Embola-Cordel II
Refrão Alheio - e, abaixo, quadras minhas:
Vou guiar.
Vou guiar
Meu navio
americano
Por dentro
do oceano,
Cortando as
águas do mar.
1
Eu quero
fazer um plano
Pra começar
meu repente.
Quer seguir?
Siga na frente,
Que eu vim
pra te acompanhar.
2
Num versejar
competente
A gente
segue cantando
Num comando
sem desmando,
Que é pro
povo apreciar.
3
No verso,
desembestando,
A gente
percorre a rima,
Estando
sempre por cima
Pra por
baixo não ficar.
4
Delineio a
obra-prima
Com a estima
que tenho.
Criatividade,
engenho
Eu tenho de
sobejar.
5
Cantar com
você eu venho
Numa mesma
melodia,
Sem mostrar
melancolia,
Choro,
agonia ou azar.
6
Com muita
supremacia,
Eu também me
vejo aqui,
Sem
frescura, tititi,
Pantim ou
papo vulgar.
7
Sem frisson,
sem frenesi,
Quiquiqui ou
brincadeira,
Cantarolo em
toda feira
Sem deixar a
desejar.
8
Não tem
espaço pra’asneira
Nessa peleja
da gente.
Você decanta
contente
E eu versejo
a gargalhar.
9
Levo
conscientemente
Meu mundo de
inspiração
Nos lombos
sem ver razão
Pra do peso
me cansar.
10
A força da
decisão
Do
repentista é sublime.
Nada nesse
mundo oprime
Quem quer
viver pra lutar.
11
A rima não
se suprime;
O verso não
se oculta;
A’estrofe
não dificulta;
E a poesia
é salutar.
12
O meu
repente resulta
Do meu
talento mental,
Que a força
intelectual
Me leva a
qualquer lugar.
13
Sem
tratamento brutal,
A gente leva
o versejo,
Mostrando
que o sertanejo
É forte em
seu linguajar.
14
Aproveitando
o ensejo,
Nós partimos
com afinco.
Eu na peleja
não brinco
Nem você vem
pra brincar.
15
Falo até de
ornitorrinco,
Javali,
rinoceronte...
Dinossauro,
mastodonte,
Se pedir, eu
sei falar.
16
A linha do
horizonte
Leva o
trovador ao cais,
Que ele se
inspira bem mais
Olhando as
águas do mar.
17
As águas
torrenciais
Da maré
trazem refrãos
À mente e
preenchem vãos
Que estavam
por se “ocupar”.
18
Nos seus
vicejos cristãos,
O poeta é
inspirado.
Levanta,
canta e dá brado,
Deixando a
canção soar.
19
Na cantiga
encontra agrado,
Sem ela,
fica tristonho,
Que é melhor
cantar o sonho
Do que
querê-lo ocultar.
20
Não pensa
ser enfadonho
Esse
trabalho que leva.
Seu
improviso o eleva;
Seu estro o
faz meditar.
21
Na toada ele
se enleva
E se sente
protegido
Pelo Deus
que o tem ouvido
E sempre vem
“lhe” inspirar.
22
Todo versejo
é munido
De melodia
vibrante.
Julga ele
ser importante
Cantar pra o
povo escutar.
23
A sua voz é
cantante;
Seu estímulo
é um chamado;
Seu dom por
Jesus foi dado;
Sua obra é
exemplar.
24
Sempre ele
tem se encontrado
Preparado
pra labuta.
O repente é
sua luta;
A’estrofe, o
seu linguajar.
25
Não teme
afronta ou disputa,
Que a sua
mente fabrica
A poesia
mais rica,
O verso mais
singular.
26
Meditabundo
ele fica
Quando se
sente tocado
Por Deus e
já inclinado
A vir a
cantarolar.
27
Por Deus é
capacitado,
Porque’ouviu
o “chamamento”
Que ele lhe
fez no momento
Que ao mundo
veio chegar.
28
Improvisar é
o’intento
Da vida do
trovador.
É segrel e
ao seu dispor
Tem Deus pra
“lhe” estimular.
29
O bardo leva
o louvor
Ao seu
Criador, que o traz
A rima que o
satisfaz
E’a’idéia
espetacular.
30
Com ajuda de
Deus faz
Seu serviço
direitinho,
Seja com
ganzá, com pinho
Ou no
pandeiro a tocar.
