segunda-feira, 8 de junho de 2015

Sonetos Sobre a Vida - Felipe Amaral

1
Há pessoas na praça, reunidas
Para a festa que o riso proporciona.
Sensações há da paz que vem à tona
A invadir corações, preencher vidas.

Vejo casas à noite revestidas
De alegria e abertas ao que abona
Dos transportes da noite uma carona
Para os bailes em festas promovidas.

Há cadeiras e mesas simplesmente
Apinhadas de gente sorridente
Envolvida em uma clima fraternal.

Violões há que doam melodia
Aos encontros passados na'harmonia
Do boêmio convívio social.
2
O sossego dos jovens a passar
Frente às casas de bairros luzidios.
Os casais joviais em balbucios.
As garotas alegres a chegar.

Bancos cheios dos mais que vêm sentar
Para em “papos” passarem fugidios
Tempos, rindo da vida em extravios
De momentos que Deus os vem doar.

Tudo mais em fugaz desfrute esvai-se.
Um lazer que em instantes sobressai-se
Como sendo infantil, embora alente.

Mas a vida é assim, luz que divaga:
O sorriso se esgota, o alvor se apaga.
Faz-se o show, mas seu fim já se pressente.
3
Boemia de brilho e de ilusão
Que convence os viventes citadinos
De imortal existência; e dos destinos,
Devaneios e ais faz omissão.

Boemia de fama e emoção
Que cativa do ser seus genuínos
Sentimentos e os torna em desatinos
No final de um prazer vazio e vão.

Em resumo, tudo é só vaidade:
Num abismo de morte, a paz se evade;
Num desfecho de vida, a luz sucumbe.

Catacúmbicas covas nos esperam.
Vão-se os corpos aos solos onde imperam
Vermes vis, sobre os quais a mosca zumbe.
4
Toda vida é um vento que se passa.
Uma brisa que vem pra se esvair.
Um afeto que, ao fim, vem convergir
No exaspero sem fim que nos abraça.

O sorriso atual, a dor transpassa.
O vigor de hoje, a morte faz partir.
Bens e fama não são de resistir
Aos acintes do tempo que os enlaça.

Nas algemas humanas da velhice
O folguedo definha e a fanfarrice
Desmorona, apesar da relutância.

Com o tempo, se vê que tudo é vão.
O sucesso se acaba; a ilusão

Vai abaixo; e desaba a jactância.

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