecer.

Foi aí que eu senti a força estranha
Que abraçou o meu corpo com tamanha
Violência e me fez tornar atrás.

Nunca mais intentei voltar àquela
Moradia sinistra - embora bela ! -
Que a lembrança do medo, horror me traz.
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III
Sob a casa uma cripta escura havia.
Decidi perscrutar da mesma o vão.
Ouvi vozes em meio à escuridão.
Senti medo e fiquei em agonia.

Mesmo assim, o meu ser inda insistia
Em querer conhecer da amplidão
Do local a estrutura e eu a missão
Dei seqüência ante o medo que arrepia.

Vi baús. Arcas velhas. Alfarrábios
Grandes, grossos de surpreender a sábios
Que de livros preenchem suas salas.

Na impressão de estar sendo vigiado,
Decidi me ausentar, demasiado
Presto, já que de uma'alma ouvia as falas.
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IV
Uma sala de vãos empoeirados
Convidou-me a buscar muitos vocábulos
Para, ali, descrevê-la, ante incunábulos
E baús que guardavam bens deixados.

Móveis sujos. Vitrais estilhaçados.
Conjugados à casa, alguns estábulos
E uns salões de fazer conciábulos
Com grimórios rasgados lá jogados.

E, entre escuras paredes, tais mistérios
Que desbancam o horror dos cemitérios
Que de lendas abundam na cidade:

Morticínios cruéis inexplicáveis.
Vis assombros. Segredos insondáveis.
Sob um ar de paranormalidade.
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