31
Parte sem
ver desalinho,
Que avista
“é” o panorama
Que a poesia
conclama
Ao seu verso
popular.
32
Da vida não
se reclama,
Que tudo é
bom e é belo.
De dom
constrói um castelo;
De rimas,
seu linguajar.
33
Embora seja
singelo
Seu viver de
repentista,
Sabe ser na
vida artista,
Não deseja isso
mudar.
34
É bom o dom
de coquista.
Seu chamado
é seu roteiro
Dado por
Deus Verdadeiro,
Que almejou
“lhe” abençoar.
35
Seu estilo
condoreiro,
Repleto de
bom sentido
Faz o mundo
divertido
E dá mais
brilho ao luar.
36
Nunca se vê
esquecido
Da sua
missão de fé
De cantador
como é,
Chamado
pra’improvisar.
37
Cita rio,
mar e maré.
Navega na
ventania.
Relata a
supremacia
Da catarata
a jorrar.
38
Faz tudo com
simpatia.
De nada
fazendo queixa.
Liga a sua
estrofe à deixa
E a mente,
ao clima do ar.
39
Na glosa não
se desleixa;
Do quadrão
não se desmembra;
E, a cada
mourão, relembra
Tudo o que
quer recordar.
40
Somente do
bem se lembra.
Alerta a
mente e se põe
Em guarda e
o verso compõe
De poesia
exemplar.
41
No estilo se
sobrepõe
Pela sua
qualidade,
Que tem a
capacidade,
Porque é
Jesus que vem dar.
42
Não canta
frivolidade.
Faz tudo
pela cultura.
Mostra a
poesia pura
De um modo
peculiar.
43
A sua
infra-estrutura
Mental é
habilitada
A suportar a
pesada
Tarefa de
improvisar.
44
Tendo a
mente agilizada
Pelo toque
poderoso
De Deus,
acha paz e gozo
Nessa tarefa
sem par.
45
Num verso
prodigioso,
Levanta a
platéia amada,
Que com’o
versejo se agrada
E o aplaude
sem parar.
46
A rima
concatenada
Confabulada
na mente
O faz levar
seu repente
Sublime a
qualquer lugar.
46
Ao plano mais
consistente;
Ao patamar
mais visado;
Ao limiar
mais cotado;
E ao pódio,
onde é seu altar.
47
É poeta
renomado,
Porque lutou
para isso.
Apesar do
dom, serviço
Ele tem
sempre a mostrar.
48
Não deixa
que o compromisso
Com’a poesia
se perca.
Cantando,
decanta acerca
De tudo o
que “lhe” mandar.
49
Sem trava,
tapume ou cerca
Vê seu
repente fiel.
Liberta o
verso em tropel
E lança as
rimas no ar.
50
Sem lápis
faz seu cordel;
Sem régua
faz a medida;
Sem trégua
prossegue a lida;
Sem dor “se
dana” a cantar.
51
É agradável
guarida
A insuflação
poética.
Só na poesia
frenética
O’embolador
sabe andar.
52
Sem faltar
som nem estética,
Constrói a
sua muralha.
Não “é ver”
fogo de palha,
Que cresce
pra definhar.
53
Cada
estrofe, uma navalha;
Cada rima,
um espadim;
Cada verso,
um estopim
Já prestes a
estourar.
54
Cada idéia,
um Aladim
Pra dominar
o seu gênio;
Cada frase,
o oxigênio
Pra poesia
respirar.
55
Cada
palavra, um convênio
Co’a
estrutura semântica;
E em cada
oração romântica,
Uma razão
pra amar.
56
A verve, uma
foz atlântica;
O dom, um
rio de pujança;
Em cada
essência, esperança;
E em cada
fruto, um pomar.
57
Em cada
dito, a bonança;
Em cada
termo, o amor;
Em cada
suspiro, ardor;
E em cada
prece, um altar.
58
Cada
respiro, vigor
Pra decantar
com mais voz;
E em cada impulso,
uma foz
De
inspiração singular.
59
Poetas são
como nós,
Menestréis
de um doce canto,
Jograis
espalhando encanto
Na ventania
do ar.
60
Na rima,
achando acalanto,
Como nós,
eles não mentem
Cantam a
vida, pois sentem
Que Deus os
ouve cantar.
_Autor: RF Amaral_
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