quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A Lenda do Motorista Fantasma

A Lenda do Motorista Fantasma

1
Houve um tempo em que o assunto
Que mais se ouvia falar
Era sobre um motorista
Que morreu sem se enterrar
Num acidente co' um ônibus
De uma empresa popular.
2
Vieram me relatar
Que a tal empresa em questão
Era a empresa "Regresso",
Que roda na região
Levando e trazendo gente
Da capital pra o sertão.
3
Eu ouvia a narração
Sem com nada me importar,
Que o fato só assustava
Quem costumava pegar
Ônibus continuamente
Pra capital do lugar.
4
Começaram me falar
Que até já se viu “busão”
Circular sem motorista
Comandando à direção.
Porque havia um “malassombro”
Guiando a tal condução.
5
Eu tomei a decisão,
Por sorte ou simples azar,
De me informar inda mais
Sobre o tal fato sem par
Que andava assustando o povo
Que tinha que viajar.
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Contaram que no lugar
Onde houve a tal colisão
Que provocou o acidente
Co' a citada condução
O motorista costuma
Fazer sempre aparição.
7
Mesmo num feriadão
De festejo secular,
O povo vinha ao sertão
Da capital pra festar,
Quando o vulto apareceu
Na pista querendo entrar.
8
O “busão” a embalar
Co' extrema aceleração
E a alma a bater na porta
Do lado da condução,
Tentando abrir a danada
Forçando e dando empurrão...
9
Mas o motorista não
Quis a mesma escancarar.
Viu que o espírito voava
Querendo a porta forçar,
Então “apertou o pé”
Pra do fantasma escapar.
10
Quando o povo foi chegar
Na parada do sertão
Já era bastante tarde
E houve “contrariação”
Pra se saber o porquê
Dessa demora em questão.
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Se o transporte, ante a tensão,
Só o que fez foi tomar
Inda mais velocidade
Quando a “visagem” sem par
Bateu na porta, por que
Ele “demorou chegar”?
12
Ninguém sabia explicar
Essa dada inquirição.
O povo ficou “grilado”
Co' a tal da' interrogação,
Mas findou se conformando,
Diante da situação.
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Sem haver explanação,
O povo foi pra o seu lar.
Cada qual “pegou seu trecho”.
Cada' um achou seu lugar.
E o motorista foi logo
Buscar onde descansar.
14
Depois de ouvir um contar
Sobre dada ocasião,
Por incrível que pareça,
Fiquei mais certo que não
Passava de um “causo”desses
De amedrontar “covardão”.
15
Passou-se um tempo e eu não
Quis mais disso ouvir falar.
Esqueci toda a história
Que costumavam contar.
Até que um dia encontrei-me
Precisando viajar.
16
A passagem fui comprar
Em uma repartição
Ali da rodoviária
Com certa motivação,
Porque não via motivo
Pra qualquer inquietação.
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Sem ver preocupação,
No “busão” pude embarcar.
Fui sozinho na poltrona
Que ficava num lugar
Bem nos fundos do transporte
E, então, quis me acomodar.
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Depois de tudo arrumar,
Com um travesseiro à mão,
Assentei-me na poltrona,
Pondo-o, na ocasião,
Detrás da minha cabeça
Pra melhor adequação.
19
Naquela situação,
Os fones eu quis botar
Pra ir ouvindo um sonzinho
Enquanto estava a “rodar”
No ônibus toda a distância
Que teria que enfrentar.
20
Mas um sujeito exemplar
Chegou e estendeu a mão.
Cumprimentou-me e “pegou
A” conversar no “busão”.
Então, decidi ouvi-lo,
Dispensando-lhe atenção.
21
Era sua exposição
Muito boa de escutar.
Contou-me suas viagens
Por tudo o quanto é lugar
E os empregos que já teve
Nessa vida que encarar.
22
Mas seu sonho singular
Me chamou a atenção.
Queria ser motorista
De um tipo de condução
Que “rode” os estados todos
Da nossa grande nação.
23
Toda a sua empolgação
