terça-feira, 8 de maio de 2012

Embolada Acordelada

Embolada Acordelada

Refrão alheio, quadras abaixo minhas:
Vou amar. Vou amar.
Vou amar não sei a quem.
Quem ama é quem vive bem.
Ninguém vive sem amar.

1
Sem dever nada a ninguém,
Quero iniciar cantando,
Rimando e improvisando
Nessa toada exemplar.
2
Acho o que estava buscando.
Tenho o que estava querendo.
Meu repente é estupendo.
Minha voz é salutar.
3
Já meu versejo é tremendo,
Forte, audaz, descomunal.
Na rima fenomenal
Eu decidi começar.
4
O meu versejo é igual
Ao que é incomparável.
Que o meu verso é inefável,
Melodioso e sem par.
5
Só canto o que é agradável.
A ninguém eu desrespeito.
Tô inspirado de um jeito,
Que hoje eu vou desembestar.
6
Pode cantar satisfeito.
Ligeiro ou devagarzinho.

Que eu vou no mesmo caminho

Sem deixar a desejar.
7
Vou sem fazer desalinho,
Que a minha rima é fagueira.
Na toada brasileira
Não deixo nada faltar.
8
Não estou pra brincadeira.
Que o meu improviso é sério.
Eu vou quebrar o mistério.
Fazer o verso ecoar.
9
É muito alto o meu critério.
Que a minha rima é audaz,
Portentosa e eficaz,
Plena e espetacular.
10
Já a minha satisfaz
A qualquer que dá ouvidos.
Meus versos são aplaudidos
Seja em qual for o lugar.
11
Os meus são reconhecidos
Como versos geniais.
Que o meu talento é demais.
Ninguém consegue alcançar.
12
Nas toadas magistrais
Que eu tiro quando decanto
Eu me afirmo e me garanto,
Solto no cantarolar.
13
Também não vou verter pranto
Nesse improviso garboso.
Que a poesia é o gozo
Da vida no versejar.
14
O meu versejo é vistoso.
Eu acelero na rima.
Cada verso, uma obra-prima
Que o pessoal vem olhar.
15
Minha fala legitima
Tudo aquilo que eu propago.
Não deixo o sentido vago
Usando o meu linguajar.
16
Versejando eu não divago.
Trago uma chama na mente.
Cada vez fica mais quente.
E, aí, não dá pra’apagar.
17
Cantando ligeiramente,
Faço tudo o que me pedem.
As minhas rimas concedem
O que me vêm suplicar.
18
Os meus versejos procedem
Das fontes do improviso.
Acelero o meu juízo,
Pondo a mente pra criar.
19
Faço tudo o que é preciso.
Não deixo rima sem plano.
Renego qualquer engano.
Parto sem titubear.
20
Num estilo soberano,
Eu confirmo o meu saber.
Quem ouve, sabe entender
Tudo o que venho a falar.
21
Tenho glória e proceder.
Não quebro a minha palavra.
Meu verso não azinhavra.
E a rima não vai secar.
22
Eu cultivo nessa lavra
Um repente prazenteiro,
Cantando sem paradeiro,
Olhando o povo a passar.
23
Sou um nobre brasileiro
Que canta a sua cantiga.
Nunca gostei de intriga.
Nunca provoquei azar.
24
A inspiração me instiga
E, aí, começo a peleja
Nessa arte sertaneja
Que eu insisto em cultivar.
25
Canto de frente à igreja,
Ao bazar, bar e bodega.
E, se entrar num pega-pega,
Quando eu pego é pra capar.
26
Não gosto de esfrega-esfrega.
Tenho respeito na vida.
A minha estrada é comprida,
Mas eu insisto em andar.
27
O verso é minha guarida.
A rima, o meu alimento.
O estro traz-me o talento.
E a voz me ajuda a falar.
28
Canto com contentamento.
Não tenho raiva do povo.
Agrado ao velho e ao novo.
Não tenho o que reclamar.
29
Meu verso tem o aprovo
Das pessoas que me escutam.
Meus improvisos labutam
A fim do povo gostar.
30
Todos os seres reputam
Meu verso por puro e belo.
Meu improviso é singelo,
Mas agrada a quem chegar.
_Autor: RF Amaral_

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