Estava em poder se achar
Dirigindo um grande ônibus
Como o que estava a levar
Nós dois naquele momento
Pra capital do lugar.
24
Depois daquilo escutar
Não percebi nada não...
Mas não era que o danado
Do homem na' ocasião
Tinha desaparecido
Em dada situação!
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Havia apertado a mão
Do sujeito elementar
E me virado de lado,
Logo após eu reclinar
A poltrona e pôr os fones
Pra uma música escutar.
26
Mal eu pude ressonar,
Tive uma leve impressão
Que o homem com quem falara
Com bastante empolgação
Não se achava mais ali
Na anterior posição.
27
Virei. Vi que a sensação
Que vim a querer testar
Estava certa, mas não
Sabia como explicar
A saída do tal homem
Ali daquele lugar.
28
Posto o mesmo se encontrar
Em determinado vão
Do “busão”, bem ao meu lado,
Eu não via posição
Na qual pudesse sair
Sem chamar minha atenção.
29
Fato era que aquela ação
Já viria a me intrigar.
Foi então que eu perguntei
Ali a um popular
Se ele vira para onde
Fora (^) o sujeito exemplar.
30
Não sabia se tratar
Daquele homem em questão.
Perguntei se mais alguém
Vira aquele cidadão.
Aí notei que só eu
Tivera aquela impressão.
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Não era só sensação!
Até viera a falar
Com aquele cidadão
Enquanto estava a' esperar
O sono “bater” pra vir
Poder, de vez, cochilar!
32
Sentei no mesmo lugar.
Agora co' uma noção
Do que passaram os outros
A bordo de condução
Tão negra e aterradora
Depois de uma aparição.
33
Não demorou e a “visão”
Tomou na pista o lugar
Por onde o “busão” teria
Certamente que passar.
Aí todos se assustaram
Co' a situação sem par.
34
O vulto ali a voar
Frente ao imenso clarão
Dos faróis do grande ônibus
Que seguia em direção
Do referido lugar
Em grande aceleração.
35
E, após desaparição
Sinistra e espetacular,
Apareceu sobre o teto
Do “busão” pra incomodar
Pulando ali com pujança
A fim de nos assombrar.
36
O povo, ao se apavorar
Co' aquela situação,
Já não sabia dizer
O que fazer, por razão
Da coisa ficar caótica,
Dada a vil ocasião.
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Então, eis que a condução
Quebra e “acaba por” parar
No acostamento da pista
Tendo o farol a piscar
E a assombração batendo
No teto, inda pra assustar.
38
Ninguém quer se retirar
De dentro da condução.
Mas o nobre motorista
Toma a nobre decisão
De não ficar “se borrando”
Com medo e sai do “busão”.
39
Daí a aparição,
Depois de se transformar
Em grande rasga-mortalha,
Sai voando a gargalhar
E o povo mais se amedronta
E uns começam a chorar.



40
Só foi tudo se acalmar
Pra pegar a' ignição
Do carro e nós prosseguirmos
Com essa nossa excursão.
Mas chegamos ao Recife
Com o coração na mão.
41
Nunca mais aparição
Tão terrorífica e vulgar
Apareceu-me em viagens
Pra capital do lugar,
Mas eu não desacredito
Se alguém “torná-la” a' encontrar.
42
Fato que pude estudar,
De toda essa assombração,
É que nunca um motorista
Morrera na região
De um acidente de ônibus
Na tal localização.
43
E jamais houve a menção
Verdadeira de ele “achar
De” dizer que, após morrer
E sob o chão se enterrar,
Quereria, como espírito,
Ao volante retornar.
44
Algum demônio do Cão
É que se fazia achar
Na forma de um motorista
Pra' o pessoal assombrar
E lhes incutir a' idéia
Que a alma pode voltar.
45
O “bicho” pode tomar
Muitas formas por razão
De inda possuir poderes
Que lhe dão tal condição.
Porém hoje só engana
À gente leiga e profana
Que só vive de imprevisto.
Eu mesmo já não me iludo
Porque sei que isso tudo
É satânico, mas o' escudo
Que eu tenho é' o nome de Cristo.

Autor: RF Amaral

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